Atendendo a milhares de pedidos! (ah lá, a escritora egocêntrica e exagerada hahahahaha)
Brincadeira gente! A verdade é que eu recebi por email, pedidos de uns dez leitores para que eu (re)escrevesse a série em formato de especial a partir do ponto de vista do Eric Schneider e claro, contando a sua história.
Já aviso aos navegantes: Essa primeira parte está gigante e terei que fazer pelo menos mais duas. Leiam pela amizade e consideração com essa pessoa aqui que vos dedica tempo para escrever uma boa história. Ou pelo menos tenta.
***
I
Eu estava com 18 anos quando terminei o Ensino Médio e saí da casa dos meus pais levando apenas uma mochila rumo à França, a partir de um programa de intercâmbio o qual eu fui selecionado entre os recém - formandos do colégio. Dentre as várias opções, escolhi um que poderia me dar a chance de ingressar no mercado de trabalho no país. Com descendência francesa e alemã, ficaria mais fácil conseguir uma futura cidadania definitiva.
Nasci no Sul do Brasil. Minha mãe brasileira e filha de franceses conheceu o meu pai nascido na Alemanha que veio ao país, mais especificamente na minha cidade localizada na Serra Catarinense, a trabalho. Começaram a namorar e desde então ele não voltou mais para a sua terra natal.
A minha paixão pelos livros foi despertada ainda na infância. Minha mãe era funcionária da biblioteca na Universidade local e após a escola, em que estudávamos no turno da manhã, eu e meu irmão caçula ficávamos com ela na parte da tarde e os corredores dos livros se tornaram o meu quintal. Na adolescência e vivendo em cidade pequena, saíamos da escola e íamos para casa. Mas sempre no fim do dia e do expediente dela, eu ia buscar minha mãe e aproveitava para mergulhar nos livros do seu local de trabalho.
***
Com a confirmação da minha viagem pela agência, fui informado de que eu iria trabalhar em Nice, no sul da França, em uma das várias cafeterias existentes na cidade. O que pra mim foi uma agradável coincidência pois era a cidade natal dos meus avós maternos. Não foi fácil me despedir da minha família. Deixar a minha cidade onde sempre vivi, rumo a um país estrangeiro com o pouco conhecimento do idioma local era algo audacioso e corajoso para um jovem da minha idade. Eu e o meu irmão, tínhamos uma boa noção de inglês e de alemão por influência do meu pai. Já o francês, sabíamos pouco e me vi forçado a aprender o básico na marra dias antes de viajar. Como minha mãe trabalhava o dia inteiro, ela não tinha tempo hábil para nos ensinar. Mesmo assim, comprei pequenos livros e manuais que ensinavam o idioma.
A cidade onde eu iria trabalhar era conhecida por sua intensa atividade turística e badalada tanto de dia quanto de noite. Com isso, o meu conhecimento em inglês seria um bom suporte. O contrato de trabalho começaria em Janeiro e duraria até o fim do verão europeu. Seria uma boa experiência e voltaria para o Brasil com mais um idioma no currículo.
No entanto, eu não tinha planos para voltar. Meu sonho era ser aceito em uma Universidade na França para estudar Literatura Francesa e me tornar professor. O intercâmbio de trabalho era apenas uma ponte a qual eu precisava atravessar.
Meus primeiros dias foram de muito aprendizado, foco e dedicação. A cafeteria era bastante movimentada com um grande fluxo de clientes. Servia chocolates quentes, gelados, chás e cafés para todos os gostos. Era cansativo mas também gratificante.
Embora tivesse apenas 18 anos, eu já possuía uma maturidade não tão comum para os garotos da minha idade. O salário que eu ganhava, uma pequena parte eu guardava com a intenção de ter um apoio financeiro para ingressar na universidade. Evitava badalações. Era trabalhar, aprender francês e no fim do dia dormir no albergue em que fiquei instalado nos meses de trabalho. No dia seguinte, o mesmo rito.
No início de junho, a movimentação tornou-se uma loucura. Mesmo com experiência de meses, me assustei com o aumento de frequentadores. Em especial de mulheres. Eu tentei ignorar mas dia depois de admitido, volta e meia, eram sorrisinhos e outras insinuações pra mim.
Sim, eu sempre fui um homem bonito mas isso nunca me envaideceu. Ser alto, com porte atlético e o típico rosto de galã de cinema abre portas mas isso pra mim ficava em segundo plano. Tive apenas uma namorada na adolescência. Meu respeito pelas mulheres sempre fora imenso mas naquele momento da minha juventude eu tinha outras prioridades na minha vida.
II
No início de julho, conversei com o gerente da cafeteria e disse a ele a respeito do meu interesse em ser admitido em alguma Universidade na França. Ele prontamente apoiou minha decisão mesmo lamentando perder um bom funcionário.
