Verdades secretas

Um conto erótico de Mistério
Categoria: Gay
Contém 3517 palavras
Data: 15/02/2021 10:21:25

Capítulo 1

Todas as famílias infelizes são iguais e a família Matarazzo não fugia a regra. Seguia com esmero a cartilha da infelicidade corriqueira nas famílias tradicionais brasileiras, com o velho clichê de apelar pela falsa moralidade para esconder suas patologias.

Raúl Matarazzo, patriarca da família, gostava tanto do clima familiar que possuía duas famílias: a oficial com a esposa Sônia e o filho Ivan, e a segunda família composta por sua cunhada Fernanda, a sua filha Luzia e o seu sobrinho-enteado Gael.

Ambas as irmãs estavam a par da situação e por isso, cortaram laços familiares entre si, mas nenhum delas queria interromper os relacionamentos com Raúl. O amor ao dinheiro era muito maior que as suas dignidades. Enquanto , as irmãs sonhavam em herdar a fortuna do rico proprietário da bem conceituada e sucessedida construtora Matarazzo, elas desfrutavam os privilégios de gastar o dinheiro do companheiro em comum.

Mesmo a vida dupla de Raúl Matarazzo não sendo do desconhecimento de ninguém, todos apelaram pelo silêncio, temiam um escândalo e assim perder o direito para criticarem a vida alheia.

Exceto Raúl, que se gabava entre os amigos de ser um homem mulherengo, falando de suas esposas e de outras amantes que colecionava.

Dizia com o peito estufado, com orgulho que o seu filho Ivan, de apenas doze anos, havia herdado a sua habilidade com as mulheres. Mentia para os amigos que Ivan ficava com todas as menininhas da escola, fazendo o menino corar de vergonha.

Contudo, entre quatro paredes, Raúl era rude com o filho e exigia do menino ter uma namorada.

_ Filho meu deve ser pegador. Mulheres foram feitas para serem desfrutadas. Não quero saber de filho boila.

Ivan não tinha trejeitos femininos e muito menos expressava gostar de garotos, mas não demonstrava nenhum interesse pelas meninas que o abordavam com declarações de amor pueril.

O menino crescera ouvindo da família que gays eram aberrações e pervertidos. Nas conversas familiares gays eram abordados de dois modos: ou com nojo e repúdio, ou sendo ridicularizados nas piadas feitas entre os parentes, e Ivan não queria ser tratado de nenhuma dessas maneiras.

Por esses motivos, Ivan escondia as sete chaves, nas profundezas do seu coração o seu amor platônico pelo seu primo Gael.

Durante o ano, Ivan contava os dias para que chegasse às férias e pudesse ver o primo no sítio da sua avó Cristiana.

A poucos dias das férias, Ivan tomou coragem para se declarar para Gael numa carta de amor, composta por palavras românticas e exageradas que a puberdade nos faz expressar sem medo do ridículo.

Mesmo temendo a rejeição do primo, enviou a carta, pois no fundo, tinha esperanças de ter o seu amor correspondido.

Gael recebeu a carta espantado, não pelo conteúdo, pois já desconfiava do amor platônico que Ivan sentia por ele, e sim pelo fato do primo lhe enviar uma carta em plena década de 2000, onde essa atividade era considerada tão arcaica.

Mas, Ivan era romântico, acreditava que ao enviar um texto escrito a próprio punho era um jeito especial de se expressar, onde poderia caprichar na sua caligrafia inglesa, desenhos de corações e por o seu perfume favorito.

Para a surpresa de Ivan, Gael respondeu a carta declarando que correspondia os sentimentos amorosos do primo e que gostaria que sua iniciação ao prazer fosse com Ivan.

Gael era o filho do primeiro casamento de Fernanda. O adolescente de treze anos não suportava o tio Raúl desfilando na sua casa vestindo bermudas e chinelos com ar dono do pedaço. Mesmo sendo tão jovem, Gael não aprovava a relação imoral da mãe com o tio.

Fernanda o reprimia quando o menino expressava desagrado com o tio-padrasto. Ela dizia que Gael deveria ser mais gentil com Raúl, pois graças a ele a família vivia num luxuoso apartamento em frente à praia, frequentava os melhores restaurantes, fazia viagens internacionais, tinha empregadas e tanto Gael quanto Luíza estudavam num dos melhores colégios do país. O que para o adolescente não era justificativa para tolerar a arrogância de Raúl.

Ivan estava tão empolgado com a viagem, que esqueceu de guardar as cartas nas malas e as deixou na escrivaninha do seu quarto. Queria chegar ao sítio o quanto antes para ver Gael.

