Escravo na terra dos Sheiks

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Homossexual
Contém 29496 palavras
Data: 03/07/2021 08:35:19

Escravo na terra dos Sheiks

De família remediada, a conquista do diploma universitário em gestão de turismo numa universidade privada significou muito para mim. Apesar de iniciar minha carreira profissional com uma dívida a ser quitada em cinco anos, após o período de carência de um ano junto ao FIES, eu comemorei minha formatura cheio de esperanças no futuro. Aos vinte anos com uma conquista dessas já realizada e, com uma ideia ainda fantasiosa na cabeça do que seja viver num país de terceiro mundo como o nosso, pautado pela desigualdade social, eu me pus a procurar por um emprego, pois além da obrigação de quitar meu financiamento estudantil, eu precisava colaborar com as despesas dentro de casa. A cada currículo enviado que, ou era simplesmente ignorado e não gerava uma resposta, ou vinha seguido de um ‘não’ justificado ora pela falta de experiência, ora pela indisponibilidade de vagas, fui me dando conta de que não seria nada fácil, para não dizer impossível, encontrar um emprego na área que escolhi. Ainda não chegava a ser uma desilusão, a juventude é dada a acreditar até em milagres, e eu contava com um deles.

Enquanto sonhava com esse milagre, fui me contentando com o emprego de vendedor numa loja de roupas masculinas num shopping perto de casa. Ali a falta de experiência não contou tanto e, minha facilidade de comunicação, extroversão e boa aparência contaram pontos na hora da contratação. Ao menos foi essa a impressão que tive durante a entrevista com o gerente da cadeia de lojas que, entre sorrisos de amabilidades ficava ajeitando a rola dentro da calça enquanto mantinha um olhar fixo e babão pousado sobre meu rosto harmonioso e a minha bunda carnuda. O salário fixo para uma jornada que se iniciava às 10:00 hs e ia até às 22:00 hs mal cobria meus gastos com transporte e alimentação, enquanto a complementação comissionada dependia exclusivamente do meu esforço e da disponibilidade dos clientes em gastar. Encarei a empreitada com otimismo, aquele mesmo, da juventude, da ignorância dos iludidos, dos esperançosos por dias melhores que habitam esse país dominado por políticos corruptos, poderosas gangues de criminosos e um povo habituado a seguir adiante atado a um cabresto conduzido sem protestos. Os parcos tostões que me sobravam no final do mês, vivido ao modo espartano de um monge, pelo menos me ajudavam a complementar a renda da família.

Com o passar dos meses, sem ter desistido do meu ideal, fui percebendo que, ou eu tinha tino para a coisa de vendedor, ou era minha aparência que havia me levado a ser o melhor vendedor daquela unidade. Quando entrava uma mulher na loja, ela logo se identificava comigo preterindo os outros três vendedores. Quando era o próprio homem procurando algum item de vestuário para si, não raro me deparava com sujeitos que só faltavam me foder com seus olhares de cobiça. Até então, eu não era apenas virgem no campo profissional, mas também no sexual. A constatação definitiva de que era gay só tinha surgido nos últimos anos da faculdade. Porém, ainda lidava com a falta de coragem de me embrenhar num relacionamento afetivo.

Muito sutil e discretamente, foi com o filho do proprietário da loja de suplementos nutricionais para esportistas e atletas, vizinha à loja onde eu trabalhava, que comecei a flertar não só com meu imaginário, mas com aquele corpão sensual transbordando testosterona por todos os poros. A loja, aliás, era um entra-e-sai de marmanjões em roupas esportivas que deixavam à mostra os músculos trabalhados na academia que também ficava no shopping, um colírio para um cuzinho virgem como o meu. O Júlio César não levou nem uma semana para me notar atendendo os clientes dentro da loja e, tratou logo de me acompanhar no meu horário de almoço até a praça de alimentação do shopping. Tudo tinha a cara de uma mera amizade, até eu começar a me encantar com aqueles músculos todos que muitas vezes ficavam expostos sob uma camiseta regata trajada especialmente para exibi-los e, ele não desgrudar os olhos a imensa abundância de carnes que formava uma curva saliente na traseira das minhas calças. Fossem quais fossem as intenções, o fato é que começamos a almoçar juntos praticamente todos os dias, comecei a aceitar os oferecimentos de uma carona para casa em sua motocicleta nos finais de expediente, e nos habituamos a trocar sorrisos sensuais que estavam abrindo caminho para algo mais concreto.

A primeira investida dele, que não deixava dúvidas quanto ao que estava querendo comigo, aconteceu num dia de movimento fraco, de início de semana, logo após a abertura do shopping. O Júlio César entrou na loja na condição de cliente, veio direto a mim jogando charme, sensualidade e um sorriso safado estampado na cara, pedindo para ver um jeans que estava exposto na vitrine. Meu peito palpitava toda vez que estávamos juntos e, confesso impudico, que meu cuzinho experimentava uns espasmos que nunca havia sentido antes, o que costumava me deixar um pouco retraído e tímido diante dele e que, aparentemente, o deixava bem contente. Mostrei-lhe o jeans na numeração pedida, bem como uns modelos que achei também deixariam aquelas coxas grossas mais sexy, e ele seguiu em direção aos provadores no fundo da loja.

- Tem certeza que o número é o que te pedi, Lucas? Não estou cabendo dentro dessas aqui! – questionou ele, me atraindo até a cabine de provas.

- É a numeração que você me pediu, pode conferir na etiqueta do cós! – devolvi, numa ingenuidade quase pueril. – Quer que eu pegue um número maior?

- Será que só um número maior vai resolver? – devolveu ele, o que me levou a abrir a porta do provador para ver o que estava acontecendo.

Parado lá dentro com as pernas ligeiramente afastadas, o jeans completamente aberto, sem uma cueca por baixo e, de onde pendia uma imensa pica à meia-bomba brotando de um denso matagal de pentelhos negros, ele me sorria cheio de tesão. Por uns segundos perdi o rebolado, sem tirar os olhos daquele caralhão cabeçudo que ia crescendo à medida que ele observava minha reação.

- Acho que isso aqui não vai caber dentro da numeração que você trouxe, o que acha? – perguntou libertino, transbordando sensualidade.

- Acho que é só uma questão de saber como acomodar! – exclamei, deixando a timidez de lado.

- Talvez você possa me ajudar! – devolveu ladino

- Claro! – dei um passo à frente, fechei delicadamente minha mão ao redor do cacetão quente e pulsátil e o ajeitei cuidadosamente dentro do jeans, mal tendo como reagir ao puxão que ele me deu, me prensando contra a parede da cabine e me colocando um beijo úmido e devasso na boca onde foi enfiando lentamente a língua, enquanto suas mãos agarravam minhas nádegas numa volúpia desatada.

- Delicinha do caralho! Me amarro em você, Lucas, sabia? E agora você acaba de me confirmar o que eu já vinha suspeitando, você me curte, não é?

- Sim! Muito! – respondi, sincero e sentindo convulsões no cuzinho.

Que nome dar àquilo eu não sabia, mas sabia que ia deixar rolar o que fosse para sentir aquela pica entrando no meu cu e me mostrar todos os mistérios que eu desconhecia. Ele saiu da loja sem levar o jeans, o sorriso largo e prazeroso que iluminava seu rosto demonstrava que estava levando algo mais importante, a caricia suave dos meus dedos longos e finos sobre seu falo insaciado.

- Topa um cineminha na última sessão do sábado à noite, depois de as lojas fecharem? – perguntou ele, durante o almoço naquele dia, no qual a nossa conversa girou em torno da ousadia daquela manhã e que, já não deixava dúvidas de que ambos queriam a mesma coisa, estreitar aquela amizade levando-a para outros níveis.

- Beleza! Qual dos filmes sugere? – perguntei, mais uma vez ingênuo e demonstrando toda a inocência da minha condição virginal.

- Minha caceta chupada pelo tesudinho ao lado! Está bom para você? – ele lambia sensualmente o canudinho do refrigerante que estava em suas mãos, enquanto lançava seu olhar sacana na minha direção.

- Está perfeito! – exclamei, sentindo meus hormônios fervilhando nas veias.