Com o dinheiro que consegui juntar, pude fazer o exame que dava acesso às universidades francesas. Era uma espécie de 'Enem' francês. Obtive nota 18 na avaliação geral que iria de 0 a 20. Média suficiente para ser admitido na Sorbonne. Foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Me mudei para Paris para resolver toda documentação e renovar minha permanência no país pois as aulas começariam em Setembro. Do Brasil, meus pais me enviaram uma ajuda financeira que cobririam apenas os primeiros meses da minha vida de universitário. Nos anos seguintes, eu teria que me manter por conta própria.
Para conquistar a graduação e mestrado, foram cinco anos vivendo em Paris me dedicando à vida universitária e trabalhando no Campus. Depois, fiquei um ano na função de professor assistente. Com esse tempo, eu poderia obter a minha cidadania francesa. Entretanto, com o título de Mestre eu passei a enviar currículos para diversas universidades no Brasil e em países que falavam o idioma francês.
Continuei a trabalhar normalmente até receber por e-mail uma proposta de trabalho para lecionar em uma Universidade privada no Rio de Janeiro. O Departamento de Letras da Instituição estava abrindo a grade para incluir a Graduação em Francês. Seria uma chance de voltar ao Brasil e aceitando, eu poderia visitar minha família no Sul com mais freqüência. Conversando com um dos meus professores sobre a proposta em questão, ele me contou sobre um apartamento o qual ele morou durante os dez anos que viveu na cidade. Era o dono do imóvel e ficava a poucos minutos da Universidade. Gentilmente ele me emprestou o local para morar e com isso eu não precisaria procurar um lugar pela cidade às pressas. As únicas despesas que eu teria seriam as contas de água, luz, etc. Era o que faltava para tomar minha decisão e voltar para 'casa'.
III
Logo após completar 25 anos e com o título de Mestre nas mãos, pedi desligamento do meu trabalho na Sorbonne e estava de volta ao Brasil para então realizar o sonho de dar aula. Aproveitei as semanas livres que tive entre o meu retorno e o começo do ano letivo no ano seguinte e passei o Natal e Ano Novo com a minha família. Foi gratificante voltar para casa após anos morando fora. Saí um garoto, voltei um homem e era um orgulho tanto para mim quanto para os meus pais ver tudo o que eu havia conquistado. Meu irmão também estava formado em Administração e optou por ficar na nossa cidade. Diferente de mim, ele nunca foi uma pessoa de grandes ambições na vida e optou por ficar em uma zona de conforto. Mas ele estava feliz com o que tinha.
Aprendi a dar valor ao trabalho e ao dinheiro desde o meu primeiro dia como funcionário de uma cafeteria. Não esbanjava com coisas desnecessárias e mesmo trabalhando por apenas sete meses, e a cada mês de salário recebido, parte dele foi destinado para o próximo passo rumo à vida acadêmica.
***
Mesmo com a proposta, realizei uma série de três entrevistas e fui aprovado em todas para então lecionar Literatura Francesa, uma das disciplinas da Graduação em Letras - Português e Francês. Nesse tempo, conheci o endereço que seria o meu novo lar pelos próximos anos. O apartamento não era grandes coisas. Apenas um cômodo enorme com varanda, uma cozinha e banheiro pequenos. Já havia uma cama sem colchão com grades de prata e um guarda-roupa e precisei comprar apenas o necessário para montar a cozinha e ajeitar a cama. Fiz questão de ter uma mesa de trabalho com internet e uma estante onde poderia colocar os meus livros. O endereço de fato era a poucos minutos do meu mais novo local de trabalho e eu poderia ir a pé. Mais que perfeito, impossível!
Meus dias e horários de aula eram de terça à sexta-feira de manhã e à tarde. A procura pelo curso pelos alunos foi satisfatória e então várias turmas foram formadas. Bom saber do interesse deles por tudo que girava em torno da Cultura Francesa. Na segundas-feiras meu dia era livre, então poderia descansar, montar as aulas e respirar um pouco.
O assédio por parte das alunas era presente? Todo o tempo, mas eu ignorava. Me envolver amorosamente com elas era algo que jamais passaria pela minha cabeça. Sendo assim, adotei uma postura séria e profissional em sala. Não dava margem para nenhuma cantada ou insinuação pois isso era problema na certa. Havia alunas bonitas, é óbvio que eu as observava mas eu estudei e trabalhei muito para chegar até ali e não colocaria tudo a perder por causa daquilo que toda mulher possui por entre as pernas. Namorei colegas de turma na Sorbonne mas sabia que não teria futuro algum. A ética profissional foi uma barreira muito bem construída ao meu redor por mim mesmo e as chances dela ser derrubada seriam nulas.
***
Com a estabilidade financeira conquistada, o que muitos poderiam considerar uma extravagância eu chamaria de investimento: Entrei para uma auto-escola e financiei o meu primeiro carro após seis meses lecionando na Universidade. Um carro comum mas espaçoso e confortável por dentro. Mesmo eu não me deslocando para outros lugares da cidade durante a semana, era algo que eu queria conquistar, arriscando sem medo. Pensar demais paralisa as pessoas. E então eu o fiz.
