Verdades secretas capítulo 5

Um conto erótico de Mistério
Categoria: Gay
Contém 1109 palavras
Data: 18/02/2021 23:18:50

Capítulo 5

Havia anos que Ivan não retornava ao Brasil para ver os pais. Os contatos eram sempre feitos via internet por mensagens ou chamadas de vídeo, ou se comunicavam por ligações telefônicas.

A mágoa que Ivan nutria pelos pais estava ficando mais forte a cada ano. Ainda mais agora que teve certeza que perdeu o amor de Gael por culpa do tempo e principalmente por causa dos pais.

A família Matarazzo não residia mais na mansão em que Ivan crescera. Por achá-la antiquada, Sônia Matarazzo resolveu trocar a moradia por uma outra mansão localizada num condomínio de luxo na Barra da Tijuca.

A entrada da casa é protegida por grandes portões de madeira e um muro composto por pequenas pedras brancas, que brilhavam ao sol.

A casa possuía quatro andares e a parte da frente era composta por enormes vidraças, que substituíam paredes e davam uma forte iluminação natural ao ambiente. E as pilastras eram de cores brancas.

Do lado externo da mansão a enorme piscina azul ocupava o espaço da parte frontal da casa e uma ponte estava sobre ela para ligar a porta de entrada da sala até o portão principal. O jardim era cuidado com esmero pelo jardineiro e pelo paisagista. Com árvores e flores, que exalavam perfume pelo ambiente. Na parte de trás da casa, havia uma quadra onde Raúl gostava de jogar tênis com os amigos empresários e políticos.

Como todos os milionários, a família Matarazzo não tinha hábitos de ir ao cinema, pois tinham o próprio cinema particular, que ficava no primeiro andar da casa, ao lado da sala de jogos e da biblioteca.

O quarto do casal Matarazzo se localizava no segundo andar e tinha uma parede de vidro e quando o casal abria a cortina tinha acesso à visão de toda a casa. As escadas eram feitas de granito vermelho e os corrimãos de vidro.

Grandes lustres estavam pendurados do teto.

Na sala principal, Raúl fazia questão de expor as obras de artes que gostava de colecionar: estátuas, quadros e objetos decorativos feitos por artistas renomados.

A Ivan agradou a nova casa. Desejara viver nela sem a presença dos pais e na companhia de Gael. Cogitou a possibilidade de um dia convidá -lo para conhecer a mansão e assim ficar deslumbrado e querer viver ali com ele.

Sônia descia as escadas de braços abertos para receber o filho. Ivan reparou que ela havia lutado contra o envelhecimento fazendo uma cirurgia para esticar as peles da face e posto silicones nos seios.

_ Você não sabe o tamanho da saudade que eu estava de você.

A mulher o beijou e abraçou, apertando-o. Ivan quis afastá-la, mas preferiu se controlar e fingir alegria por vê-la.

O rapaz reparou que havia um elevador na sala.

_ Eu tive que mandar pôr este elevador. Devido ao derrame cerebral o seu pai perdeu os movimentos do corpo. O coitado não consegue caminhar e mexe os braços com dificuldade. A boca está torta.

_ Ainda bem que ele conseguiu sobreviver.

_ Mas está mais ranzinza que nunca. O médico recomendou para evitar aborrecimentos. O coração dele está muito frágil. Talvez não aguente fortes emoções.

Ivan acendeu um cigarro e sorriu discretamente.

Sônia havia perguntado por Carla. Tinha esperanças que o filho dissesse que o namoro havia terminado, pois a ela nada agradava ter o nome da sua família nas páginas das revistas por seu filho está namorando uma moça da classe média.

Para a sua decepção, Ivan informou que Carla ficou na Suíça por conta dos estudos e que o namoro seguia firme e forte.

_ Querido, a Laurinha Palhares esteve aqui semana passada. Lembra dela? Cresceu e está uma moça linda. Ela viu a sua foto ficou doida para te rever.

_ Mãe, não adianta querer me empurrar uma das filhas das suas amigas socialites. Eu já tenho namorada._ Ivan disse liberando a fumaça do cigarro.

_ A menina da classe média. Sei. Eu acho que você deveria namorar alguém do seu nível social. E se casar também. Ivan, você já tem trinta anos e...

Ivan se afastou da mãe, subindo as escadas, esbarrou com uma empregada.

_ Bom dia, seu Ivan.

_ Bom dia. Me faz um favor de levar as minhas malas até o meu quarto? Se tiver pesadas para você, peça ajuda a um dos seguranças.

_ Sim, senhor.

Raúl ouvia passos masculinos se aproximarem do seu quarto. Imaginou ser o enfermeiro para lhe dar os remédios e pensou em expulsá-lo, pois estava farto dos tratamentos médicos, que ele os julgavam inúteis.

Ivan entrou no quarto. Pai e filho estavam diante de si depois de anos de separação física. Ivan mirou a mão enrugada do pai, apoiada em suas pernas inválidas.

Ele recordou daquelas mãos quando eram fortes e jovens e as depositavam cintadas quando o viu beijando Gael.

Nas profundezas do seu coração, Ivan sentiu-se vingado em ver o pai naquele estado tão deprimente.

_ Pensei que não viria antes da minha morte._ Raúl dizia ríspido de uma forma enrolada devido a deslocalização da língua.

_Como você está, pai?

_ Não faça perguntas idiotas. Como você acha que um velho todo fodido está?

Ivan aproximou-se do pai. Sentou-se ao seu lado na cama.

_ Cadê a mulher?

_ Ficou na Suíça. Ela tinha alguns compromissos.

_ Quando vão se casar? Você já tem trinta anos. Já deveria estar casado e sendo pai.

_ Logo logo me casarei.

_ Apesar das bobagens da sua mãe, quanto a classe social da moça, eu não me importo. Ela é bonita, jovem e saudável. Você deu sorte. Deveria me agradecer por eu ter te afastado do pederastra do Gael e ter te transformado num homem de verdade.

Ivan sentiu um ódio feroz pelo pai. Imaginou-se o enforcando.

_ Pai, eu estou muito preocupado com o senhor. Eu sei que não é um momento adequado, mas não acho justo que permaneça sendo enganado.

_ Do que você está falando?

_ Há uns meses, eu recebi uma informação de fonte segura que a mamãe tem sido infiel ao senhor.

Raúl arregalou os olhos.

_ Está louco?

_ Queria que tudo isso não passasse de uma loucura da minha cabeça. Mas a verdade é que, a princípio, eu não quis acreditar. Foi então, que decidir contratar, pela internet, um detetive particular. E aí eu obtive isto.

Ivan retirou o celular do bolso e mostrou ao pai fotos da mãe beijando e abraçando um homem mais jovem. A intenção de Ivan era ver o pai tendo um infarto devido a emoção.

Raúl olhava as fotos numa expressão de raiva.

_ Vagabunda! _ gritava com a voz enrolada.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 32 estrelas.
Incentive Arthur Miguel a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível