As cores verde e amarelo dominavam as ruas da comunidade. Estavam nos postes, nos desenhos dos muros das casas, nas bandeiras de plásticos penduradas nas ruas.
Naquele domingo ensolarado seria transmitido pela TV mais uma partida de futebol com a seleção brasileira em campo contra a Dinamarca.
O cheiro da feijoada vindo da panela de pressão apitando na cozinha do terraço de Renata exalava por toda a casa.
Ela convidou os amigos e o namorado para assistirem a seleção brasileira em campo.
Marquinhos transferiu a TV de 50 polegadas da sala para o terraço, onde ficou no painel no centro do local. Ela quis alugar algumas mesas e cadeiras no boteco do Alexandre, mas devido aos anos de amizade, o comerciante não cobrou pelas cadeiras e mesas.
Para entrar no clima da copa, Patrick e Emily decoraram o terraço com as bandeirinhas juninas de cores verde e amarelo.
Enquanto Renata preparava a feijoada, Patrick e Emily a ajudavam nos cortes, ele cortando a couve manteiga e a adolescente no bacon e linguiça calabresa para compor a farofa.
Matheus subiu ao terraço trazendo com Marquinhos uma caixa de cervejas para pôr na geladeira.
_ Filho, você não viu o carro da sua tia Rose subindo o morro?
_ Não. Ela vai vir?
_ Vem. Ela acabou de me passar uma mensagem dizendo que estava a caminho._ Renata, ajeitando a toca de rede nos cabelos e secando a mão no avental.
_ O imbecil do Bruno vai vir?_ Matheus perguntou sério com a possiblidade de ter um sim como resposta.
Renata manteve o rosto concentrando na panela, fingindo que não ouviu a pergunta do filho.
_ Mãe! Oh, mãe!
_ Oi, meu bem.
_ Me responda!
_ E se ele vier? Ah, palhaçada isso! Supera!_ respondeu Emily irritada.
_ Cala a boca, pirralha! Mãe, nem precisa responder. Pelo seu silêncio, já sei que convidou o Bruno.
Para tentar amenizar o clima, Patrick se aproximou de Matheus o abraçou, apoiando a cabeça na sua barriga.
_ Mô, tô com vontade de tomar um cafézinho. Faz pra mim?
O jeito meigo e o sorriso de Patrick fez a raiva de Matheus se dissipar. Ele acariciou o rosto do ruivo e o beijou.
_ Uma hora dessas?!_ Emily perguntou pondo as mãos na cintura.
O celular de Renata tocou anunciando uma notificando uma mensagem no Whatsapp. Ela digitou sorrindo.
_ Pelo sorriso, garanto que a sogrinha está falando com o Wilson.
Todos fizeram "huuuum " para zoar a mulher.
_ Tá apaixonadinha, Renatinha!
_ Tô sim, Emily! Mas, o motivo do meu sorriso dessa vez não é esse.
_ O que é, sogrinha?
_ Além do Wilson, eu convidei a minha sogra e o meu cunhado Diego. Quando o Wilson chamou o Diego, ele perguntou se o Bruninho viria.
Matheus abriu um sorriso.
_ Quer dizer que o Diego tá interessado no Judas? Caralho! Jonas vai ficar muito putooooo!
_ Não vai não. Por que ninguém vai contar pra ele.
_ Quem disse que não, amor? O Betinho vai contar.
Patrick olhou estranhando Matheus. O loiro pegou o celular e mandou um áudio para Betinho.
_ Oh, Nhonho, tenho uma pra te contar. Não tem o Diego, o irmão do Wilson? Ele tá a fim do Bruno. Vai vir pra cá pra feijoada e o Judas também vem.
_ Ah, que maldade, amor.
Matheus começou a dançar.
_ O que você ganha com tudo isso, Matheus?_ perguntou Renata, girando a cabeça negativamente.