IV
34 anos e há quase 10 trabalhando como professor universitário. Uma vida tranquila e rotineira, boa relação com meus colegas de trabalho e alguns relacionamentos com mulheres que conheci ao longo desse tempo. Infelizmente elas não compreendiam o fato de eu colocar o trabalho acima de uma relação e terminavam o namoro.
Mais um ano estava começando. Eu havia chegado do Sul há poucos dias após estar com a minha família para as festas de fim de ano. Janeiro era um dos meses que eu mais gostava pois poderia respirar.
Estava tranquilo em casa, lendo os noticiários na Internet sentado na mesa do meu notebook, quando recebo uma ligação. Era Luciana, a Coordenadora do Curso de Letras da Universidade e, por hierarquia, a minha chefe. Estranhei pois ela só me telefonava perto fim do mês para confirmar a reunião de início de semestre entre a coordenação e os professores.
- Oi Luciana - atendi sério.
- Oi Schneider, tudo bom? - ela me respondeu cordialmente e sempre me chamava pelo sobrenome - Como foi de Natal e Ano Novo?
- Correu tudo bem, obrigado. Voltei pro Rio anteontem. E você?
- Fui bem também. Escuta... Você pode ir até o Campus amanhã pela manhã? Eu precisava conversar com você.
- Aconteceu alguma coisa? - fiquei apreensivo.
- Não! Nada demais. Na verdade, preciso de uma ajuda sua...
- Tudo bem. Que horas?
- Às dez. Te aguardo na minha sala.
- Certo. Estarei lá.
- Ótimo. Obrigada.
Encerramos a ligação. Fiquei pensativo e, ao mesmo tempo, intrigado com o que poderia ser. Luciana era uma ótima coordenadora, trabalhava de maneira impecável e nunca tive conflitos com ela. Se tornou uma amiga. Pra me chamar assim deveria ser algo realmente importante.
No dia seguinte, cheguei pontualmente na hora marcada. Fui razoavelmente arrumado como se fosse para a reunião. A porta da sua sala estava fechada mas percebi a luz acesa pelo vidro na porta. Dei três batidas no que ela respondeu.
- Entra, está aberta!
Entrei e ela estava sentada na sua mesa atenta à tela do computador quando me viu entrar.
- Oi Schneider, bom dia. Obrigada por ter vindo. Sente-se! - pediu apontando para a cadeira em frente a mesa.
- Bom dia - me sentei apoiando os cotovelos nos apoios de braço observando a mulher de cabelos curtos, loiros e lisos ajeitar alguns papéis - Confesso que estranhei sua ligação.
- Sim, eu sinto muito mas a única pessoa em que consegui pensar foi você por isso te liguei - terminou com os papéis e finalmente me encarou - É sobre uma proposta de trabalho.
- Proposta?
- Sim.
- Do que se trata? - continuei a olhá-la.
- Você é o único professor da minha equipe que não trabalha às segundas-feiras, certo?
- Sim. Esses anos todos as segundas feiras se tornaram uma extensão do meu fim de semana - brinquei e ela riu com o comentário.
- Pois bem. Eu tenho uma amiga que é Diretora de um colégio particular e está desesperada à procura de um professor ou professora para dar aulas de Literatura Francesa para as suas turmas de Ensino Médio.
- Ensino Médio? - perguntei sério, querendo confirmar o que tinha acabado de ouvir - Ou seja, adolescentes?
- Exato - ela infelizmente confirmou.
- Não me interessa ouvir o restante - falei firme, me levantando da cadeira indo em direção à porta - A minha resposta é não!
- Schneider, por favor! - ela suplicou - Ouça a proposta.
Me virei na sua direção, ficando em pé, com as duas mãos apoiadas no encosto da cadeira e respirando fundo.
- O colégio além de ser particular, é de ensino francês e um dos mais tradicionais da cidade - explicou - E a minha amiga está precisando de mais um professor no quadro da sua equipe para lecionar em pelo menos três turmas pois a outra professora não está dando conta.
- Você disse tradicional? - perguntei sério.
- Sim.
- O que significa que a mensalidade é uma verdadeira fortuna e só adolescentes ricos e sem nada na cabeça estudam lá, correto?
- Se você prefere encarar assim - ela riu da minha suposição - a remuneração é bem gorda e você só iria trabalhar às segundas pois é o dia da disciplina em questão.
- Eu não sei, Luciana - balancei a cabeça em negação - Não sei e pra falar a verdade, eu não estou nem um pouco disposto a lidar com essa faixa etária. Adolescentes são insuportavelmente irritantes e barulhentos.
- Por que não encara como um desafio?
- Desafio? - ri seco
- Sim. Se você não se adaptar, peça para sair.
- Quando eu posso dar uma resposta?
- O mais rápido possível. Ela precisa fechar o quadro docente antes das aulas começarem.
- Eu preciso pensar...
