Divã - As confissões da Senhora Telles (parte 4/4)

Um conto erótico de Fmendes
Categoria: Homossexual
Contém 4823 palavras
Data: 14/06/2021 16:02:10

Creio que já deva ter percebido, doutor, mas sou uma pessoa curiosa por natureza. Atualmente, me peguei pensando porque os homens que têm atração sexual por outros homens, são chamados de 'viados'. Essa pergunta me pegou uma vez de madrugada e me tomou o pensamento. Odeio quando coisas irresistivelmente inúteis me tiram o sono, mas não consegui dormir até pegar meu celular e pesquisar a respeito.

Bem, pelo menos descobri rapidamente, já que a chave para a pesquisa estava no animal veado.

Acontece que quando uma fêmea de veado está no cio, ela exala feremonios que são perceptíveis aos machos da espécie em quilômetros. Então, ela acaba por receber muitos pretendentes para o coito.

Na vida animal, e até poucos anos atrás poderiamos incluir os seres humanos nesse escopo, a fêmea não escolhe seu parceiro, sendo o felizardo definido pela força, em uma disputa ferroz pelo acasalamento. Então, de todos os pretendentes, somente um garanhão excitado poderia copular. Assim, o que restam aos demais, depois de uma luta ferroz onde já entraram tão excitados? Uns aos outros.

Estava comentando esse fato com Cristian uma noite dessas. Já estávamos em nossa segunda garrafa de vinho. Tinhamos acabado de sair da sauna, ainda vestiamos apenas os roupões, e estávamos a sós na sala.

- Me diga, querido. E se fosse eu a ser disputada por um bando de machos selvagens? Como faria?

- Antes ou depois de eu atirar em todos? - e sorriu, enquanto massageada meus pés.

Estávamos cada um em um canto do mesmo sofá, com as pernas entrelassadas no assento do meio.

- Então posso me sentir segura, que minha honra seria preservada a qualquer custo? - atiçei.

- Eu preferia morrer. Daria a minha honra, antes de deixar você perder a sua - soltou de forma direta, sem rodeios e eu não sabia se tinha entendido direito. Nem se Cristian tinha se dado conta do que tinha soltado.

- E como poderia você perder a honra? - sorri com malicia. O álcool fazendo seus efeitos. - por acaso deixaria ser copulado em meu lugar?

Rimos juntos e Cristian fechou a garrafa

- Nada mais de vinho para você - sentenciou.

Então se inclinou em minha direção e puxou meu roupão, abrindo-o e admirando meu corpo nú.

Se isso fosse feito meses atrás, eu morreriam de vergonha. Mas aprendi a apreciar a forma como meu marido me apreciava.

- Não seria minha primeira opção - respondeu então a pergunta - mas seria melhor do que deixar você sofrer. Embora... - ele derramou vinho em meu peito e veio lambendo o líquido de minha pele - só espero que você ainda me visse como homem depois disso.

Se não fosse o rumo tão interessante da conversa, eu teria dado um chilique ao ver aquele vinho manchando meu Denken caríssimo.

- E porquê eu haveria de o ver como menos homem? - arfei, enquanto gemia pela sua lingua deslizando sob meu seio.

Neste instante, ele parou. Me olhou e por um segundo, vi dúvida em seus olhos. Acho que nunca vi Cristian com medo antes, doutor... E aquilo me impressinou. Pude ver o conflito em seus olhos, a vergonha, o receio. Talvez o álcool o estivesse induzindo a falar demais, tal como fazia comigo, e ele estava com medo.

Nesse instante, me acovardei e dei para trás no interrogatório.

- Você seria tão homem para mim como sempre foi. - e desviei o assunto - E espero que seja homem o bastante para pagar o sofá caro que você arruinou com sua bebida - e indiquei o copo.

Cristian riu e me molhou novamente, lambendo mais uma vez, desta vez na barriga.