_ Como a diz a baleia "Eu quero que o mar pegue fogo para eu comer peixe assado".
Betinho respondeu a mensagem com uma figurinha de um boneco dançando e um áudio:
_ Bichaaaa, que babado! Brunosa já tá sentando em outro? Genteeee! Que perigosa! Já tô indo pra ir saber mais do babado.
Quando Betinho chegou, sentiu o cheiro de café da soleira da porta da sala.
_ Cheguei na hora boa!_ gritou, entrando na casa com uma sacola de plástico na mão.
Ao entrar na cozinha, flagrou Matheus e Patrick aos beijos.
_ Genta! Uma hora dessas e as bonecas já se pegando? Que pouca vergonha!_ Betinho disse entregando a sacola a Matheus._ Eu trouxe a cerveja para a linguaruda não dizer que eu só como de graça.
Matheus pegou a sacola.
_ Cara de pau, você trouxe um litrão!
_ Eu ainda não recebi, pitibul boiola! Foi o que o deu para trazer._ Betinho olhou um bolo de cenoura na mesa._ Ah, eu quero um pedacinho. Quem fez? Garanto que ou foi a Patricka ou a Renatissima, a senhora preguiçosa é que não foi.
_ Aí que você se engana, irmã. Meu príncipe fez pra mim._ Patrick disse sorrindo abraçando Matheus pela barriga.
Betinho pegou no armário um pratinho, um garfo e uma faquinha. Sentou na mesa cruzou as pernas, cortpu o bolo e se serviu.
_ Hum! Até que enfim você prestou pra alguma coisa, Matheusona. Tá bom! Amiga, você deu uma boa surra de bunda e de pau na maricona aí. Só você mesmo para convencer a preguiçosa a fazer alguma coisa.
_ Eu nem vou perde o meu tempo te respondendo, baleia. Amorzinho, vou por o seu cafézinho.
_Eu também quero, Matheusa, mas com adoçante. Eu estou de dieta.
_ De dieta enchendo o cu de bolo? Ah, para de palhaçada!
_ Vem cá. Vocês vão na parada LGBT?
_ Eu não vou não. Ainda não me sinto bem para ficar no tumulto.
_ E você, veado? Vai ir? As sapatosa vão.
_ Claro que não, anta! Se o Patrick não vai o que eu vou fazer lá? Ao contrário de tu, que é uma baleia encalhada, eu sou um homem casado.
_ Hum! Não precisa humilhar, Matheusa!
_ Você pode ir, amor. Vá com as meninas. Você precisa se divertir um pouquinho.
Matheus o abraçou e o beijou no rosto.
_ Eu vou me divertir sim, mas vai ser naquele quarto com a minha ferruginha.
Patrick sorriu empolgado.
_ Eu quero ir, mas o índio papa cu anda de ovo virado porque tomou um pé na bunda da Brunosa. Ele não vai me liberar. Só se eu inventar que estou me sentindo mal.
_ Você vai perder tempo. O Rafael vai vir com a Olívia para a feijoada.
_ Ah, não!
_ Deixa de ser preguiçosa e vai trabalhar.
_ Você tem macha, Matheusona! Eu quero pegar uns hoje. Que saco! Quer saber vou perturbar o Rafaelo até ele me liberar.
_ Então, irmã, torça para o Brasil ganhar o jogo. Caso o contrário, Rafael vai ficar puto e não vai te deixar a ir à lugar nenhum. Você sabe que futebol afeta o humor dos héteros.
_ Ah, minha Santa Aparecida, faz esse Brasildo ganhar esse jogo, pro Rafaelo ficar muito bonzinho e me deixar faltar hoje para ir à parada._ Betinho disse olhando cruzando os dedos, olhando para cima._ Mas, vem cá, me conta o babado da Brunosa e Dieguete.
Matheus sorriu, sentando ao lado de Betinho.
