Capítulo 29
_ O que está acontecendo aqui?_ Andréia perguntou temerosa.
_ O que está acontecendo pergunto eu? O que você está fazendo na cama com o meu homem, sua vadia?
_ Seu homem é o caralho! Tá louca, Sônia?
_ Renato, você mentiu? Não me disse que tinha uma mulher.
_ Andréia, eu não tenho. O que eu tinha com a Sônia acabou. Ela que é louca.
_ "Andréia " bem nomezinho de puta pobre. A do tipo que se vende por qualquer maço de cigarro.
Andréia se levantou procurando o vestido.
_ Olha aqui, eu não faço ideia de quem você seja, e muito menos sabia que esse crápula tinha mulher. Ele mentiu pra mim. Mas, você não tem o direito de me ofender.
Enquanto Andréia se vestia as pressas, Renato colocou a mão na cabeça por nervosismo.
_ Eu não menti pra você! Eu posso explicar.
_ Você não vai me explicar nada! Resolve o seu problema com a sua mulher e me deixe em paz. Vocês que se entendam.
_ Ela não é minha mulher! Sônia tá vendo a merda que você está me causando? Fora daqui!
_ Você é muito da baixa mesmo. Se esfrega na cama com o homem alheio e ainda quer fugir da situação como se não tivesse feito nada?
Após terminar de calçar os sapatos, Andréia pegou a bolsa e foi andando em direção à porta, mas foi surpreendida com Sônia segurando no seu braço.
Sônia estava possuída de raiva por Renato ter a trocado por Andréia. A juventude e a beleza da mulher a ofendia. Sempre gostou do fato de Renato comer nas mãos dela, isso a envaidecia. E ela não estava disposta a deixar que uma mulher mais jovem tomasse o seu lugar.
_ Você me solta!
Ambas as mulheres trocaram olhares raivosos. Andréia sentiu uma raiva muito grande por se sentir enganada e usada por Renato. As ofensas de Sônia a irritava ainda mais.
_ O Renato tem que tá muito desesperado para me trocar por uma putinha tão furreca como você. Pelas roupinhas de banca de loja popular deve ser uma dessas pobretonas que abre as pernas por qualquer cinquenta reais.
"Aliás, este é o preço do seu programa?"
Sônia abriu a carteira e tirou uma nota de cinquenta reais e entregou a Andréia.
_ Pra você não perder a noite, querida, eu pago o seu programa.
Dominada por uma raiva tão grande, Andréia deu uma bofetada sonora no rosto de Sônia. A força do golpe foi tão grande que fez Sônia cair no chão.
Sentindo -se humilhada, Sônia levantou-se e agarrou nos cabelos de Andréia.
_ Sua vaca!
Andréia golpeou a barriga de Sônia com o joelho. Devido a dor e a força do impacto, Sônia caiu no chão. Foi puxada pelos cabelos e recebeu mais dois tapas, um em cada lado do rosto.
_ Isso é para você aprender a me respeitar._ Andréia disse entre os dentes.
Renato levantou e segurou Andréia, que se debateu em seus braços, tentando se libertar.
_ Me solta, seu cretino! Me solta!
A loira dava tapas em Renato e com muita tentativa conseguiu se libertar, o empurrando.
_ Mentiroso! Tá pensando que eu sou o quê? Alguma imbecil? Espero que você nunca mais olhe na minha cara.
Ela saiu correndo do apartamento. Nervoso, Renato vestiu somente a cueca samba canção e foi atrás da loira, deixando Sônia caída no chão com a boca sangrando.
Ele correu para alcançá-la, temia perdê-la devido ao mal entendido. Contudo, Andréia já havia descido. Renato apertava com força o botão do elevador, mas não teve paciência para esperar e desceu correndo pelas escadas.
Alcançou Andréia do lado de fora da portaria. Ela pretendia chamar um UBER, mas para a sua sorte havia um táxi enfrente ao prédio.
Ofegante, Renato a segurou pelo braço, sem se importar de está apenas de cueca na rua.
_ Eu posso explicar. Eu tinha um caso com a Sônia, mas já acabou antes de eu te conhecer...
_ Conta outra, né Renato! Se você não tivesse nada com ela, a puta não teria feito aquele escândalo todo e nem teria as chaves do seu apartamento. Vá mentir para a sua quenga lá em cima. Me deixe em paz!
_ Vamos conversar, por favor?
_ Eu não tenho nada para conversar contigo.
_ A senhora vem ou não vem?_ perguntou o taxista impaciente.
_ Deixe que eu te levo pra casa. Não vou deixar que você volte sozinha a está hora.
_ Você não tem que deixar nada.