- Sabe que... Gastei muitas horas e dinheiro escolhendo este aqui, não é...? - estava dificil manter a falsa autoridade

Ele derramou mais uma vez, desta vez sobre minha pubis.

- E tenho certeza que irá se divertir fazendo tudo isso novamente - deduziu antes de descer e me calar de uma vez por todas com sua língua.

O gemido ficou preso na garganda quando Cristian lambeu todo o vinho e toda a região onde ele estava. Eu tremi, perdi o ar e foi apenas uma questão de tempo até minha taça cair de minha mão e terminar de arruinar meu sofá. Mas àquela altura eu já nem ligava mais.

***

A senhora Telles estava pensativa naquela tarde nublada. De nossas visitas, foi a que mais me causou ansiedade, pois havia sentido, desde o momento em que ela cruzou a porta, que tinha algo importante a dizer.

Nesse momento, ela se sentou no divã, como sempre fazia quando queria tratar de um assunto sério, mais denso, e me olhou nos olhos.

- Quando falam de opção sexual... Não poderiam estar mais errados. Ninguém escolhe quem ama. Ninguém escolhe quem lhe atrai. Somos como fêmeas de veado. Mas os hormônios escolhem nossos parceiros. Eles são os machos de nossa espécie.

- Não poderia ser mais precisa - reconheci - a expressão opção sexual caiu em desuso a anos e nenhum estudioso sério a cogita. Por isso a expressão orientação sexual veio para substituir. Contempla muito melhor o fenômeno.

- Cristian não escolheria gostar tanto de outros homens se pudesse. - continuou, ignorando meu acréscimo ao diálogo. Creio que ela não queria um diálogo naquele momento - Ele me ama. E sua condição lhe traz vergonha. Eu percebi tudo aquela noite.

Eu não falei mais nada e a deixei livre para correr em seus pensamentos.

- Senti nele naquele breve instante, profunda culpa... Por um segundo, pensei em contar a ele o que sabia. Quem sabe assim o livraria um pouco daquele peso... Mas isso o mataria... Talvez não tanto a questão de sua sexualidade, uma vez que eu não me importo e... E... Até gosto...

A respiração de Renata estava começando a ficar mais forte. Ela me olhava atrás de alguma coisa. Não sei se uma opinião favorável ou uma crítica. Mas eu nada dei. Aquele era um caminho o qual ela precisava percorrer só.

- Sim.. eu gosto de ver meu marido sendo possuído por outros homens. Eu gosto eu... Eu sinto imenso prazer... E Cristian, sabendo disso, aceitaria sua condição melhor, sei disso. Mas assumir pra ele que eu sabia, traria a ele outro problema. O de reconhecer que por meses ou anos, ele vem me traindo com outros homens... E que eu sei que fui traída.

Nesse momento, ela me olhou com raiva. Não de mim, mas eu era o único ali para quem ela poderia catalizar sua fúria,. Então seria o alvo de bom grado.

- Cristian me ama - falou com convicção, me confrontando - Não importa o que as pessoas pensem, eu sei que ele me ama. Me respeita e me quer bem... Não é porque ele se alivia com outros que isso muda o que sente por mim. - e riu, de escárnio - sei o que deve estar pensando. Que sou tola, que tento me consolar com ilusões. Pois está enganado, doutor. Qualquer um que pense assim, é um idiota. Pois um relacionamento vai além de com quem se dorme ou com quem se deita. Eu sei muito bem o que é um casamento sem respeito, doutor. Pois vim de um.

Naquele momento, ela havia me escolhido como seu antagonista. Falou com raiva e me atacou, mas eu não reagi. Não falei nada, pois sabia que precisava disso. Por mais que a senhora Telles tivesse aberto sua mente e evoluido muito em sua compreensão de seus sentimentos, ela ainda estava digerindo uma verdade pouco comum, um tipo de relação que quebra todos os paradigmas de nossa sociedade patriarcal, machista e monogâmica. E fazer isso sempre gera incertezas, por mais fortes que sejam nossas convicções. Pois querendo ou não, somos todos frutos desse meio, e quando nos rebelamos, temos de nos firmar, seja para a sociedade, seja para nós mesmos.