_ Não vai dar um beijo na mamãe?_ perguntou Sônia antes que o filho entrasse no carro com o motorista da família.

Como qualquer adolescente, Ivan estava na fase de sentir vergonha de expressar amor pela mãe em público e por isso a ignorou, entrando no carro.

Sônia lamentou a frieza do filho com o marido, que ouvia sentado na sua poltrona favorita, tomando um Uísque, com um charuto entre os dedos.

_ Ah, deixe de bobagens. Homem de verdade não pode ficar expressando sentimentos. Isso é fragilidades, que são coisa de mulheres e boiolas.

_ Eu sou a mãe dele! Não há nada de errado em me dar um beijo.

Raúl não estava a fim de ouvir os lamentos da esposa e usou a vontade de urinar como desculpas para fugir da conversa.

Ao ir ao banheiro, passou pela porta do quarto do filho e se irritou ao perceber que Ivan deixou a porta aberta e as luzes acesas.

_ Esse menino está pensando que sou sócio da companhia de energia elétrica.

Entrou no quarto e se surpreendeu ao ver o envelope em cima da escrivaninha.

Estranhou o fato de jovens ainda escreverem cartas. E presumiu que se tratasse de uma carta de alguma namoradinha.

Sorriu com a possibilidade.

Tomado pela curiosidade, decidiu invadir a privacidade do filho sem nenhum remorso e pegou o envelope, logo se decepcionou ao vê que era de Gael.

Contudo, ficou ainda mais curioso em saber de que se tratava o conteúdo, pois mesmo os primos morando em cidades diferente, eles se comunicavam via MSN e ligações telefônicas. Então, por que enviaram cartas um ao outro cartas?

Os olhos de Raúl percorriam as palavras da carta e o seu coração batia com tanta velocidade que parecia saltar do peito. Suas mãos ficaram trêmulas e o ódio o dominou por completo.

Com fúria, rasgou a carta e derrubou os objetos que estavam sobre a escrivaninha.

Saiu do quarto como um furacão, com os olhos arregalados e as narinas abertas.

_ O que houve?_ Sônia perguntou assustada.

_"O que houve?" Houve que o seu filho é um veadinho!

_ O que você está dizendo, Raúl?

_ Eu não admito isso na minha família! Não admito! Eu vou matar o Gael.

_ O que o Gael tem a ver com isso? Eu não tô entendendo!

_ Você é uma das culpadas! Não faz porra nenhuma. Não trabalha e nem estuda, a sua única função é criar e educar um moleque. Mas é uma incompetente! Se soubesse educar o menino, ele não teria se tornado uma bicha!

Raúl andava de um lado para o outro bufando de raiva.

_ Você pode me explicar que merda está acontecendo?

_ Eu encontrei uma carta do Gael para o Ivan, em que ele dizia coisas indecentes. Eles estão combinando de transarem lá no sítio. Era por isso que aquele moleque estava todo empolgado para viajar. E eu idiota, nem suspeitava.

Sônia pôs a mão na boca expressando espanto.

_ Não pode ser. O meu filho não é... não é! Não, Não e não! Temos que impedir! Ivan é só uma criança!

_ Ligue para a casa da sua mãe e diga a ela para não deixar os dois se encontrarem. Eu vou até lá.

Obediente, Sônia ligou para a mãe, mas o telefone estava fora de área.

_ Não há o que esperar. Temos que ir até lá imediatamente. _ Sugeriu a mulher.

O casal saiu às pressas. Raúl dirigia feito louco. Para ele ter o filho gay era o pior que poderia acontecer na vida.

Assim que o motorista estacionou o carro na entrada do sítio, Ivan saiu do carro e disparou para ao encontro do primo.

Gael o aguardava na porteira. Sorriu ao ver Ivan e os seus lindos olhos verdes brilhavam de encantamento.

Gael se jogou nos braços de Ivan num abraço giratório.

_ Eu te amo._ disse Ivan acariciando os cabelos castanhos do primo, que escorriam sobre a testa.

Mais ousado, Gael segurou na face do primo aproximando as bocas.

_ Eu também te amo. _ disse sussurrando, antes de beijá-lo, fazendo o motorista os olhar espantado.

Percebendo a cara de espanto do motorista, os adolescentes deram gargalhadas e correram em direção à casa grande.

Dona Cristiana, havia ido à cidade para comprar legumes para o almoço.

_ Vamos aproveitar que a vovó não está e vamos subir para você sabe o quê.

