Borboletas sempre voltam II Capítulo 18

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 5462 palavras
Data: 14/06/2021 20:28:02
Assuntos: Amor, Gay, Mistério, Sexo, Tesão

Capítulo 17

_ O único verme aqui é você, seu mentiroso! Agora a sua casa caiu. O seu patrão já sabe a verdade.

Mesmo temeroso, Daniel simulou uma expressão de tristeza, chegando a lacrimejar.

_ Bruno, tudo o que esse homem disse é mentira! Ele é um louco! Vive me perseguindo! Não acredite em nada do que ele disser. Já não cansa ter me estuprado por anos e ser o culpado pela morte da minha mãe, ainda quer botar as pessoas contra mim? Por que você está tão obcecado por mim?

_ Seu pilantra mentiroso!

Cláudio avançou em Daniel com a intenção de enforcá-lo, mas Jonas o deteu, pondo-se entre eles.

_ Eu vou te matar! Eu vou te matar!

Enquanto Cláudio se debatia nos braços de Jonas, Daniel abraçou Bruno buscando proteção.

Cláudio não conseguia se conter e teve que ser retirado pelos seguranças.

Em prantos, Daniel mentia mantendo a sua versão. Implorava para que Bruno acreditasse nele.

_ Você está muito nervoso. Pode tirar a tarde de folga e amanhã a gente conversa.

Daniel sentiu uma certa frieza nas palavras de Bruno. Sabia que estava perdendo o controle sobre o patrão, e isso o deixou preocupado.

À noite, na hora do jantar, Jonas exigia a demissão de Daniel.

_ Ele mentiu, Bruno! Não sabemos quem ele é, e quais são os seus objetivos. O melhor a fazer é demiti-lo.

_ E se ele estiver falando a verdade, Jonas? Eu vou acabar sendo injusto.

_ Bruno, depois que os seguranças retiraram o homem do seu escritório, eu fui conversar com ele. Trocamos números de telefone e ele me enviou uma foto da certidão de óbito da esposa. _ Jonas mostrou a tela do celular com a foto para Bruno._ Esse garoto é um mentiroso compulsivo. Se ele mentiu sobre a causa da morte da mãe, com certeza mentiu sobre o resto. Gente assim é perigoso manter por perto.

_ Eu não sei...

_ Ah, deixe de ser burro! Quando o cara bateu aqui pedindo abrigo, contando uma historinha triste, você acreditou de primeira, agora está duvidando da palavra do padrasto dele, que apresentou uma prova? Bruno, eu nunca me meto nos seus assuntos profissionais, mas desta vez, exijo que demita esse cara.

Bruno passou a noite pensativo.

Na manhã seguinte, chamou Daniel na sua sala e anunciou a demissão. Dizia meio tristosonho:

_ Não se preocupe. Você não vai ficar desempregado. Eu já falei com um amigo meu, que é editor chefe de uma redação. Ele me garantiu que irá te dar uma vaga.

_ Mas, eu gosto de trabalhar aqui com você. Bruno, pelo amor de deus, não me demita! Por favor!

Daniel implorava de joelhos, deixando Bruno constrangido. Levantou o jovem e o pôs sentado de volta na cadeira.

_ Eu sinto muito por tudo isso. Mas, o Jonas não gostou do que aconteceu e acha melhor você trabalhar em outro lugar.

Daniel limpou as lágrimas e o olhou de um jeito tão sério e profundo, que o deixou arrepiado.

_ Você não tem voz ativa na sua própria empresa? Deixa o Jonas te manipular?

_ Eu não estou gostando da forma como está falando comigo.

_ Me desculpe? Por favor, me deixe ficar?

De nada adiantaram as súplicas do jovem, pois Bruno se manteve firme em sua decisão.

Saindo da sala, Daniel olhou para o chão chorando.

_ Todos vocês me pagam! Principalmente, você, Jonas.

Bruno estava sentado na cama tão distraído em seus pensamentos, que nem percebeu a entrada do marido, que saia do banho enrolado com uma toalha vermelha na cintura.

Os seus olhos bateram logo nas pernas abertas de Bruno. O jornalista vestia uma camiseta branca e uma cueca de mesma cor.

Jonas retirou a rolha, a jogando para o lado e deitou na cama, ficando entre as pernas de Bruno, suspendendo a camisa para beijar a sua barriga.

O jornalista tremeu com o susto. Sentiu o seu corpo se arrepiar, quando a boca do parceiro sugava o seu mamilos e, com o dedo, brincava com o bico do outro.

_ Amor, eu estava pensando aqui algo muito estranho.

Jonas o ignorou, descendo a boca até o pau dele e o beijou por cima da cueca, provocando uma ereção.