_ Você nem imaginaPor mais que Bruno tentasse demonstrar para os outros que havia esquecido o amor que sentia por Jonas, a saudade do marido se vazia presente constantemente.
Sentia tanto a casa, quanto o seu mundo vazio pela ausência de Jonas. As lágrimas escorriam todas as noites, antes de dormir, ao olhar o outro lado da cama vazio.
Mergulhou de cabeça no trabalho para tentar esquecer o grande amor da sua vida. Evitava ficar em casa, passando mais tempo na casa de Rose.
Naquele domingo, se via deitado no sofá da sala da sua mãe, coberto com uma manta, olhando para a TV sem prestar atenção na programação exibida. Lamentava-se que o seu casamento tinha chegado ao fim, sentindo a alma doer.
Havia recusado o convite dos amigos para ir à parada LGBTQIA+. Seu estado de espírito estava tão para baixo, que nada ligado a festejo o animava.
Rose entrou na sala exalando perfume. Os seus longos e lisos cabelos negros estavam soltos e os lábios carnudos pintados de cobre, a mesma cor da suas unhas. Vestia uma blusa justa amarela com as mangas e gola verde, escrito "Hexa" com letras verdes na direção dos seios. A calça jeans justa valorizava as suas pernas grossas e o seu bumbum avolumado. Os seus saltos valorizavam ainda mais o seu andar rebolativo.
_ Nossa! Toda essa produção é para assistir o jogo na casa da minha tia? Tá de olho e quem, dona Rose?
_ Eu não sei que produção! Estou vestida de um jeito muito simples.
_ Você sabe que é linda e que está atraente com essa roupa. A minha você não engana, dona Rose. Sei que está a fim de alguém. Às vezes, te pego pensativa e suspirando. E acho que até imagino quem seja._ O olhar de Bruno, arqueando as sobrancelhas a deixou incomodado. Como se ele pudesse ler os seus pensamentos.
_ Você anda imaginando demais. Ponha uma roupa e venha comigo. Eu não te deixar em casa mais pra baixo que barriga de cobra.
_Ah, mãe, eu não vou não. Vou ficar por aqui mesmo. Não tô nem um pouco a fim de...
_ Já sei..."eu não quero aturar o Matheus. " A sua tia mandou te convidar e quem manda na casa é ela. Vocês dois são primos e vão ter que aprender a se tolerarem nem que seja na marra. É simples, fica cada um no seu canto e pronto. Renata me garantiu que pediria ao Patrick para falar com o seu primo.
_ Até parece que vai adiantar alguma coisa.
_ Claro que vai! Patrick é a única pessoa que bota freio em Matheus. Eu não quero te ver assim tristinho, meu filho. Você precisa sair um pouco, se divertir. Olha, os seus amigos vão estar lá. Os casais Cinthia e Isabel, e Rafael e Olivia. Você pode se distrair conversando com eles.
Rose insistiu tanto que acabou conseguindo convencer o filho a ir.
Bruno não quis se vestir a caráter para assistir o jogo. Optou por uma calça de moletom preta e uma jaqueta e um par de tênis de mesma cor, pondo óculos escuros.
_Pra que se vestir nesse jeito, menino? Parece que está de luto.
_ Estou vestido como um viúvo que sou._ na verdade Bruno se lembrou que Jonas adorava vê-lo de preto, dizia que essa cor caía muito bem na sua borboletinha.
Quando Bruno chegou, os seus casais de amigos já haviam chegado. Depois de todos os presentes, exceto Matheus, Bruno se uniu aos amigos, sentando na mesma mesa que eles.
Olívia ficou séria e levantou da mesa sem dizer uma palavra, indo sentar ao lado de Matheus, Patrick, Betinho e Leninha, que estavam na mesa ao lado. Todos se sentiram desconfortáveis com a reação da moça, mas ninguém quis comentar.
Para amenizar, Cinthia puxou um assunto.
