O mundo é um ovo. Eu não conseguia acreditar que o Kleber é de Manaus. Trocamos nossos números e peguei um uber para casa. Estava com um sorriso estampado no rosto. Daria a minha primeira chance ao amor? Será que nossa história poderia ir para frente? Tantos questionamentos.
***
Kleber:
Avisa quando chegar em casa, por favor.
Santino:
Pode deixar.
Kleber:
Cuidado.
***
É oficial, esse é o melhor dia da minha vida. Queria gritar ao universo sobre a felicidade que palpitava no meu coração. Cheguei em casa distraído, quase tropecei no carpete, mas consegui segurar na parede. Encontrei Sérgio na sala assistindo uma série policial.
— Quer comida japonesa? — ele perguntou mostrando um hashi.
— Claro, mas vou tomar um banho antes. Estou podre. — falei rindo e seguindo para o meu quarto.
Olhei no espelho e percebi que meu rosto estava limpo. Lembrei do momento que o Kleber me limpou no banheiro da faculdade. O toque dele conseguia arrepiar minha coluna. Ele era tão cuidadoso, na verdade, eu não estava acostumado com esse tipo de tratamento.
Nos últimos meses, a minha vida se tornou uma montanha russa de emoções e sensações. Tomei um banho rápido para não deixar o Sérgio esperando e vesti o primeiro pijama que encontrei na gaveta. É bom ter outra pessoa para conversar, mesmo sendo um antigo inimigo.
— E como foi com o pobrinho? — ele perguntou comendo uma peça de sushi.
— Sérgio. Qual é? — o repreendi, antes de sentar ao seu lado e pegar um hashi.
— Desculpa. É que pensei que depois do Beach Park...
— Tivemos uma conversa, sabe. Expus meus sentimentos, ele mostrou o seu ponto de vista. Tá de boa, juro. Ah, e acredita que os teus amigos mostraram uma foto nossa dormindo para o Kleber? Que brincadeira mais ridícula. — falei, enquanto pegava o hashi e mergulhava uma peça de sushi no molho shoyu.
— Isso é típico do Renan. Aquele idiota.
— Bem-vindo ao clube dos que acham o Renan um idiota. Ele era uma péssima influência para você.
— Enfim, vou ficar de olho no baixa renda. Você já fez tanto por mim. A partir de agora vou ser o teu assessor amoroso. — Sérgio brincou e riu da própria piada ruim.
— Não precisa. — soltei desesperado com a possibilidade de ter o Sérgio como conselheiro amoroso.
Sim. É bom ter alguém pra conversar. Começamos com o pé direito, entretanto, as coisas estavam se encaixando. Fiquei tão cansado que dormi no sofá. Alguém me cobriu com uma manta, provavelmente, o Sérgio. Levantei e olhei o celular, algumas mensagens do Kleber e da Giovanna. Respondi os dois e desabei na cama.
No dia seguinte, acordei mais cansado do que na noite anterior. Sentei na cama e espero a alma voltar para o meu corpo. Ainda com uma preguiça descomunal, arrumei os cabelos com as mãos e limpei o rosto.
Sou o tipo de pessoa que demora para levantar, fico uns minutos mexendo no celular até que o chamado da natura agiu e deu vontade de fazer o número um.
No caminho até o banheiro, lembrei do Kleber e da Giovanna e, não, não é um sonho ou um delírio solo. Fiz uma amiga e encontrei o crush no mesmo dia.
Corri na direção da minha escrivaninha e peguei o celular. Mensagens de várias pessoas aleatórias, mas dois nomes me chamam a atenção: Giovanna e Kleber. Eles mandaram mensagem mais cedo e respondi com um sorriso no rosto. Claro, que dou prioridade para o Kleber.
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Kleber:
Bom dia, flor do dia.
Santino:
Bom dia. Quase boa tarde. Hibernei #desculpa
Kleber:
Normal para um ursão kkkk
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Definitivamente, eu não tenho estruturas para conversar com o Kleber. A gente ficou horas em looping de emojis e memes. As figurinhas dele são as melhores. Todas tem um tipo de referência a games como, por exemplo, o Mario e Donkey Kong se beijando. Fiquei rindo sozinho no quarto, enquanto esperava a preguiça passar para tomar banho.
Conversei também com Giovanna que enviou o link de todas suas redes sociais. Mais de sete mil seguidores no twitter e 10 mil no instagram. Acho que fiz amizade com uma digital influencer. Não sou muito de stalkear pessoas que não conheço, entretanto, a foto do Yuri, irmão mais velha da Giovanna chamou minha atenção.
Ele é gordo, assim como eu, mas ao contrário de mim, tem muitos amigos. Recentemente, ele postou um #TBT de seis anos atrás. "Da escola para a vida", escreveu Yuri no post. Aparentemente, ele teve uma adolescência diferente da minha. Pode-se dizer que o Yuri tirou a sorte grande ao encontrar amigos ainda no ensino médio.