Naquele momento eu era a projeção do verdadeiro antagonista da Senhora Telles: ela mesma.

*

Nunca contei ao senhor, doutor... Sempre achei que você logo me perguntaria sobre meus pais, minha familia, mas não o fez. Talvez sondar o passado, a infância, seja só um clichê que os programas de televisão nos passam, quando o tema é consultas psiquiátricas...

Mas o casamento de minha mãe e meu pai foi... Promissor, do ponto de vista social.

Meu pai era um gênio dos negócios, mas teve o azar de nascer em uma família em decadência. Minha mãe, ao contrário, herdeira de grande fortuna. O casamento deles foi muito produtivo. Pois mesmo a família de meu pai não tendo mais patrimônio para unir, a cabeça dele fez com que os negócios da família de minha mãe triplicassem nos anos vindouros do casamento.

Só haviam alguns problemas. Meu pai não amava minha mãe e minha mãe, sabendo disso, o comprou. No casamento, assinaram um acordo pré nupcial que muito pouco favoreceu meu pai. Então, por mais que grande parte daquela fortuna fosse fruto do seu trabalho, se ele largasse minha mãe, ficaria sem nada. Minha mãe sabia disso e fez de caso pensado. Enquanto ele fosse seu marido, desfrutaria da boa vida

Mas meu pai era um ser vivo... Que pode agir de forma imprevisível quando enjaulado. Ele tentou das formas mais amigáveis conseguir o divórcio. O que foi negado por minha mãe. Ela deixou claro que, se separassem, ele estaria arruinado.

Então... Meu pai... Começou a procurar a companhia de amantes.

Ele teve muitas... Todas jovens... Belas... Minha mãe era uma linda mulher e não tinha porque se sujeitar aquilo... Mas se meu pai estava preso pela ganância, ela estava presa pela obsessão.

Eu sei quando um homem não respeita mais uma mulher. Até o ato de esconder uma amante pode ser interpratado assim. Pois se o homem tem o minimo de respeito por sua esposa, ele faz de tudo para esconder essa vergonha

Meu pai não fazia o menor esforco.

Minha mãe o ameaçava. Dizia que pediria o divórcio e ele iria pra rua. Mas meu pai, há muito tempo, já sabia que minha mãe jamais faria isso. Ela estava presa a ele, como ele a ela.

E assim, se foram os anos... Meu pai morreu aos 45 anos, de câncer, e a idiota da minha mãe foi logo após... Chorando o grande homem que tinha...

*

Renata olhava a janela, por onde a chuva agora caia vagarosamente.

- Cristian faz de tudo para esconder o que para ele é uma vergonha. Ele faz todo o possível para me ver feliz... Sua boca nunca proferiu uma ofensa contra mim, sua mão jamais se ergueu para me atingir. Cristian teme qualquer insinuação em que ele possa estar passando dos limites para comigo... Ele me respeita... Me ama... Mais... Ele me idolatra. Ele morreria se me magoasse. É e sempre foi assim... E eu o amo... Jamais vou fazer ele sofrer, pelo único deslize que comete a vida... Não sou hipócrita... Não vou negar o quão feliz ele me faz, mesmo no que seria um defeito aos olhos de muitos.

Ela então, mais calma, sorriu e me olhou. Instintivamente, pôs a mão na barriga e se emocionou.

- Eu estou grávida, doutor. - disse, parecendo ainda não acreditar - e o senhor é o primeiro a saber. Porquê... Porquê eu morro de medo de estar sonhando se contar para mais alguém.

Nesse instante uma lágrima desceu. Não uma de tristeza, mas que parecia emanar um profundo alívio.