_ Até que enfim a borboleta saiu do casulo. Você sumiu dos rolês, Buba. Até parece que não tem mais amigos.
_ A vida tá corrida. Estou tendo muitos trabalhos e pepinos para resolver.
Rafael ficou desconcertado ao ver o olhar sério da mulher sobre ele, indicando para que fosse se unir a ela.
_ Você precisa sair mais, Bruno. Se divertir um pouco. Eu mesmo já dei uma acalmada no ritmo de trabalho. Estava ficando muito exausto. Assim que estrearmos a próxima pizzaria, vou viajar em férias com a Olívia.
_ Faz bem, Rafa. Você merece descansar._ Bruno ficou em silêncio por alguns segundos, sentindo o peso do remorso sobre o seu coração. _ Rafael, eu quero te pedir desculpas pela minha atitude ridícula de desconfiar de ti. Eu me sinto um imbecil por ter me deixado manipular por aquela cobra e feito o que fiz. Você pode me perdoar?
Rafael tocou em seus ombros, sorrindo.
_ Não esquenta a cabeça com isso não. Eu sempre fiquei de boa com isso. Só lamento PA sua situação com o Jonas. Eu gosto tanto de vocês dois juntos.
_ Eu vou confessar que apesar dos vacilos do Jonas e de não concordar nem um pouco com a merda que ele fez, eu também lamento pela crise na relação de vocês. Puxa, vocês se amam tanto.
_ Cinthia, eu o amo... amava tanto. Ele nunca me amou. E o que está acontecendo entre nós não é uma crise, é o fim. A nossa relação acabou.
_ Eu acho que você deveria repensar. Cara, dar um refresco pra sua mente antes de tomar uma decisão tão radical! Vocês se amam e passaram por muitas coisas juntos! O Jonas te ama sim! E muito. O problema é que tanto você quanto ele caíram na lábia da cobra do Daniel.
_ Cinthia, Jonas quebrou junto com o meu coração qualquer possibilidade de confiança que eu pudesse depositar nele. E além do mais, eu estou muito bem. Estou feliz assim.
_ Hã Ham! Sei!
Rafael levantou.
_ Gente, eu vou sentar perto da Olivia.
_ Vai lá._ respondeu Isabel._ Buba, vamos à parada? Você precisa se distrair.
_ Ah, não vou não. Vou ficar por aqui mesmo é depois vou voltar pra casa com a minha mãe.
Na outra mesa, Olivia cruzava os braços, bufando de raiva. Rafael sentou ao seu lado, beijando o seu rosto.
_ Calma, meu amor.
_ Calma é o caralho! Eu não suporto olhar pra cara do Bruno depois do golpe que ele deu no meu irmão.
_ Que golpe, Olivete? Essa eu não tô sabendo.
_ Foi nada não, Betinho.
_ Foi sim! O Rafa não quer contar, mas eu vou dizer.
Enquanto Olivia narrava o episódio da casa, Matheus tirou os olhos do celular e ouvia sorrindo. Patrick se sentiu desconfortável, temia que Matheus dissesse algo que ofendesse a Jonas e deixava Olivia brava.
_ Jesuuuuus! Gente, e eu pensando que a Brunosa fosse Paulina, mas na verdade ela é Paola Bracho! Eu tô chocada que nem pinta!
_ É um safado golpista! Se aproveitou do meu irmão para tirar dinheiro e a casa dele.
Matheus mordia o lábio sorrindo em silêncio prestando atenção na conversa.
_ Eu sinceramente, não fico nem um pouco admirada! Eu gosto muito do Bruninho, mas sei que ele não é flor que se cheire. Filho de quem é, e se teve coragem de tomar o macho do primo, um golpe não me surpreende. _ disse Leninha, antes de mastigar uma garfada da feijoada.
_ Não houve golpe nenhum. O Bruno disse que voltaria pra casa se Jonas cumprisse algumas exigências. E ele fez o combinado. Em nenhum momento Bruno disse que voltaria pro Jonas. Ele é que tirou conclusões precipitadas.
