Capítulo 31
A expressão sorridente de Felipe, o sorriso cínico, os olhos irradiando segurança feriam a alma de Ivan como uma faca afiada perfurando a sua carne.
Sentia-se mergulhando num abismo escuro, sem nenhum apoio e certeza qual seria o seu rumo. Não conseguia racionar, somente o medo o guiava naquele momento tenebroso.
Felipe se aproximou com ar de superioridade. Sentou na cadeira de Ivan, sentindo uma sensação de poder.
_ Sente-se, que hoje quem dá as ordens sou eu.
Sem questionar, Ivan o obedeceu. Sentiu uma sensação de estranhesa, ao vê Felipe sentado em seu lugar. Posto esse que só vira o seu pai ocupar. Para Ivan, era nova a sensação de não ter o controle das situações.
_ Eu sempre te achei um playboyzinho arrogante com o seu nariz empinado, bem do tipo metido a besta. _ Felipe girava na cadeira enquanto falava. Sentia-se poderoso como jamais sentira na vida. Ivan exalava medo, e isso o satisfazia.
_ Achei filhadaputagem você perseguir o Gael por ele te rejeitar. Tomei ranço de ti legal. Mas, nunca passou pela minha cabeça que você pudesse ser um psicopata. Dá uma paulada na cabeça de um cara por ele ser o seu rival, abandonar o cara sozinho para morrer na sarjeta e depois, simplesmente, seduzir o cara e se casar com ele! Quem vê esse lindo rostinho, nem imagina que essa cabecinha é doente. O seu cérebro precisa ser estudado.
O cinismo de Felipe foi demonstrado num sorriso.
_ Quanto você quer?
_ Calma! Vamos conversar. É lógico que vou querer grana... e se prepare que não será pouco. Mas, isso não é problema pra você, já que é o todo poderoso de tudo isto aqui.
"Mas nem só de grana vive um homem. A dignidade também é muito importante. E você a tirou do meu pai quando o pôs no olho da rua e ainda fez a sacanagem de não pagar o dinheiro dele. Que feio, hein senhor Matarazzo! Um homem tão rico dando calotes num idoso trabalhador."
_ Eu pago o seu pai. Dou até a mais do que devo. Te dou muito dinheiro. Você nunca mais irá se preocupar com dinheiro na sua vida. Mas, eu quero o vídeo e suas cópias e também quero o taco.
Felipe não sabia que Sônia possuía a arma do crime. Preferiu não demonstrar a Ivan que acabou de fazer uma descoberta. Agiu naturalmente.
_ Você não está em condições de dá as coordenadas, meu "amor". A bola é minha e vamos jogar do meu jeito.
_ Tudo bem. Diga.
_ Para começar, eu quero um carro e uma
moto pica. Coisa de Camaro e Ducati Superleggera V4 mesmo. Depois eu vou querer um apê tão foda quanto o da Sônia e mobiliado. Quero uma mesada de duzentos mil...dólares. Dinheiro de gringo vale mais.
Apesar da raiva de ter que sustentar Felipe, Ivan não quis fazer nenhum tipo de oposição por achar que os pedidos fossem, para ele, de pouco valor.
_ Tudo bem. Ainda este mês eu te dou tudo. Como você conseguiu o vídeo?
_ Não é da sua conta.
Ivan permaneceu em silêncio, digerindo o ódio e o medo.
_ Sabe que eu tô adorando te vê assim com a bola abaixada? Quem diria que algum dia Ivan Matarazzo comeria na minha mão? Eu sou muito sortudo mesmo.
"O que eu não consigo entender é você tentou matar o cara e agora está aí se tremendo de medo de perdê-lo. Que jeito mais bizarro de amar!"
_ Isso não é da sua conta. Você quer dinheiro, apartamento, carro e o caralho a quatro eu te dou. Agora, vamos encerrar esta conversa? Eu tenho mais o que fazer.
_ Sim. Você tem mais o que fazer. Você vai ligar para o meu pai, chamando para vir aqui agora. E quando ele chegar, você vai convocar todos os seus funcionários e vai pedir perdão para o meu velho, vai Chamá -lo de volta com a promoção de engenheiro chefe e vai fazer esses dois pedidos de joelhos diante dele.