— Então, esse é o Zedu. — pensei ao ver uma foto de Yuri e Zedu em uma praia. — Eles parecem felizes.
Aquilo aqueceu meu coração. Não sabia que stalkear as pessoas podia ser tão inspirador. Acho que preciso fazer isso com mais frequência. Giovanna mandou uma mensagem e avisou que estava a caminho da faculdade. Precisei me arrumar em tempo recorde para não chegar atrasado.
No trajeto para a Ufam, coloquei minha lista de melhores canções para ouvir no carro. São músicas mais calmas, afinal, o trânsito de Manaus é caótico, e digamos que não sou a pessoa mais confiante no volante. Tenho medo de tudo. Então, sigo sempre na faixa da direita, mesmo ela sendo mais lenta.
Meu Deus. Que complicado entrar na Ufam. Dou cinco voltas para me encontrar, nem o GPS conseguiu encontrar o estacionamento certo. Após uns 15 minutos encontrou o local certo e estacionei perto ao prédio do curso de design. Encintrei a Giovanna na área de convivência dos alunos. Ela estava monocromática, apenas usando tons de azul.
Ao me ver, Giovanna correu e me encheu de beijos. Acho um pouco evasivo, não estou acostumado com toques e abraços, imagina beijos. Dou um passo para trás e fingi uma naturalidade que não existia em mim.
— Amigo. Demorou anos para tirar o cheiro de ovo podre do meu corpo. — lamentou Giovanna, pegando um creme da bolsa e passando nos braços. — Preciso me hidratar de 10 em 10 minutos.
— Você é engraçada. — comentei olhando para o celular na esperança de ver alguma mensagem do Kleber.
— O boy não mandou mensagem? — ela perguntou me tirando um riso abafado.
— Não é isso...
— Tino, senti uma vibração tão positiva de vocês. Eu já shippo! — Giovanna dá um gritinho afetado e ri com a mão no rosto.
— Está quase na hora da reunião com o coordenador do curso. Vamos?
Caminhamos juntos até a sala, então, percebi que a Giovanna é um imã. Todos os garotos e garotas olham para ela. Sério, fiquei impressionado com a quantidade de atenção que a minha nova amiga recebeu. Seus cabelos, presos em um rabo de cavalo, voam livres e exalam um cheiro de maça verde. Será que é isso?
Entramos na sala e escolhemos a fileira do meio para sentarmos. De início, fiquei preocupado com os alunos que estudariam conosco, mas, aparentemente, todos são legais, principalmente, com a Giovanna, que no primeiro dia de aula ganhou chocolate e uma bala de cupuaçu. Não demorou muito e o coordenador do curso de design entrou.
Ele se chama Caio Goulart, um espetáculo de homem. Na faixa dos 40, ele tem um físico perfeito. As garotas da sala ficaram suspirando fundo. Para a apresentação, Caio decidiu vir com uma blusa social apertada, algo que deixava seus músculos em evidência. A Giovanna ficou tão interessa em saber a grade curricular do curso que nem ouviu minhas piadas (juro que eram legais).
Uma hora de conversa. O meu bumbum já estava doendo. Nota mental, as cadeiras da minha antiga escola dão uma surra nas cadeiras da Ufam. Acho que pagar uma mensalidade exorbitante tem suas vantagens, né? Enquanto pensava na estrutura da antiga escola, o Caio fez uma pergunta direcionada para mim.
— Tino. — soltou Giovanna me cutucando. — Responde o boy magia. — sussurrando.
— Hum. — murmurei olhando assustado para o professor.
— Então, meu jovem. Se apresente para a turma. Qual o seu nome? Porque escolheu o curso de design? O que espera das aulas? — Caio questionou, parecendo uma máquina de perguntas.
— Bem. Sou Santino. Escolhi fazer esse curso, pois, desenho é a minha paixão e queria explorar mais esse lado. Sobre as expectativas, bem, creio que são as melhores. — falei tão rápido que quase ninguém entendeu, nem mesmo o Caio.
Além de bonito, Caio é bondoso, porque ele não me fez repetir o meu discurso de apresentação. Após o mico, pude conhecer os outros colegas da turma. Percebi que os únicos jovens éramos, Giovanna e eu, uma vez que a maioria já estava na casa dos 30 anos, ou seja, um mundo completamente diferente do ensino médio.
— E você, senhorita? — perguntou Caio, meio que sentando na mesa e apontando para Giovanna.
— Olá, turma! — exclamou Giovanna parecendo mais animada do que o normal e ficando em pé. — Sou Giovanna Teixeira. Escolhi vários cursos, porém, a minha paixão pelo desenho me trouxe até aqui. Pensei em fazer artes, música, dança, só que o design chamou o meu nome. Espero que todos nós nos tornemos uma família. Inclusive, Caio, estou solteira e o instagram é @giohtexeira.
