Por esse amor - Ep. 15: NOVAS AMIZADES

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 1830 palavras
Data: 15/03/2021 23:15:29

ESCRITO POR KLEBER VIANA:

Caraca, tenho uma música com o Santino. Como assim? Lógico que salvei a canção nas minhas favoritas. Obrigado, Carissa Alvarado. Eu nem te conheço, mas considero pacas.

Depois de muitos beijos e carinhos, precisamos voltar para a realidade. Nem preciso dizer que estou completamente feliz, né? Dirigi a moto com um sorriso no rosto, infelizmente, Curumim, o urso que dei para o Santino atrapalhou a nossa aproximação.

Outra vez retornamos ao presídio do Santino. Não me conformava que o condomínio possuía três guaritas. O Santino parece ser querido, pois, chamou os guardas pelos nomes e até bate um papo com um deles. Dessa vez, não fiquei com ciúmes, juro. O segurança é um senhor e agradeceu à Santino pelas doações de roupas.

No caminho, vejo novamente os carros que tanto chamaram minha atenção. Espero que um dia eu possa comprar um ou, quem sabe, fazer uma coleção. A voz do Santino me puxou do devaneio e avisou que passamos da casa dele. Fiz um retorno na rua mesmo, uma vez que não havia nenhum carro trafegando e estacionei na frente da mansão. Desculpa, não tem outra palavra para descrevê-la, é uma mansão e ponto.

O Santino tem certa dificuldade para descer da moto por causa do Curumim, mas eu mantenho a perna direita firme no chão e não aconteceu nenhum acidente. Ele o deixou encostado em uma mureta e tirou o capacete.

Eu vejo a cena em câmera lenta. O Santino é o garoto mais fofo do mundo. As sobrancelhas do Santino se destacam e não do jeito negativo. Elas são grossas, pretas e expressivas, através delas consigo ler um pouco dos sentimentos dele, ou seja, elas são aliadas.

— Obrigado pela noite. Eu me diverti muito. — ele agradeceu, pude perceber a sinceridade vinda dele.

— Eu que me diverti. Você é um cara engraçado. Espero que esse seja o primeiro de muitos. — falei tocando no rosto do Santino. — Eu te vejo amanhã?

— Sim. Podemos almoçar no RU (restaurante universitário). O que me diz?

— Claro. Combinado. — eu não me controlei, cheguei perto do Santino e dei um beijo de novela.

Precisava deixar minha marca. Tenho muitas qualidades e beijar é uma delas. Pelo menos, ninguém nunca reclamou do meu beijo. Naquelas semanas que se seguiram, pude conhecer mais do Santino, a gente saiu bastante, porém, a faculdade e o trabalho deixavam tudo mais cansativo.

Na minha sala, fiz amizade com dois rapazes. O Enzo e André, eles eram melhores amigos do ensino médio e decidiram prestar vestibular juntos. O Enzo é um rapaz franzino e usa óculos de grau, já André é preto e tem dreads nos cabelos. Resolvemos fazer um trabalho juntos e, graças aos céus, os dois são gente boa.

Além dos afazeres da faculdade, ainda inventei de entrar para o clube de natação. Passei em todas as etapas iniciais com o apoio do Santino e Giovanna, mas teria que participar de uma seletiva para integrar o time da faculdade. Tentei escolher o futsal, porém, o meu joelho não cooperava e cortei essa opção.

As coisas estavam fluindo de forma orgânica na minha vida. No trabalho, fui promovido à atendente, ou seja, adeus entregas externas, ainda bem que o salário aumentou um pouco e pude comemorar com meus amigos e futuro namorado.

Em uma sexta-feira, resolvi sair com eles e o Santino, claro que a Giovanna veio também, eles estavam mais inseparáveis do que nunca, porém, apesar do jeito expansivo dela, sei que a amizade deles faz bem para ambos.