- Pense como um trabalho extra. Não vai afetar em nada a sua rotina aqui no Campus.
- Eu te dou um retorno.
- Hoje é quarta-feira. Você me liga na sexta?
- Pode ser.
- Ela precisa de uma resposta o quanto antes, Schneider.
- Sexta-feira eu te ligo.
Deixei a sua sala pensando na inesperada proposta. Por mais que fosse financeiramente tentadora eu não sei se valeria a pena ficar um dia inteiro da semana lidando com jovens ricos, bem nascidos que se acham os donos da razão sem nunca sequer terem lavado as próprias cuecas e calcinhas. Não sei se teria saúde mental suficiente.
'Encare como um desafio...'
A frase da Luciana ecoou na minha cabeça durante os dois dias que se seguiram. Tudo o que eu havia conquistado foi desafiador mas de um certo modo eram desafios já planejados, coisas com as quais eu teria que lidar: aprovação no Mestrado, lecionar para turmas com mais de trinta pessoas, pagar a prestação do carro... Mas dar aula para adolescentes? Nem nos meus maiores pesadelos.
***
- Luciana? - liguei para ela na sexta-feira à tarde.
- Pensou no que conversamos?
- Desafio aceito.
- Entrevista já marcada com a Jacqueline na segundas-feira às nove da manhã. É a minha amiga e Diretora. Anota o endereço do colégio.
- Espera, como assim entrevista já marcada? E se eu não aceitasse?
- Eu sabia que você iria aceitar, Schneider - ela riu do outro lado da linha - Você é um homem que se arrisca ao desconhecido.
- Mesmo? Eu posso muito bem voltar atrás no que eu decidi.
- Um rapaz que saiu de casa ainda jovem e sempre seguiu em frente sem desistir, não volta atrás nas decisões.
- Você está certa - ela conseguiu me arrancar um sorriso - Me passa o endereço.
Anotei em um bloco de papel que estava na mesa ao lado do laptop enquanto ela falava o bairro e o nome do colégio.
- Não tem erro. É uma rua tipicamente residencial e bastante tranquila. Único contra é que ela tem uma ladeira chata e o colégio fica na parte alta dela. Mas tem um estacionamento nas dependências.
- Tudo bem. Isso vai ser o menor dos problemas.
- Você vai se sair bem, meu amigo. Te desejo boa sorte.
- Obrigado.
V
Era estranho e até mesmo desconfortável estar em ambiente escolar. A última vez que eu estive em um foi exatamente quando me formei na juventude. Após meu Mestrado, trabalhei como professor assistente na Sorbonne o que me garantiu observar que os alunos eram pessoas focadas e dedicadas. Exatamente iguais a mim.
Cheguei no horário marcado com uma pasta preta em mãos contendo cópias de documentos e currículos e observei um prédio bem estruturado, o corredor do primeiro andar bem amplo e imaginei que nos andares superiores encontraria o mesmo. Em um dos lados da parede, murais com anúncios e informações sobre o ano letivo escritos em francês. Havia alguns funcionários usando uniforme e que eram responsáveis pela limpeza do local.
Percorri calmamente pelo andar, olhando as salas e nenhuma delas eram salas de aula. Todas com estrutura mais burocrática. Quase no fim do corredor, avistei uma porta com a placa escrito 'Bureau du directeur'. No instante em que ia bater, ela se abre de rompante e dou de cara com uma senhora de meia idade, baixa, cabelos grisalhos. Usava óculos de aros pretos e quadrados mas de modelo discreto.
- Professeur Schneider? - ela perguntou sorridente.
- Directrice Jacqueline?
- Je t'attendais! - se mostrou aliviada ao me ver - Entrez, s'il-vous-plaît!
(Eu estava esperando por você!
Entre, por favor)
A sua sala era maior que a da Luciana. A mesa de madeira retangular e escura possuía uma pilha de pastas em uma das pontas, alguns papéis espalhados e outros objetos.
Deu a volta por ela, sentando-se em sua poltrona de couro preta e eu fiz o mesmo na cadeira que estava do outro lado, ajeitando meus óculos de moldura transparentes no rosto. Ao seu lado, duas bandeiras, uma da França e outra do Brasil, em tamanho oficial hasteadas em um mastro.
A entrevista, que mais tinha um clima descontraído de conversa, foi toda realizada em francês. Jacqueline era uma senhora muito simpática e não deixou em nenhum momento transparecer o desespero o qual Luciana havia mencionado. Me contou sobre a história do colégio, conversou como funciona a política de ensino e que os alunos estudavam em tempo integral. Inexplicavelmente, consegui ficar mais à vontade, me fazendo esquecer por alguns instantes o pânico em ter que lidar com o público daquela Instituição de Ensino.