— Obrigado. — soltou Caio, mudando o foco da reunião, depois da cantada nada discreta da Giovanna.
Outra novidade que Caio jogou em nossos colos foi a regra de socialização, uma nova metodologia da universidade. Em suma, cada aluno teria que escolher uma matéria extraclasse para socializar com estudantes de outros cursos.
A palestra do coordenador durou mais alguns minutos. Ele pediu que baixássemos os aplicativo da universidade, dessa forma, a comunicação entre os professores e alunos seria mais clara. Nem pensei duas vezes antes de fazer o download, queria verificar a grade para não ter nenhuma surpresa no meio do caminho.
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GRADE CURRICULAR DO 1º PERÍODO DO CURSO DE DESIGN
METODOLOGIA VISUAL
HISTÓRIA E CONCEITOS GERAIS DE DESIGN
MATEMÁTICA APLICADA AO DESIGN
DESENHO BÁSICO
TEORIA DA COR
METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO
HISTÓRIA DA ARTE
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Matemática? Cara, toda vez que eu lembrava da aula de matemática o meu coração acelerava. Percebi que minhas matérias favoritas seriam desenho básico e história da arte, nada de novo sob o sol. Animada, como uma criança em uma loja de brinquedos, Giovanna, chegou até mim, segurou meu braço e me levou para a área externa da universidade.
— Temos que nos inscrever em algum clube. Acho que vou optar pelo de música. Eu adoro cantar. — revelou Giovanna, ainda me puxando pelo corredor.
— Hum. — soltou, tendo dificuldade em acompanha-la.
— E você, qual curso pretende fazer?
— Não sei. Acho que algo voltado para arte. — revelei para a minha amiga.
Uma fila enorme se formou na recepção da universidade. Alguns alunos comentavam sobre quais os clubes que eles participariam. Não conseguia entender aquela animação toda. A Giovanna chegou toda serelepe com um folder contendo todas as opções de clubes possíveis.
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CALOURO, DESAFIE-SE! QUE TAL PARTICIPAR DE UM CLUBE E TROCAR EXPERIÊNCIAS COM ALUNOS DE OUTROS CURSOS? APROVEITE:
ARTESANATO
FOTOGRAFIA
MÚSICA
ROBÓTICA
FUTEBOL
VOLEI
NATAÇÃO
GASTRONOMIA
FUTEBOL AMERICANO
LIDERES DE TORCIDA
GINASTICA RITMICA
AEROMODELAGEM
ARTES PLÁSTICAS
TEATRO
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Tantas opções. Onde será que eu me encaixaria? Ok, vamos por eliminação. Esportes? Jamais. Tecnologia? Nunca. Gastronomia? Cara, eu queimo miojo. Dentre todos os clubes, o único que chamou minha atenção foi artes plásticas. De repente, me imaginei pintando altos quadros e ganhando uma bolada em dinheiro.
Infelizmente, a Giovanna me trouxe do desvaneio e falou sobre suas principais habilidades, como por exemplo, as notas que alcançava ou a agilidade com um pincel. Ela parecia animada e indecisa, enquanto eu já havia escolhido o clube que participaria.
Caminhei em direção ao local onde os veteranos estavam colhendo as assinaturas. Atrás de mim, Giovanna decidia por meio do 'Uni, Duni, Tê', que adulto. Não segurei o riso e o rapaz que estava responsável pelas assinaturas do clube de artes plástica percebeu.
— Sua amiga deve estar com uma decisão difícil em mãos, né? — ele perguntou com um sorriso amistoso nos lábios.
— Um pouco. Eu quero participar do clube de artes. — anunciei mais animado do que eu gostaria de estar.
— Claro. Eu sou o presidente do clube, pode me chamar de Well. — ele falou me entregando uma prancheta e caneta.
Assinei o meu nome um pouco desordenado por causa da posição desconfortável em que deixei a prancheta. Tive alguns dados como o número de telefone, e-mail e Skype. Enquanto tentava não errar nenhum número ou letra importante, senti que o Well me observava, detesto essa sensação.
Desde adolescente, sinto que virei uma espécie de ponto de referência. Não bastava nascer gordo, ainda precisava ser alto. Quais seriam os pensamentos que se passavam na mente do Well? Que eu era muito gordo para participar do time? Ou não tinha cara de artista?
— Acho que está tudo certo. — falei entregando a prancheta e caneta para o Well.
— Ótimo. Essa semana vamos ter uma reunião com a equipe. — olhando os dados. — Que legal, você é do curso de design. Acho que suas habilidades vão ser primordiais para o desenvolvimento dos desenhos. — sorrindo e piscando.