Aquela semana parecia não ter fim, essa era a sensação que ambos estavam sentindo e que era explicitada a cada momento que nos encontrávamos. No sábado pela manhã, o Júlio César passou diante da loja enquanto eu atendia um cliente e abanou as entradas no cinema que acabara de comprar para aquela noite, só para me atiçar. Apesar de ser um sábado à noite e, de ser uma das sessões mais concorridas das salas de cinema que ficavam no térreo do shopping, a sessão para aquele filme tinha grandes espaços vazios entre as poltronas. Esperamos todos que estavam na fila entrarem para só então procurar um canto afastado distante de qualquer outro assistente. O lugar escolhido pelo Júlio César ficava numa das últimas fileiras, um pouco de esguelha, o que obrigava a quem as ocupava a ficar numa posição até um pouco incômoda, mas que atendia totalmente as expectativas que ele havia depositado naquele encontro. Luzes apagadas, propaganda de trailers de outros filmes da mesma produtora dominando a imensa tela colorida e nossos corações batendo à mil, quando senti a mão pesada e forte dele roçando a minha coxa. Nos encaramos com um sorriso libidinoso, de puro tesão. A mesma mão pegou a minha e a levou até o volume saliente que latejava debaixo do jeans dele. Eu a deslizei sobre toda a extensão do que mais parecia um tronco duro cheio de vida própria. Ele inclinou a cabeça e a deitou no meu ombro enquanto ambos deslizávamos nos afundando nas poltronas. Uma olhada furtiva ao redor e, para a tela à minha frente, sinalizava o início da saga aventureira e futurista que envolvia sobreviventes de uma humanidade extinta e robôs, num misto tão fantasioso e irreal que jamais conseguiria prender a minha atenção. Ainda mais que, naquele momento, ela estava toda focada naquilo que pulsava dentro da minha mão. O Júlio César abriu a braguilha e desceu um pouco a calça, ao mesmo tempo em que se virava um pouco para o meu lado e apoiava uma das pernas sobre o apoio de braço que separava nossas poltronas. Como por magia, um gigantesco poste de carne saltou lá de dentro e ia empinando cada vez mais diante do meu olhar cobiçoso. Escorreguei da poltrona até meus joelhos tocarem o chão e peguei na verga incrivelmente rija. Atraído pelo aroma almiscarado que provinha dela, aproximei meu rosto e fechei meus lábios ao redor daquela cabeçorra lustrosa que, de tão úmida, chegava a brilhar mesmo sob os parcos fachos de luz que vinham da tela. Ao soltar um gemido contido, o Júlio César enfiou os dedos nos meus cabelos forçando minha cabeça para baixo enquanto erguia ligeiramente a bunda da poltrona. A rola saborosa e vertendo um líquido aquoso e salgado mergulhou na minha garganta, me obrigando a respirar rapidamente pelo nariz para não me engasgar. Simultaneamente às minhas lambidas, chupadas e mordidinhas ao longo da verga dele, eu deslizava provocadoramente as pontas dos dedos entre os pentelhos grossos e encaracolados. Ele se agitava na poltrona, soltava o ar por entre os dentes cerrados e não desgrudava os olhos, nem por um segundo, da boca que trabalhava seu membro rijo com tanto empenho. Parecia um sonho estar com aquele pauzão intrépido latejando na minha boca, e eu tratava de acaricia-lo de corpo e alma enquanto desfrutava daquela sensação única e prazerosa. Às vezes, eu ficava com o coração na mão ao ouvir os gemidos do Júlio César tão altos que talvez pudessem atrair a atenção de alguém, e nós sermos flagrados naquela putaria devassa. Mas, ninguém prestava atenção em nós, parecia que aquelas cenas criadas pelo imaginário de um lunático despertavam um interesse quase doentio na plateia silenciosa, o que nos contemplava com minutos preciosos de um prazer sem igual. Ora o Júlio César agarrava minha cabeça e a mantinha fixa, enquanto socava aquela jeba na minha garganta, ora ele a tirava da minha boca para retardar o gozo que atormentava sua virilha querendo fazer aqueles dois colhões, que eu acariciava, despejarem todo seu conteúdo. Esse goza-não-goza aconteceu três vezes, ele dominando e controlando a situação. Só que, minha boca aveludada, macia e úmida não lhe dava trégua e, na quarta vez que aqueles testículos enormes e ingurgitados sentiram a necessidade de expelir a porra que haviam produzido, ele não conseguiu se controlar. O primeiro jato veio tão potente e carregado que eu quase me engasguei. Engoli-o no sufoco quando segundo já voltava a encher minha boca. O Júlio liberava gemidos roucos e esporrava feito um touro na minha boca sedenta, que se deliciava com o sabor nucífero daquele creme esbranquiçado e pegajoso que vinha aos borbotões, na minha primeira experiência sexual com um macho. Ambos deixamos o cinema em êxtase, realizados e felizes com aquela relação que entrava num novo patamar de cumplicidade. Agora ela era mais real e podia evoluir sem limites.

A caminho do trabalho, meu ônibus passava pelo centro comercial do bairro popular onde eu morava. Observando o movimento nas calçadas e as fachadas que passavam diante da janela do coletivo, eu acabei por me deparar com um anúncio quase mágico na tabuleta de vagas em frente a uma agência de empregos – AGENTE DE TURISMO – reluziam as letras que atraíram minha atenção. Estava lá a oportunidade pela qual eu tanto esperava. No dia seguinte, antes mesmo da agência abrir, eu me juntei a uma pequena fila que já havia se formado diante da porta. A maioria das vagas era para funções simples e refletia na composição da fila de pessoas com instrução básica. A moça que me atendeu logo tratou de me explicar que a vaga era para vendedor de pacotes turísticos numa agência de viagens, o que não exigia a formação que constava no currículo que coloquei em suas mãos.

- Não tem importância! Estou à procura de uma vaga na minha área. – expliquei, diante da menção do salário que ela me apresentou. Nada muito diferente daquele que eu vinha recebendo. No entanto, eu já me via conquistando posições mais compensadoras dentro de uma agência de viagens, onde havia mais possibilidades de crescimento.

Pouco depois, eu estava preenchendo formulários e participando daqueles enfadonhos testes psicológicos que te mandam completar sequências de dados em cujos lados constam diversas figuras, ou responder as opções – nunca, às vezes, várias vezes, sempre – para questões hipotéticas e outros tantos que uma selecionadora colocava diante dos cinco candidatos à mesma vaga na saleta abafada onde o zumbido dos dois imensos ventiladores na parede contribuía para a desconcentração. A essa bateria de testes seguiu-se uma entrevista com um sujeito míope cujos óculos viviam escorrendo do nariz aquilino. As perguntas não só me pareceram desconexas, como eram de fato, o que foi me levando a acreditar que aquela agência mixuruca de bairro só podia estar oferecendo uma vaga numa empresa com as mesmas características. Foi minha disposição em atuar na área em que me formei, e o ideal de evolução que me mantiveram na disputa pela vaga, enquanto via o número de candidatos minguando a cada nova etapa. Um pouco cansado, faminto e único candidato restante entrei para a última etapa do processo seletivo, uma estranha e incomum tomada de fotografias, de rosto, em pé, e esboçando um sorriso forçado e incrédulo diante da câmera fotográfica barata de um sujeito de aparência relaxada. Nunca tinha ouvido falar que faziam fotos num processo seletivo e, ao comentar o inusitado com os meus pais naquela noite, começou a surgir uma pulga atrás da minha orelha quanto ao tipo de vaga que estava sendo ofertada.

- Se os resultados dos testes não te garantirem a vaga, as fotografias com certeza irão! – afirmou o Júlio César quando lhe contei como tinha sido a entrevista.

- Você acha que é só a minha aparência que vai me abrir os caminhos para um emprego? Tenho muito mais a oferecer do que uma carinha bonita, sabia? – devolvi um pouco zangado com a afirmação dele.

- Eu não duvido disso! Só que eu te contrataria para uma vaga apenas vendo uma fotografia dessa sua bunda gostosa. – zombou malicioso.

- E que vaga seria essa? – questionei, já imaginando a besteira que ele ia devolver.

- A de meu namorado, está bom para você! – exclamou

- Eu pensei que já era o dono dessa vaga! – retruquei

- Mas até agora eu não tirei proveito de todo o potencial do meu namorado! Ele não se dispôs a me deixar enfiar meu pau no meio dessas nádegas polpudas, onde está um buraquinho que eu estou louco para estrear. – sentenciou cheio de malícia.

- Vou pensar no seu caso! Com carinho, prometo! – asseverei, fazendo com que ele me mandasse um beijo sorridente por sobre a mesa da lanchonete onde estávamos almoçando.

Menos de uma semana depois de ter participado do processo seletivo recebi uma ligação para comparecer à agência. Meu coração quase saiu pela boca. Seria o que eu estava esperando? Corri para lá, pedindo para sair da loja mais cedo naquele dia.

- Seu currículo, o resultado dos testes e sua entrevista, interessaram nosso cliente. Você pode comparecer a esse endereço amanhã pela manhã? – perguntou a mesma moça que me atendeu no primeiro dia. Mesmo tentando não parecer afobado com a notícia, dei meu sim tão enfaticamente que a levou a dar uma risadinha irônica.

Qual não foi meu espanto quando cheguei ao endereço na Avenida Paulista que a moça havia me dado e constatar que no edifício de luxo ficava outra agência de empregos.

- O Sr. Armando trabalha aqui? –perguntei perplexo, achando que estava com o endereço errado. Qual a razão de me enviarem para outra agência de empregos se eu já tinha feito toda aquela batelada de testes?

- Sim, o senhor quem é? – perguntou a recepcionista, uma moça de visual muito mais chique que a coitada da agência de bairro que, após eu me identificar, saiu de trás do balcão e pediu que a acompanhasse, andando à minha frente com um conjunto de saia e blazer e sapatos de salto alto. – Sr. Armando, este é rapaz, Lucas do horário das 11:00 hs. – disse ela, em voz firme, ao me deixar diante da porta de uma das salas e de um sujeito enfiado num terno de mau gosto.

- Sente-se meu rapaz, sente-se! Lucas, é isso? – perguntou

- Sim, senhor! Bom dia!

- É sobre a vaga de agente de turismo, não é mesmo?

- Sim, senhor, é!

- Bem, nosso cliente é uma pessoa muito exigente, por isso, vou pedir que faça mais alguns testes e uma entrevista, tudo bem? – emendou em seguida. – Ah! Já lhe mencionaram que a vaga é no exterior? Você fala inglês, Lucas? – era tanta pergunta que, por um momento, fiquei atordoado.