_ Você vai ficar do lado de quem, Rafael? Do idiota do Bruno ou do seu melhor amigo?
_ Eu não estou do lado de ninguém. Só estou dizendo a verdade. E como eu te disse antes, isso é briga de casal e o melhor é não se meter. Depois eles reatem e nós é que ficamos mal.
Diego entrou no terraço acompanhado de Wilson e a madrasta. Vestia uma calça esportiva branca e um jaqueta grande da seleção brasileira.
Matheus cutucou o braço de Betinho.
_ Ali, Nhonho, olho só quem chegou.
Patrick o olhou de um jeito repreensivo, semi fechando os olhos.
_Ih, Olivete, nem te conto. Você sabia que tá rolando um clima entre a Brunilda e o aquele cara ali ó.
_ Qual cara?_ Olivia perguntou olhando para o lado que Betinho apontava.
_ O gostoso dos olhos de mel. Brunosa foi rápida no gatilho.
_ Filho da puta! Depois quer dar lição de moral no meu irmão.
_ Bom, eu acho que...
_ Você não acha nada, Matheus!_ repreendeu Patrick, olhando sério para Matheus.
_Tudo bem! Eu não acho nada!_ Matheus disse fazendo simulando fechando um zíper na boca.
Diego passou pela mesa de Bruno cumprimentando a todos. Deu três beijos nos rostos das meninas e penetrou um olhar fulminante em Bruno, apertando firme a sua mão.
Bruno se sentiu com as pernas bambas e um frio percorrer pela sua espinha.
O jogo começou e todos ficaram concentrados na partido. Para zoar, Marquinhos aumentou a TV e puxou o canto do hino nacional, onde todos cantaram em ritmo de funk e errando a letra.
A cada gol adversário gritos de palavrões e xingamentos regia o coro dos telespectadores. Brasil terminou o primeiro tempo, sem ter marcado um gol e Dinamarca fez dois.
Os ânimos estavam acalourados. Todos presentes estavam tensos e raivosos. Betinho era o mais preocupado. Vendi Rafael irritado, temeu a derrota da seleção brasileira, perdendo a chance de ganhar uma folga.
No segundo tempo, o jogo virou. Brasil conseguiu marcar três gols em cima da Dinamarca, revertendo a situação e se tornando o campeão da partida.
Som de fogos de artifício misturados com gritos e cornetas dominavam a comunidade. Pessoas saíram de suas casas tocando tambor e se abraçando na rua.
Casais se beijavam, crianças pulavam. O país inteiro se unia para celebrar mais uma vitória com os corações esperançasos para que o Brasil trouxesse a sexta taça de ouro.
"Ouviram do Ipiranga as margem plácidas de um povo heróico retumbante " foi tocado em remix de funk, todos dançarem. As mulheres rebolavam até o chão e os homens dançavam por trás delas.
Copos de cervejas erguidos no ar.
Betinho rebolava com as meninas num ritmo tão frenético, que as bundas pareciam ter vida própria.
Para aumentar a sua alegria, Wilson pôs o hino do Vasco da Gama para tocar, dançando abraçado com Rafael e outros vascaínos.
Flamenguistas e torcedores de outros times mostraram os dedos do meio.
Para se vingar, Renata assumiu o som pondo o hino do Flamengo para tocar, fazendo a maioria dos presentes comemorar o restante vaiar mostrando o dedo do meio.
_ Mengoooo! Porraaaa!_ gritavam Renata e Marquinhos.
As comemorações seguiram com músicas e danças. A feijoada fez sucesso entre os convidados.
_ Rafaelo, você podia aproveitar a sua alegria e me dar uma folguinha para eu ir à parada LGBTQIA +?
_ Só se você me dar uma mamada! Vai me dar uma mamada?
_ Uuuiiii! Eu dou com gosto!