Andréia entra no carro e vai embora deixando Renato aflito.
Para o aumento da sua raiva, Renato encontrou Sônia em pé diante do espelho olhando com o ódio as marcas de pancadas que recebeu no rosto.
_ O que você ainda está fazendo aqui? Estragou a minha vida e ainda tem a cara de pau de permanecer na minha casa?! Vá embora, sua desgraçada!
_ Você desceu muito baixo, hein Renato. Olha o tipo de mulher que você está comendo. Um animal feroz. Ela deveria está enjaulada.
_ Eu desci o nível quando me envolvi com você. Volte para o seu michê e me deixe em paz. Nunca mais quero olhar na sua cara. E pode devolvendo as minhas chaves que aqui você não entra mais.
Com o olhar raivoso, Sônia pegou as chaves da bolsa e jogou no rosto de Renato.
_ Espero que de tanto comer essas piranhas você pegue uma doença e o seu pau de merda caia.
_ Ela não é piranha. Não é como você. Agora fora daqui!
Sônia saiu revoltada. Odiava Andréia não só por ter lhe tirado o homem e sim pelos golpes que recebeu deixando hematomas no seu belo rosto. Naquele momento, ela era capaz de assassiná-la se cruzasse o seu caminho.
Os três entram em casa as gargalhas. Depois de um dia de expediente na agência deles, Gael e Felipe buscaram Luíza no trabalho para irem a um bar.
Quando eles chegaram, Fernanda estava deitada no sofá da sala, enrolada num edredom, assistindo TV. Ela foi beijada pelos filhos e por Felipe.
Os homens se jogaram no outro sofá e Luiza foi até a cozinha retornando bebendo um copo d'água.
_ Chegou isso para você, filha. E nem adianta dizer que não vai que já encomendei o vestido para ti.
Curiosa, Luíza pegou o convite de casamento de Victor e Ivan das mãos da mãe.
_ Eu não acredito!
Gael a olhou curioso.
_ O Victor e o Ivan vão se casar!
Gael sentiu uma raiva tão grande que não conseguiu contê-la. Arremessou um vaso na parede.
As mulheres ficaram em silêncio temendo a reação de raiva de Gael. Luíza estava em dúvida se o irmão estava com ciúme de Victor ou Ivan.
_ Eu acho muito justo que o Gael seja o padrinho desse casamento. Afinal, foi ele que uniu o casalzinho. Os dois eram apaixonados por ele e agora o deixaram de lado para um comer o cu do outro.
_ Vai tomar no cu, Felipe!
Gael foi para o quarto batendo a porta com força.
_ Você também hein, Felipe! Que desagradável!
_ Relaxe, Lu. Eu vou lá dentro dá um trato no seu irmão que ele vai ficar calminho.
Felipe foi para o quarto de Gael, deixando Luíza triste devido ao ciúme.
_ Eu não vou a esse casamento.
_ Você precisa se aproximar do seu cunhado. O Victor pode interceder muito por nós.
_ Eu gosto do Victor e não vou usá-lo para obter vantagens. E também não quero assunto com o Ivan. E não considero o meu irmão. E tenho esse direito já que o nosso laço sanguíneo vem de um homem que não me considerou como filha. E fim de assunto.
Luíza jogou o convite na lixeira.
Ivan não queria convidá-la, mas como sempre faz, cedeu a vontade de Victor, que queria muito convidar a cunhada.
Ambiciosa, Fernanda pegou o convite na lixeira. Ela queria ir ao casamento para se aproximar de Victor e pedir para que o menino lhe arranjasse um emprego na Construtora Matarazzo.
_ Fique calmo, eu só estava brincando.
_ Brincadeira ridícula, Felipe.
_ Quando você fica assim bravinho me deixa num tesão danado.
Felipe joga Gael contra a parede. Beija-o alisando o seu membro. Mesmo excitado, Gael gira a cabeça para o lado para se livrar dos beijos do amigo. O amor a Luiza o fez recusar as investidas de Felipe.
_ Não vai rolar.
_ Tá fazendo joguinho? Eu adoro. Você me deixa louco, Gael.
_ Eu já disse que não!
Felipe insiste na tentativa do beijo, sem tirar a mão do pau de Gael. O publicitário empurra o amigo com tanta força, que o fez cair no chão.
_ Você não sabe o significado da palavra não?
_ Que porra é essa, Gael? Eu não tenho culpa se você não teve competência para segurar os seus dois namoradinhos. Agora para de marra e me dá um beijo.
_ Por que você não vai procurar a minha tia? Você não tá comendo ela?
_ Hum! Alguém aqui está com ciúmes.
_ Que mané ciúmes. Deixa da ser ridículo, Felipe.