- Tudo! Não. Tenho um bom domínio, sim! – respondi, à medida que me recordava da sequência de perguntas. Ele mal prestou atenção às respostas, foi logo me levando a uma sala semelhante à qual onde eu havia feito os testes na agência anterior, só que mais bem decorada, e me jogando um chumaço de folhas com testes muito parecidos com os que eu já tinha feito.

- Eu já fiz alguns testes e passei por uma entrevista. – mencionei, começando a achar tudo aquilo muito esquisito para uma simples vaga de vendedor de pacotes turísticos.

- Sim, sim, eu sei! É que somos muito zelosos ao enviar um candidato para uma vaga numa empresa, entende, Lucas? – tudo bem, pensei com meus botões, mas daí a levar o candidato à estafa como se fosse para ser o CEO de uma multinacional, havia uma grande distância e, um despropósito sem tamanho.

- Tudo bem! – o que me restava dizer? Na minha condição, assim como a de muitos jovens à caça de seu primeiro emprego nesse país, até ficar de quatro para levar uma vara no rabo durante o processo seletivo estava valendo, desde que o tão sonhado emprego e o salário de fome viessem no pacote.

Fiz os testes numa sala anexa quase cheia de candidatos, não sei se apenas para aquela vaga ou se para outras que a agência oferecia, sob a supervisão de uma loira esquálida também enfiada num tailleur de uniforme e saltos de sapatos altos tão finos quanto as pernas dela.

- Muito bem! Vou encaminhar seus cadernos para nosso avaliador enquanto você faz a entrevista, ok? – disse ela quando lhe entreguei as provas preenchidas.

A entrevista foi com o próprio Sr. Armando. Suas perguntas versaram mais sobre a minha opinião sobre alguns aspectos que ele disse estarem atrelados ao cargo que eu ocuparia, do que sobre o pouco de experiência que eu tinha. Era uma balela desconexa que não seguia nenhuma linha de raciocínio minimamente lógica, mas quem era eu para questionar a capacidade daquela gente.

- Muito bem, Lucas! – exclamou ao concluir seu repertório de perguntas. – Vejo que também já fez as fotografias, e agora só fica faltando a entrevista para testar sua fluência no inglês, certo? – antes de eu responder, ele me mandou esperar noutra sala onde me sentei diante de uma mesa vazia.

- Goody Morningui, Ms. Lucas! – cumprimentou a voz fanha do sujeito que ocupou o outro lado da mesa, cerca de um quarto de hora depois.

- Good Morning! – devolvi.

- In a few words, tell me about your skills and hopes, Lucas! (a frase na verdade soou assim = Ini ei few wordis, tell mi abouti your skills and hopis, Lucas!) – continuou ele, num sotaque miserável que, logo após a minha resposta, veio acompanhado de seu relato de como tinha conquistado aquela posição depois de ter trocado seu “Ricifi” ensolarado, porém sem oportunidades e, se mudado para “Sun Paulo”, o que positivamente não me interessava nem um pouco. Ante meu domínio do idioma estrangeiro, ele não se aventurou a fazer mais perguntas para não deixar evidente as dificuldades que tinha com a língua. Longe de considerar sua pronúncia sofrível e seu sotaque um deboche ou um preconceito quanto a sua origem, o que em nenhum momento passou pela minha cabeça; eu só deveria ter sido mais atento e prudente, pois esse amadorismo era mais um dos detalhes que eu havia ignorado de tão empenhado que estava em conseguir meu primeiro emprego e, que era uma pista do caminho que estava me levando para o período mais sombrio do meu destino.

Esperançoso de sair dali com um emprego confirmado, tive que lidar com a frustração de ter que aguardar um telefonema para dali há alguns dias. Voltei para casa crente que aquilo não ia dar em nada, tudo me cheirava a uma arapuca. No entanto, dois dias depois, o tal telefonema veio e, com ele, o pedido para que comparecesse a outro endereço; este, um hotel cinco estrelas também na região da Avenida Paulista, onde supostamente se daria meu encontro com o contratante da vaga. Confesso que rumei no dia e horário combinado até lá sem depositar confiança alguma em conseguir um emprego decente.

- Vou avisar que o senhor está aqui na recepção! – disse o rapaz bonito e desenvolto que me atendeu no balcão. Fiquei admirando seu corpo atlético dentro do terno sisudo que em nada acobertava seu jeitão sexy, enquanto ele se comunicava com alguém num inglês impecável. – À esquerda do lobby há uma pequena sala de espera, pode aguardar lá que o senhor Khalid já está descendo. – disse ele, com um sorriso amistoso que formava uma covinha em seu queixo anguloso e bem escanhoado.

- Obrigado, Felipe! – respondi, depois de identificar seu nome no broche dourado abaixo do logotipo do hotel.

- Não por isso! – devolveu ele, visivelmente contente por eu o ter chamado pelo nome. Além de um gato, é um gentleman balbuciei enquanto me dirigia à tal sala de espera.

Nem tive tempo de apreciar a sofisticação do lobby do hotel quando um homem maçudo, de ombros largos, trajando um terno super-alinhado, veio caminhando na minha direção com a mão estendida e um amplo sorriso no rosto. Nossa conversa começou com ele fazendo um esforço para falar português, mesmo quando lhe fugiam algumas palavras, após ter colocado em minhas mãos um cartão de visitas onde se destacava o nome Khalid Al-Jamil Al-Masri abaixo de um logo empresarial.

- Bom dia! – cumprimentei ao me levantar e sentir como a minha mão sumia dentro da dele.

- Bom dia! As fotografias não fazem jus à sua beleza! – afirmou, me deixando sem graça. Será que íamos começar as tratativas da vaga por esse caminho ou, será que essa história de vaga era mesmo real? Foi difícil encontrar uma resposta com aquele macho me medindo da cabeça aos pés como se eu fosse um cavalo de corridas que estava adquirindo.

Percebendo meu desconforto com aquela abordagem direta e aquele olhar de lobo que está a um salto de cair sobre sua presa, ele conduziu a conversa rapidamente ao que interessava. Havia mesmo uma vaga, era para uma de suas empresas, uma agência de viagens em Doha, no Qatar, que ele havia montado com seu primo e sócio, querendo promover um incremento de turistas entre os dois países.

- Para isso, preciso de alguém com conhecimentos na área turística aqui no Brasil para que possamos oferecer pacotes diversificados para nossos clientes árabes, bem como, quem seja fluente no português para fazer as transações com hotéis e agências de turismo aqui no Brasil. – afirmou ele, de forma clara e objetiva.

Falei um pouco sobre como poderia contribuir com esses objetivos e, de forma sincera, da minha inexperiência por se tratar do meu primeiro emprego na área. Ao me responder que ele e o sócio se encarregariam pessoalmente de me ensinar o achavam que eu precisaria saber, vi pela primeira vez uma luz no fim do túnel.

- Devo esperar por um telefonema seu quando tiver entrevistado os demais candidatos? – perguntei, um pouco ousado e, ao mesmo tempo, esperançoso.

- Não! Minha decisão está tomada. Quero você! – precisei me segurar para não dar um pulo de alegria diante dele.

- O que quer que eu faça em seguida? – minha voz denunciava a ansiedade e a felicidade que tomavam conta de mim.

- Bem, em primeiro lugar precisamos providenciar a sua documentação. Você tem um passaporte válido, Lucas? – perguntou ele. Eu, um passaporte válido, na minha condição, de que me serviria um documento desses? O mais longe que eu tinha viajado foi para o interior do Estado onde moravam meus avós.

De qualquer forma, ele parecia estar muito bem assessorado, pois ligou para um escritório de advocacia se identificando e, em árabe, passando instruções a alguém para providenciar tudo de que eu precisasse.

- Ligo para você assim que me entregarem seus documentos. Alguém vai procura-lo entre hoje e amanhã para que você forneça tudo o que eles vão precisar para a emissão desses documentos, está bem? – a cada palavra dele aumentava a minha vontade de dar um abraço naquele homem, tamanha era a minha felicidade.

Cheguei em casa falando mais do que uma maritaca. Contei detalhadamente aos meus pais tudo o que o Khalid havia me proposto e de como seria a minha vida num país do qual eu apenas tinha ouvido falar pela televisão. O que me fez lembrar que, para os próximos dois dias, tinha uma tarefa enorme pela frente para saber tudo o que fosse possível sobre esse país longínquo e totalmente estranho à nossa cultura. Os senões dos meus pais começaram durante o jantar daquela noite. A distância, não saber nada sobre os costumes daquele povo, o que se ouvia sobre as pessoas daqueles países que ninguém conhecia bem ao certo, tudo era motivo para que eu talvez repensasse aceitar esse emprego.

- De jeito nenhum! Logo no primeiro emprego eu ganho uma baita chance dessas, imagina se vou deixar isso passar em branco! – aleguei, enumerando tudo de positivo que me vinha à cabeça.

- Mesmo assim, filhão! Estive conversando com o Genival, aquele advogado com escritório na sobreloja da padaria, e ele mencionou um tal de contrato que seria prudente deixar escriturado em cartório para você não ir para o estrangeiro sem garantias.

- Pai, esse Genival é um advogadozinho chinfrim, não deve entender nada de relações internacionais. É bom nem dar ouvidos à conversa dele. – argumentei, só então me dando conta de que realmente minha tratativa com o Khalid ficara restrita a um bate-papo. No entanto, era bom nem mencionar isso agora, ou não me deixariam aceitar o emprego.