- Eu não contei para o senhor, pois esse não era o foco de nossos encontros... Mas faz um tempo em que Cristian e eu decidimos... Bem, não decidimos ter filhos... Mas... Digamos que decidimos 'parar de tentar não ter filhos'. - e riu - não tinhamos pressa então, apenas paramos todos os métodos contraceptivos e deixamos a natureza correr seu fluxo...

Ela me olhou com ternura.

- E foram cinco anos esperando a natureza seguir seu fluxo. Não comentamos nada de ir ou não a médicos. Afinal, pra que se alarmar procurando problemas em mim ou nele? Já que a princípio não era nosso objetivo imediato ter filhos. Então, evitamos falar do assunto e nos aborreciamos quando algum terceiro fazia a pergunta inconveniente. E com o tempo, sem perceber, isso se tornou um tabu entre nós. Algo sorrateiro, que aos poucos ia crescendo e tomando conta de nós. Tomando todo nosso espaço e nos tirando o ar. Afinal, por quê eu não engravidava?

Renata enxugou os olhos.

- Fico muito feliz, por vocês - respondi sinceramente e ela quase desabou de emoção.

- Não sei se esse nosso novo estilo de vida teve alguma coisa haver com esse milagre... Mas... Apesar de não saber exatamente como aconteceu, tenho certeza de saber quando aconteceu. Foi há algumas semanas, quando iamos para a festa de aniversário de uma prima de não sei que grau.

*

Cristian e eu estávamos a caminho. Não estávamos muito animados, mas além de ser aniversário de uma parente, era sempre a oportunidade de estreitar laços sociais e comerciais. Então fomos.

Só sei que, passando pelo Aterro do Flamengo, naquela parte bem arborizada, Cristian passou e me olhar de um jeito diferente pelo retrovisor, enquanto dirigia. Fingi não perceber, tentando sustentar meu olhar de paisagem pela janela. Mas a verdade é que começava a sentir um calor

Quando ele tocou minha perna, me arrepiei de imediado. Trocamos olhares apenas e isso foi o bastante para ele parar o carro e sairmos correndo para dentro da mata.

Acho que desde a adolescência que não nos aventuravamos assim. Aquela rapidinha repleta de riscos. Ele apenas abaixou a calça e eu apenas levantei o vestido e tirei a calcinha.

Ele me encostou em uma árvore e começou a penetrar, enquanto arriou a alça do meu vestido e lambeu meus seios, chupando como um recém nascido.

Eu olhava a todo o momento em volta, a procura de possiveis sinais de invasores. Foi quando vi um vulto se aproximar. Mas ao invés de anunciar para Cristian parar, eu nada fiz.

A princípio, fiquei paralisada, nervosa, mas também ansiosa. Nunca tivemos um voyeur antes e a perspectiva me parecia tentatora.

Cristian estava tão entretido com o rosto em meus seios que sequer notou. E então, quando a pessoa se aproximou da pouca luz que tinhamos a disposição, pude perceber que talvez tivesse cometido um erro.

Era um policial militar.

- Bonito, casal. Muito bonito.

Cristian foi pego no susto e se virou, sem tempo de pôr as causas no lugar. Eu, rapidamente cobri meus seios. Minha calcinha já estava caida no chão há muito tempo e não ia conseguir recuperar rapidamente.

- Então o casal ficou sem grana pro motel e decidiu usar um parqueamento público? - fez cara de falsa repreensão.

Eu não conseguia ver com detalhes suas feições ou seu corpo, mas já aprendi a reconhecer os traquejos de um homem excitado. Policiais militares sempre faziam rondas em duplas, isso me fez questionar o que aquele homem estaria fazendo ali sozinho.

- Acho que podemos chegar a um acordo, policial... - Cristian começou a falar, mas o homem o interrompeu na hora.

- Ta tentando me subornar? - falou de repente, sem rodeios. Cristian e eu ficamos surpresos com tal presunção. Embora esse talvez tenha sido de fato o interesse original de meu marido.

- Eu apenas gostaria de dizer que somos...