_ Você tá de brincando, né?
Felipe ficou sério.
_ Eu tô com cara de quem está brincando? Você humilhou o meu pai. O velho ficou mal pelo que você fez. Eu nunca vi o meu pai chorar na vida e ele chorou por sua culpa.
"Eu senti tanto ódio de ti naquele dia. Quis te matar. Mas, já passou. Eu sou um homem bom. Estou te dando uma chance de se redimir e assim, salvar a sua alma. Oh, glória!"
Seu Ernesto recebeu a ligação de Ivan o convocando para ir à empresa naquela tarde. O engenheiro estranhou a solicitação tão repentina. Pensou se tratar de um acordo devido ao processo que movia contra a empresa e chamou o seu primo, que também era o seu advogado para acompanhá-lo.
O que o deixou intrigado foi receber a ligação direta do presidente da empresa, que, normalmente, não trata sobre esses assuntos.
Mesmo aflito, se deixou levar pela curiosidade. Até cogitou aceitar o acordo, desde que fosse bom para ele, para que assim evitasse dores de cabeça de um processo.
Como Felipe ordenou, Ivan o recebeu pessoalmente. Apertou a sua mão e disse que tinha um pedido a fazer.
Ordenou que todos os funcionários fossem ao hall do prédio.
"Um Matarazzo jamais se humilha." Foi o que Ivan cresceu ouvindo do pai. Sempre em sua vida nunca precisou pedir desculpas. Quando queria algo era só ordenar que sempre tinha os desejos atendidos.
Ivan nunca foi do tipo arrogante com os funcionários. Pelo contrário, sempre foi gentil e educado com todos eles. Contudo, nunca precisou se humilhar para ninguém. Aquela situação o doía demasiado.
Todos estavam sem entender o que estava acontecendo. Renato era o mais preocupado.
Felipe assistia sorrindo pela TV na sala de segurança.
Sentindo -se ferido, arrasado e humilhado, Ivan se ajoelhou diante do seu Ernesto, que não entendia nada do que estava acontecendo.
O frio percorria pelo seu corpo, as lágrimas começavam a brotar nos olhos, mas foram contidas para não aumentar a humilhação. A vergonha machucava a sua alma. Com a voz trêmula Ivan disse palavras por palavras ordenadas por Felipe:
_ Senhor Ernesto, eu quero que o senhor me perdoe pela minha canalhice. O senhor não merecia ser tratado daquela forma. Fui um moleque com um senhor tão respeitável. Eu imploro que aceitei as minhas desculpas e que volte a trabalhar conosco.
Vê o amigo se humilhando diante de todos deixou Renato desesperado. Quis tirá-lo daquela situação. Chegou a duvidar da sanidade mental de Ivan.
Ao tentar se aproximar, Ivan disse que não com o olhar, o que deixou ainda mais desconfiado.
Andréia sentiu um aperto no peito, o mesmo sentimento estranho quando o filho está em perigo. Sua cisma por Ivan aumentou ainda mais naquele dia.
Depois da cena patética de humilhação, seu Ernesto e o advogado foram conduzidos à sala da doutora Carla, a advogada chefe do setor jurídico da empresa, para resolver sobre a readmissão de seu Ernesto, que ainda prosseguia confuso.
Renato invadiu a sala de Ivan cobrando explicações.
_ Que porra foi aquela, Ivan? Que caralho está acontecendo?
_ Nada. Eu não quero falar sobre isso._ Ivan dizia pausadamente para conter as lágrimas.
_ Você vai falar sim! Tem alguma coisa acontecendo. Primeiro, você recebe uma mensagem no meio da reunião, acaba com ela do nada. Aí me chega esse rapaz aqui, que é o mesmo que a sua mãe se esfrega, e depois aquela cena ridícula. O que está acontecendo?
_ Eu estou indo. Amanhã retornaremos a reunião.
_ Ivan! Eu sou o seu amigo! Você sabe que pode contar comigo pra tudo! Eu te conheço. Você jamais se humilharia para alguém.