Após a conversa que durou cerca de uma hora, ela gentilmente me convidou para conhecer todas as dependências do colégio: as salas de aula, salas dos professores, o setor de achados e perdidos, o refeitório... Mas um local que me alegrou muito em conhecer e me fez voltar às memórias da infância foi a biblioteca. Espaçosa e confortável, possuía vários livros à disposição. Gostei muito do que vi. Em termos de infraestrutura, o colégio não decepcionou. Talvez o filme de terror que se formou na minha cabeça, caso eu aceitasse a proposta, não seria tão aterrorizante assim.
Ao retornarmos à sua sala, Jacqueline me fitou como se estivesse esperando que eu batesse o martelo.
- Alors, professeur Schneider? - ela me questionou com a voz esperançosa -Acceptez-vous de faire partie de l'équipe?
- J'ai une question à poser ...
- Faites-en autant que vous le souhaitez!
- À propos des étudiants ...
- Ce que tu veux savoir?
- Qu'est-ce que tu as à me dire à leur sujet?
- Comme Luciana a dû vous le dire, vous ne serez enseignante que pour trois classes. Un chaque année. Et les élèves de ces classes étudient à l'école depuis la maternelle.
- Sont-ils des élèves avec un bon comportement?
- Oui, les trois classes sont destinées aux élèves ayant les meilleures notes. Aucun d'entre eux n'en prend moins de neuf.
(- Então, professor Schneider? Você concorda em fazer parte da equipe?
- Eu tenho uma pergunta ...
- Faça quantas quiser!
- Sobre os alunos ...
- O que quer saber?
- O que tem a me dizer sobre eles?
- Como Luciana deve ter falado, você só vai ser professor de três classes. Uma de cada ano. E os alunos dessas classes estudam no colégio desde o jardim de infância.
- São alunos com bom comportamento?
- Sim, as três turmas são de alunos com as melhores notas. Nenhum deles tira menos que nove.)
Respirei fundo e então tomei minha decisão.
- J'accepte la proposition car ce sera quelque chose de nouveau pour moi. Je n'ai jamais enseigné aux adolescents.
- Je suis sûr que ce sera une excellente expérience pour vous.
- Je l'espère...
(- Aceito a proposta porque será algo novo para mim. Nunca ensinei para adolescentes.
- Tenho certeza de que será uma excelente experiência para você.
- Eu espero que sim...)
E esperava não me arrepender de ter dado um passo àquele desconhecido.
***
- E então? Como foi a entrevista? - Luciana me ligou no fim daquela mesma tarde.
- Não foi tão terrível como eu imaginava - respondi sentado na cama, encostado em dois travesseiros, com o peito nu, usando apenas uma bermuda de surfista - O colégio realmente é muito bem estruturado. Bom, sem a presença do alunos, é tudo perfeito.
- Ah, deixa de ser bobo! - rimos juntos - Tenho certeza que você vai gostar!
- Deixei a cópia da minha documentação com ela - expliquei enquanto olhava para o teto - Na sexta-feira eu volto lá para assinar o contrato. Pedi que fosse por apenas este ano letivo. Não quis nada a longo prazo pois não sei se valerá a pena.
- Entendi. Obrigada por ter aceito. Vai me agradecer futuramente.
- Será? Isso veremos...
VI
Seria uma segunda-feira longa...
Era o meu primeiro dia e a tensão era evidente nos meus ombros. Permaneci dentro do carro por alguns minutos após estacioná-lo na área privativa do colégio destinada aos professores e funcionários.
A mesma formalidade das minhas roupas usadas no ambiente universitário, decidi por repetir no colégio em que começaria a dar aula. Camisa branca social e calça também social na cor azul marinho.
O relógio na tela do meu celular marcava 6h45 da manhã. Minha primeira aula seria para os alunos do primeiro ano às 7h30. Cheguei mais cedo para encontrar com a Jacqueline e então ela me levaria até a sala dos professores e apresentar a equipe. Uma formalidade chata, porém necessária.
Era isso, não tinha outro jeito. Um novo desafio profissional me chamava. Respirei bem fundo, peguei a minha mochila preta no banco traseiro, coloquei de frente no meu colo e a abri apenas para me certificar de que estava tudo ok. Meu laptop era a minha principal ferramenta de trabalho e eu o levava comigo para todos os lugares. Ou quase todos. Ajeitei os meus óculos pelo retrovisor do carro e finalmente saí, ativando o alarme com a chave, colocando a mochila em um dos ombros e seguindo em direção à saída do estacionamento.
Na portaria do colégio, havia uma movimentação pequena de pais e alunos pois pela hora, ainda era relativamente cedo até o início da aula. Alguns carros pretos de luxo estacionavam, homens fortes e uniformizados saíam rapidamente pela porta do motorista e abriam a porta traseira para que um ou mais estudantes soltassem e seguissem rumo à entrada. Observava tal cena e não me surpreendia. Apesar da conversa que tive com a Jacqueline onde ela me contou toda a história da Instituição, fiz uma rápida pesquisa na internet sobre o meu novo local de trabalho e descobri que o valor da mensalidade não custava menos de 4 mil reais. Somente famílias ricas e bem sucedidas matriculam seus filhos em um colégio como aquele. De fato, eu não me enganei nas minhas suposições durante o meu encontro com a Luciana.