Cristian ia falar, mas eu o detive.

- Amor - sussurrei ao seu ouvido - não sei se é uma boa ideia. Imagina se isso sai nos jornais.

Eramos um casal conhecido nas colunas sociais. Poderia ser um escândalo. Não que eu o Cristian de verdade nos importássemos. Mas o meu pedido fez meu marido recuar.

- E o que estão cochichando aí? - ele quis saber, mas não falamos nada . Ele continuou nos olhando de cima a baixo. Um sorriso atravessado. Um corpo forte. Era um homem agradável aos olhos.

- Mas o senhor pode ter razão - ele deu um tapa na bunda de meu marido, apertando mais a carne.

Cristian tentou falar, mas o policial o empurrou, forçando a ficar de cortas. A coisa foi acontecendo de forma tão rápida que nem eu nem meu marito conseguimos racionalizar ou reagir.

- Nós podemos conversar... - Cristian ainda tentou, mas foi impedido por um sonoro tapa nas nádegas.

- Eu só quero brincar também - o policial sibilou.

Ele então, olhou pra mim e foi me tocar. No exato instante, foi impedido por um forte tapa de Cristian em sua mão.

- Não toque nela - ordenou, voz com um pouco da autoridade recuperada.

O policial, longe de ficar desgostoso, sorriu com malicia.

- Então o maridão prefere que mecham na própria bunda a tocar na mulher. Muito cavalheiro.

Pela primeira vez, em toda a minha vida, eu testemunhei Cristian completamente perdido para tomar uma decisão. Seus olhos corriam de mim ao guarda, procurando a melhor forma de agir. O conflito de emoções era legível em seus olhos. O desejo que tal perspectiva causava, o medo de fazer na minha frente, a incerteza de minha reação, o sabor irresistível da aventura... Tudo, misturado em uma avalanche de emoções. Tão fortes que, unidas, foram capazes de imobilizar meu marido.

Nosso polícial, não percebendo esse dilema, interpretou a postura de Cristian como condescendente e se colocou atrás dele.

Cristian me olhava apavorado, conforme era forçado a se baixar pela mão firme de nosso algoz. O guarda pegou a bunda carnuda de meu marido, a abriu e, encaixando, despejou generosas quantidades de saliva.

Uma cena tão naturalista. Simples. Selvagem...

O corpo de Cristian tremia, seu órgão, ereto como mármore. Eu o abracei, como a boa esposa que era, dando forças ao meu marido necessitado.

- Então, já que o cavalheiro se serve - o polícia riu. Um jeito marrento. Era um homem bonito em sua masculinidade, afinal. - eu não recuso carne. Deus fez macho e fêmea, amigão. E eu fodo os dois

E cravou de uma vez o órgão.

Cristian na hora perdeu o ar. Ergueu-se de susto e quase caiu, tendo de se apoiar na árvore atrás de mim . Seu rosto ficou a centímetros do meu.

- Caramba - o guarda se deliciou. - entrou direitinho.

E foi penetrando, sem rodeios. Cristiam se apoiou em mim. Me olhando com pavor nos olhos.

Mas ele não estava com medo do que acontecia. E sim do que eu poderia pensar.

O policial começou a penetrar com vontade, elogiando de forma depravada a bunda de meu marido.

Eu não podia imaginar como, de repente, a coisa havia chegado àquele ponto. Sequer era capaz de dizer quando eu mesma quis me tornar a agente que permitiu isso acontecer. Mas estava perplexa diante de tal desenrolar. Por mais que um desejo semelhante tenha me acometido no instante em que vi o vulto se aproximar, jamais poderia prever como a coisa acarretaria

Cristian me olhava e eu o peguei pelo rosto, tentando lhe dar forças. De alguma forma, lhe dar coragem e fazer ele saber que eu estava do lado dele. Enquanto era a esposa solicita, também olhava para trás dele, me deliciando com a cena, o órgão do homem entrando sem dó, deslizando para dentro da bunda maravilhosa de Cristian.