Outro que começou a botar pedras no caminho foi o Júlio. As razões dele eu bem podia compreender, prestes a poder começar a meter seu pintão no meu cuzinho, eu lhe escapava das mãos como água escorrendo por entre os dedos. Confesso que a carinha desolada dele mexeu comigo, o que me fez perceber que eu já estava mais envolvido com ele do que pretendia. Na verdade, eu estava gostando dele, apesar de saber que era um tarado a fim de se dar bem no meu cuzinho sabidamente virgem e, sem um objetivo nítido traçado para seu futuro. Por enquanto, ele cursava a faculdade de engenharia, vivia às custas do pai e da loja de suplementos energéticos, não esquentava a cabeça com nada e procurava viver a juventude circulando sobre uma motocicleta de alta cilindrada. Se, depois de me desvirginar e foder meu cu algumas vezes, ele ainda se mostraria interessado num relacionamento comigo era uma grande incógnita. Já eu, teria muito a perder deixando uma oportunidade concreta de um bom salário escapar das minhas mãos só porque aquele caralhão suculento e promissor ficava me atentando.

Domingão de sol, um dia após o aniversário do Júlio, no qual o presenteei com uma das novas camisas de uma coleção que havia chegado à loja naquela semana e, que ele fez questão de experimentar durante a rápida escapadinha que dei para lhe entregar o presente e cumprimenta-lo pelo aniversário, quando o pai não estava; logo cedo o celular tocou e a carinha malandra dele apareceu na tela. Na véspera, ele havia me levado até os fundos da loja, tirado apressado a camiseta que estava usando só para me mostrar seu peitoral largo parcialmente revestido de pelos que deixavam seu tronco sexy e viril, pedindo para que eu mesmo vestisse a camisa nele. Tudo um pretexto para me roubar uns beijos de língua e dar uns amassos na minha bunda. O que me fez retornar ao trabalho com a respiração afogueada. Meu gerente já tinha sacado que rolava alguma coisa entre mim e o filho do dono da loja vizinha, o que não o impediu de, mesmo casado, começar a se oferecer como mais uma opção para o que ele acreditava estar rolando entre nós, enfiando sua pica curiosa no meu cuzinho.

- Estou aqui de pau duro lembrando de você acariciando meu peito e daqueles beijos cheios de tesão que trocamos. Preciso te ver! Está um dia lindo lá fora, vamos dar um rolê de moto por aí? Até prometo de ensinar a pilotar, como você vive me pedindo. – disse ele quando atendi o celular.

- E quanto vai me custar esse rolê? – perguntei, pois sabia que as intensões dele não se limitavam a um simples passeio num dia ensolarado.

- Só uns beijinhos e uns amassos nessa bunda tesuda! – devolveu ele. A sinceridade dele não me espantava mais, até valia pontos a favor dele.

- Só? – ele riu do outro lado

- Veste um short e a gente pode partir para algo mais quente. – foi minha vez de rir.

- Tarado!

- Você gosta, que eu sei!

- E aí aproveita para abusar!

- Passo aí em meia hora! Shortinho, valeu? – ele desligou rindo. Meu cuzinho convulsionava desejoso, piscando as preguinhas imaculadas.

Fiquei esperando por ele atendendo seu pedido, enfiado num short de fendas laterais profundas pelas quais emergiam minhas coxas grossas, roliças e lisinhas. Ele trajava algo semelhante, deixando aquele par de pernas grossas e peludas atuando como um chamariz para incautos virgens como eu. Ele não quis me revelar nosso destino. Porém, não demorei a constatar que estávamos seguindo rumo ao litoral, agarrado à cintura dele na garupa da motocicleta. Vali-me da posição privilegiada ora para acariciar seu abdômen trincado e rijo, ora para dar uma pegada naquela rola maciça debaixo do short. Fazia tempo que eu vinha pedindo para ele me ensinar a pilotar uma moto. Ele fazia charminho e me chantageava pedindo boquetes na pica, beijos na surdina, carícias em seu corpo e, livre acesso de suas mãos às minhas nádegas nuas. A resposta dele era quase sempre a mesma, ia me ensinar, mas queria foder meu cuzinho em cima da moto, eu na frente de bunda de fora e ele atrás só metendo a rola no meu cu. Acabávamos rindo e a oportunidade de isso acontecer parecia nunca surgir em meio aos nossos compromissos diários. Aquele domingo ia terminar com nossos desejos realizados, e era o que estava fazendo daquele dia um dia especial.

Numa avenida próxima à rodovia que nos levaria ao litoral, ao ver duas motocicletas se emparelhando conosco, uma com dois ocupantes, outra com um, percebi que daquela situação ia sair merda. No primeiro semáforo que fechou pressenti o perigo pairando no ar quando o garupa da moto ao nosso lado nos encarou como se certificando de que suas intenções podiam ser postas em prática. Mesmo antes do emparelhamento, durante a aproximação deles, eu tirei a mão da cintura do Júlio e da rola dele que eu vinha acariciando já vinha uns 500 metros. No semáforo seguinte, que o Júlio até intentava cruzar quando já no amarelo, uma saída precipitada de um carro no cruzamento o fez desistir, e ficamos à mercê dos bandidos.

- Perdeu, playboy! Desce! – disse o garupa que pulou armado antes mesmo da motocicleta parar completamente.

- Calma aí! – disse o Júlio, que não tinha compreendido o alerta que eu havia soprado em seu ouvido.

- Desce, porra! Anda logo, ou quer tomar chumbo aqui mesmo? – ameaçou o desgraçado

- Calma, estamos descendo!

- Tu tem uma puta de uma bunda gostosa, oh viadinho! – afirmou o cara quando desci da motocicleta e fiquei perdido no meio do ir e vir do trânsito. – Eu ia adorar foder teu cu, viadinho gostoso! Tô começando a ficar de pau duro como teu macho aí!

- Então não leva a moto, por favor! Deixa a gente seguir. – pedi, tentando me valer do interesse dele. E, constatando que debaixo do short do Júlio havia mesmo uma ereção enorme distendendo o tecido.

- Qual é viadinho? Aparece lá nas quebradas e eu te dou um trato, valeu! – afirmou, montando na motocicleta do Júlio e saindo em disparada com os outros dois antes mesmo do semáforo abrir.

Eu tremia feito juncos ao vento quando o Júlio me abraçou e me levou até a calçada, pois os carros começavam a se mover. Nenhuma viva alma nos socorreu, parecia que a cegueira havia se apossado de todos os motoristas que estavam à nossa volta. O nosso dia especial foi por água abaixo, um cacete amolecendo lentamente e um cuzinho esperançoso iam continuar sem se encontrarem. Só nos restava procurar uma delegacia e registrar o roubo, voltar para casa e continuar acreditando que aquilo fazia parte das mazelas de uma metrópole. Tinha sido a nossa última chance de transar, pois antes daquela semana terminar, eu teria que partir.

Precavido, deixei para comunicar ao meu gerente que estava deixando o emprego na loja na véspera do meu embarque para o Qatar. Toda a documentação havia ficado pronta, as passagens aéreas já estavam em seu poder e o Sr. Khalid me mandou uma mensagem com data e hora de nossa partida, eu deveria estar no hotel dele duas horas e meia antes para seguirmos juntos ao aeroporto. Desde a ligação dele tudo se transformou num alvoroço e, uma tremenda ansiedade passou a ser minha companheira constante. Deixei o expediente mais cedo, no meio da tarde, pois queria me despedir do Júlio, o que se apresentava como a tarefa mais difícil que eu teria que enfrentar.

- Já vai? – perguntou ele quando entrei na loja dele.

- Já! Acabo de pedir demissão.

- É amanhã, não é? – perguntou, com a voz triste

- É. Amanhã a essa hora tenho que me encontrar com meu novo chefe, para seguirmos ao aeroporto. – esclareci. Ambos estávamos desconfortáveis, nos movíamos um em frente ao outro sem saber bem como agir, onde pôr as mãos, como ficar apoiados sobre os pés, algo que nunca tinha acontecido antes.

- Vou sentir sua falta! – confessou

- Eu a sua! Foi uma pena o que aconteceu no domingo. – afirmei

- É, foi!

- Eu queria tanto que tivesse acontecido! – confessei.

- Mesmo? Eu também! Sonhei tanto com isso! – revelou.

- Eu quis que você fosse o primeiro! Cheguei a vislumbrar detalhes de nós dois juntos. Mas, então aconteceu aquilo.

- Acharam a minha motocicleta ontem durante uma blitz numa avenida perto de uma favela. Vou buscá-la na delegacia daqui há pouco. – revelou

- Que bom! Pelo menos nem tudo daquele domingo está perdido.

- É. Só que o que eu mais queria daquele dia vai ficar perdido para sempre. – a voz grave dele chegou a falhar enquanto pronunciava as palavras, o que fez meus olhos começarem a marejar.

- Nunca vou te esquecer, Júlio, nunca! – asseverei, deixando os pudores de lado e abraçando-o com todas as minhas forças.

- Eu tinha tantos planos para nós dois, Lucas! – respondeu, me apertando junto ao peito e se controlando para não chorar. – Sei que você precisa seguir seu caminho, e que não tenho o direito de atrapalhar seu futuro, pois não tenho nada a te oferecer em troca. Mas, quero que você leve consigo não só a certeza do quanto eu gosto de você, como o desejo de que seja muito feliz. – emendou, me levando ao choro. Até então, nenhum dos dois fazia ideia do quanto estávamos gostando um do outro. Clientes esperavam para ser atendidos, mesmo assim, ele me arrastou até os fundos da loja, no mesmo cantinho onde algumas vezes tinha me dado uns amassos e nos beijamos demorada e ternamente.