"Você sustenta os caprichos da Sônia mesmo a odiando e agora isso...ah! Sem contar que a Carla, sua ex namorada, foi embora do nada. Eu estranhei na época e até te perguntei, mas você veio com a desculpa de que ela queria vê a família...isso tudo tá me cheirando a chantagem. E das feias. O que você fez para comer nas mãos da Sônia e agora desse moleque?"
_ Já chega, Renato! Que merda de interrogatório é esse, porra! Você trabalha pra mim. Eu sou o chefe! Ponha-se no seu lugar!
_ Você nunca falou assim com ninguém, muito menos comigo.
_ Mas estou falando agora! Mais perguntas e eu te ponho no olho da rua.
_ Você está nervoso. Eu vou te dá essa colher de chá. Mas, eu vou descobrir o que está acontecendo contigo. E eu vou te ajudar. Não vou admitir te vê triste e humilhado.
_ Eu não quero a sua ajuda.
_ Você não tem essa opção. Eu te amo demais para te deixar cair.
Ivan saiu da sala sem olhar para Renato.
Estava tão nervoso, que não conseguia ditigir. Socou o volante. Angustiado, gritou tão alto, expressando todos os sentimentos que batalhavam no seu coração.
Victor pulou nos braços de Ivan, assim que o companheiro pisou em casa. Ele estava tão feliz que o beijou, sem perceber, à princípio, a expressão de preocupação do noivo.
_ Meu amor, eu tenho uma ótima notícia! A diretora lá da escola me ligou. Disse que decidiu levar em conta a minha situação, conversou com os professores e eu fui aprovado! Meu bem, eu vou me formar no ensino médio! A minha mãe ficou tão feliz!
Com frieza, Ivan beijou a cabeça de Victor.
_ Que bom, meu amor. Fico muito feliz por isso.
Passando o euforia, Victor percebeu a expressão arrasada do noivo, o olhar cansado e triste e ficou preocupado, pois era a primeira vez que o via assim.
_ O que houve, meu amor? Algum problema?
Ivan respirou fundo e respondeu com frieza:
_ Não houve nada. Só estou cansado. Eu vou tomar um banho.
Victor segurou em sua mão.
_ Eu pensei que a gente poderia sair para comemorar. Eu até combinei com a minha família e com a Vírginia de irmos a uma pizzaria.
_ Vai você. Eu estou com muita dor de cabeça.
_ Mas sem você não tem graça. Vai ficar tudo mundo perguntando.
_ Ninguém mandou você combinar nada sem me solicitar antes. Se vira.
Era a primeira vez que Ivan fazia uma grosseria com Victor e isso o deixou triste. O empresário subiu as escadas.
Maria, a cozinheira, entrou na sala.
_ Vitinho, eu só quero saber se vocês não vão mesmo jantar em casa. Assim, eu adianto as coisas para amanhã.
_Não vamos mais. O Ivan chegou esquisito. Foi até grosseiro comigo.
_ O seu Ivan, grosso contigo?! Uh, é! Ele te adora! Te trata como um rei! Estranho isso.
_ Será que eu fiz alguma coisa?
_ Ah, não! Deve ser problemas na empresa. Às vezes, o seu Raúl também ficava assim. Quando tinha algum problema no trabalho saía soltando fogo pelas ventas.
_ Mas o Ivan não é assim. Ele é gentil.
_ Isso ele é. Sempre foi desde de criança. Mas, não fique com essa carinha triste. Ele deve está com problemas. Depois passa. Para te animar, eu posso fazer aquele estrogonofe de frango que você tanto gosta. Talvez não fique tão bom quanto o da sua avó, que você tanto elogia, mas vou fazer de coração.
_ Obrigado, Maria, mas eu prefiro que você faça algo que o Ivan goste muito. A comida favorita dele.
_ Eu sei qual é. Zürcher Geschnetzelte
_ Hã?! O que é isso, cujo nome parece um palavrão dito por um alemão.
_ É um prato típico da Suíça, onde o seu Ivan morou. Trata-se de um prato feito com carne de vitela. A carne é cozida com champignon, cebola, vinho e creme de leite e vou servi com rösti. É uma delícia! Se forçar a barra, lembra o estrogonofe de carne, mas o sabor é um pouco diferente.