_Jonas, eu sei que você não acredita nessas coisas. Mas, quando eu estive no terreiro, a minha senhora disse que havia um homem falso debaixo do meu teto querendo destruir o meu casamento, e agora, essa história do Daniel...para piorar, foi ele quem me convenceu que eu deveria contratar um detetive para investigar se você e o Rafael estavam tendo um caso.

Imediatamente, Jonas interrompeu as carícias e o olhou furioso.

_ Que veado desgraçado! Porra! Que ódio!

_ Diante de tudo isso, não resta dúvida que é o Daniel o homem falso que quer destruir o nosso casamento. Jonas, seja sincero. Alguma vez o Dani deu molhe pra ti?

Jonas arregalou os espantado, como se tivesse sido flagrado fazendo algo indevido.

_ Não...nunca..._ Jonas mentia erguendo os lábios para baixo e girando a cabeça negativamente.

_ Eu não vejo lógica nisso. Se o objetivo dele é destruir a minha relação, como ele nunca deu em cima de você?_ Bruno perguntava cruzando os braços, com um olhar desconfiado.

Jonas sorriu e subiu até o pescoço do marido, iniciando uma sessão de beijos.

_ Vai ver que não é a mim que ele quer, e sim, você. E eu super o entendo. Você é muito gostoso. É impossível te olhar sem desejar esse corpinho.

_ Para, Jonas!_ Bruno se afastou. _ Eu estou falando sério! Eu estou me sentindo um idiota por ter caído na lábia dele! Porra, eu sempre fui amigo! Sempre o ajudei e ele querendo me prejudicar por nada? Por que tudo isso?

_Não esquenta a cabeça com isso não. O importante é que aquela coisa já saiu daqui de dentro de casa e da sua empresa. _ Jonas dizia acariciando a rosto do marido e o beijando nos lábios._ Acabou, Borboletinha. Vamos fazer o seguinte? Nem no nome dele vamos tocar mais.

_ Eu estou muito chateado. Eu não consigo entender. Nem sei o que fazer.

_ Cala a boquinha e fica peladinho._ Jonas disse segurando o queixo do marido e o beijou.

_ O Daniel que não se atreva a dar em cima do meu homem. Eu pego uma faca bem afiada e faço um sushi com a carne dele.

_ Hum! Que homem bravo!

_ Você sabe que eu posso até ser bonzinho, mas quando quero ser mal, eu capricho.

Bruno se afastou e levantou da cama.

_ Tudo isso me deu uma fome. Eu vou comer algo na cozinha.

Bruno saiu do quarto, deixando Jonas deitado de pau duro.

_ Que filho da puta! Me deixa de pau duro e ainda diz que vai comer?! Não vai comer porra nenhuma! Quem vai comer sou eu.

Jonas entrou na cozinha balançando o lubrificante, sorrindo e alisando o pau.

Bruno estava de costa com a bundinha empinadinha e rondondinha em direção a Jonas, cozinhando no fogão.

_ Amor, eu vou preparar miojo para nós._ Ele disse sem olhar para trás. Sentiu um leve sustinho, quando sentiu o pênis duro do seu marido, roçando no seu rego, e os braços de Jonas o abraçando por trás e desligando a boca do fogão.

_ A única coisa que você vai fazer é rebolar esse rabo delicioso no meu pau._ disse dando um tapinha na bunda de Bruno, que empinava se esfregando em Jonas.

Sentiu a sua cueca ser abaixada até os joelhos e os dedos de Jonas o invadir, molhados com o lubrificante.

_ Ai! Tá gelado!

_ Não se preocupe, que vai ficar quentinho.

Seu cuzinho foi se abrindo para receber o pênis de Jonas. Contraia-o e rebolava no mesmo ritmo nas estocadas do marido, o deixando louco de tesão.

Seu corpo se arrepiou, com a língua de Jonas percorrendo a sua nuca e orelha.

_ Aaaaah! Que delícia! Me fode com força, vai! Me arregaça todinho!

As putarias ditas por Bruno, o deixava ainda mais excitado e o empolgava a meter ainda mais.

_ ãããã! Meu macho gostoso!

_ Isso, morde o pau do seu macho...vai, safada! De quem é esse cuzinho, hein?

_ É seu. Todinho seu...só seu...hã! _ os gemidos e a voz de Bruno eram manhosos.

Extremamente excitado, Jonas o puxou pelos cabelos e o beijou a boca.

Virou-o de frente, o arrastando para o lado, para que sentasse na pia com as pernas abertas. Retirou a cueca de uma vez, e o beijou, sentindo as unhas de Bruno arranhando as suas costas.

Puxou-o o seu corpo para si, penetrando de uma só vez e bombando faminto.