- Renata... - ele sussurrou - eu... Eu sinto muito. Me desculpa...

Oh... Cristian. Cristian. Como eram belas àquelas palavras. Eu sabia que estava sofrendo de um grave conflito moral, mas eu não podia deixar de me sentir profundamente grata por aquele momento. Ter ele ali, ao vivo, tão perto, sendo usado como eu sabia que tanto gostava.

Seu órgão ereto não mentia. Ele estava gostando, mas ao mesmo tempo, sofria, pois não queria estar sendo tão diminuído diante de minha presença. Tinha medo que eu não o visse mais como um homem, que eu me ofendesse, ou que eu me sentisse excluída. Tolo. Meu belo e dedicado tolo.

Ele não podia imaginar o quanto aquele singelo momento me fazia feliz. Mesmo com tantas possibilidades de ter dado tudo errado.

- Me desculpa... Por favor, me perdoa.

Eu então o abracei e o consolei.

- Eu te perdôo, meu lindo.

- Eu te amo... - voz engasgada entre meus seios.

- Eu também. Cada minuto mais...

E o deixei ali, me abracando e cobrindo o rosto de vergonha, enquanto eu me deliciava com a cena...

O guarda me olhava com desejo. Talvez pensasse que, terminando com Cristian, seria minha vez. Eu teria de desaponta-lo nesse ponto. Mas não iria cortar seu barato tão imediatamente. Afinal, ainda tínhamos muito o que aproveitar daquele momento.

Estava prazeroso demais ouvir os estalos causados pela colisão dos corpos, o cheiro dos hormônios que exalavam pelo ar, o calor que emanava de meu marido. Mas escutar ele pedir desculpas era a cereja em cima do bolo.

Não sei porque. Acho que, ao fim e ao cabo, eu precisava daquela certeza. Aquela confirmação de que ele de fato não se orgulhava do que fazia. Que se, eventualmente me trocava por um homem, era apenas porque seu corpo pedia isso. Pedia algo que eu, infelizmente, não poderia dar. E não porque se enjoara de mim ou não me amasse mais.

Mesmo com toda a minha certeza, eu precisava sentir a verdade em suas palavras. No vídeo, seu pedido de desculpas soava sincero, mas a distância do ato em si não me deu a garantia necessária. Ali, cara a cara comigo, testemunhando seu pavor e seu prazer mesclarem, eu tive certeza que suas desculpas eram verdadeiras.

- Hora de nutrir você, maridão - o policial sorriu e começou a gemer grosso. Seu rosto se contorcia enquanto ejaculava no interior de Cristian. - ah. Ahhhh. Caramba.

Quando tirou, meu marido soltou de meus braços e se apoiou na árvore, sem forças, tentando, debilmente, colocar as calças no lugar.

- Cristian, descanse, vou pegar o carro para sairmos daqui - me apressei em dizer e saí de perto. O policial veio atrás.

- Calma, senhora. Tem certeza que não quer experimentar tambem? Ainda tenho gás sobrando.

Aquela exibição tosca de masculinidade quase cortou meu barato. Mas nada poderia apagar a felicidade que o momento havia me causado. Então eu sorri e, calmamente, recusei.

- Obrigado, senhor policial. Mas o único homem que tem o direito de me tocar é meu marido. É o unico capaz de me despertar qualquer desejo. Sinto muito.

Ele riu e eu não gostei de seu deboche. Era claro que ele não tinha a menor intensão de forçar nada comigo, apenas desdenhava de Cristian e se achava mais homem que ele. Achava, em sua ignorância, que o simples fato de foder de forma razoável era o bastante para satisfazer uma mulher. Uma tolice comum a grande maioria dos homens. Acreditar que têm entre as pernas um instrumentos mágico capaz e suficiente para satisfazer qualquer mulher. Talvez para outro homem, essa mecânica simples funcione. Mas para uma mulher, um conjunto muito mais complexo de circunstâncias são necessários para nos fazer sentir prazer. Conjunto esse que os homens desconhecem ou ignoram. Pois não tem capacidade para se empenhar em descobrir. E eu tinha um homem capaz de me despertar tudo isso, e odiava quando alguém o desdenhava.