No horário combinado eu estava de malas prontas na recepção do hotel do Sr. Khalid. Ele se juntou a mim minutos depois do recepcionista ter anunciado a minha chegada. Seu sorriso largo aumentava o glamour de sua figura trajada em extrema elegância, num terno que devia ter custado um bocado de salários que eu ganhava. A simpatia e a maneira calorosa como aconteceram nossos dois únicos encontros até então, não me deixavam sentir o abismo que nos separava.

- Vejo que sua beleza tem inúmeras facetas conforme a luz de fundo na qual você se encontra. Isso me agrada muito! – disse ele, ao apertar minha mão, fazendo-me corar diante do recepcionista e do rapaz que veio pegar nossas malas para levar até o carro. Que maneira peculiar de tratar com um funcionário, pensei comigo, enquanto procurava disfarçar meu embaraço com sua observação.

- Boa tarde, Sr. Khalid! – gaguejei encabulado

- Khalid, Lucas! Apenas Khalid de agora em diante, ok! – retrucou ele.

Como passageiros da primeira classe, fomos os primeiros a embarcar no A380 da Qatar Airways ocupando duas luxuosas cabines conjugadas. Pusemo-nos mais à vontade, o que no meu caso significou tirar apenas o blazer dos ombros, enquanto o Khalid se livrava do paletó, afrouxava a gravata, abria os primeiros botões da camisa e arregaçava as mangas até os cotovelos. Ele, sem dúvida, era um homem lindo e sensual. Devia estar com pouco mais de trinta anos, os pelos escuros que apareceram assim que ele abriu um pouco a camisa e, aqueles que forravam seu braço musculoso de ossatura larga me fizeram esquecer, por alguns minutos, o nervosismo que agitava meu corpo. Enquanto dele vinha um perfume amadeirado e profundo. Sem o paletó cobrindo a parte abaixo da cintura dele, pude notar o imenso contorno do sacão dele, bem como a gigantesca rola grossa com a cabeçorra bem destacada que mais parecia uma mangueira colada à coxa dele. Provavelmente ele estava usando uma cueca tipo samba-canção por baixo da calça, o que permitia que todo aquele volume se tornasse visível quando ele estava sentado. Essa constatação me fez engolir em seco. Eu estava tenso, minhas mãos úmidas. Assim que o avião começou a correr pela pista fui tomado por uma sensação de desamparo. Eu parecia como um daqueles astronautas flutuando no espaço sideral fora da astronave, apenas ligado a ela por tubos que garantiam sua sobrevivência no vácuo. No meu caso, naquele momento, o cordão umbilical estava se rompendo e eu me vi perdido e só. Era a primeira vez que eu me afastava da minha família, o que me fez refletir se tinha mesmo tomado a decisão mais acertada sobre aquele emprego. O Khalid parecia estar lendo meus pensamentos, colocou sua mão maçuda sobre a minha e a aconchegou. Eu me virei na direção dele e esbocei um sorriso nervoso.

- Sinto que teremos uma relação muito amistosa! – exclamou, me devolvendo o sorriso.

Quando o trem de pouso perdeu contato com o solo e o nariz do avião embicado num ângulo agudo começou a alçar voo, eu apertei aquela mão com mais força que o recomendável, mas o Khalid pareceu não se importar com isso, pois a reteve enlaçando seus dedos nos meus. No pulso dele reluzia um Patek Philippe em meio aos densos pelos escuros que cobriam seu braço, até o avião voltar a ficar em posição horizontal, eu me concentrei nele, o que de certa forma, amenizou aquela experiência ao mesmo tempo sensacional e apavorante.

- Tudo bem? – perguntou ele, adivinhando o que se passava comigo.

- Tudo! – respondi, com a voz mais firme que consegui. Ele sabia que era mentira, mas que em breve se tornaria verdade, e voltou a apertar minha mão que, só então, me dei conta de ainda estar aconchegada na dele. Nada podia ser mais embaraçoso, especialmente quando vi como a comissária de bordo olhava para mim.

Para quem nunca tinha entrado num avião, aquelas mais de catorze horas de voo até Doha foram se tornando um teste de paciência e autocontrole, à medida que as horas pareciam não passar. Após um tempo, nem a diversão a bordo, nem os cochilos e, nem a conversa descontraída com o Khalid serviram de alento para amenizar o que eu estava sentindo. Pisar em terra firme foi um alivio, mesmo eu constatando que ela divergia em muito daquela em que eu cresci.

Do aeroporto seguimos em direção ao apartamento do Ahmed, primo e sócio, do Khalid em diversos negócios. Ao contrário do Khalid, o Ahmed era solteiro, e seria com ele que eu ia morar, o que me foi informado naquele momento. O Ahmed certamente ainda não havia chegado aos trinta anos, também era um homem muito atraente, atlético, com olhos cor de âmbar tão intensos que chegavam a hipnotizar e, que se destacavam como os de um felino no escuro quando em contraste com sua pele acobreada e uma barba e cavanhaque densos, trazidos bem curtos a aparados. Ao sentir seu olhar sobre mim me senti repentinamente nu, tamanha a intensidade penetrante com a qual me encarou.

- Você tem razão, ele é lindo! – observou o Ahmed dirigindo-se ao primo em inglês. Meu rosto se afogueou e, eu tenho certeza, que se parecia um pimentão de tão ruborizado. – Ahmed Abdul Aziz bin Suwaid, muito prazer, Lucas! – exclamou, me estendendo a mão que, tão logo a minha se encaixou nela, me apertou e manteve aprisionada por alguns minutos.

Por menos que eu estivesse familiarizado com a cultura daquele país, não era a recepção que eu esperava de um futuro patrão. Um ainda diminuto facho de luz pareceu surgir ao longe me sinalizando que talvez algo não estivesse em conformidade com aquilo que eu estava esperando daquele emprego. No entanto, era cedo demais para tirar conclusões e me preocupar com o que não era essencial, e a coisa caiu no esquecimento.

A decoração minimalista, os imensos painéis de vidro que iam do teto ao chão em quase todos os amplos ambientes faziam com que o apartamento parecesse flutuar nas alturas. Havia um perfume másculo no ar, não amadeirado como o do Khalid, mas cítrico e adstringente, o que dava uma sensação de frescor e umidade, tudo o que não existia naturalmente no Qatar. O quarto que haviam me destinado ficava ao lado daquele do Ahmed. Era imenso, confortável, com uma cama grande voltada para uma vista que se perdia ao longe sobre a cidade, indo parar numa imagem que ficava flamejando indefinida numa linha que juntava o céu e a terra.

- Espero que esteja do seu agrado. – disse o Ahmed, num português arrastado.

- Sim, está! É tudo muito bonito, obrigado! É aqui mesmo que vou morar? – perguntei perplexo com tudo aquilo, afinal eles não tinham contratado um CEO e sim, um mero gestor de turismo.

- Sim! Se algo não estiver do seu agrado pode dizer. – respondeu o Ahmed, me fazendo perceber que minha pergunta tinha lançado uma dúvida sobre as acomodações.

- Não, não! Está tudo perfeito, maravilhoso, para ser sincero! – respondi apressado.

- Você morar com o Ahmed vai facilitar tudo. A agência não fica muito longe daqui e vocês poderão seguir juntos para o trabalho, uma vez que é ele quem fica mais tempo por lá. Como você ainda não conhece a cidade, não terá problemas para se locomover. – asseverou o Khalid.

Eles queriam que ficasse em casa pelo restante daquela semana, mas no segundo dia, eu já não aguentava mais ficar perambulando sozinho por aquele apartamento e pedi para começar a trabalhar no dia seguinte. Não era só a ansiedade para iniciar o trabalho que me atormentava, mas a sensação de que ele era apenas um apêndice de algo maior. Os demais funcionários da agência que ficava num luxuoso edifício comercial foram igualmente calorosos na recepção que promoveram em minha homenagem, o que amenizou um pouco aquela minha primeira impressão deixada pelo Ahmed e pelo Khalid. Talvez aquele povo fosse mesmo muito mais amistoso do que se ouvia falar no Brasil e mundo afora.

Apesar da barreira linguística, me inteirei rapidamente aos colegas da agência, em sua maioria homens. Apenas duas mulheres, jovens, faziam parte do staff, e eu sabia que em relação a elas eu devia ter um comportamento bastante restrito, embora ambas tivessem estudado em universidades na Europa e conhecessem muito bem os costumes ocidentais. Para mim não era dificuldade alguma lidar com essas restrições, uma vez que meu interesse por mulheres se resumia a um coleguismo social. Envolvimentos em outros níveis eu só previa com homens e, mesmo com esses, quanto mais machos melhor.

Durante os primeiros três meses, tudo transcorreu sem que nada me sinalizasse que minha decisão de aceitar o emprego e me mudar de país tivesse sido um enorme erro. O Ahmed e eu convivíamos muito bem juntos e, com o Khalid, as coisas não eram menos empolgantes. Foram semanas tão incríveis que eu me sentia vivendo um sonho das mil e uma noites. Tudo contribuía para que eu deixasse de lado meus medos, minhas inseguranças e voltasse a ser o cara espontâneo e extrovertido que sempre fui. Eram incríveis os locais onde eles me levavam, me mostrando como era o Qatar que eu desconhecia. Embora eu relutasse em aceitar a grande quantidade de presentes que eles me davam, de roupas, relógios, joias de ouro que pareciam estar por todos os lados naquele país, um celular de última geração, bem como um super notebook nos mesmos moldes, a persistência em me presentear continuava. Diziam que era para compensar a saudade que eu sentia da minha família. Nesse período, eu também podia entrar em contato com ela a hora que quisesse e quantas vezes tivesse vontade.