Os beijos, os amassos e as metidas ficaram ainda mais calorosas.

_ Que tesão de cu! Puta que pariu! Caraaaalhoooo! Que vontade de morar aqui dentro desse rabo._ Jonas dizia metendo e o masturbando ao mesmo tempo.

Bruno não resistiu quando sentiu o gozo do marido e fez o mesmo.

Permaneceu parado com as pernas abertas, olhando para o teto, enquanto Jonas se afastava, beijando a sua boca.

_ Minha Borboletinha, você é tão gostosa._ Acariciava o rosto suado de Bruno, dando beijinhos na sua testa e face._ Como eu pude ser otário de te deixar de canto? Oh, meu amor, eu te amo demais.

_ Eu também te amo, mozão. Você é a minha vida.

_ Agora vamos lá tomar um banhozinho? Quero te foder debaixo do chuveiro.

_ Porra, Jonas, você quer mais?

_ Hoje eu tô faminto! _ disse o puxando para o colo e o beijando.

Patrick observava pela janela a chuva inundar a rua, naquele dia cinzento. Encostava a cabeça na parede, ouvindo o barulho das águas batendo no telhado.

Aguardava Marília preparar o almoço, sentido o cheiro da canjiquinha que saia pelo pino da panela de pressão.

_ O almoço já está quase pronto. Daqui a pouco, eu sirvo. Tá caindo um pé d'água, né? Eu vi na televisão que vai chover a semana inteira. _ Marília dizia encolhendo os braços, esfregando as mãos neles.

_ Menino, você não está com frio não?

_ Um pouco.

_ É melhor pôr o casaco para não pegar um resfriado.

_ Eu vou pegar lá no quarto._ Ele virou a cadeira, girando-a para frente. Marília pôs a mão nela, a impedindo de sair do lugar.

_ Pode deixar que eu pego.

_ Dona Marília, não precisa se incomodar.

_ Ah, mas não é incômodo algum. Eu gosto de você. Faço por gosto.

Ela dizia indo em direção ao quarto, deixando o ruivo entristecido pelo excesso de proteção que estava recebendo. Queria expressar o seu incômodo, mas não tinha coragem de fazer, por não querer magoar as pessoas que o amam.

Marília retornou trazendo uma jaqueta vermelha.

_ Obrigado._ Patrick agradeceu esticando os braços para pegar o casaco, mas se surpreendeu com Marília o vestindo. Sentiu-se muito ofendido. A idosa segurou carinhosamente em seu rosto e o beijou, retornando para a cozinha.

O celular tocou, anunciando uma chamada de Matheus.

_ Oi, meu príncipe! _ disse Patrick com a voz entristecida.

_ Oh, minha vida, que voz tristinha é essa? Aconteceu alguma, meu amor?

Patrick pensou em desabafar com o marido sobre o sentimento de impotência que estava sentindo. Mas, preferiu ocultar para não preocupá-lo.

_ Não é nada, amor. Nem triste eu estou.

_ Claro que está. Eu conheço a sua voz quando está triste.

_ É impressão sua. Acho que estou ficando resfriado. Deve ser por isso que a minha voz está diferente.

_ Tadinho do meu momozinho. Tá ficando dodói. Eu vou levar um remedinho pra você.

_ Príncipe, você não era para estar na sala de aula?

_ Sim, mas devido à chuva, nenhum aluno da turma compareceu. O pior é que eu nem posso ir embora. Tenho que ficar aqui até cumprir a carga horária.

_ Puxa! Que pena! Seria tão bom se você pudesse vir pra casa para poder assistir série agarradinho comigo.

_ Porra! Nem me fala! É o que eu mais queria na vida. Amorzinho, hoje é aniversário da Adriana. Lembra dela?

_ Claro ! É aquela moça escurinha, que é a coordenadora do curso... A que esteve lá em casa no seu aniversário, ano passado. Mande um abraço pra ela.

_ Vou mandar sim. Ela vive perguntando por ti. Amor, o pessoal aqui tá querendo organizar uma festinha surpresa para a Adriana. Será após o expediente. Eles estão pensando em ir ao bar, que fica aqui em frente mesmo.

_ E você quer ir?

_ Não sei. A galera tá insistindo muito. Mas, eu não quero não.

_ Deixe de bobeira, Matheus! Vá curtir um pouco com os seus colegas de trabalho. Adriana vai ficar muito chateada se você não for.

_ Eu não quero te magoar. Tem certeza que você não se incomoda?

_ Eu nunca me incomodei! Por que me incomodaria agora? Príncipe, você precisa se divertir um pouquinho.

_ Tá bom. Umas oito horas eu estarei em casa. E aí? Já papou, minha vida?

_ Ainda não.