- Alguma graça? Do que está rindo: de minha declaração ou da ironia que é um policial rondando um parqueamento público atrás de sexo casual com outros homens?

Nesse momento, sua cara fechou. Eu não o deixei responder e continuei:

- Foi uma noite... Especial a sua maneira, então não vamos estragar, sim? - sugeri, ainda com meu tom afiado - Se possivel, mande nossos abraços ao senhor Eduardo Ventura Correa, ele com certeza se lembrará de Cristian e Renata. Afinal, foi nosso padrinho de casamento.

Aquele era o nome do comandante geral da polícia militar. Nosso padrinho de casamento de fato. A mensão a esse nome retirou qualquer resquício do antigo sorriso.

- Desculpe. A senhora sabe que eu não...

- Não, querido - o interrompi gentilmente - Não precisa me explicar suas preferências. Não devemos contas a ninguém. Apenas entenda que, nesse caso, nossa noite terminou e eu estou muito satisfeita de como acabou. Agora, por favor, tire essa cara de assustado e volte logo ao personagem. Diga que nos liberou por ser um homem generoso. Não vamos estragar a brincadeira, não é mesmo? - e sorri com cumplicidade.

O policial demorou a entender o que eu dizia, até rir descrente.

- A senhora é estranha.

Era a primeira vez que era elogiada assim. Não sei na verdade se era um elogio, mas optei por tomar ele assim.

Então Cristian chegou. Havia se recuperado um pouco e veio ao meu encontro, encarando o policial com a determinação que ainda tinha.

- Está acontecendo algo? - senti nele aquele ar protetor que tanto gostava. Mesmo derrotado, ele ainda lutaria por mim e para me proteger.

- Não se preocupe, querido - o apaziguei - o polícial será generoso e não apresentará queixa.

Naquele momento, o guarda se recompos e voltou a postura autoritária de antes.

- Espero apenas que tenham aprendido a lição - informou de forma firme - e se resolverem voltar a fazer dessas graças por aqui, já sabem o que vão encontrar.

E me lançou um olhar cúmplice antes de sair. Foi rápido e quase imperceptiveil.

Quando se afastou, olhei pra Cristian e este encarava o chão de forma desolada.

- Amor... - ele começou - Você se importa de irmos pra casa? Não tenho cabeça para o aniversário de sua prima...

Sem discutir, fomos para casa. Eu dirigi na volta. Cristian sentava mudo, com a cabeça recostada na janela. Eu tentava parecer menos satisfeita comigo mesma. Demonstrar maior empatia, maior condolência, mas não conseguia. Olhava meu marido de vez em quando pelo retrovisor e este também parecia esconder algo. Era óbvio que sua cabeça devia estar um turbilhão e que ele precisaria de um tempo para processar tudo.

Chegando em casa, estacionamos o carro na garagem e ficamos em silêncio. Um dia poderiamos assumir um para o outro o que de fato sentimos? Teríamos coragem de assumir essa relação conturbada e promissora?

Claro que sim. Hoje tenho certeza disso. Nossa relação está indicada a uma evolução assustadoramente estimulante. E creio que em breve possamos dar um passo a frente e crescer ainda mais como casal. Mas faremos isso por nós, no nosso tempo. Não pelo clichê social da sinceridade ser algo importante no relacionamento. Não devemos nada a ninguém. Só a nós mesmos

No carro, senti que ele me olhava e eu correspondi. Tentei imaginar o que aquilo significava, não era o olhar de sempre que me devorava após uma noite de aventuras como aquela.

Ele nada disse, apenas avançou em mim e me beijou. Desajeitados e repletos de desejo, fomos deslizando para o banco de trás. Cristian levantou meu vestido e desceu, chupando toda a minha região.

