Penúltimo capítulo
Jonas sentiu uma estranha sensação de recomeço quando entrou no seu apartamento. Como se aquele lugar não fosse mais a sua casa e a solidão, que antes tanto o agradava, agora lhe proporcionaria um vazio.
Olívia não morava mais lá, pois decidiu ir viver com Rafael.
Bruno segurava a mochila do noivo, porque esse ainda estava com o braço enfaixado.
O jornalista havia cuidado de cada detalhe do apartamento para recepção de Jonas. Providenciou que boa faxina fosse feita no local, comprou plantas e cortinas novas. Com todo amor e carinho preparou para o jantar uma deliciosa salada de legumes e atum.
Jonas sentou no sofá percorrendo os olhos pela sala.
_ O que foi, amor? Não gostou das plantas ou das cortinas?
_ Eu gostei. Gostei muito. Bruno, eu estou pensando o quanto a vida é preciosa. Num dia eu estava bem e algumas horas depois estava num hospital fazendo uma cirurgia para retirar uma bala que poderia ter me matado.
_ Não precisamos mais falar sobre isso.
_ Precisamos sim. Sabe...Eu não quero mais jogar nenhuma boa oportunidade fora. Só de pensar que a vida é tão frágil e que nunca saberemos quando ela vai terminar, isso é angustiante.
Bruno sentou ao seu lado e o abraçou.
_ Eu morreria se te perdesse.
_ Não precisamos esperar até o casamento para vivermos juntos. Eu quero que você venha para cá ainda hoje.
_ Eu vou dormir aqui contigo.
_ Sim. Mas não só por essa noite. Quero ter a sua companhia para o resto dos meus dias. Esperamos tempo demais para isso.
Bruno concordou com Jonas.
Deixou o seu apartamento para que Rose continuasse morando e mudou-se para a casa de Jonas.
Renata terminava de retocar a maquiagem enfrente ao espelho do seu quarto. Matheus a observava, sentado na cama com os braços cruzados.
_ Eu não acredito que você vai ter coragem de ir ao casamento daqueles dois depois de tudo que fizeram comigo.
_ Eu pensei que você já tivesse superado isso.
_ Mesmo assim.
Matheus andava mal humorado ultimamente. Mas o motivo disso era de longe o casamento de Jonas e Bruno.
_ Não é justo que eles sejam felizes depois de tudo que fizeram e eu esteja na bed.
_Enquanto você ficar focando nisso ao invés de lutar pelo o que você quer, você nunca será feliz.
'Filho, qual batom eu uso o vermelho ou o rosa?'
_ Vermelho.
_ Ah, meu bem. Nós vamos ter visita hoje. Vê se põe uma roupa decente.
Matheus estava vestindo uma camiseta regata branca e cueca azul escura. O garoto bateu com as mãos nas coxas, se mostrando bravo.
_ Porra, mãe! Por que você marcou com da tal visita vir hoje, sendo que você vai ao casamento? Agora, eu tenho que ficar fazendo sala?! Ah, que merda!
_ Ei! Olha a boca! Não custa nada você receber até eu chegar. Deixe de ser ranzinza.
Renata deu um beijo na testa do filho, deixando uma marca de batom.
_ Se cuida, benzinho.
Após a saída da mãe, Matheus se recusou a se vestir por pura rebeldia. A última coisa que queria era fazer sala para alguma amiga da mãe. Sentou no sofá com um pote de sorvete de chocolate nas mãos e ligou a TV. O seu mau humor estava expresso na sua face.
Ao ouvir o som da campanhia e os latidos do cachorro sentiu ódio da mãe por ter convidado alguém para incomodá-lo.
Pensou em ignorar a visita, com a intenção que essa desistisse e fosse embora.
Contudo, ao ouvir a voz chamando pelo seu nome, sentiu-se tão alegre que correu para a janela para confirmar se não era nenhuma alucinação.
Patrick o aguardava do outro lado do portão com uma mochila nas costas.
Rapidamente, abriu a porta e foi atendê-lo.
Abraça-lo foi inevitável, permanecendo em seus braços por alguns segundos.
_ Como você está cheiroso!_ disse Matheus se aproveitando para tocar o pescoço de Patrick com a ponta do nariz.
_ A sua mãe me convidou para vir te fazer companhia, mas pelas suas roupas, acho que ela esqueceu de te avisar._ Patrick disse sorrindo tentando não olhar para o volume de Matheus.