Tá, o Well é bonito. O estilo descolado e nerd. Algo que poucos tem a sorte de ser. A Giovanna apareceu, após se inscrever no clube de música. Ela chegou tagarelando algo que não entendi, porém, para abruptamente ao ver Well.
— Meu Deus. Que nerd gato! — ela exclamou olhando para mim e usando nossa ligação.
— O Kleber é mais bonito. — soltei, dando uma risada e deixando o coitado do Well confuso.
— Vocês estão bem? — ele questionou, coçando a cabeça.
— Sim. — disse Giovanna sorrindo. — Puxa, será que ainda dá tempo de trocar de clube?
— Giovanna, precisamos ir. — pedi, tentando deixar a situação menos embaraçosa.
— Até outra hora, Santino. — Well sorriu e piscou, de novo.
A Giovanna fez um monologo de 20 minutos sobre os atributos de Well. Sério. 20 minutos. No caminho para o estacionamento, recebi uma mensagem do Kleber. Ele estava ajudando a mãe em um serviço comunitário, então, faltaria ao primeiro dia de aula.
Para não ficar sozinho, acabei aceitando o convite de Giovanna para almoçar em sua casa. Era a primeira vez que comeria na residência de um amigo. Nunca fui muito popular entre meus colegas de escola, ou seja, nos meus 13 anos estudando com as mesmas pessoas tal convite não chegou.
— A minha casa é super fácil de achar. Te enviei a localização pelo Zap. — Sim, Giovanna é o tipo de pessoa que adora abreviar marcas, como Zap, Face, Insta, entre outros.
— Tudo bem. Eu conheço um pouco da região. A minha mãe tem uma apartamento na mesma avenida. — expliquei para Giovanna, que chamou a mamãe de "a dona de Manaus".
Vocês tem alguma mania quando entram no carro? Eu tenho algumas. A primeira coisa que faço é ligar o ar-condicionado, afinal, ninguém merece o calor desta cidade. Em seguida, conecto o meu celular no sistema de som e coloco na playlist "Melhores do Santino". Por último, faço uma rápida prece e ligo o carro.
Por parte do caminho, segui o carro de Giovanna que é impossível de perder de vista. Parece mais um daqueles carros rosas da Hinode, com o plus que possui cílios nos faróis e dois laços rosas no para-choque traseiro e, por último, mas não menos importante, o aviso "KEEP CALMA - RECÉM HABILITADA".
Demorou três músicas para chegarmos no condômino da Giovanna, ou melhor, onde a família dela mora. As casas são parecidas, então, deve ser aquele tipo de lugar que não pode haver alteração na estrutura. Na portaria, entreguei minha identidade para o guardinha e Giovanna pediu para que minha digital seja registrada para futuras visitas.
Ainda bem que não precisei sair do carro para tal registro. Com os meus dedinhos cadastrados, partimos em direção à residência da minha amiga. As casas são bonitas e padronizadas, ou seja, se perder é uma opção real. A Giovanna estacionou em frente à casa número 23 e existem mais dois carros parados.
Graças a Deus que a rua é plana e não tive dificuldade em estacionar. Antes de descer, respirei fundo e pedi aos céus que não cometesse nenhum gafe, uma vez que ela é minha primeira melhor amiga e perde-la não é uma opção viável. Nossa amizade é muito recente e tenho coisas para descobrir ao lado da Giovanna.
Parecer descolado é uma tarefa árdua para mim. Na entrada da casa vi um tapete escrito "BEM-VINDO AO LAR", algo fofo e que a mamãe nunca teria coragem de fazer. Entramos e fiquei impressionado com a organização da sala. A Giovanna pediu para que eu esperasse no sofá, coisa que faço sem pestanejar.
— Vou no meu quarto deixar minhas coisas. — Giovanna subiu as escadas em uma velocidade impressionante e me deixou sozinho na sala.
O que fazer na sala de um desconhecido? Bem, a única coisa que está em meu poder: verificar as redes sociais. Na verdade, entrei no instagram do Kleber, pois, não canso de ver as fotos dele. Acho que já deve ter curtido todas as 124 fotos e vídeos no feed dele. A mais bonita é uma que o Kleber está em uma cachoeira, usando a adorada sunga branca e consigo ver com clareza a entrada em V no seu abdômen.
— Então, você é o famoso Santino? — perguntou uma voz masculina me tirando a concentração.
Virei de uma vez e dei de cara com o Yuri, irmão mais velho da Giovanna. Ele é um cara gordo, barbudo e usa óculos de grau. Não sei o motivo, mas fiquei tão nervoso que levantei rápido e bati a canela na mesa de centro, no susto, acabei dando um grito de dor e tirando um riso abafado de Yuri.
— Ei, cuidado. Se quebrar alguma coisa a tia Olivia vai pirar. Brincadeira, está tudo bem. — ele comentou tentando me tranquilizar, porém, falhando miseravelmente.