Depois ele foi subindo, tirando meu vestido enquanto lambia toda a pele recém despida. Parou em cima de mim e encaixou, entrou fácil, pois eu estava para lá de úmida.

O órgão dele deslizou com velocidade e força. Cristian apenas se agarrava em mim e penetrava.

Seu coito aquela noite carregava alguma urgência. Algum desespero. Creio que o afoito de se mostrar como homem viril para mim, de tentar apagar a imagem do submisso de horas atrás. Tudo isso o deixou um tanto quanto desajeitado. Mas eu gostei mesmo assim. O abracei e recebi sua virilidade, lembrando com carinho de nossa aventura, afagando sua nuca como fiz na mata, cuidando dele e o incentivando. Cristiam era meu homem, meu marido, meu amor. E nada poderia mudar isso. Somente aumentar.

E foi quando ele gozou. Acho que foi a primeira vez que de fato senti o líquido entrar. Nunca prestei atenção naquele detalhe. Acho que ele nunca ejaculou tanto. Senti o líquido entrar e meu interior dilatar como uma esponja absorvendo tudo. Cristian arfava, cansado, exausto. E eu, imóvel, apenas o abraçava, ainda perplexa com tudo o que aconteceu. Sentir sej liquido quente entrar daquela maneira me da a certeza hoje que nosso filho ou filha, foi concebido naquela noite...

*

A senhora Telles teve um acesso de riso e precisou se recompor antes de prosseguir.

- Não acredito que seja a história ideal para contar aos nossos filhos, não é mesmo?

Renata então sorriu e me encarou novamente e, mais uma vez, percebi ser algo importante.

- Acho que esta será também uma consulta de despedida, doutor. Não um adeus, mas um até logo. Vou hoje contar ao meu marido a surpresa, e conhecendo Cristian, ele vai ficar radiante.

*

Isso significa também que ele vai fazer questão de estar muito mais presente em minha vida. Já o vejo me ligando o tempo todo, desmarcando compromissos para estar comigo. Não terei como manter o senhor em segredo, coisa que eu ainda quero. Acho que eu também mereço ter meus segredos de meu marido, concorda? Rsrs

Então doutor, se prepare, pois quando eu enfim voltar, é provável que venha cheia de críticas, reclamando de como meu marido me sufoca. Como não me deixa levantar sequer para buscar um copo d'água. Como ele me trata como se eu fosse uma incapaz.

Hahahha

É doutor. Ao fim e ao cabo, eu também sou uma dondoca rica, e como tal, gosto de reclamar de minhas fortunas. Talvez para me sentir mais viva, mais normal, como tantas outras mulheres com problemas de verdade no mundo.

Mas devo ao senhor hoje minha total sinceridade e posso dizer, sem sombra de dúvidas, que nunca fui tão feliz quanto neste momento

E agradeço ao senhor por me ajudar a entender e aceitar essa felicidade.

Fim

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 39 estrelas.
Incentive Fmendes a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

A sexualidade humana é realmente de uma complexidade incrível. Não existem dois seres iguais. Eu também vivi períodos bissexuais. Mas quando amava um homem tornava-me impotente com a mulher. E o contrário também acontecia. Não era muito fácil saltar de uma cama para a outra. Necessitava de algum tempo de jejum de um lado para iniciar do outro.

0 0
Foto de perfil genérica

Certamente o melhor conto em sequência que li até agora no site e nem sou fã de contos Gay

0 0
Foto de perfil genérica

Certamente o melhor conto em sequência que li até agora no site e nem sou fã de contos Gay

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Acabouuuu, ou nao ne , mais me salvou de um xororo por causa de um final de livro acredita Fábio, to sencivel demais credo kkk, um final deliciiso com gostinho de quero mais , tipo umas aventuras deste casal delicioso, quem dera ser uma sra Telles ..quem sabe um dia .

0 0