Patrick reparou que Matheus havia deixado o bigode e barbar crescerem. Eles não eram volumosos, mas mesmo assim os finos pelos loiros proporcionavam a Matheus uma aparência mais adulta.
O loiro lembrou-se de como estava vestido e , como era fim de tarde, havia alguns vizinhos na rua que o olhavam. Mas ele estava feliz demais para se importar.
Convidou Patrick para entrar, pegando a mochila e pondo no sofá.
_ Você quer beber alguma coisa? Tipo, tem umas latinhas de cervejas da minha mãe na geladeira.
_ Não, obrigado. Eu decidi parar de consumir bebida alcoólica.
_ Sério? Por quê?
_ Eu sou muito fraco pra isso. Duas latinhas de cerveja ou uma taça de vinho eu já fico meio louco e com dor de cabeça no dia seguinte.
_ Beleza, então. Temos suco de laranja e refrigerante também.
_ Eu prefiro água. Pode ser?
_ Claro. Fique à vontade.
Matheus foi até a cozinha e Patrick permaneceu na sala, observando tudo discretamente.
_ A sua mãe te avisou que me convidou para dormir aqui?_ Patrick gritou para que Matheus pudesse ouvir da cozinha.
Abaixado na geladeira para pegar o jarro de água, Matheus sorriu animado.
_ Ela me disse que teríamos visitas._ Matheus foi caminhando até a sala com o jarro numa mão e o copo na outra._ Mas não me disse que seria você. _ disse entregando o copo a Patrick e despejando a água gelada.
Patrick bebeu com tanta vontade que sentiu prazer em ter a garganta refrescada.
_ Por que ela não disse que seria eu?
_ Não sei. Vai vê que quis fazer uma surpresa. E diga-se de passagem que foi a melhor surpresa da minha vida.
Patrick abaixou a cabeça envergonhado.
_ Quer mais água?
_ Não, obrigado. _ disse entregando o copo a Matheus que retornou para a cozinha e voltou de mãos vazias.
_ Você quer mais alguma coisa? Um sanduíche, um biscoito , um beijo na boca?
_ Só o beijo na boca.
Ambos sorriram.
Matheus se aproximou de Patrick pondo uma mão seu rosto e a outra o puxou pela cintura o beijando. Patrick desejou por a mão no pau de Matheus, mas devido a timidez somente o abraçou.
_ Você não sabe o quão bom é te ter aqui. Obrigado por fazer desse dia o melhor da minha vida._ disse Matheus acariciando o rosto do amado.
_ Posso tomar um banho e trocar estas roupas?
_ Quer que eu te ajude?_ Matheus disse com um sorriso malicioso.
_ Ainda não.
_ Que pena.
Matheus guiou Patrick até o banheiro e lhe deu uma toalha limpa.
_ Qualquer coisa é só chamar.
_ Tudo bem.
Um sorria para o outro. Matheus permaneceu parado na porta do banheiro na esperança de ver Patrick despido e ser convidado para o banho.
_ Com licença?
_ Ah, ok.
Matheus saiu sorrindo retornando para a sala.
Após o banho, Patrick sentou ao lado de Matheus no sofá da sala. O loiro segurou na sua mão e a beijou.
_ Quer ver um filme ou uma série?
_ Pode ser.
_ O que você quer ver?
_ Tanto faz. Você é o dono casa, então você escolhe.
_ Ah, nada a ver. Você não precisa ser tão formal comigo._ Matheus se aproximou de Patrick o abraçando de frente, segurando na sua cintura e no seu queixo. _ Aliás você precisa se soltar mais.
Matheus o beijou novamente, deslizando as mãos sobre as suas coxas até chegar no pau, que ficou rígido.
Encorajado, Patrick fez o mesmo em Matheus.
_Eu sabia que desde o início que a sua intenção era trepar comigo. _ Patrick disse sorrindo.
_ Não, senhor. Você não é homem para trepar. É homem pra fazer amor. Pra tratar com carinho, pra cuidar. _ Matheus beijando o rosto de Patrick.
_ Você também.
Eles voltaram a se beijar, mas desta vez se despindo.
Matheus percorreu a língua sobre o corpo nu do amado. Começando pelo seu peito, descando até o umbigo, onde penetrou a língua e beijou a barriga, enquanto acariciava o pau.
Em seguida, abriu as pernas de Patrick, observando o seu ânus rosado. Matheus nunca foi o ativo das suas relações sexuais, mas olhando para Patrick naquela posição sentiu vontade experimentar algo diferente.