_ Vê se come direitinho, tá bom? Depois vou até perguntar a minha avó como você anda se alimentando.

_ Você não confia em mim?

_ Não. Se deixar por sua conta, fica o dia o inteiro sem comer...bebê, eu tenho que ir, porque o balconista está sinalizando que o meu lanche ficou pronto.

_ Vai lá, meu príncipe. Beijinhos nessa sua boquinha linda.

_ Beijinhos pra você também, minha delícia! Eu te amo.

_ Eu também._ Patrick desligou o telefone sorrindo. Estava feliz por saber que Matheus teria algumas horas de diversão, o que julgava justo, já que Matheus andava muito cansado.

Sua atenção foi desviada para a porta, quanto Rose entrou trazendo algumas sacolas.

_ Menino, que chuva tá caindo lá fora! Parece que o mundo vai acabar.

A mulher cumprimentou Patrick com dois beijos do rosto. E Marília entrou na sala a convidando para almoçar.

_ O cheiro está ótimo, dona Marília, mas eu não vou poder ficar. Hoje é o aniversário da dona Chiquinha e vai ter um almoço lá na casa dela. Eu só vim mesmo para entregar estas sacolas, que Renata me pediu e já vou partir para lá.

Patrick bateu na própria testa, lamentando por ter confundido a data do aniversário de dona Chiquinha.

_ Eu pensei que fosse no sábado! Caramba! Nem liguei pra ela!

_ Não. Sábado é a festa. O aniversário é hoje.

Rose levou as sacolas até a cozinha, as pondo na mesa. Abriu a geladeira para beber e água e gritou:

_ Dona Marilia, como eu estou com um pouco de pressa, a senhora pode me fazer o favor de guardar estas frutas na geladeira?

_ Fazer o quê, né?

_ Gente, as bananas da barraca do seu Manuel estão ótimas! Amarelinhas e firmes. Até comprei umas pra mim e pro Bruninho. Vocês querem?

_ Eu quero._ gritou Patrick.

Rose caminhou até ele descascando a banana e o entregou. O ruivo se sentiu péssimo pela atitude de Rose. No entanto, ela fez de forma tão natural, que sentou no sofá da sala comendo a sua banana.

_ Hum..._ parou para mastigar a fruta._ Vem comigo, Patrick? A dona Chiquinha vai adorar te ver.

_ Ah...não sei se é uma boa ideia. Acho melhor eu só ligar mesmo.

_ Tá com medo de quê? Do Matheus fazer caso? Ah, fala sério, né! Eu gosto muito do meu sobrinho, mas Matheus é muito mandão. Você dá muito molhe pra ele.

_ Não é isso. É que é um almoço de família. Não sei se tem lógica eu aparecer lá. Ainda mais de penetra.

_ Que mané penetra! A dona Chiquinha te adora. Ela vive falando que está com saudades de você...e falando nisso, ela faz questão que você e o Matheus vão à festa dela.

_ Duvido que Matheus vá.

_ Matheus pode até ser mandão, mas você com essa carinha e a sua lábia consegue tudo que quer dele._ Rose dizia sorrindo batendo no braço de Patrick._ Querido, vamos comigo? Você precisa sair um pouco. Respirar ares diferentes. Só vive enfiado nesta casa!

_ Vá, meu filho! Vá se distrair um pouco. A Rose tem razão. Você só fica enfiado nesta casa. Parece uma mobília.

_ É, Menino! Vem comigo. Oh, o Rafa, a Olivia, o Jonas e o Bruninho vão estar lá também. Assim você se distrai com os jovens.

_ É...Acho que vou sim. O Matheus vai chegar um pouco mais tarde hoje. Assim eu mato o tempo até ele chegar.

_ Que horas o Matheus chega?

_ Normalmente, ele chega umas cinco da tarde, mas hoje, tem uma festinha lá no curso e ele vai chegar pelas oito da noite.

_ Ih, beleza então. Até ele chegar, você já vai estar cansado de estar em casa.

A visita inesperada foi um dos mais maiores agrados que dona Chiquinha recebeu na tarde chuvosa do seu aniversário.

Como Patrick havia previsto, a família inteira estava reunida na casa da idosa.

Ele ficou constrangido diante dos olhares de todos. Ninguém esperava por sua presença e imaginavam que não conseguia sair de casa devido ao trauma.

_ Minha nossa Senhora! Que surpresa agradável te ver aqui, meu querido! _ dona Chiquinha dizia lhe dando um abraço caloroso, que o fez sentir amado._ O meu dia não poderia ficar melhor, a minha família reunida por completo! Porque eu te considero um neto.

_ Feliz aniversário, dona Chiquinha! Que a senhora tenha muitos anos de uma vida feliz.