Eu não gastava um único Qatar Riyal do meu salário, pois o Khalid e o Ahmed providenciavam qualquer simples desejo meu. Assim, eu perguntei como poderia enviar boa parte do meu salário para ajudar meus pais nas despesas de casa e, quitar meu financiamento estudantil. O Ahmed designou um dos funcionários da agência para que providenciasse as remessas mensalmente. Ao mesmo tempo, nas vídeo-chamadas que fazia para falar com meus pais, descobri que eles estavam recebendo integralmente o mesmo montante que eu recebia, achando que era quem o estava enviando.

- Acho que tivemos um pequeno problema de comunicação, Ahmed. Meus pais estão recebendo parte do salário que estou enviando através do Ehsaan e mais o mesmo valor que estou recebendo. – argumentei quando constatei a duplicidade de envios.

- Você não precisa enviar mais nada do que recebe, deixe que nós providenciamos os envios, ok? – respondeu ele.

- Mas, não é justo! O combinado foi que eu receberia QR 21.500,00 e, conforme está, estou recebendo o dobro disso. – argumentei.

- Façamos o seguinte então, enviamos integralmente seu salário para seus pais e tudo o que você precisar você pede a mim e ao Khalid, combinados? – ponderou ele.

- Continua não sendo nem justo nem o combinado! – exclamei

- Já está discutindo comigo? – levei um susto com a objetividade da pergunta dele e o tom de voz resoluto em que foi feita.

- Não, claro que não Ahmed! Eu sóEntão o assunto está encerrado! – respondeu ríspido.

- Me desculpe! – atrevi-me a balbuciar depois de alguns minutos, acrescentando um sorriso acenando bandeira branca na direção dele. Ele me respondeu com uma piscadela e um sorriso.

Aquela postura dele, e outras que já haviam ocorrido antes, inclusive com o Khalid, me mostraram que meus limites para contestá-los eram extremamente limitados. Ambos eram autoritários e não gostavam de ver suas ordens discutidas. Eu que aprendesse a lidar com isso. Foi o que fiz. No trabalho era muito diferente, meus argumentos e posições eram respeitadas e acatadas em quase sua totalidade, mas nos assuntos privados, eu tinha os mesmos direitos das mulheres daquele país, ou seja, ficar de boca calada e aceitar o que os homens determinam, sob pena de ser castigada.

No final de um dos expedientes, quando ambos estavam na agência, eles resolveram me levar a um dos inúmeros shoppings da cidade. Já tinham feito isso algumas vezes, jantávamos juntos, trocávamos umas ideias e seguíamos para casa. Naquele dia o objetivo não era apenas esse, foi o que descobri quando paramos diante da vitrine de uma loja que vendia roupas não ocidentais. Quando entramos, pensei que um deles ia comprar algo para si, mas depois de falarem com o vendedor em árabe, percebi que eram para mim. Com alguns modelos de Kandoora (= tradicional túnica usada por homens árabes. A peça, sempre com manga longa e comprimento até o tornozelo, pode ser encontrada em diversas cores e materiais, os modelos diferindo ligeiramente de região para região do Golfo, com diferenças sutis, assim como seu nome, Kandoora, Thobe ou Dishdasha) em mãos, o vendedor as colocou diante de mim e, acredito, me questionava sobre a minha preferência, pois não estava entendendo uma única palavra do que ele dizia. Procurei por auxílio nos olhares do Khalid e do Ahmed, em cujos semblantes havia um disfarçado risinho.

- Queremos que você passe a usar a Kandoora, você é o único a trajar roupas ocidentais na agência. – disse o Khalid

- Não vou me sentir confortável dentro disso! – respondi.

- Como sabe, se nunca vestiu? – perguntou o Ahmed.

- É esquisito!

- Assim como calça e camisa o são para nós! Trate de ir ao provador e vamos ver o que combina mais com seu corpo. – aquilo era mais uma vez uma ordem, não uma sugestão ou um pedido, aquele tom de voz ia se tornando cada vez mais identificável.

- Anah jamil jidana! (= ele é muito lindo!) – proferiu o vendedor, conseguindo a aquiescência dos dois. Sem entender o que tinha dito, fiquei me sentindo uma iguaria pela qual os três homens babavam.

- Gostou? – perguntou o Khalid

- Sinceramente? Me sinto ridículo dentro dessa roupa. – respondi. Não foi a resposta que esperavam, até porque ela deve ter soado um pouco depreciativa quanto aos costumes deles.

- É uma questão de hábito! Você vai se acostumar. – disse o Ahmed. Lá estava novamente a determinação, sem chance de objeções. A partir dali me calei, e só acenava com a cabeça um sim ou um não conforme o que me perguntavam.

Saí da loja com as mãos cheias de sacolas, o que se repetiu em mais outras duas lojas, haviam me comprado um enxoval completo, antes de entramos no restaurante para jantar. Os dois estavam bastante tagarelas naquela noite, enquanto eu não sentia a menor vontade de conversar, especialmente depois do que tinha acontecido. Pouco antes de pedir a conta, o Khalid colocou uma caixinha diante de mim. Ambos me encaravam esperando minha reação quando a abrisse. Um modelo de relógio Patek Philippe igual ao que ele usou durante o voo até o Qatar reluzia lá dentro.

- Percebi que você gostou dele quando o viu no meu pulso. – afirmou, enquanto eu planejava uma resposta que não parecesse ofensiva objetivando declinar de mais aquele mimo.

- É muito bonito, e caro! Não acho que seja o tipo de presente que devam me dar, ainda mais depois do que já compraram hoje. – devolvi. – Ademais, ele fica lindo no seu pulso, para o meu o diâmetro é um pouco exagerado. – acrescentei.

- Podemos encomendar um que se adapte ao seu pulso, isso não é problema! – retrucou o Khalid.

- Por que estão fazendo isso? Primeiro os inúmeros presentes, a duplicidade no salário, agora as roupas e esse relógio, qual o motivo disso tudo? – perguntei, pois era esmola demais para um santo só. Eu senti que estava sendo comprado, para o quê, eu ainda não sabia.

- Gostamos de você! É um agrado, só isso! – exclamou o Ahmed

- Eu me contento com o que é justo pelo meu trabalho, até morar no seu apartamento é um pouco demais, se me permite mencionar. Agora, isso tudo, foge um pouco da relação patrão-empregado. – afirmei.

- Não gosta de presentes? – perguntou o Khalid

- Não é isso, Khalid, entenda! Trabalho para vocês há três meses apenas, e isso não condiz com o trato que fizemos. – argumentei. Eu não quis ser explícito, perguntando o que estava na minha cabeça, pois sabia que aqueles presentes teriam um preço e eu já começava a desconfiar qual era ele.

- Queremos te propor uma coisa, mas aqui não é lugar para falarmos sobre isso. Conversamos ao chegar em casa! – disse o Ahmed, percebendo que eu já desconfiava da proposta que estavam para me fazer.

Minhas suspeitas se confirmaram quando chegamos ao apartamento. O verdadeiro motivo pelo qual me trouxeram para o Qatar era para manterem relações sexuais comigo. Ambos eram homens ativos com um desejo alucinado por carinhas como eu, discreto, bonito, sem nenhum trejeito que denunciasse minha condição, o que no Qatar é passível de 100 chibatas e morte se o sujeito for muçulmano e, prisão por alguns bons anos e castigos físicos se for estrangeiro antes de ser deportado.

- Você reúne tudo o que desejamos, Lucas! Vai nos ser muito útil na agência, mas também queremos que se sinta querido em outros aspectos. Nesse curto período de convívio, já deu para percebermos que você tem tudo para atender nossos desejos, tem um corpo espetacular, é refinado e companheiro, tem um astral incrível e, não duvidamos, deve saber muito bem como agradar um macho entre quatro paredes. – expôs o Khalid, abrindo finalmente o jogo.

- Nem sei o que dizer!

- Pense um pouco a respeito! Vamos te dar o tempo que precisar! – retrucou ele.

- Esteja certo de que, por sermos dois, não vamos te machucar, nem fazer nada com você com o que não esteja de acordo. Queremos uma relação aberta e sincera, com benefícios para todos. – asseverou o Ahmed.

- Eu me sinto enganado! Fui atraído para uma armadilha! – balbuciei, me dando conta da tremenda enrascada em que estava envolvido.

- Não coloque as coisas nesses termos! Nos valemos de um subterfúgio, sim, mas não o engamos, a proposta foi um emprego e você tem um emprego, certo? - questionou o Khalid.

- E é assim que vocês pretendem que eu me sujeite a saciar as taras de vocês dois, aceitando sem resmungar tudo aquilo que quiserem fazer comigo? – questionei.

- Você é gay, não é? Sabemos que é! Qual o problema de manter relações sexuais conosco se isso faz parte da sua natureza? Não acha que está exagerando demais nas suas colocações? – questionou o Ahmed.

- Sou gay, sim! Mas preferia eu mesmo escolher meus parceiros quando me sentisse confiante para isso, e estivesse diante da pessoa certa. – respondi.

- É por isso que estamos te dando um tempo.

- E quais são minhas opções ao final desse tempo, me entregar aos dois ou, me entregar aos dois? Não me parece que tenho muitas escolhas! Eu prefiro abdicar do emprego e voltar ao Brasil. – respondi com convicção.