Umideceu o próprio dedo com a boca e penetrou-o devagarinho no cu de Patrick, enquanto o masturbava.
Patrick gemia baixinho e Matheus gostava da sensação de sentir o cuzinho de Patrick contraindo no seu dedo.
Pôs a boca no pau de Patrick iniciando o sexo oral.
_ Ah, Matheus, eu te amo!
Ao ouvir essa declaração. Matheus interrompeu a mamada e o beijou na boca, sem tirar o dedo do seu cu.
_ Eu também te amo.
Animado com dedada, Matheus penetrou forte, fazendo Patrick gemer de dor.
_ Vai devagar!
_ Me desculpe. Vou te confessar uma coisa. Eu nunca comi ninguém. Mas tô morrendo de vontade de te comer.
_ Você é virgem no pau?_ Patrick perguntou sorrindo.
_ Nunca meti em ninguém. Só punheta mesmo.
Patrick ficou tão feliz, pois sendo o "primeiro" de Matheus, pois teria um papel importante na sua vida sexual e isso o deixava orgulhoso.
_ Deixe comigo, bebê.
Patrick trocou de posição com Matheus, pondô-o sentado no sofá, enquanto ele se ajoelhava e beijava as suas pernas o mastubarndo.
Iniciou o sexo oral, começando lambendo os testículos, em seguida a cabeça antes de engolir tudo e começar o movimento.
Matheus gemia alto, depois de alguns minutos gozou na boca de Patrick, que engoliu deixando Matheus louco de tesão.
O ruivo levantou-se e foi até o banheiro lavar a boca e pegar o lubricante que trouxe na mochila.
_ Prevenida ela._ Matheus disse franzindo os lábios.
Patrick passou no pênis de Matheus e depois no próprio cu. Sentou no colo do loiro, o beijando, roçando a bunda no pau dele o fazendo endurecer novamente.
Matheus mirou a cabeça na portinha.
_ Vai com tudo, garanhão.
Ao ouvir isso, Matheus ficou tão excitado que penetrou de uma vez, fazendo Patrick pular.
_ Caralho, cara devagar!
_ Foi mal.
Patrick foi sentando devagar, engolindo aos poucos o pênis do amado até ser penetrado todo de uma vez.
_ Você é tão apertadinho. Puta que pariu! Que cu gostoso!
_ Comece bombando devagar e depois vai acelerando.
E assim foi feito. Matheus acompanhava o ritmo da rebolada de Patrick.
Ambos gemiam, entregando os seus corpos a um prazer recíproco. Contudo, não era apenas carnal. Eles compartilhavam carinho e respeito um pelo outro, e tendo ambos os corações repletos de ternura e amor, que expressavam num beijo ardente.
Matheus sentia-se feliz explorando novas oportunidades que o sexo o trazia e sendo com o homem que ama, a felicidade era imensurável.
Gozou novamente.
Cansado, Patrick apoiou a cabeça no ombro de Matheus que o beijou no rosto, em seguida na boca.
Patrick saiu do seu colo e sentou no sofá. Matheus virou o seu rosto em direção a ele, segurou a sua mão e acariciou o seu rosto.
_ Cansou, Mozão?
Patrick deu uma gargalhada, deixando Matheus confuso.
_ Tá rindo de quê?
_ É muito estranho você me chamar de mozão, sendo que há uns meses atrás a gente se odiava e você cuspiu na minha cara.
_ Uh, é! Qual a estranheza em te chamar de mozão? É muito normal os namorados se chamarem assim!
_ Nós estamos namorando?!
_ É claro! Isso não te parece um namoro não?
_ Ah, meu príncipe!
Patrick o beijou com vontade, expressando o seu amor.
_ Mozão, vamos lá para o quarto. Este sofá não está nada confortável.
_ Pra quê?
_ Segundo round._ Matheus disse o olhando com malícia.
_ Ah, não, Matheus. Meu cu tá ardido.
_ E quem disse que eu vou comer o seu cu? Você é quem vai comer o meu.
Patrick o olhou sorrindo, mordendo o lábio inferior.
_ Bora, então.
Ao entrar em casa, Renata percebeu que a TV estava ligada e que não havia ninguém na sala. Olhou para a mesa de centro e avistou um pote com sorvete derretido.
_ Matheus não é molhe. Gastando energia elétrica a atoa e ainda me fez jogar dinheiro fora com esse sorvete.