Ivan sorriu com a proposta do primo e o beijou na sala na frente de Lalinha, a empregada doméstica da casa.

_ Que pouca vergonha, seus moleques.

_ Pouca vergonha não. Vergonha nenhuma!respondeu Ivan acariciando o rosto de Gael.

Ambos subiram as escadas de madeira correndo e gargalhando.

Entraram no quarto de hóspedes e encostaram a porta.

_ Vamos ficar juntos pra sempre. Um dia vamos nos casarmos. _ disse Ivan acariciando os cabelos de Gael.

_ Casamento é coisa de gente careta.

Ivan pôs o dedo indicador nos lábios de Gael.

_ Cale a boca! Casamento não é coisa de gente careta. É coisa de gente que se ama. Eu amo você. Você é meu e eu sou seu.

Gael sorriu e beijou o primo.

_ Vamos fazer um pacto de sangue, Gael?

_ Como nos filmes?_ Gael perguntou empolgado com o que ele julgava ser uma aventura.

_ Sim. Vamos fazer um pacto de ficarmos juntos para sempre, que ninguém e nada nunca hão de nos separar.

Ivan retirou do bolso um canivete e segurou a mão pálida do primo, beijou-a e fez um pequeno corte. Gael a retirou rapidamente, devido a dor.

_ Ai! Isso doeu!

_ Agora é a sua vez.

Ivan entregou o canivete a Gael e esticou a mão.

_ Tem certeza que precisamos fazer isso?

_ Sim! Isso é uma forma de selarmos o nosso amor. É importante pra mim.

Mesmo não estando com muita vontade, Gael beijou a mão de Ivan e fez um pequeno corte na palma, repetindo a atitude do primo.

Ivan segurou a mão cortada de Gael com a sua mão ferida, fazendo com que ambos os sangues se misturassem.

_ Agora somos um só sangue, um só corpo e um só coração. Vamos ficar juntos pra sempre e quem tentar nos separar vai pagar com a vida por isso.

_ Credo, Ivan! Você tá me assustando!

_ Não precisa ter medo de mim. Eu amo você.

Ivan segurou no queixo de Gael e o beijou novamente. Os meninos se abraçaram.

Sem interromper o beijo, Ivan conduziu Gael até a cama e o deitou.

_ Eu tô um pouco nervoso, Ivan.

_ Relaxa, amor.

Ivan deslizou a língua sobre o pescoço de Gael provocando arrepios no corpo do menino.

Ivan não queria que o tempo passasse. Nunca fora tão feliz quanto naquele momento.

Contudo, o barulho da porta sendo aberta com violência interrompeu a felicidade do jovem casal.

Raúl entrou no quarto furioso, depositando socos nos meninos.

_ Seus veados nojentos!

Ivan pôs Gael atrás das suas costas para protegê -lo. Olhava para o pai com os olhos arregalados de medo.

_ Eu vou matar você por ter desviado o meu filho.

_ Não toque nele, pai! A culpa é minha.

Ivan empurrou o pai no chão e gritou para Gael fugir.

Assustado, o menino correu em busca de ajuda.

Raúl conseguiu segurar as pernas de Ivan e o jogou na cama, girou a chave na maçaneta da porta e retirou o cinto. Com toda força do braço, depositou golpes pelo corpo do menino, que gritava de dor ao ter o corpo cortado pela fivela.

_ Eu não aceito filho bicha! Isso não! Eu não aceito! Eu não fiz filho pra isso.

Ivan chorava e gritava. Sônia tentou entrar no quarto para salvar o filho, mas a porta estava trancada.

Ela batia desesperada, implorando para que o marido abrisse.

Correndo pelo quintal, Gael encontrou a avó e com a voz ofegante, pediu ajuda.

_ O tio Raúl está louco! Tenho medo dele machucar o Ivan. Eles estão lá no quarto.

Dona Cristiana entrou em casas às pressas, junto com o motorista.

_ Mãe , me ajude ! O Raúl vai matar o meu filho!

Dona Cristiana assim como os outros gritava desperada. E Raúl não abria, só se ouvia gritos e choros de criança.

O motorista arrombou a porta, e com muita dificuldade conseguiu tirar Raúl de cima do filho.

O menino não chorava apenas pelas dores no corpo, mas também pelo ódio fervoroso que sentia do pai.

_ Você vai aprender a ser homem. Filho meu não é veado!

Com muita dificuldade, Sônia e dona Cristiana conseguiram acalmar Raúl.

Expostos a vergonha, medo e humilhação os meninos não conseguiam ter outra reação a não ser chorar.