Entrei a passos rápidos até a sala da Diretoria e ao parar na porta, Jacqueline estava falando no telefone e fez sinal com a mão para que eu entrasse no instante que me viu. Encerrou a ligação minutos depois, me cumprimentou com as boas vindas e me deu três pastas contendo a lista de chamada das turmas que eu daria aula e mais os livros de literatura, um de cada série.
Saímos rumo à sala dos meus colegas e enquanto caminhava, observava o vai e vem de alunos no corredor e a tensão começou a aumentar na minha medula. Gargalhadas altas, inspetores circulando e olhares curiosos de alunas que me encaravam com risinhos envergonhados.
Entramos e os professores presentes olharam na nossa direção com expressão de análise. Jacqueline me apresentou a todos e eu os cumprimentei de modo geral. Simpáticos, recebi os cumprimentos e as boas vindas de cada um.
Coloquei minha mochila na mesa e guardei o material recebido deixando à frente o livro e a pasta com a lista de chamada do primeiro ano, turma 1A. Olhei rapidamente e vi que ela possuía vinte alunos. Número pequeno se for comparar com o meus alunos da universidade onde as salas eram lotadas.
- C'est nerveux? - a diretora me questionou apoiando a mão em meu ombro.
- Un peu tendu, je ne peux pas le nier - respondi com um sorriso pequeno.
- Vous ferez bien. Suivez-vous des conseils?
- Mais bien sûr!
- Tu es responsable. Montrez-leur-leur dès que vous entrez dans la pièce.
(- Está nervoso?
- Um pouco tenso, não posso negar.
- Você vai se sair bem. Aceita um conselho?
- Mas é claro!
- É você quem está no comando. Mostre isso à eles assim que entrar em sala.)
Ela se retirou e fiquei pensando nas suas últimas palavras. Decidi que iria encarnar um personagem bem diferente de mim mesmo. Alguém que pudesse intimidá-los. Me virei na direção de um mural na parede em que informava o número das salas das turmas. Sala 101 era a minha primeira arena onde eu enfrentaria vinte leões mas que com sorte poderia transformá-los em gatos assustados.
***
Faltavam cinco minutos para o sinal tocar quando pedi licença aos meus colegas e segui direto para o andar seguinte subindo a cada dois degraus um lance de escadas. Odiava atrasos.
Cheguei na sala no exato instante que o sinal tocou e todos já estavam sentados em seus devidos lugares. Bom. Dei um bom dia à todos, coloquei minha mochila em cima da mesa encostada na parede, retirando apenas o livro e a lista de chamada.
Me apresentei à eles formalmente anunciando algo que eles já sabiam: eu seria o professor de Literatura Francesa durante aquele ano dividido em quatros bimestres começando pela Literatura na Idade Média. Imediatamente ordenei que abrissem seus livros. Nem um sorriso, nem uma palavra amigável. Mantive a postura séria e o rosto fechado não dando margem para nenhuma forma de aproximação entre professor e aluno. Me achariam grosseiro e arrogante? Foda-se. Eu estava ali para executar o meu trabalho que era fazer com que eles conhecessem e aprendessem a respeito de uma Literatura tão rica e que como retorno, a média geral acima de nove fosse mantida.
A intimidação e até mesmo o medo estavam em visíveis em seus olhos. Objetivo alcançado com sucesso. O comando estava nas minhas mãos.
A aula correu tranquilamente, indiquei o título da leitura bimestral, passei alguns exercícios sobre o período literário estudado e no fim da aula, realizei a chamada sem nem sequer olhar para cada um deles, apenas ouvia suas vozes confirmando que estavam em sala. Me despedi e saí rapidamente da sala, levando a mochila em uma das mãos.
Parei no corredor e inspirei profundamente. Sobrevivi na arena. Teria um enorme tempo livre pelo resto da manhã até a hora do almoço pois a minha aula com o segundo ano seria no primeiro horário da tarde. Já a turma do terceiro, as duas últimas. Sendo assim, voltei para a sala dos professores que para a minha felicidade não havia ninguém. Jamais seria antipático com os meus colegas mas, naquele dia no meu primeiro dia eu previsava de um momento comigo mesmo, quieto com os meus pensamentos.
***
Ao 12h, o almoço era servido. O refeitório era bem grande e arejado e as refeições eram divididas em dois self services, um somente para os alunos e o outro para os professores. Me chamou a atenção a variedade de pratos quentes e frios e era como se estivéssemos realmente em um restaurante. Por 4 mil reais de mensalidade, eu não esperava menos do que isso.