Ela pegou o pote, despejou o sorvete derretido na pia da cozinha e jogou o pote na lixeira.
Retirou os saltos altos para subir as escadas. Tudo o que mais queria era tomar um banho e dormir na sua cama confortável.
Para a sua surpresa, Matheus e Patrick dormiam abraçados em sua cama. Ela girou a cabeça negativamente. Pensando o quão ousado Matheus foi.
Contudo, observou que o filho dormia tranquilamente, expressando alegria em seu rosto. Renata suspirou de felicidade. E percebeu que não faria mal algum dormir no quarto de Matheus naquela noite.
Cuidadosamente, pegou o seu pijama na gaveta e saiu do quarto fechando a porta com a maior delicadeza possível para não acordar o casal.
A cerimônia foi realizada num belo sítio de gramas verdes. A decoração era primaveril, ornamentada por belíssimas flores.
Não havia muitos convidados. Os noivos preferiram a presença somente de alguns integrantes de suas famílias e os amigos especiais.
Jonas irradiva felicidade. Passou a maior parte da cerimônia e festa sorrindo como uma criança. Os seus olhos brilhavam toda vez que olhava para o então marido.
Bruno compartilhava da mesma felicidade. Não acreditava que finalmente estava casado com o homem que tanto ama e a sua mãe estava livre e segura, festejando com ele o seu casamento.
Obter o perdão da tia e retomar a amizade com Olívia foi muito gratificante para Bruno. A sua felicidade era tanta que temeu a ela, pois recentia que algo ruim poderia acontecer.
Jorge não compareceu ao casamento. Mesmo com as insistências de dona Chiquinha e da esposa, ele se recusou dizendo que não faria parte dessa viadagem.
A madrasta se desculpou com Jonas pela ausência do pai.
_ Eu insisti muito que ele viesse, mas você sabe como o seu pai é.
_ Não esquenta a cabeça com isso. Hoje eu sou o homem mais feliz do mundo. Nada pode estragar a minha felicidade. E vamos combinar que era esperado que meu pai não viria.
Lúcia assistia os stories postados pelos convidados. A raiva era o que mais sentia. Pensou em o tanto que fez para impedir aquele casamento e que por causa disso, estava daquele jeito, travada numa cadeira de rodas, vivendo sem as mordomias que tanto desfrutou por muito anos.
Olhava para as fotos desejando a morte de Bruno e Jonas. Isso mesmo. Desejava a morte do próprio filho!
Cinthia, Isabel e Betinho se aproximaram dos noivos para cumprimentá-los. Eles estavam sentados a uma mesa com dona Chiquinha, Rose, Renata, Olívia e Rafael.
_ Eu estou tão feliz por você, meu amorzinho. Vê se cuida bem do meu tesouro, Jonas._ disse Isabel abraçando os noivos.
_ Pode deixar. Eu vou cuidar direitinho do nosso tesouro. Eu amo tanto esse homem.
Bruno o beijou na boca.
_ Eu quero desejar toda felicidade do mundo para vocês dois.
_ Obrigado, Betinho._ disse Bruno.
_ E o Patrick? Ele não veio?_ perguntou dona Chiquinha.
_ Eu o convidei, vó. Mas ele não quis vir.
_ Amor, ele nos deu os votos de felicidade pelo direct. _ Bruno disse.
_ Do jeito que aquela bicha é recalcada. A essa hora deve está em casa chorando.
Renata olhou para Cinthia e ambas prenderam os risos.
_ Nossa, que horror, menino! Isso é jeito de falar do seu amigo?
_ Uh, é, dona Chiquinha! A verdade deve ser dita.
_ Já chega de veneno. Agora eu vou falar. Bruno, todo mundo sabe que nunca fui com a sua cara. Eu não sabia o que havia acontecido contigo e te julgava mal, crendo que você só queria machucar o coração do meu amigo e prejudicar o outro relacionamento dele. Mas, ao saber o que aconteceu contigo e te conhecer melhor, eu pude perceber o ser humano incrível que você é. Cara, tu és tão foda! Apesar de dizerem que você é um covarde, isso não passa de uma mentira descabida. Você é mesmo muito corajoso de abrir mão de quem amava para manter tanto a sua mãe quanto o Jonas seguros. Tem que ser muito corajoso para pensar nos outros antes de pensar em si mesmo.
'Hoje eu te admiro muito e sou muito feliz em te ter como amigo. E desejo no fundo do meu coração que vocês dois tenham a felicidade que tanto merecem.'