_ Ih, perdeu, Olivia!_ disse Isabel gargalhando.
_ Perdi mesmo. Eu sempre suspeitei que neste mato tinha coelho. _ brincou Olívia sorrindo.
O karaokê foi ligado. Cinthia foi a primeira é se juntar com Marquinhos para cantar Evidências.
Outros revezaram e Matheus foi em seguida, cantando É o boi, de Claudinho e buchecha. Cantava rindo olhando para Bruno.
O jornalista cruzava os braços, não conseguindo disfarçar a raiva.
Percebendo que a provocação estava fazendo efeito, Matheus mudou a música para Não mexa com este corno, de Samuel Dantas.
_"Não mexa com este corno
Ele está muito zangado
Ele vivia enganado
Sem saber que sua amada lhe botava um par de guaia."
_ Sério, eu vou embora antes que eu parta a cara desse moleque.
_ Calma, Bruno. É isso que ele quer que você parta pra cima primeiro para assim ele sair como vítima. _ disse Isabel, tentando acalmar o amigo.
_ Se eu não sair daqui, é isso que vai acontecer.
_ Vamos à parada LGBTQIA + com a gente?
_ Vamos. É melhor do que eu ficar aqui aturando as gracinhas do Matheus.
_ Eu vou chamar a Cinthia.
As meninas partiram na moto de Cinthia e Bruno no próprio carro levando Betinho, que pediu uma carona.
Diego, em silêncio, lamentava saida de Bruno. Como não estava disposto a perder. Resolveu ir à parada também. Despediu-se da família sem dizer para aonde ia. Montou na moto e partiu em busca de Bruno.
....
As ruas estavam coloridas mesclando a bandeira do arco-íris e as cores verde e amarelo nas roupas das pessoas e bandeiras que voavam. A cidade estava em festa.
Apesar da alegria de todos a sua volta, Bruno ainda permanecia triste sentindo falta de Jonas.
Para a sua supera a viu o marido caminhando em direção a eles. Bruno sentiu a boca secar e o coração bater acelerado. O jornalista ficou encantado vendo o marido usar uma camiseta branca que valorizava os seus braços magros e o seu peito firme. O boné com a aba para trás lhe dava um ar jovial e a bermuda jeans rasgada valorizava as suas nádegas e volume. Nós pés, um par de chinelos kener pretos.
Jonas se aproximou beijando os rostos das meninas e abraçando Bruno, deixando nele o perfume que o Bruno o presenteou em seu aniversário.
_ Como você está?_ Jonas perguntou com doçura na voz. Olhando para Bruno de um jeito terno.
_ Bem._ o jornalista respondeu deu jeito frio, evitando olha-lo para não deixar trasnsparecer o seu nervosismo.
_ Deicidiu vir, Jonas?_ perguntou Isabel.
_ A Olívia e o Rafa me perturbaram para eu poder vir. E até agora esses filhos da puta ainda não chegaram. Eu não tava a fim de vir, mas, agora, percebo que fiz bem em vir._ disse olhando para Bruno sorrindo.
_ Amor, vamos ao banheiro?_ Perguntou Cinthia a Isabel, para deixar o casal a sós.
_ Vamos sim.
_ Eu vou com vocês.
_ Buba, você entrar com a gente no banheiro químico feminino?
_ Eu aguardo na porta, Cinthia.
_ Pare de bobeira e espere a gente aí.
_ Por enquanto, você pode ir comprando as cervejas, Betinho.
_ Já tô indo.
_ Eu vou contigo, Betinho.
_ Vai nada, Brunosa. Pode ficando aí, senão os boys vão pensar que você é o meu namorado e aí eu não vou pegar ninguém. Sossega o cu perto do seu marido que a gente já volta.
Os três saíram e Bruno permaneceu fingindo ignorar Jonas.