- A questão não é tão simples assim! Investimos em você, tivemos despesas, como pretende nos ressarcir, se até para ajudar seus pais você depende do que recebe? – questionou o Khalid.

- Eu fico na agência até cobrir os gastos que tiveram comigo, me mudo do seu apartamento e quando estiver tudo quitado vocês me liberam, é justo, não é? – perguntei.

- Isso nem de longe nos compensaria pela expectativa e esperança que depositamos em você! – exclamou o Ahmed.

- Então vou à polícia! Vocês não estão me dando outra opção! – afirmei, tentando parecer o mais seguro possível.

- Lucas, meu rapaz ingênuo! O que você dirá à polícia, que está sendo chantageado para manter relações homossexuais? Sabe o que farão com você, que é estrangeiro e não tem sequer documentos em sua posse? Será preso por pederastia. Sua palavra como estrangeiro não vai ter peso algum se alegarmos que você é um garoto de programa, o que é crime aqui, sabia? – explicou o Khalid. Eu estava irremediavelmente refém daqueles dois, sem meu passaporte, sem falar árabe, na condição de homossexual e, portanto, completamente sem respaldo para nada.

- Por que você fez isso comigo, Khalid? – minha voz saiu tão fraca que mal a pude ouvir, enquanto as lágrimas desciam pelo meu rosto. Eu estava fodido, não literalmente, mas fodido como nunca estive.

Ele não respondeu. Formou-se um silêncio pesado. Eu estava parado no meio daquela sala gigantesca e ricamente decorada tão fora da minha realidade quanto um peixe fora d’água, fazendo força para respirar num ambiente totalmente alheio ao seu. O primeiro a se aproximar de mim foi o Ahmed. Seu braço me puxou para junto dele e sua mão levou minha cabeça ao seu ombro, havia um perfume de flores de bergamota emanando dele. O Khalid se juntou a nós, cercou minha cintura com seus braços, encaixou-se na saliência da minha bunda e apoiou a cabeça nas minhas costas. Eu chorei.

- Vá descansar, Lucas! Esteja certo de uma coisa, não queremos te fazer mal. Pense um pouco a respeito com calma, e você verá que não somos seus inimigos. – disse o Ahmed.

Fui me deitar com a sensação de ser a mais estupida das criaturas. À medida que as horas passavam e o sono não vinha de tão inconformado que eu estava com tudo aquilo, fui rememorando cada passo que me levou àquela situação. O anúncio na fachada da agência de empregos, ele talvez até fosse verdadeiro, porém para uma vaga numa agência pequena, com um salário que mal passaria do mínimo para um iniciante. Lá estava a primeira isca, o cara que tirou as fotografias. Já era um capanga de uma quadrilha. A segunda agência, na Avenida Paulista, certamente jamais foi uma agência de empregos, mas um escritório envolvido no tráfico internacional de pessoas, disfarçado de agência de empregos. As pessoas que estiveram lá no mesmo dia que eu, mulheres jovens de boa aparência que à essa hora deviam estar se prostituindo mundo afora; os dois gays, os únicos homens que também preenchiam os supostos testes de aptidão, com certeza eram garotos de programa. O cara que mal sabia falar inglês se passando por entrevistador. Como pude ser tão cego, e não enxergar que aquilo tudo era um grande teatro? Vejo agora que foi minha obstinação por um bom emprego na minha área, o desejo de progredir e ajudar meus pais que colocaram uma venda nos meus olhos e não me deixaram enxergar o óbvio. De onde cairia do céu um salário como o que eu estava recebendo num país estrangeiro para um recém-formado sem experiência alguma? Só na ilusão simplória de um parvo. O que seria de mim agora? O que fazer para voltar para casa? Como sair dessa enrascada?

- Ainda agitado? – perguntou a voz grave do Khalid, ao entrar no quarto para verificar como eu estava depois da discussão. Não respondi, o que por si só já era uma resposta. – Não se martirize à toa! Nós gostamos muito de você, Lucas! Acredite!

- Fica difícil de acreditar quando se descobre o quanto fui enganado. – respondi.

- Você teria aceitado deixar sua família e seu país se eu tivesse dito que era para você ser nosso, que palavra posso usar para dizer o que você é para mim e para o Ahmed, nosso parceiro sexual? Não, não é? Por isso usei o subterfúgio do emprego, que não tem nada de falso ou enganoso, foi apenas um ardil. – disse ele.

- Você me trouxe para cá para eu me prostituir! – exclamei, dando nome a como me sentia, uma puta. – O salário que jamais receberia no Brasil, os presentes caros, até esse quarto luxuoso é tudo pagamento pelos serviços sexuais que desejam de mim. Não passo de uma meretriz! – acrescentei, sentindo a voz embargar novamente.

- Não é assim que nós o enxergamos, juro! Você me acha tão asqueroso assim para não sentir atração por mim? – questionou.

- Eu nunca disse que você é asqueroso! Você e o Ahmed são uns dos homens mais atraentes que eu já vi! – respondi sincero. Até porque ele tinha vindo ao meu quarto usando apenas uma cueca folgada de seda.

- Vou te confessar uma coisa, quando há pouco, lá na sala, você perguntou quase chorando por que eu tinha feito isso com você, me senti muito mal, como se fosse a criatura mais vil desse mundo. Tudo que eu nunca quis, desde a primeira vez que vi esse rosto lindo sorrindo para mim, foi te magoar. – poucas vezes vi tanta sinceridade nas palavras de uma pessoa. – E confesso mais, ouvir você dizendo que me acha atraente, está me dando um baita tesão. – acrescentou, afagando meu rosto com aquela mão máscula.

Eu estava tão sensível e vulnerável que aquele toque era um alento mais do que bem-vindo. Ele percebeu que eu estava precisando daquilo e, de muito mais. Aproximou-se um pouco mais de mim e me puxou para um abraço. O tronco peludo e viril dele afastou os maus pensamentos da minha mente. Com muita sutileza e cuidado, ele foi aproximando o rosto do meu. Ficou a centímetros de mim, penetrando seu olhar no meu, a ponto deu eu sentir o ar que ele expirava roçando meu rosto. Uma mão na minha nuca trouxe minha boca para junto da dele. Um beijo longo, carinhoso e espreitador me fez sentir o sabor de sua boca. A língua dele foi me penetrando aos poucos, eu a recebia com toques sutis da minha, deixava-a entrar e vasculhar à vontade, em movimentos libidinosos que começaram a me dar tesão. Primeiro levei minhas mãos aos ombros espadaúdos e vigorosos dele; depois, fiz uma delas deslizar sobre o tórax forrado de pelos, deixando que estes escorregassem entre os meus dedos, como fazia com um ursinho de pelúcia na minha infância para conseguir dormir. Ao sentir meu toque, a sensualidade dele pareceu aflorar em todo seu esplendor, aquilo o excitava, mexia com sua libido, fazia a pica eriçar.

- Gosto do seu toque, dessas mãos macias, do seu beijo! – exclamou ele, pegando fogo por dentro.

Ele foi me despindo, o olhar brilhava, dando àqueles olhos de tigre uma aparência ao mesmo tempo predadora e sensual. À medida que ficava nu, meu corpo parecia arder, minha pele se arrepiava como se estivesse sentindo frio e a sensação tátil ficava tão intensa que o mínimo contato das mãos dele quase me levava à loucura. Meu cuzinho experimentava espasmos e contrações intensas, sinalizando o desejo de aquele macho penetrar seu membro nele. O Khalid ficou deitado ao meu lado por um bom tempo, deslizando as costas dos dedos sobre diversas partes do meu corpo nu, onde tufos de pelos sobre as falanges, atuavam com a suavidade de uma pluma.

- Você é lindo, Lucas! Muito lindo! Nunca desejei tanto alguma coisa quanto desejo fazer sexo com você. – sussurrou ele junto ao meu ouvido, enquanto lambia e mordiscava minha orelha. – Gostoso como você é já deve ter ouvido isso algumas vezes antes de um cara trepar com você, não é? Mas, eu juro que estou falando a verdade. Você me deixa alucinado! – emendou, fazendo questão que eu visse o tamanho da ereção que estava dentro de sua cueca.

- Eu nunca estive com um homem como você imagina! Quer dizer, por completo! – revelei. Ele quase surtou me puxando por cima dele e agarrando minhas nádegas que amassava com força.

Nesse esfrega-esfrega a cabeçorra da rola dele saiu pelo cós e roçava meu ventre, minhas ancas e minhas coxas, deixando um rastro pegajoso do pré-gozo que minava da jeba excitada. Depois de mais um daqueles longos beijos, onde já enfiava a língua em mim como se estivesse me fodendo, eu fui lentamente descendo pelo pescoço dele, peito, abdômen até chegar com meus beijos furtivos abaixo do umbigo dele. O perfume do pré-gozo me atraiu como uma abelha a procura de néctar. A cabeçorra arroxeada e lustrosa estava prensada contra o ventre dele pela ação do elástico da cueca. Eu a puxei para baixo e o imenso cacetão tombou para o lado sobre uma de suas coxas. Eu o tomei na mão, acariciei e coloquei os lábios sobre ele, deixando que escorregassem para baixo até toda a cabeçorra estar na minha boca. O Khalid grunhiu, agarrou meus cabelos e ergueu as ancas forçando a pica na minha garganta. Uma boa quantidade de pré-gozo escorreu para dentro dela e eu o sorvi como se estivesse chupando um picolé. Ele era deliciosa e provocantemente saboroso. Ergui meu olhar na direção do dele quando comecei a chupar e lamber a caceta, percorrendo e explorando, com os lábios e língua, toda a extensão daquela verga assustadoramente grande e grossa. À medida que eu a trabalhava, ela crescia, pulsava e ficava tão retesada que eu mal conseguia movê-la. Ele gemia e se entrava àquele prazer, segurando firme a minha cabeça que, de quando em quando, afundava em sua virilha. Para não sufocar, eu beliscava e puxava os pelos das coxas dele. Era o único jeito de ele me soltar. Mas, eu mal tirava a verga da minha boca e já voltava a abocanha-la, seduzido por seu tamanho portentoso, pelas grossas veias insufladas que a revestiam, pelo sacão tentador onde se faziam bem perceptíveis duas bolonas tão imponentes quanto a própria pica.