A caminho da casa dela, Patrick pediu a Rose que entrasse numa livraria para comprar a biografia de Honoré de Balzac. Ele não quis ir até a livraria, preferindo aguardar no carro, pois ainda não se sentia à vontade para estar em público.

Estudiosa da literatura francesa, ela adorou o presente, pondo na sua biblioteca pessoal, junto com os seus outros 1115 exemplares.

_ Porra! É muito bom te ver, meu bem! Que saudade que eu estava de ti!_ Jonas o abraçou forte. Estava muito feliz em rever o amigo e saber que já se sentia bem para sair de casa.

Lidiane, a esposa de Jorge, o olhava com piedade, o que o deixou muito mal.

_ Oh, meu deus! Que maldade fizeram com você! Tão jovem e bonito numa cadeira de rodas! Que judiação!

_ Mas, esse aí é vaso ruim. Não quebra de jeito nenhum. Está firme e forte aqui. Vai uma tacinha de vinho enquanto espera o almoço?_ Jorge perguntava batendo com brutalidade em suas costas.

Por mais inconveniente que Jorge pudesse ser, falando num tom de voz elevado e com palavras brutas, Patrick se sentiu bem pelo homem não o tratar como coitado.

Enzo, avistando a cadeira de rodas, sorriu como se visse um carrocel.

_ Que maneiro! Deve ser massa andar em uma cadeira dessas, sem se preocupar em se cansar.

_ Deixa de ser sem noção, pirralho!_ Olívia repreendeu o irmão, o afastando da cadeira de rodas. _ Isso é culpa da sua mãe, que não te educa.

_ Eu educo o meu filho sim, sua linguaruda! Você fala demais.

O resultado do protesto de Lidiane rendeu uma pequena discussão, que foi dissipada pelas broncas de dona Chiquinha.

Jonas convidou Patrick para ir com ele até a varanda, onde acendeu um cigarro e o ofereceu.

_ Não. Eu não fumo há quatro anos.

_ Quem te viu quem te vê, hein Patrick. Você fumava pra caralho. Agora, tá aí todo certinho.

_ Eu entrei num projeto de vida saudável. Parei de beber e fumar, passei a comer mais vegetais e carnes magras. Só vacilei nos exercícios. Mas, pelo visto, tudo isso foi inútil.

_ Inútil por quê? A sua saúde está ótima!

_ Você sabe do que eu estou falando, Jonas. Aliás , o Bruno não vai se importar de você está aqui comigo, enquanto ele está lá dentro?

_ Que nada! Bruno é de boassa. Ele não é o...foi mal.

_ Você ia dizer o Matheus. Mas, é a pura verdade. O meu príncipe é um pouquinho ciumento._ Patrick disse sorrindo.

_ Pouquinho?! Aquilo ali com ciúmes vira um tornado. Agora é você quem sente na pele.

_ Até que não. O Matheus mudou muito. Não vou te dizer que ele virou um docinho de coco. Mas, está mais calmo, mais maduro e pacífico.

_ Não podia estar diferente, já que tem um cara foda como você ao lado. Com certeza, é uma boa influência pra ele.

Patrick sorriu envergonhado, abaixando a cabeça e movendo os finos dedos.

Jonas o olhou com doçura. Lamentava em pensamento ver o amigo naquele estado.

_ Como você está?_ perguntou segurando a mão de Patrick, fazendo carinho nela.

_ Eu estou bem... bem na medida do possível.

_ Eu imagino que sim, porque a Renata é muito maneira. Eu amo a Rose, mas tenho que admitir que Renata foi a melhor sogra que tive.

_ Ah, sim! Renata é maravilhosa. É como uma mãe pra mim. Todos são maravilhosos comigo. Me tratam muito bem , são atenciosos e amorosos comigo. Matheus então é o meu porto seguro. Eu me sinto tão bem ao lado dele. Ele nem precisa fazer nada para me acalmar. Basta me deixar deitar com a cabeça no seu colo, enquanto ele me faz cafuné.

_ Eu fico muito feliz por você ter encontrado um cara que te trate como você merece.

Patrick sentiu a tristeza pesar na alma e com um isso uma necessidade de desabafar. O olhar doce de Jonas o transmitia segurança.

_ Se eu te contar uma coisa, você jura que não fala pra ninguém?

_ Claro! O que tá rolando?

_ Eu amo o meu marido e toda a sua família. Como eu te disse, sou muito bem tratado por todos eles. Mas, o excesso de preocupação e zelo que eles têm por mim me incomoda.

_ Como assim?

_ Me tratam como se eu fosse um objeto frágil, que fosse quebrar a qualquer momento. Eu me sinto infantilizado e inútil.