_ Você nunca mais se aproxime do meu filho. Ouviu, seu nojento._ Raúl dizia pondo o dedo no rosto de Gael.

A família decidiu que o melhor a fazer era separar os meninos. Raúl ordenou que Ivan fosse estudar num colégio interno na Suíça e que mesmo longe, as redes sociais do menino seriam monitoradas.

Ameaçou Fernanda, de cortar a relação e as mordomias se não conseguisse manter o filho afastado de Ivan.

Naquele mesmo dia, Ivan foi levado embora com os pais. Ele chorava sem parar por não querer se separar do primo.

À noite, em seu quarto, Ivan chorava segurando uma foto de Gael. Entre lágrimas a beijava.

_ A gente ainda vai ficar juntos. Eu prometo. Eu vou crescer e o meu pai não vai poder me impedir de ficar contigo, meu amor. Passe o tempo que passar e o nosso amor ficará mais forte.

Ao ver o pai se aproximando do quarto, Ivan escondeu a foto embaixo do travesseiro.

Raúl acendeu a luz. Sério, olhou para o filho e disse:

_ Se arrume, que vamos sair.

_ Pra aonde vamos?

_ Sem perguntas. Apenas me obedeça.

Ivan estranhou o lugar em que o pai o levou. Havia luzes vermelhas, músicas eletrônicas e mulheres seminuas dançando no pole dance.

Não era permitido por lei a entrada de meninos de doze anos num bordel, mas com o dinheiro Raúl conseguia tudo que queria.

_ Tá vendo aquelas gostosas? Escolha uma.

Ivan arregalou os olhos.

_ Anda! Ou você escolhe ou escolho eu.

_ Pra quê?

_ Você já tem doze anos. Já está na hora de se tornar um homem. Mas que seja com uma mulher e não o seu primo.

_ Mas elas são adultas e eu...

_ Cale a boca e escolha.

Perder a virgindade aos doze anos, sob pressão e com uma prostituta foi para Ivan uma experiência traumática, umas de muitas mágoas que ele colecionou do pai, jurando para si mesmo, em silêncio, que um dia se vingaria.

Os primeiros meses na nova escola, num país diferente do seu foram muito tristes para Ivan. Morria de saudades da avó, dos amigos e principalmente de Gael. Dos pais só sentia raiva.

Nada sabia do primo, nenhum tipo de contato teve mais.

Aos poucos, Ivan foi se acostumando com a nova vida. Fez novos amigos e começou a namorar meninas. Gostava de transar com elas e por um tempo chegou a sentir-se confuso sobre a sua sexualidade. Até se descobrir bissexual.

As relações com os rapazes eram às escondidas, pois temia ser deserdado pelo pai. Quase nunca vinha ao Brasil, quanto mais longe dos pais melhor para ele.

Por mais que não demonstrasse, ainda guardava mágoa e os odiavam por tê-lo afastado do seu grande amor.

Quando raramente estava com os pais, fingia alegria e afeto, aprendeu que com a falsidade era a melhor maneira de obter dinheiro.

Contudo, nunca se esqueceu do primo. Guardava entre as suas coisas a única foto de Gael que conseguiu esconder.

Mesmo depois de anos, sonhava em reemcontrá-lo e viver o tão sonhado relacionamento amoroso com Gael.

Ivan se formou em administração numa universidade conceituada na Suíça junto com a namorada Carla, uma estudante brasileira que conheceu na faculdade. Ela era do curso de belas artes e eles se conheceram nos corredores da Universidade.

A jovem era muito apaixonada por ele. Planejava se casar e construir uma família com Ivan, mas esses não eram os planos do rapaz, pois não a amava, o seu coração ainda pertencia ao seu primo.

Ivan entrou no apartamento e foi recebido por Carla com um beijo caloroso, que em seguida o ajudou a retirar o Sobretudo. Carla o olhava com piedade.

_ Por que você tá com essa cara?

_ Tenho uma notícia difícil para te dar.

Ivan franziu o cenho, sentindo um pouco de preocupação.

_ Não me diga que você está grávida?_ perguntou assustado, temendo ouvir um sim.

_ Não é isso, amor. A sua mãe me ligou. Ela disse que tentou te ligar, mas você não atendia.

Ivan não queria falar com a mãe, para ele quanto mais distância dos pais melhor. Mentiu para Carla que a bateria do celular estava descarregada.

_ Ela me disse que você precisa voltar ao Brasil.

Ivan caminhou em direção à cozinha e foi seguido por Carla.

_ Sem chances.