Bruno chorou de emoção abraçando Cinthia.
_ Eu só tenho a agradecer a você por tudo que fez por mim e pela minha mãe, Cinthia. Muito obrigado também por essas palavras. Eu gosto muito de você.
Bruno beijou o rosto da amiga.
_ Eu também estou muito feliz com o casamento do meu neto. Agora só falta aguardar o da Olívia e Rafael e chegada dos meus bisnetos. Espero que os dois me dêem.
_ Isso fica para Olívia e para o Enzo, quando ele crescer. Eu tenho zero paciência com crianças.
_ Ah, que pena! Eu queria tanto ser avó. _ disse Rose sorrindo.
_ É mesmo. Há tantas crianças precisando ser adotadas. Eu e Olívia pretendemos ter um filho biológico e outro adotado.
_ Tudo pode ser resolvido. A dona Chiquinha terá o seu bisneto e a minha mãe o seu neto. Nós adotarmos um pet. Pode ser?
Todos sorriram.
_ Deixe estar. Vocês ainda são jovens e recém casados. Estão começando a vida agora. Aproveitem bastante. Se quiserem adotar uma criança, que seja daqui pra frente. Vão aproveitar a vida._ desejou Renata.
Como Jonas havia prometido, a lua de mel foi em Paris. Viajar pela primeira vez à Europa em lua de mel com Jonas era a realização de um sonho.
Para Jonas também era a sua primeira viagem a cidade luz. Toda vez que vazia uma viagem internacional ou era para Orlando para se divertir nos parques da Disney ou era para Amsterdã para desfrutar da maconha legalizada.
Os cinco dias de passeios turísticos e noite de sexo foram o suficiente para que os recém casados retornacessem ao Brasil relaxados e felizes.
Rose ficou com as chaves do apartamento e cuidou para que a empregada de Jonas deixasse tudo em ordem para a chegada dos donos.
Ela abasteceu a geladeira com frutas e legumes e preparou uma deliciosa lasanha à bolonhesa para o almoço.
Bruno contava sobre a viagem entusiasmado. Mostrava as fotos que não postou no Instagram e disse que devido a viagem, sentiu vontade de aprender francês.
_ Já vou pesquisar um bom curso. Acho que em um ano dá para aprender, né mãe?
_Claro que sim, meu filho. Você é muito inteligente.
Rose estava triste por ter que contar algo tão desagradável para o filho que estava tão feliz.
_ Bom, a viagem foi ótima. Foi a primeira vez que fui à Paris. Ano que vem vamos voltar lá. Combinei por telefone com as meninas Cinthia e Isabel e espero convencer o Rafa e a minha irmã também.
_ Afinal, amor, a Cinthia e a Bel estão namorando?
_ O que tudo indica sim. Diz Cinthia que adorou conhecer o filhinho da Bel e ele também gostou dela.
_ Se as famílias já se conheceram é sinal que o namoro é certo. E sem contar que o filhinho da Bel é tão fofo!_ disse Rose apertando as próprias bochechas.
_ Então, minha sogra, quais são as novidades por aqui?
Rose ficou séria e mudou a expressão para riso no mesmo instante.
_ Bom, eu consegui um trabalhinho. Como ainda estou desempregada, a Cinthia me ofereceu uma oportunidade para ser diarista na casa de praia do pai dela. Eu vou lá em alguns dias da semana para deixar tudo limpo para eles poderem aproveitar o fim de semana. Não é muita coisa, mas já é um dinheirinho extra.
_ Que bom que você conseguiu. Mas logo logo a Olívia vai começar um estágio como publicitária, então eu pensei em te oferecer o cargo de recepicionista que ela ocupa.
_ Oh, meu genro. Eu fico tão agradecida. Mas você tem certeza? Eu não tenho experiência nenhuma como recepcionista. E você já está me ajudando tanto. Eu tenho medo de fazer besteiras na sua pizzaria.
_ Não precisa se preocupar. Antes da Olívia sair, ela pode te treinar. Eu confio em você, sogrinha.
_ Muito obrigada. Você é um amor, Jonas.
'Bom, infelizmente, eu tenho algo nada agradável para dizer.'
_ O que houve, mãe?
_ A justiça cedeu ao Gustavo o direito de aguardar o julgamento em liberdade.
_ Eu não acredito! Eu não acredito!
Bruno começou a chora desesperadamente. E Jonas o abraçou, tentando acalmá-lo.