_ Oh, Patrick, que situação chata!

_ Eu tenho muita vontade de expressar esse incômodo para eles, mas não consigo, porque eles são tão bons pra mim. Eu me sinto um ingrato por me sentir desse jeito.

_ Não! Você não é um ingrato! Por mais que eles te amem e querem ajudar, estão agindo errado! Você precisa se desenvolver para ter a sua independência. Essa situação é muito nova para vocês todos, e eles não estão sabendo lidar. Mas, você tem o direito de se expressar.

_ Eu não quero magoá-los, principalmente o Matheus. Ele está se esforçando tanto para cuidar de mim.

_ Patrick, pelo o que parece e que a galera conta, vocês dois têm uma relação saudável.

Patrick concordou com a cabeça.

_ Então, você tem abertura para ter um diálogo com ele. Eu te conheço há tanto tempo. Sei que tem jeito doce e meigo para dialogar. Use esse dom com o Matheus. Você vai ver que vai dar tudo certo._ Jonas o deu um beijo na testa, que o fez sorrir e sentir uma paz interior.

_ Obrigado, amigo. Foi muito bom desabafar com você. Eu estava me sentindo sufocado. Você tem razão. Eu vou conversar com o Matheus. Me deseje sorte?

_ Você nem precisa de sorte. Tu é foda. Vai conseguir resolver essa situação de boa...vem cá, meu chapa.

Jonas o abraçou. Bruno entrou anunciando que o almoço já estava para ser servido.

Dona Chiquinha comprou uma mesa enorme com capacidade para dez cadeiras. Ele adorava reunir a família para grandes refeições.

Mandou servir Bruschettas como entrada, bacalhoda à portuguesa como preto principal e petit gateau com sorvetes de creme com calda de chocolate para a sobremesa.

Após o almoço, todos se reuniam na sala e conversavam descontraidos. As gargalhadas e vozes eram ouvidas do outro lado portão.

Rose levantou para atender uma ligação e retornou alguns minutos depois, anunciando que teve um problema na loja e que precisava ir embora.

_ Ah, que pena que você já vai, minha querida._ Jorge disse beijando a sua mão e recebeu um olhar repreendedor da esposa.

_ Eu vou contigo._ disse Patrick.

Olivia protestou, querendo aproveitar mais a presença do amigo.

_ Ah, mas não vai mesmo! Eu quase não te vejo e você já quer correr? Fique mais um pouco.

Além dela, todos insistiam que Patrick ficasse. Jonas prometeu o levar para a casa mais tarde.

Fazia tempos que Patrick não tinha um dia tão agradável. Conversar e rir com os amigos o fez esquecer da sua situação. Eles passaram a tarde conversando, jogando jogos de tabuleiros e gargalhando relembrando momentos felizes que tiveram na vida, o que deixou dona Chiquinha muito feliz.

Na hora da partida, ela implorou que Patrick comparecesse a sua festa no sábado. Mas, ele temia estar em público.

_ Venha, meu querido. Eu já falei com a Renatinha e ela me garantiu que vem. Aí aproveita e vem com ela, trazendo o Matheus, é claro.

_ Eu não sei se ele vai querer vir.

_ Ah, vai sim. Diga a ele que eu faço questão da presença dos dois. Por favor, meu bem. Eu estou completando oitenta e cinco anos. Vai que seja o meu último aniversário?

_ Que horror, dona Chiquinha! A senhora ainda vai viver muito!

_ Nessa idade, meu filho, um minuto de vida é uma dádiva.

Rafael sentou no braço do sofá e pôs o braço no ombro dela.

_ A senhora ainda vai viver muito. Afinal, tem que nos ajudar a cuidar dos nossos futuros filhos.

_ Eu adoraria. Aliás, quando você e a minha neta vão me dar bisnetos?

Olivia revirou os olhos para cima.

_ Um dia, vovó...um dia!

_ Eu não posso morrer sem ter tido bisnetos. O mesmo vale para vocês dois, Bruno e Jonas.

_ Iiiii! Não podemos prometer nada, dona Chiquinha. _ disse Bruno sorrindo.

_ Ah, mamãe, a senhora tá velha, mas não está caduca. Como que Jonas e Bruno vão te dar netos? Só se o Bruno pari pelo cu. Se ele for a mulher da relação.

_ Jorge, como você é desagradável!_ exclamou dona Chiquinha.

_ Sogrinho "querido", o senhor nunca ouviu falar em inseminação artificial com barriga de aluguel? Conhece a palavra adoção? Esses são os meios que podemos utilizar caso eu e o Jonas quisermos ter um filho.

_ Do jeito que o mundo está mudado, não duvido nada que daqui a pouco vai ser possível um homem engravidar. Agora para parir que será pedreira._Jorge ria da própria piada sem graça.