Decidimos ir para um sushi, não sou o melhor "comedor" de peixe cru, só que existem umas opções suculentas e convidativas. No restaurante, as mesas eram no estilo 'canto alemão', ou seja, no estilo "U". Sentamos essa ordem: Eu, Santino, Giovanna, Enzo e André.

Entre conversas e risos, aproveitei para segurar na mão do meu crush. De inicio, ele ficou vermelho e tímido, mas com o tempo entrelaçou os seus dedos com os meus. A Giovanna percebeu e ficou na dela, mas, eles ficavam se olhando de uma forma engraçada.

Enquanto segurava a mão do meu bebê, percebi que o restaurante estava lotado. Sou um tipo de cara observador e, através dos detalhes, gostei daquele lugar. As paredes chamavam atenção, pois, eram vermelhas e continham letras japonesas, que o Enzo explicou que se tratavam de caracteres e se chamavam hiragana, katakona e kanji.

Rindo, o André nos contextualizou e informou que o Enzo adora estudar línguas, mas detesta viajar. Então, o assunto da vez foi viagem. Eu fiquei um pouco para trás porque o único lugar que viajei na vida foi o Ceará.

— Ano passado, meus irmãos e eu, viajamos para os Estados Unidos. Foi maravilhoso. Comprei vários produtinhos de beleza. — Giovanna contou toda animada, mas recebendo apenas "ahh, que legal". — Cruzes, esse grupo precisa de mais garotas.

— A questão de conhecer outras línguas é mais para os futuros negócios. — disse Enzo tentando se defender do comentário de André. — Meu ponto forte é o espanhol, o meu pai serviu muito tempo nas fronteiras entre o Brasil e Peru, então, aconteceu de forma natural.

— E você já pensa em criar um negócio? — perguntou Santino.

— Sim, claro. Esse sempre foi o meu objetivo. Quero criar a Enzo Tech.

Puxa. Tão novo e já sabe o que deseja fazer na vida. Eu ainda tenho dúvidas de qual caminho seguir. Eu quero trabalhar com tecnologia, entretanto, as opções são muitas. Acho que o Enzo pode agregar bastante na minha vida e espero somar na dele também.

Os garçons foram servindo a mesa com todas as delicias nipônicas possíveis. Sushi (eca), sashimi (eca 2), tempurá, guioza, mossoshiru, hot roll (algumas versões são eca), gyudon, tonkatsu e, claro, os sushis doces.

Achei bacana a amizade entre o André e Enzo. Devido à problemas financeiros e pessoais precisei largar o ensino médio e não trouxe nenhum amigo "para a vida". Tive que me desdobrar entre um trabalho de entregador e ficar no hospital com a minha avó materna, que enfrentava um câncer nos seios. Após a morte dela, corri atrás de um supletivo e consegui uma vaga no Educação de Jovens e Adultos (EJA).

— Kleber. Então, fale para todos nesta mesa. Quais são as suas intenções com o Santino? Você está enrolando o meu amigo há semanas. — o questionamento fez todo mundo rir, quer dizer, menos o Santino.

— Giovanna! — repreendeu Santino parecendo envergonhado.

Que noite fantástica. Nós rimos bastante, mesmo sendo de mundos diferentes, conseguíamos nos entender. O Enzo acabou nos chamando para o seu apartamento, como não haveria aula no dia seguinte, resolvemos comprar umas bebidas e prolongar a diversão.

O apartamento dele não ficava tão longe. Ele entrou na garagem do prédio e ficamos esperando do lado de fora. Na verdade, apenas o André e eu, o Santino seguiu com a Giovanna para comprar algumas bebidas em um posto de conveniência.

Não demorou muito e o Enzo apareceu para liberar nossa entrada. Ele morava no quinto andar no apartamento 502. O lugar era muito aconchegante e descobri que moravam apenas o Enzo e seu irmão Erick, um policial que estava de serviço.

— Precisa ver, Kleber. O Erick é um gato. Pena que é hétero. — comentou André, sentando no sofá e cruzando as pernas.