_ Meu amor, eu sei que é chato dizer isso, mas... enfim, o seu pai sofreu um derrame cerebral esta noite. Ele está hospitalizado e quer te ver.

Carla estava pronta para consolar o namorado com abraços, beijos e palavras afetivas. Estava disposta a voltar ao Brasil com Ivan.

Contudo, a reação de Ivan foi tão inesperada que Carla arregalou os olhos ao ouvir a gargalhada de Ivan. O jovem sentia satisfação ao sentir-se vingado. Finalmente, se livraria do velho que tanto odiava.

_ Ivan, você ouviu direito? Eu disse que o seu pai está hospitalizado!

Ver Carla o olhando espantada o fez perceber que necessitava esconder a sua felicidade.

_ Você só pode tá brincando, Carla. O meu pai tem saúde de um touro.

_ Ivan, você acha que ia brincar com uma coisa dessas?

_ Então, é sério?!_ disse Ivan, fingindo preocupação.

_ A sua mãe quer que você volte volte ao Brasil. Eu posso ir contigo.

_ Nem pensar. Você tem a sua pós graduação. Não vou atrapalhar a sua vida.

Ivan depositou café da cafeteira em uma xícara.

_ Você quer, amor?

_ Eu não vou te deixar sozinho nesse momento, Ivan. Que se foda a pós.

_ Não, senhora. Eu não quero te prejudicar. O meu pai tem um monte de gente para cuidar dele. Nós ficamos aqui. No fim do ano iremos ao Brasil.

Carla sentiu-se estranha diante da frieza do namorado. Não conseguia reconhecer o homem que ama.

_ Ivan, o que está acontecendo? Eu disse que o seu pai está doente e você rir e ainda se recusa a vê-lo?! O que é você?

_ Você está sendo injusta! Eu estou preocupado contigo, com o seu futuro profissional. Não quero te deixar aqui sozinha e é assim que você me julga? Ah, pelo amor de deus, Carla!

_ Mas o seu pai está doente!

Ivan se aproximou da namorada, pôs as mãos em suas faces.

_ Vai ficar tudo bem, amorzinho. O meu pai é forte.

Ivan a beijou.

_ Eu vou tomar um banho. Você vem comigo?

Carla encolheu os braços.

_ Não. Eu tenho que terminar um artigo.

_ Beleza, então.

Ivan caminhou tranquilamente em direção ao banheiro. Carla permaneceu atônita pela reação de Ivan.

Sentou no sofá da sala. Pensou em que desculpas diria à sogra.

O seu espanto aumentou ao ouvir Ivan cantar debaixo do chuveiro.

Em passos lentos, se aproximou do banheiro e ficou observando Ivan cantar enquanto passava o sabonete no corpo.

Ao perceber a presença da namorada, Ivan deu sorriso malicioso.

_ Tem certeza que você não vem, gostosa?

_ Ivan, às vezes eu tenho medo de você.

O rapaz a ignorou e continuou a cantar.

Horas mais tarde, enquanto Carla adormecia ao seu lado, Ivan olhava o Instagram. Para a sua surpresa, encontrou o perfil de um belo jovem de cabelos lisos e castanhos escuros e olhos verdes encantadores.

Encantado, Ivan clicou no perfil. O jovem possuía um belo corpo, resultado de horas de dedicação aos exercícios físicos praticados na academia. Em uma das fotos, o jovem estava com um grupo de pessoas numa agência de publicidade conceituada, todos sorriam segurando um troféu que a agência havia conquistado.

Ivan também percebeu pelas fotos que o jovem gostava de praticar paraquedismo. Ele ficou por longos muitos minutos admirando as fotos do rapaz em situações variadas: em praias, viagens, baladas e festas.

Segui-o de imediato.

Ivan foi tomada por uma felicidade que não sentia há anos. O seu coração batia revigorado e os seus olhos brilhavam.

Via direct, mandou a seguinte mensagem:

_ Oi. Como você está?

Para a sua surpresa foi respondido no mesmo instante.

_ Oi. Estou bem. Quem é você?

_ Não me reconhece, Gael? Sou eu, o Ivan.

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Comentários

Foto de perfil de Pedro Vinicius

Um conto Maravilhoso bem executado e com uma narrativa magnifica. O pai desse Ivan é um ser repugnante e sem escrupulos. Espero que agora que são adultos Ivan consiga viver esse amor interrompido parabéns

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Eita que essa história promete hahahahahah. Ansiosa pelos próximos.

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Maria do bairro perde com tantos plottwist e segredos envolvendo essa história.

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