Resolvi que a melhor forma de superar tudo que havia ocorrido seria mantendo minha cabeça ocupada. Como estava no último semestre na faculdade entrei de cabeça no trabalho de conclusão. Acredito que a estratégia deu certo e eu fui me recuperando do baque.
Alguns meses depois, já me sentindo bem melhor, aproveitei um feriado extendido para ir a praia com alguns amigos. Para nosso azar o tempo estava uma merda, a ponto da gente resolver voltar antes. Chegamos domingo de tarde. Quando entrei em casa não encontrei ninguém, mas ao me aproximar do quarto de fernanda escutei um som estranho.
Quando cheguei em frente a porta, que estava aberta, vi a pior cena da minha vida. Tudo que tinha acontecido até então era bobagem comparado àquilo. Rodrigo estava de pé com a rola para fora da bermuda e, de joelhos, fazendo um boquete, estava minha mãe. Eu fiquei congelado por um tempo, até despertar. Eu já havia suportado coisa de mais, e toda minha raiva acumulada tomou conta de mim.
Parti para cima de Rodrigo. Os dois só notaram minha presença quando eu estava a um ou dois passos de distância. Era tarde demais. Eu acertei um soco com tudo na cara daquele arrombado. Ele cambaleou para trás. Eu segui dando socos e ele se defendendo como podia. Acontece que ele era bem maior que eu e em dado momento conseguiu me empurrar com força, me levando ao chão. Quando ele se prepara para começar a me acertar no chão minha mãe o interrompeu:
- NÃÃOOO! NÃÃOOOO! CHEGA, PARA! VAI EMBORA DAQUI! - gritava ela, chorando copiosamente.
E assim ele fez. Se afastou, saiu do quarto e alguns segundos depois pode-se ouvir a porta da sala batendo. Minha mãe tentava falar comigo soluçando de tanto chorar, mas era difícil entender alguma coisa.
- Filho... me desculpa...tu precisa entender... que eu amo teu pai... isso...nunca aconteceu antes...foi um erro...ninguém pode ficar sabendo...por favor, filho...isso vai acabar com nossas vidas...por favor...me desculpa.
Eu saí dali sem dizer nada e me tranquei em meu quarto. Eu me sentia um lixo, meu estômago começou a revir e eu comecei a vomitar. Algumas horas depois, quando peguei meu celular, percebi que havia algumas mensagens de Rodrigo.
- Seguinte, cara. Eu sei que eu vacilei e fui longe demais. Mas é melhor tu ficar quieto. Teu velho e tua irmã não podem ficar sabendo o que aconteceu hoje. Eu sei que tu viu os vídeos no celular da Bruna. Se tu resolver abrir o bico vai ser pior para todo mundo. Eu vou lançar na net aqueles vídeos e todo mundo vai saber que tu levou guampa do teu cunhando e da tua irmã. Todo mundo vai sair perdendo. Mas se tu ficar na tua eu prometo que nunca mais vai rolar nada com a tua mãe.
Eu juro que a minha vontade era matar aquele pau nu cu. Pensei em comprar uma arma e encher ele de bala. Mas estragar de vez minha vida não iria ajudar em nada. Fiquei remoendo aquela merda toda e não achava uma saída onde as coisas ficariam melhores. Acabei decindo ficar quieto. Mas minha vida naquela casa virou um pesadelo. Toda vez que olhava minha mãe na cara lembrava o que havia visto naquela tarde e meu estomago embrulhava. Ver meu pai partia meu coração por saber que ele estava sendo enganado e eu estava ajudando. Fernanda era outra filha da puta (literalmente) que havia traído o próprio irmão.
De novo minha solução foi manter minha mente ocupada com os estudos. Alguns meses depois de me formar consegui passar em um concurso federal e tive que me mudar para bem longe daquela casa, o que foi maravilhoso. Fernanda acabou o relacionamento com Rodrigo pouco depois. Mas ainda é difícil esquecer toda aquela merda. Espero que um dia eu consiga.
Fim