Quando Rose entrou na sala de Renata já havia anoitecido. A chuva deu uma trégua, mas as nuvens ainda estavam carregadas e o frio dominava o ar. Ela entrou falando pelos cotovelos sobre coisas da loja.

Cumprimentou a amiga, que estava sentada no sofá, vestida com um conjunto de moletom rosa claro, coberta com uma manta, lendo um livro.

Rose sentou no sofá em frente, cruzando as pernas, ajeitando os cabelos para o lado.

_ Aquela menina é muito lerda. Você acredita que os fornecedores ligaram e ela não anotou o recado? Quase que perdemos mercadorias. Olha, do jeito que está vamos ter que demiti-la. Eu sei que você tem pena e..._ Rose parou de falar ao perceber que Renata estava concentrada na leitura. Ela sorria com um dedo na boca e se abanava com a mão.

_ Renata! Ranaaataaaa!

Renata a olhou sorrindo.

_ O que foi, amiga?

_ Eu estou aqui falando contigo e você nem aí.

_ Ah, desculpa. É que eu estou frissurada neste livro._ Ela virou a capa mostrando a Rose. O título era Ma petit princesse.__ É um romance hot sobre um professor de literatura francesa e uma aluna. Menina, eu tô passando mal com esse Eric Schneider! Que homeeeem! Ele é lindo, sensual e muito gostosoooo! Sério, eu serei eternamente grata ao Patrick por ter me dado este livro. Se bem que o Eric poderia vir de brinde. Que homem, meu deus! Que homem!

Rose sorriu animada.

_ Ah, eu já li esse livro. Li numa sentada só. Amiga, eu fiquei toda molhadinha lendo as cenas desse Eric. Ele faz a Nívea gozar de um jeito, que eu nem a julguei por dar para o professor. Até eu senti vontade de ter aulas de literatura francesa.

_ Eu quero um Eric Schneider na minha mesa pra ontem._ Renata dizia animada, batendo com a mão no braço do sofá.

_ Nem te conto. Vai ter o segundo volume!

_ Sério?! Aí meu coração!

_ Eu li uma entrevista com a autora, a Ana Luíza, ela confirmou a segunda parte e, futuramente, um livro com a história contada pela versão do professor gostoso.

_ Minha filha, eu sou capaz de acampar na porta da livraria só para adquirir os próximos livros da série.

_ E eu juntinha. Não perco por nada as aventuras sexuais do professor mais gato da literatura.

_Rose, aproveitando o assunto, vamos imitar a Melissa Amorim e pedir uma pizza?

_ Que boa ideia! Eu vou ligar para a pizzaria do Jonas.

A conversa delas foi interrompida com a entrada de Matheus na sala. Ele trazia um buquê de rosas vermelhas e três rosas solitárias.

O loiro entrou cumprimentando-as com beijos nos rostos e entregou uma rosa a cada uma.

_ Olha que cavalheiro esse meu sobrinho!

_ O meu filho, quando quer é um lord.

_ E essas aí na sua mão? _ Rose perguntou sorrindo já sabendo a resposta.

_ A solitária é para a minha avó e o buquê é para o meu amorzinho.

_ Hoje é alguma data especial, meu filho?

_ Não, mãe! Eu passei perto da floricultura e resolvi comprar pra vocês.

_ Oh, que fofo!_ Rose apertava as bochechas._ Hoje a noite promete, hein Matheus.

Matheus sorriu empolgado com a possibilidade de ter uma noite de amor com Patrick e, ao mesmo tempo, envergonhado por ser a sua tia a lhe dizer estas palavras.

_ Eu vou lá dentro dar um beijo no meu bebê.

_ Patrick, não está.

Matheus olhou espantado para a Rose.

_ Como assim não está?

_ Eu o levei na casa da dona Chiquinha. Hoje é o aniversário dela e ela adorou ver o Patrick.

A seriedade possuiu o rosto de Matheus. E Renata temia que o filho arrumasse uma briga.

_ E como ele vai vir embora, se você está aqui, tia?

_ O Jonas vai trazê-lo. Ele acabou de mandar uma mensagem dizendo que está trazendo o Patrick.

Matheus respirou fundo, sentando no sofá, pondo o buquê ao lado. Apoiou os cotovelos nos joelhos e as mãos na cabeça. O seu peito se estufava e afundava dançando no ritmo da sua respiração.

_ Matheus, não precisa se preocupar! O Patrick está bem.

Eles ouviram o da buzina de um carro vindo do portão de casa e a voz de Jonas gritando "Oh, de casa!"

_ Ai, tá vendo? Eles já chegaram.

_ O Patrick veio mesmo com o Jonas?!