Arrepiou-se ao ouvir a voz grossa do marido em seu ouvido, dizendo:
_ Você fica um espetáculo de preto. Eu fico doidinho.
_ Eu conheço um ótimo psiquiatra. Vai ser bom para a sua doideira.
O sorriso safado de canto que Jonas deu, deixou Bruno louco de tesão. Para ele manter a pose de durão estava sendo uma tarefa muito difícil.
_ Vem cá, essa boquinha aí ela só dá fora ou beija também?
_ Beijar ela beija, mas não a qualquer um. Para os decentes ela beija e muito bem, mas para os canalhas ela só dá fora.
_ Eu só aviso que não tenho auto-controle. Com tesão que tô aqui e com essa boquinha linda a disposição, eu não sei se vou me conter em não te agarrar.
_ Você não é louco!_ Bruno sentia o tesão bater a flor da pele.
_ Se ficar bravinho aí a piroca sobe. E depois que subir, tu sabe como eu fico tarado.
_ Idiota!
_ Gostoso!
Jonas o puxou para si, com uma mão agarrando na bunda e a outra a cabeça para impedi-lo de sair do beijo.
A princípio, Bruno tentou se debater para se livrar dos braços do amado, mas acabou se deixando dominar e se entregando ao prazer.
Betinho chegou gritando e batendo palmas.
_ Fuegoooo! É hoje que a cama vai tremer!
Bruno empurrou Jonas, envergonhado por ter cedido aos beijos deixando o seu orgulho de lado.
_ Nunca mais me aguarre desse jeito! Eu não sou a puta que você se esfregou dentro da nossa casa! Mais respeito comigo!
_ Iiiiiii! _ gritava Betinho, satisfeito com o barraco.
_ O que você fez foi ridículo! Me agarrar desse jeito!
_ Ah, para de bobeira que a senhora tava gostando!
_ Cala a boca, Betinho! Nunca mais faça isso, Jonas!
_ Fazer o quê? Te beijar? Eu vou te beijar sim. Sou o seu marido e tenho esse direito.
_ Você é um nojento! Tenha vergonha na cara! Você não é mais o meu marido e mesmo de fosse teria que ter a minha permissão para me beijar!
_ Vem cá. Você tá muito bravinha. Vem que o Jojo te acalma, minha borboletinha.
_ Borboletinha é o caralho!
Bruno saiu correndo furioso e Jonas foi atrás, penetrando no meio da multidão.
Bruno andava nervoso. Sentia ódio pela situação e por ter sido fraco.
Gelou ao sentir uma mão no seu ombro. Virou com brutalidade acreditando ser Jonas. Tinha a intenção de xinga-lo. Mas para a sua surpresa, era Diego.
_ Fala aí. Beleza?
Diego sorriu, deslizando o dedo nos lábios. Puxou Bruno pela mão e o beijou.
O beijo quente do rapaz o deixou sem fôlego. Seu corpo se arrepiou e o pau endureceu no mesmo instante.
Ao abrir os olhos, viu que Jonas os olhava furioso do outro lado da calçada. Sorriu vendo o marido vindo em sua direção com os punhos fechados.
_ Vamos para um lugar mais reservado.
_ Bora. Tô de moto.
Bruno puxou Diego pela mão e ambos subiram na moto antes que Jonas os alcançassem.
_ Brunooooo! Volta aqui, caralho! Eu vou matar vocês, seus merdas!_ Jonas gritava vendo Bruno sair da garupa da moto de Diego.
....
Cinthia e Isabel dançavam na rua e se beijavam apaixonadas. Três homens vestidos com a blusa da seleção brasileira pararam perto delas sorrindo com a mão no pau.
_ Isso sim me excita!_ disse um deles.
O outro tocou no ombro de Cinthia, a fazendo interromper o beijo.
_ Vem cá, as gostosas aí não querem mais um para participar da brincadeira?
Cinthia o olhou com ódio e mostrou o dedo no meio, voltando a beijar Isabel. Os homens gritaram.