_ A coroa é gostosa e tem grana. Fazer o que se tirei a sorte grande?
_ Que grana? Ela ficou sem um real da herança do meu tio. Ivan descobriu a traição dela e contou para o velho e antes de morrer ele passou a grana toda por merda do Ivan, deixando tia Sônia e a minha irmã de fora da herança.
_ Uh, É! Ela não trabalha, mas mora numa luxuosa cobertura, só usa grifes, viaja para o exterior e vive esbanjando. Como ela faz para se manter assim? O Ivan deve ser muito generoso com a mãe.
_ Generoso? Ivan? Duas palavras incompatíveis. Aqueles dois se odeiam. A moleza dela deve vir de alguma chantagem.
_ Chantagem de quê?
_ Eu que vou saber? Deve ser algum esquema sujo da construtora ou alguma merda que o Ivan fez.
Felipe ficou pensativo. A sua situação financeira não era das melhores: o seu pai estava desempregado, a sua nova agência não estava dando lucros e os dois sócios já se preparavam para desistir futuramente do negócio e contar os prejuízos.
_ Quer saber? Eu vou descobrir que chantagem é essa.
_ Pra quê?
_ Para comer uma fatia desse bolo.
_ Até parece que ela vai dividir esse segredo contigo.
_ Eu sei que não. Eu não sou idiota. Mas, as pessoas geralmente guardam segredos em três lugares: cofres, computadores e celulares. Eu tenho certeza que se eu vasculhar um desses três, eu consigo descobrir.
_ Ah, Felipe. Eu tô puto com o fracasso da agência, tô cansado. É melhor você ir.
_ Eu posso te deixar bem relaxado.
Felipe puxa Gael e o joga na cama, sobe em cima dele e o beija. Tudo isso em poucos segundos, não dando tempo de Gael se esquivar.
Luíza entra no quarto sorridente, com o celular na mão para mostrar um meme ao irmão, mas fica decepcionada com a cena que presencia.
A moça sai correndo para o seu quarto.
Gael empurra Felipe.
_ Luiza espere! Luíza! Tá vendo o que você fez, Felipe?
_ O que eu fiz?
_ Vá embora! Que merda!
_ Quer saber? Eu vou mesmo. Você tá um porre hoje.
Felipe saiu do quarto de Gael.
O publicitário bateu na porta do quarto da irmã, querendo se explicar.
Do outro lado da porta, deitada na cama, Luiza pôs os fones nos ouvidos e cobriu a cabeça com o travesseiro.
Victor sentiu o seu pênis ser tocado por uma macia. O tesão foi despertado, arrepiando o seu corpo.
O seu queixo foi tocado delicadamente, abriu os olhos e admirou a forma doce como Ítalo o olhava. Ambos sorriram.
_ Eu gostei de você desde o primeiro dia em que te vi na cafeteria.
_ Eu não posso. Tenho noivo.
O loiro gemia sentindo o seu membro sendo masturbado pelo violinista. O som do violino penetrava nos seus ouvidos, deixando-o zonzo.
Sentiu o hálito quente de Ítalo sussurrar em seu ouvido:
_ Ele não precisa saber. Esse é o nosso segredinho.
Louco de tesão, Victor sentiu a sua boca ser beijada. Envolveu os seus braços nos ombros de violinista, sentindo as suas pernas bambas devido ao desejo proibido.
Com o coração acelerado, despertou do sono e se assustou ao vê que Ivan não estava na cama. Chamou pelo noivo e teve o silêncio como resposta.
Presumiu que ele estivesse no escritório fumando, o que foi confirmado quando Victor entrou no escritório e encontrou o noivo vestido apenas uma cueca, fumando olhando as árvores pela parede de vidro. Lá fora somente os sons dos animais noturnos: grilos e corujas.
O loiro sentiu a consciência pesada por ter desejado outro homem. Sentia vergonha de si mesmo por ter traído em sonho o homem que ama.
Ivan sorriu sentindo ser abraçado pelas costas e tendo o queixo de Victor apoiado em ombro.
_ Você ainda está acordado?
_ Perdi o sono e não quis ficar rolando na cama para não te incomodar.
_ Eu também perdi o sono. Na verdade acordei assustado.
Preocupado, Ivan girou para frente e o abraçou.
_ Outro pesadelo?
_ Não...eu não sei... eu te amo. Prometo que nunca vou fazer nada que possa te decepcionar.
_ Eu sei, solzinho. Eu sei.
Ivan aumentou a intensidade do abraço e beijou a cabeça de Victor.
Assim como Victor, Ivan também tinha a consciência pesada, mas não por desejar outra pessoa e sim por ter ferido o seu grande amor.
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