_ Isso não é justo! Como colocam um bandido desses na rua?
_ Infelizmente está é nossa injustiça brasileira, meu filho. Mas você precisa manter a calma.
_ Como vou manter a calma, mãe? O meu pai fez coisas horríveis e o que parece que ele não vai pagar pelos seus crimes. A essa hora deve está rindo da nossa cara. E sem contar do risco que corremos com esse nojento a solta!
_ Calma, meu amorzinho. Ele vai pagar sim. O fato de aguardar em liberdade não significa que ele não será condenado. E além do mais, o Gustavo sabe que a batata dele está assando. Ele não seria louco de fazer alguma coisa conosco. O desgraçado sabe que isso o prejudicaria no processo judicial.
_ Você não o conhece, Jonas. O meu pai é cruel! Ele é capaz de tudo. Eu sabia que iria acontecer algo ruim. A minha felicidade era grande demais para ser verdadeira. Acho que eu nunca vou ter paz.
Rose o abraçou.
_ Não diga isso, meu bem. As coisas vão se ajeitar. Está nas mãos de Deus, e a justiça dele nunca falha. A você só cabe cuidar da sua vida. Você precisa focar na sua carreira e no seu casamento. Você vai ser muito feliz e nem o Gustavo e nem ninguém vai te impedir. Você entendeu?
_ É isso mesmo, amorzinho. Vai ficar tudo bem.
Bruno queria se sentir consolado com as palavras da mãe e do marido, mas a sua revolta o impedia de relaxar.
A cada dia que passava dentro da prisão, o seu ódio por Rose aumentava ainda mais.
Gustavo foi informado pelos advogados que as entrevistas que a mulher dera a impressa incentivava a revolta popular e isso poderia influenciar o júri. Além disso, Rose também foi aos protestos contra Gustavo na porta do colégio, que resultou na queda do número de alunos.
Ele sabia que a situação do seu processo não era nada boa e muito menos a sua situação financeira. Gustavo gastara muito pagando advogados e com a queda brusca de alunos, as suas dívidas com os funcionários só aumentavam, levando muitos a se recusarem a trabalhar.
Ao conseguir o habeas corpus, Gustavo foi aconselhado por um amigo que o melhor a fazer era vender a escola para quitar as suas dívidas, o que para ele foi um baque, pois o colégio era uma empresa que a sua família possuía há anos.
Tudo isso aumentou ainda mais o ódio tanto pela mulher, quanto pelo filho.
Gustavo não queria se submeter a um julgamento, ele sabia que as chances de voltar para a cadeia eram grandes. Por isso, planejou a sua fuga.
Desta vez não seria num vôo ou por ônibus. Pensou em atravessar a fronteira para o Paraguai de carro, levando consigo o pouco dinheiro que restara e novos documentos falsos.
Todavia, não aceitava deixar Rose livre e feliz depois de tudo que o fizera.
Gustavo acompanhava os passos da mulher na sua rede social. A cada foto em que a mulher sorria na companhia do filho e amigos, estando em algum evento como praias, festas ou até mesmo em casa com suas plantas, o ódio por ela ganhava mais força.
Por uma tia da ex-mulher, Gustavo ficara sabendo que Rose havia conseguido um trabalho como faxineira durante a semana na casa de praia e essa mesma tia o forneceu o endereço.
Tia Gertrudes era uma evangélica fervorosa e não aceitava a separação do casal. Para ela um espírito maligno fez com Gustavo agisse do jeito que agiu. Dissimulado, Gustavo passou a frenquentar a mesma igreja de tia Gertrudes fingindo querer redenção com cristo e reatar o seu casamento, mas sua verdadeira intenção era colher mais informação sobre a ex-esposa.
Era uma manhã de terça-feira, quando Rose despertou cedo, pois não conseguira dormir devido a um pesadelo perturbador que teve com o ex-marido.
Acordou angustiada.
Tomou o seu café da manhã e iniciou as atividades matinais. Optou por começar lavando os tapetes da casa, indo até o tanque. Deixou uma caixinha de som ligada com uma música relaxante, com a intenção de acalmar os nervos.
Gustavo aproximou -se da casa e pulou o muro. Percebeu que Rose deixou a porta destrancada e entrou sorrateiro.
Rose retornou à sala.
Um grito de horror ecoava sobre o local. A mulher sentiu -se gelar, com o coração acelerado ao vê Gustavo depositar sobre ela o seu olhar maligno.