_ Hum! Parece ser delicioso. Então, prepare e também faça a sobremesa favorita dele. Eu quero que o meu amorzinho tenha um jantar maravilhoso.
_ Eu acho tão lindo o amor de vocês. E o pior é que tem gente que tem preconceito! Mas, pode deixar. Eu vou caprichar.
_ Obrigado, Maria. Você é um amor.
Ivan estava enrolado numa toalha branca, diante do espelho quando Victor entrou no banheiro.
O loiro se aproximou, o abraçando por trás, sentindo o cheiro do sabonete e o frescor da sua pele quase molhada.
_ O jantar está servido. A Maria preparou Zürcher Gestchaxk ... nem sei pronunciar.
_ Zürcher Geschnetzelte.
_ É isso mesmo. Segundo a Maria, esse é o seu prato favorito. A cara e o cheiro estão ótimos.
_ Eu estou sem fome. Só quero deitar. Você não ia à pizzaria com a sua família?
_ Eu cancelei. Se você não está bem, não há o que comemorar.
Ivan o olhou através do espelho. A expressão preocupada de Victor o fez sentir mais incomodado. A consciência pesava. Virou para frente para vê-lo melhor.
Com delicadeza e ternura, Victor acariciou o seu rosto.
_ Meu amor, eu odeio te vê assim. O que está acontecendo? Foi alguma coisa que eu fiz?
A doçura do seu olhar e a voz meiga, aumentou em Ivan o medo perdê-lo. Abraçou-o fortemente, como se o impedisse de partir.
_ Você não fez nada. Não se preocupe. É coisa de trabalho. Estou exausto. Prometo que vamos à pizzaria amanhã para comemorar a sua aprovação. Agora vá jantar, que você tem que se alimentar.
Uma hora depois, Victor entrou no quarto vestindo uma blusa branca, e uma calça de pijama de xadrez azul e branca. Trazia nas mãos um balde de pipocas.
Ivan estava deitado. olhava para o teto pensando em tudo que havia acontecido.
_ Posso ficar vendo série aqui com você? Já que hoje você não pode me acompanhar no cinema, como sempre faz. Eu prometo que vou ficar quietinho.
_ Meu amor, a casa também é sua. Você fica onde quiser._ Ivan disse levantando o edredom. Victor correu para a cama, se ajeitando ao lado do amado, ligando a TV e desligando as luzes com o celular.
_ Quer?_ disse Victor, oferecendo pipocas.
_ Que boquinha nervosa a sua, hein. Mal jantou e já está comendo novamente!
_ É o meu jeitinho.
A série exibida era Queer as Folk. Ivan abraçou Victor, apoiando a cabeça do menino no seu peito. Ele olhava para a TV, mas não prestava atenção, pois os seus pensamentos eram conflituosos.
Pensou no quanto amava Victor, o quanto adorava o seu cheiro, toque, o som da sua voz, de observar o menino comer, do seu jeitinho doce, do calor do seu corpo. O medo de perdê-lo era torturante.
_ Eu gosto do Brian, mas às vezes, ele é tão babaca com o Justin.
_ Não sei como você pode gostar dele. O cara é arrogante, escroto e babaca. Parece o Gael.
_ Ele não parece nada com o Gael, Ivan. O Brian não é tudo isso que você disse. Ele tenta parecer assim. É como se fosse um escudo de proteção para esconder quem ele realmente é: generoso.
_ Brian Kinney generoso?! Você tá vendo Queer as Folk errado.
_ Não tô não. Quando o Ted caiu nas drogas e ninguém mais confiava nele,foi o Brian quem o empregou na sua agência. E o casamento da Melanie e Lindsay foi ele quem organizou.
_ E depois foi para a orgia, pondo a sua luxúria em primeiro lugar, não comparecendo ao casamento das amigas. E sem contar o jeito que esfrega as suas transas na cara do Justin, sem se importar com os sentimentos do garoto, ou seja, um jeito Gael de ser.