_ Esquentada a vadia._ Ele disse dando um tapa na bunda de Isabel, andando em seguida.
_ Que filho da puta! Ele bateu na sua bunda!
_ Deixa pra lá, amor. Vamos continuar curtindo._ Isabel disse abraçando Cinthia. Ela já sabia o quanto a mulher era esquentada e temia que Cinthia arrumasse alguma confusão.
_ Isso não vai ficar assim! Quem esse otário pensa que é para te tocar desse jeito? Isso foi assédio! Ninguém assadia mulher nenhuma na minha frente!
_ Cinthia, fica de boa. Você não conhece esses caras.
_ Eles é que não me conhecem!
Cinthia partiu furiosa em direção ao bar que os homens foram. Ela andava tão depressa, que Isabel não conseguiu alcançá-la.
Isabel se sentiu aliviada ao ver Rafael, Olivia, Betinho e Jonas do outro lado da calçada e foi até eles pedir ajuda.
Jonas esbravejava falando de Bruno, impedindo Isabel de se expressar.
Cinthia chegou no bar, socando a mesa.
_ Que porra é essa de tocar com essas mãos imundas na bunda da minha mulher?! Tá pensando o que, Otário?
Os homens riram da mulher magrinha e baixinha falar com tanta marra.
_ Olha que franguinha marrenta! O que que foi? Quer levar uns tapas nessa bundinha gostosa também? Não seja por isso.
O rapaz a pegou no colo, e a pôs com bunda para cima dando vários tapas.
_ Tá gostando, sapata safada?
Os outros dois ao lado gargalhavam.
_ Gente, depois vocês falam do Bruno! Eu preciso de ajuda!
Os amigos olharam para Isabel, que finalmente pode narrar o acontecido.
_ Cadê ela?_ perguntou Jonas.
_ Foi para o bar.
Todos foram atrás.
Com o ódio fervendo em seu corpo, Cinthia pegou a garrafa de cerveja na mesa e quebrou-a no rosto do homem, atingindo perto dos olhos e testa.
_ Aiii! Piranha!
A mulher aproveitou que ele a soltou e levantou pegando uma cadeira e disparando em cima dele.
_ Isso é pra você aprender a respeitar as mulheres, seu merda!
Um dos homens a segurou, mas foi detido por Jonas que disparou um soco no rosto dele.
_ Não toque na minha amiga, filho da puta!
O homem partiu para cima de Jonas, disparando outro soco e Olívia pulou nas costas dele dando mordidas.
_ Não toca no meu irmão!
O terceiro homem reagiu indo em direção a Jonas, mas recebeu um chute giratório e um soco na boca. Cinthia ainda chutava o homem que feriu.
Para defender o amigo, que estava lutando com dois, Rafael entrou na briga disparando socos e recebendo alguns.
Betinho e Isabel só gritavam por ajuda e uma multidão se formava em volta filmando a cena.
A polícia chegou em seguida, levando todos os envolvidos para a delegacia.
Já passava da meia noite, quando Renata bateu na porta do quarto de Matheus. Chamava baixinho pelo nome do filho.
Ele levantou sonolento.
_ O que foi, mãe?
_ Vamos lá no meu quarto, que eu preciso falar com você._ ela disse sussurrando.
No quarto, Matheus sentou na cama. Estava assustado temendo que algo ruim pudesse ter acontecido.
_ O que houve, mãe?
_ Aconteceu uma confusão lá na parada LGBT. Parece que os seus amigos cairam na porrada com uns três homens. Todos foram parar na delegacia.
_ Caralho! E aí?
Renata respirou fundo.
_ Ao chegarem lá, a polícia puxou a ficha de todos os envolvidos na briga e descobriu que os três homens são uns dos agressores do Patrick.
Matheus arregalou os olhos, sentindo o coração bater acelerado, a garganta formava um nó e as mãos tremeram.