Ao terminar de almoçar e usar o banheiro, fui até a sala dos professores, peguei o meu laptop e finalmente iria conhecer com mais calma a biblioteca. Ao entrar, senti a potência do ar condicionado congelando o ambiente. Conversei rapidamente com a funcionária responsável que muito atenciosa me explicou como era o funcionamento sobre o empréstimo de livros. Fui me sentar na fileira das mesas após a última estante de livros pois o silêncio ali era reinante. Deixei o celular na mesa, liguei o monitor e conectei o cabo da bateria na tomada da parede ao meu lado. Esperei uns minutos até a tela surgir na minha frente no que de imediato abri a minha caixa de e-mails. Nada de importante e que poderia ser deixado para responder à noite em casa. Me concentrei em revisar as duas aulas para as turmas da tarde e, mesmo no silencioso, vejo meu celular tocar sobre a mesa. Era a Luciana. Com certeza me ligou para saber como eu estava me saindo. Ignorei a chamada e enviei uma mensagem.
- Estou na biblioteca agora, não posso atender - digitei no zap.
- Entendi - ela me respondeu de volta - E como vão as coisas?
Enviei um áudio com a voz bem baixa e olhando fixamente para a tela do monitor. Tranquilizei a minha chefe dizendo que a minha primeira turma do dia estava aterrorizada com o meu personagem em sala. Ela me escreveu assustada me perguntando o que eu teria feito com os alunos. Retornei o áudio e disse que com esse personagem, tudo estava sob controle.
Luciana torcia por mim e isso era algo admirável nela.
Terminamos a conversa e ainda concentrado em preparar as aulas, sinto um doce aroma de perfume de bebê pairar sobre o local que eu estava. Era delicioso. Ao olhar para o lado, na direção do corredor da estante, não havia ninguém. Eu continuava sozinho no meu canto. 'De onde saiu esse cheiro tão bom?' pensei. Enfim... Continuei concentrado em terminar as aulas.
VII
Primeiro dia em ambiente escolar terminado com sucesso. O personagem de professor antipático deu certo e era com ele que eu seguiria dali por diante. Não tive vontade alguma em criar uma relação de proximidade com os alunos. Até porque eu teria que enfrentá-los apenas uma vez por semana.
No momento que eu estava me preparando para ir embora e deixar a sala do terceiro ano, Jacqueline surge na porta, vindo na minha direção um doce sorriso carregado de certa expectativa.
- Je suis venu ici personnellement pour savoir comment vous avez fait ...
- La journée était calme - terminei de fechar a mochila em cima da mesa, apoiando o braço.
- C'est bon. Votre adaptation sera plus rapide que je ne l'imaginais.
- J'espère.
- Puis-je vous faire une demande, professeur? - Oui, qu'est-ce que ce serait?
- Je sais que votre dévouement dans vos trois cours se fera également. Cependant, je vous demande de porter une attention particulière à la classe de troisième année. Ils rêvent de la Sorbonne et doivent garder le score au-dessus de 9,5.
- Dégager. Je sais ce que c'est.
- Nous savons tous les deux. Votre CV me l'a dit - sorrimos um para o outro.
(- Vim aqui pessoalmente para saber como você se saiu ...
- O dia foi tranquilo.
- Que bom. Sua adaptação será mais rápida do que imaginei.
- Espero que sim.
- Posso te fazer um pedido, professor?
- Sim, o que seria?
- Sei que a sua dedicação nas suas três turmas será feita por igual. No entanto, eu peço para que você dê uma atenção especial para a turma do terceiro ano. Eles sonham com a Sorbonne e precisam manter a nota acima de 9,5.
- Claro. Sei bem como é isso.
- Nós dois sabemos. O seu currículo me disse.)
Deixamos a sala e todos os alunos seguiram na mesma direção rumo à saída.
***
No restante da semana, eu estava novamente na minha zona de conforto. Lidar com estudantes universitários e rever meus amigos de profissão não poderia me deixar mais aliviado. Me formei profissionalmente para me dedicar a eles e a proposta que recebi para trabalhar no colégio seria apenas uma experiência a mais. E a remuneração tenho que confessar era bem vantajosa.
Nos dias de sábado, eu me permitia dormir até um pouco mais tarde. Dedicação cansa e meu corpo dava sinais de cansaço. Já não era mais nenhum moleque e precisava de boas horas de sono.
Meu celular que estava na mesa de cabeceira da cama começou a tocar. Ainda sonolento, estiquei o braço e tateei para alcançá-lo.
- Alô - atendi com a voz sonolenta e a cara amassada no travesseiro.
- Te acordei? - a voz feminina do outro lado questionou.
- Mais ou menos. Estou acordado mas não levantei da cama.
- Sábado de Sol, caminhada na praia e depois almoçamos por minha conta, topa?
- Por sua conta? Vou me lembrar disso - debochei esboçando um sorriso.
- Deixa de ser chato! Eu falei isso porque sei que você não vai me deixar pagar.
- Já me conhece há tempo suficiente pra saber.
- Em meia hora estou passando aí pra te buscar!
- Tá certo, tchau.
- Tchau.