_ Meu filho, pelo amor de deus! Vê se não vai envergonhar o seu marido.

Matheus levantou às pressas, indo para fora da casa. Renata temia uma briga e foi atrás, seguida por Rose.

Patrick estava sendo posto na cadeira com a ajuda de Jonas e Bruno estava ao lado quando Matheus chegou com a cara emburrada. Passou por eles sem responder os cumprimentos de Jonas, deixando Patrick envergonhado. Puxou a cadeira da mão de Jonas com brutalidade.

_ Vamos entrar, que está muito frio aqui fora.

_ Matheus, não precisa puxar a cadeira deste jeito. Você vai acabar machucando ele.

O olhar furioso de Matheus não era desconhecido por Jonas. Recordou que sempre recebia esse olhar quando o ex-namorado estava com ciúmes.

_Matheus, pega leve com ele.

_ Quem você pensa que é para falar assim comigo?

Encostado no carro, Bruno disse:

_ Venha, amor, antes que esse aí comece o barraco.

Uma onda de ódio invadiu o corpo do loiro de uma forma tão intensa, que ele não conseguiu se conter.

_ E você, cale a boca!

Nervoso, Patrick tremia, com os olhos arregalados.

_ Matheus, pelo amor de deus!

_ Olha como você está deixando o seu marido!

_ Tome conta da sua vida, Judas! Com um traira dentro de casa, você ainda quer se preocupar com o casamento alheio? Se toca!

Bruno olhou para Jonas desconfiado.

_ O que você está insinuando, Matheus?

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Comentários

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Quero ver o Dani tocar o terror e quebrar a cristá dos dois! E o Patrique tem q falar pra q tds cercam! Super proteção é foda! Amo como vc escreve Arthur!!!

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Leiam o próximo capítulo. Muitas emoções

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E sim! A parte do Jonas para mim é a melhor da história 🤷🏻‍♂️.

Pensei que fosse ter mais hot dele com o Daniel kkk

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Ah! Olha, eu não gosto do Mateus e é fato. Mas, ele e o Bruno são primos e dada as circunstâncias que foi a história do Bruno e Jonas talvez num futuro os primos consigam conviver sem tanto rancor. O Mateus se unir ao Daniel será um retrocesso ao personagem que está num processo de evolução e tudo mais.

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É capaz do Mateus se aliar a Psicopata da coreana falsificado e juntos Tentariam acabar com o Casal Jonas e Bruno. Os JoBrun

aaaaaaah que ansiedade para ver um capítulo Onde a Dani quenga pilantra Leve uma surra bem feia hahahahaha.

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@UmLeitor concordo plenamente com você

fortes emoções aguardam nos próximos capítulos huuhhhuuuhh.

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A_Escritora, fico feliz q gostou da homenagem. E eu amo ler as teorias de vcs kkkk

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Umleitor , "_ Você sabe que eu posso até ser bonzinho, mas quando quero ser mal, eu capricho. " pensei que vcs tinha a referência, quando Bruno disse isso. 😉

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As teorias regem as histórias do nosso querido escritor haushahahuaahha

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Amei o capítulo! A mentira vai ferrar o Jonas. Já que ele vai fazer tudo pra não ser descoberto e o Daniel deve usar isso pra ter ele ou o dinheiro dele, mas, como ele está apaixonado a chantagem deve ser o Jonas ficar com ele uma última vez, ele filmar e manter a chantagem ou algo no gênero. A verdade é que estou cheio de teorias kkkkkkk.... Acabei me lembrando que o Bruno terminou o 1º livro toda assassina misteriosa rindo do morto e até agora nada foi mencionado. O Daniel que fique atenta ao veneno alheia que quem mata um, mata dois.

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Excelente EP....

Daniel está se lascando, mas algo me diz que isso está longe de acabar.

Pessoas como Daniel são totalmente manipuladoras, e uma manipulação doentia, que machuca, que é capaz de fazer qualquer coisa para se dar bem.

Suma maioria das pessoas tem a capacidade de manipular, mas os escrúpulos nos impedem de fazer certas coisas, mas para alguém ruim, escrúpulos não significa nada.

Patrick e Matheus tiverem um momento em que puderam se "esquecer" da vida e dos problemas que estão passando.

Patrick necessita ter uma conversa seria com Matheus, e dizer o que está lhe incomodando, afinal ser grato a pessoas não significa concordar com elas em tudo e para tudo.

Matheus deixou Bruno com um cachorro todo atrás da orelha com a ultima frase. E para quem já está desconfiado qualquer coisa já é um motivo para desconfiar mais ainda.

Vem em mim EP 19!

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O livro citado é da A_Escritora (👇🏼👇🏼👇🏼)

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