— E ele aceita de boa? — perguntei para Enzo, sobre a questão da sua sexualidade e um irmão policial.

— Sim. Antes de tudo, somos irmãos. O Erick que me criou, após a morte dos meus pais. Ele foi o primeiro que soube. Apesar de sempre intimidar os meus paqueras, ele é um cara do bem.

— Eles são quase um casal, Kleber. — brincou André rindo e recebendo uma almofada no rosto.

A conversa fluiu de forma natural, ficamos nos provocando e brincando até que o meu bebê chegou com o álcool. Nesse dia, descobri que o Santino é expert em fazer drinks. Dentro daquele gordinho tímido existe uma infinidade de segredos e vou ter prazer em descobrir todos.

Quando se trata de bebida, confesso que sou mais da cerveja. Eu não entendo as pessoas que falam mal do sabor de uma cerveja geladinha. A Giovanna, por outro lado, fez várias exigências para o seu drink de morangos. Os meninos ficaram na vodka com energético.

— Você não vai beber? — perguntei para Santino, que estava na cozinha deixando alguns utensílios na pia.

— Vou dirigir. Sou muito fraco para bebida. — ele disse virando e encostando na pia.

Como ele é lindo. Será que vou ser muito adiantado se pedi-lo em namorado? Eu não quero assustar o Santino, apenas garantir que ele será meu. Um ursão desse precisa ser valorizado e amado.

— Santino. — falei me aproximando e o beijando. — Porquê você é tão lindo?

— Eu não sou. — ele responde ficando todo vermelho.

— Olha, eu sei que você teve vários problemas, mas isso não impede que as pessoas te achem lindo, Santino. Para mim, você é o garoto mais bonito do universo. — comentei tocando em seu rosto e beijando sua boca mais uma vez. — Eu sei que um relacionamento exige comprometimento, eu não sei onde a gente vai parar, mas gostaria de descobrir. Acredite em mim, quando digo que você é lindo, adorável e um belo partido. Não deixe ninguém te fazer achar o contrário, por favor.

— Kleber. — Santino soltou com seus olhos brilhando.

— Ei, Romeu e Julius. A festa é lá na sala! — gritou Giovanna completamente bêbada.

— Vamos? — perguntei oferecendo a mão para Santino.

— Claro. — ele respondeu pegando na minha mão.

O levei até a sala. André, Enzo e Giovanna dançavam ao som de "Regina Let's Go", do CPM 22. No meio da canção que eu me toquei. Essa era a primeira festa da faculdade que eu participava e, cara, não podia ter companhia melhor. Apesar de tímido, o Santino dançou com a gente. Quer dizer, se você considerar ficar pulando no mesmo lugar, dançar.

— A gente é uma negação dançando! — gritei chamando a atenção dos outros.

— Vish, eu sei uns passos tá! — se defendeu Giovanna fazendo uns passos ridículos, tropeçando e rindo.

— Claro! — gritamos, o Santino e eu, gargalhando e nos olhando.

***

Agora como eu vou saber

Tem hora que é melhor esquecer

Espere o dia amanhecer

Pra ver o que a gente vai fazer

É, eu não vou mais me importar

(Qualquer coisa faz sua ideia mudar)

A gente ainda pode se entender

Daqui a pouco é tarde demais,

Mas isso é entre eu e você

***

Misturar cerveja com vodka não é coisa de Deus. Eu, simplesmente, apaguei no sofá do Enzo, mas, para a minha surpresa, o urso mais bonito do universo dormia ao meu lado. Eu não sei como a gente conseguiu se espremer ali. O Kleber bêbado quando quer, consegue qualquer coisa.

Com toda gentileza existente dentro de mim, toquei no rosto do Santino que dormia profundamente e o acariciei. Desde o meu último relacionamento, não me apaixonava por ninguém, porém, o Santino não era ninguém. E esperava fazer tudo direito dessa vez. Por favor, protetor dos admiradores de ursos, me ajude a conquistar esse coração, eu imploro.

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