_ Amor, o Brian não acredita no casamento monogâmico. Ele que é honesto com o Justin, deixando claro que não é de um homem só. É diferente de muitos caras que exigem fidelidades dos seus parceiros, mas aprontam debaixo do pano. Por mais que a maneira dele fazer é escrota, é o jeito dele de jogar limpo com namorado. Já o Gael gosta de provocar mesmo. Vê as pessoas com ciúmes.
_ Hum! Temos aqui um advogado de personagens de série.
_ Não é bem assim. Eu gosto de vê o lado bom das pessoas. Todos nós temos dois lados: o bom e o ruim, se ficarmos apontando somente os defeitos das pessoas, elas nunca terão uma oportunidade de evoluir.
Ivan beijou a cabeça de Victor.
_ Além do mais, eu me identifico muito com o Justin. Mesmo o Brian passando a imagem de durão e egoísta, o Justin consegue vê quem ele realmente é.
_ As únicas semelhanças suas com o Justin é ser loiro, jovem e ter uma amiga negra que fala pra caralho... se bem que a Vírginia fala tanto que parece que engoliu o dicionário inteiro.
Eu não te vejo vendendo o corpo por dinheiro e nem se comportando de um jeito rebelde com a mãe.
_ Verdade. Se eu falar assim com a minha mãe ela come o meu fígado com alho. _ Victor disse rindo._ Sobre vender o corpo, o Justin fez isso porque não tinha dinheiro para pagar os estudos. O pai o negou ajuda por ser gay e eu nunca passei por isso. A minha família sempre me apoiou. Por isso, eu não posso julgar o Justin com papo moralista porque nunca passei pelo o que ele passou.
_ Como é quando você saiu do armário?
_ Eu nunca tive no armário. Eu cresci vendo o quanto a minha família apoiava e defendia o meu tio Adrian. Eu simplesmente contei para a minha mãe que gostava de meninos. Eu deveria ter uns treze anos. E ela disse:"Filho, eu sei que o mundo será cruel contigo, mas quero que saiba que em mim você terá uma amiga, proteção e amor. Estou do seu lado para enfrentar o que tiver que ser." Eu achei tão fofo. Eu amo a minha mãe. Apesar de chata, ela é maravilhosa. E você, bem, como os seus pais ficaram sabendo?
Ivan se recordou do dia em que levou uma surra de Raúl quando foi flagrado beijando Gael. Sentiu uma raiva tão grande. No fundo, Ivan sentiu um pouco de inveja da história de Victor e ao mesmo tempo, ficou satisfeito em saber que o amado não passou pelo que ele passou.
_ Eu não quero falar sobre isso agora.
Victor presumiu que Ivan sofreu devido a sua sexualidade. Com gesto de carinho, acariciou o seu rosto.
_ Tudo bem.
_ O Justin também é passivo, outra semelhança contigo._ Ivan disse para mudar de assunto.
_ Na verdade ele é versátil. Só é passivo com o Brian.
A expressão de Victor mudou para tristonha como se recordasse de algo ruim, deixando Ivan preocupado.
_ O Justin também recebeu uma pancada na cabeça, assim como eu. A diferença é que ele sabe quem foi e o porquê.
Medo, tristeza, raiva de si mesmo e o peso da culpa pesavam na consciência de Ivan. Vê como uma maldade sua afetava a pessoa que mais ama no mundo o levou ao desespero. A angústia apertava no seu peito provocando dor física. Temores moviam o seu corpo. Na garganta tinha a sensação de haver um nó. A culpa o devorava com ferocidade, tirando-o a capacidade de aprisionar as lágrimas, que desabaram como tempestade.
Soluçava desesperado, gritava como uma besta ferida.
Assustado, Victor o abraçou, desejando retirar o que aflingia o amor da sua vida. O sofrimento de Ivan o preocupava.
_ O que houve, meu amor? O que está acontecendo contigo? Eu quero te ajudar.
Liberte o que te faz mal. Desabafe comigo. Eu odeio te vê assim. O seu sofrimento também me machuca.
Ivan abriu a boca para dizer algo, mas nada conseguia dizer.
Desesperado, Victor o abraçou querendo protegê-lo do motivo desconhecido por ele que angustiava o seu amado.
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