***
- Eu falo sério, Schneider - Luciana ponderava segurando com a mão o seu par de chinelos em meio à caminhada que fazíamos na beira da praia - Você é um cara bonitão, estabilizado e de bom caráter. Não é possível que esse coração aí não tenha se rendido plenamente a alguém.
- E desde quando você virou casamenteira? Não conhecia esse seu lado.
- Quero ver os meus amigos felizes, apenas isso. Eu gostava da Marcela - disse lembrando de uma ex-namorada minha - ela era linda e mesmo sendo ruiva de farmácia, vocês dois formavam um lindo casal.
- Claro! Porque não era para o seu celular que ela telefonava de meia em meia hora para saber onde e o que você estava fazendo! Completamente ciumenta e neurótica.
- Quem mandou você ser gato?
Eu e a Marcela namoramos por pouco mais de um ano. Aluna do curso de Nutrição na faculdade. Ela realmente era linda, tinha um corpo maravilhoso e nossas transas eram incríveis. Mas o ciúme dela estragou tudo. Ela queria até mesmo monitorar a minha respiração! Coloquei um ponto final antes que eu enlouquecesse.
- O que as minhas ex-namoradas não conseguiam fazer, além de não compreenderem a minha dedicação ao trabalho, eram simplesmente confiar em mim - expliquei para ela.
Além de ser minha chefe e amiga, Luciana Monteiro era minha confidente. Logo que retornei ao Brasil, ela pessoalmente me entrevistou e me admitiu na Universidade. Enxergou o meu potencial e me deu uma chance. E lá se vão dez anos de amizade dentro e fora do trabalho. Nada mais do que isso. Tem 36 anos e é uma mulher inteligente, bonita e segura de si. Viveu um casamento de seis anos mas que terminou em divórcio após descobrir uma traição do, na época, seu marido.
Nunca me vi em um relacionamento com ela.
É como se ela tivesse surgido na minha vida para ser de fato a minha amiga.
Caminhamos por mais alguns metros. A praia estava lotada e o Sol queimando sem dó. Ela usava uma saida de praia branca em forma de vestido bem longo, um chapéu de palha e óculos escuros. Eu fui o mais a vontade possível com uma bermuda de tactel preta, óculos escuros e blusa azul.
- Você me promete uma coisa? - ela me pediu enquanto fazíamos o caminho até a orla, pelo meio da areia, em um ponto da praia nem tão entupido de gente.
- O quê?
- O dia que você se apaixonar de verdade eu vou querer ser a primeira a saber.
Tirei os óculos e olhei em seus olhos suspirando.
- Você promete? - insistiu.
- Prometo.
- Então tá certo.
VIII
Mais uma segunda-feira se iniciava e eu já me dirigia para a sala de aula. Cheguei pontualmente usando a mesma roupa formal da minha primeira semana com a diferença na calça preta.
Bastou eu colocar o pé na sala que imediatamente os alunos foram para os seus lugares e as conversas paralelas desapareceram. O meu personagem estava mesmo dando certo! Gargalhava internamente ao mirar o pavor no rosto de cada um. O mesmo rito: Lista de chamada e uma caneta postos na mesa.
Dei bom dia a todos e eles responderam normalmente.
- Je voudrais savoir comment la lecture est indiquée. Lisez-vous? - ele questionou.
(Gostaria de saber como está a leitura indicada. Estão lendo?)
Silêncio em sala o que me irritou profundamente. Qual a porra da dificuldade que eles poderiam ter em dedicarem pelo menos uma ou duas horas do fim do dia, antes de irem dormir e começarem a ler a porcaria do poema indicado como leitura bimestral? Realmente eram jovens que não possuíam nada na cabeça e não davam o mínimo valor ao sacrifício que os pais faziam para mantê-los naquele colégio, pagando uma pequena fortuna todo mês.
- Puis-je comprendre ce silence comme un non? C'est vrai? personne n'a commencé à lire?
(Posso entender esse silêncio como um não? É isso mesmo?Ninguém começou a ler? )
O silêncio entre eles continuava e eu já estava perdendo a paciência quando de súbito, vejo a pequena mão de uma aluna sentada na segunda fileira, levantada para o alto.
- Je l'ai lu, professeur. J'ai terminé samedi dernier.
(Eu li, professor. Terminei no último sábado.)
Continua...
Nota da autora: Nem preciso dar maiores detalhes a respeito dessa aluna que teve a coragem de levantar a mão para responder a pergunta do nosso 'querido' professor, né amores? Leitores fiéis e atentos aos detalhes não moram em Gotham, mas matarão a charada Hahahahahahaha.
Luciana Monteiro... Hm... Será que é mesmo apenas uma verdadeira amizade existente entre ela e o Eric? Tudo o que sabíamos até agora a respeito dele em relação aos sentimentos pela nossa 'Petite' era mentira? Será? Será? Aguardem as próximas partes ;)
Espero realmente que tenham gostado. Compactar 24 capítulos de forma resumida, coerente e sem furos não é uma tarefa fácil!
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