- Preciso meter nesse cuzinho! – grunhiu ele, enquanto seu dedo deslizava sobre as minhas preguinhas, sondando e dando curtas penetradas na fenda estreita que piscava desvairadamente.

Ele me posicionou meio de lado, meio de bruços e veio para cima de mim. Eu apartei as pernas, facilitando o acesso ao meu rego, onde o cacete dele deslizava enquanto ele se esfregava em mim. Seus beijos e mordiscadas desceram pelos meus ombros, costas e chegaram às nádegas. Ele cravava os dentes nelas até ouvir meu gemido, abria-as e passava a língua sobre o meu cuzinho, até ouvir meu tesão clamando por seu falo. Entre as lambidas, ele enfiava um dedo no meu cu, movendo-o dentro dele ou fazendo curtos movimentos de entra-e-sai. Isso me fazia quase implorar por sua rola, de tanto que eu gemia e rebolava. Quando ele pegou o cacetão na mão e o pincelou sobre a minha rosquinha eu soube que havia chegado a hora, espasmos contraiam a minha musculatura. Apesar do tesão, da vontade imensa de sentir um macho entrando em mim eu estava receoso e inseguro. O Khalid forçou a cabeçorra contra a fendinha umedecendo-a com seu líquido pré-ejaculatório para facilitar a penetração. Mas, ela se distendeu, longe do necessário para deixar passar aquele volume. Tentou uma segunda vez, sem sucesso. Cuspiu no meu cuzinho e o espalhou com a glande antes da terceira tentativa, mais enérgica que as anteriores. Eu gani e ele sabia que não ia passar sem me rasgar todo. Feito um louco, saiu correndo em direção ao banheiro, voltando com um frasco de lubrificante e uma toalha que colocou debaixo da minha bunda. Voltou a abrir minhas nádegas, jogou um pouco do líquido frio sobre meu cuzinho e lambuzou toda a pica com ele. Com mais gana do que antes, voltou a apontar o pau na minha rosquinha, forçou, eu gani, forçou novamente, mais bruto, mais determinado, o meu anelzinho cedeu, se abriu até algumas pregas se romperem, eu gritei, a dor se espalhava, e aquele macho imenso e sedento deslizava imponente para dentro do meu corpo. A mais confusa e maravilhosa sensação que eu já havia sentido. O alvoroço e meus ganidos trouxeram o Ahmed para o quarto, mesmo sonolento e esfregando os olhos, ele se aproximou para nos observar, em especial, as expressões do meu rosto, um misto de martírio, dor e prazer, tão eloquentes que só podiam brotar da felicidade que eu estava sentindo.

- Hal ant eadhra’! (= é virgem!) – exclamou o Khalid, quando notou a presença do primo, sem interromper as estocadas que metiam seu cacete no meu rabo. Imediatamente vi a pica do Ahmed crescendo dentro da cueca. Isso reforçou meu tesão, me fez empinar a bunda para o cacete do Khalid deslizar mais facilmente para dentro e gemer tão sensualmente que ambos só pensaram em me foder até estarem saciados.

O Khalid me abraçou como se estivesse me dando um mata-leão, lançava sua pelve com força contra a minha bunda carnuda encaixada em sua virilha, tirando do vaivém cadenciado o máximo de prazer que podia. Sussurros em árabe nos meus ouvidos não precisavam de tradução, eu sabia que eram fruto do tesão e do prazer que eu estava lhe proporcionando. Pela minha boca entreaberta, que me ajudava a conseguir o fôlego que só o nariz não permitia, escapavam os ganidos e, de quando em quando, alguns gritinhos de dor e prazer, pois eu já não sabia mais o que era um e o que era o outro. As lambidas que eu dava nos meus lábios para mantê-los úmidos e, o vermelho intenso e reluzente que eles apresentavam, instigaram o Ahmed a tirar o caralhão da cueca e enfiá-lo no meio deles. Enquanto ele pincelava a jeba no meu rosto, me permitindo sentir o aroma almiscarado daquele falo descomunal, eu me rendia também à vontade dele. Eu estava tão fascinado por aqueles dois machos, por seus caralhos gigantescos, como jamais pude imaginar existirem naquele tamanho e grossura, que só queria ter meu cuzinho preenchido por eles.

O Ahmed se contorcia todo enquanto eu chupava sua verga e sorvia seu pré-gozo, acariciando seus testículos consistentes através do sacão peludo. Ele encarava o Khalid com a ansiedade e o desespero brilhando no olhar cobiçoso, como se estivesse a apressar o primo para que liberasse o meu cuzinho o quanto antes. O Khalid dominava a arte de foder, não tinha pressa alguma de tirar seu falo da minha fendinha apertada e acolhedora, que o agasalhava como jamais tinha sido agasalhado. O único orifício virgem que ele havia penetrado até então foi a vagina da esposa que cedeu à entrada de seu cacete com muito menos esforço. Meus esfíncteres contraídos nem de longe podiam ser comparados a uma vagina, eles eram muito mais estreitos, muito mais potentes em apertar um caralho em seu bojo.

No momento em que o Ahmed soltou uma boa porção de pré-gozo levemente salgado na minha boca, e o Khalid chegava ao fundo das minhas entranhas socando todo aquele cacetão no meu cu, deixando apenas as bolas aprisionadas entre as bandas macias da minha bunda, eu sucumbi e gozei. O prazer era tanto que a própria dor havia me anestesiado para ela e deixado triunfar apenas aquela sensação maravilhosa de ter um macho engatado no meu cu. Por pouco o Ahmed não esporrou na minha boca quando me viu gozando, liberando todo meu tesão naquele líquido esbranquiçado que saia do meu pinto.

- Aistamtie! (= ele gozou!) – exclamou o Ahmed. No mesmo instante, ouvi o som gutural emergindo rouco do peito do Khalid, senti duas estocadas tão profundas, potentes e doloridas que soltei um grito. Aos poucos, meu cuzinho foi se enchendo da porra viscosa e morna que ele ejaculava em mim, ronronando feito um gato satisfeito no meu ouvido.

- Ai, Khalid! – gemi, confirmando o prazer com o qual ele me presenteava.

Ele estava ofegante e eu também. Ele estaria satisfeito por um tempo com os colhões drenados, eu continuava cheio de tesão depois de levar a minha primeira pica no cu, pois ele não parava de se contorcer ao redor da rola do Khalid que, aos poucos, ia perdendo aquela rigidez tenebrosa, enquanto suas mãos não paravam de passear pelo meu corpo languidamente estirado debaixo do dele. Quando senti que ele puxava vagarosamente o cacete para fora do meu rabo, travei a musculatura anal como se quisesse segura-lo em mim. Um beijo dado de esguelha sobre a minha boca, simultâneo a sacada abrupta da cabeçorra que ainda estava engatada no meu cu selou o término do coito. Ao se pôr em pé, o Khalid deu uma última agarrada nas minhas nádegas e as abriu para verificar o estado em que deixara meu cu. A visão da rosquinha se fechando a partir do rombo deixado pelo primo, até voltar a ser apenas uma diminuta fenda da qual brotavam algumas gotas rutilantes de sangue, transformou o Ahmed num garanhão incontrolável diante do cio de uma égua. Uma pegada forte nas minhas coxas girou meu corpo sobre a cama até eu ficar de frente para ele, num puxão minhas ancas ficaram apoiadas na beirada da cama. Eu estava tão inebriado e seduzido pelo corpão másculo daquele macho arfando de desejo pelo meu corpo que abri as pernas e as dobrei na altura dos joelhos para expor meu cuzinho faminto. Com a gigantesca benga na mão o Ahmed veio para cima de mim, enfiou a chapeleta úmida numa única estocada na rosquinha já completamente ocluída. Meu ganido pungente preencheu o quarto de luxúria e libidinagem, ao mesmo tempo que meus esfíncteres prendiam o caralhão e o mastigavam puxando-o para dentro com o auxílio dos impulsos do Ahmed. Gemendo de dor e prazer, eu sentia aquele macho se apossando de mim, penetrando nas profundezas do meu corpo e do meu ser, à procura de carinho e afagos. A entrega incondicional envolta em beijos e carícias nas costas largas do primo, voltou a endurecer a pica já flácida do Khalid, denunciando o tesão que a cena voltava a injetar nele. Por estar de pé e, firmemente apoiado sobre as pernas, as estocadas do Ahmed eram bem mais doloridas e potentes. Embora a jeba fosse ligeiramente menor do que a do Khalid, pouco mais do que um palmo, aquela posição parecia torna-la maior e me atingir mais profundamente, a ponto de eu sentir as estocadas socando minha próstata contra o púbis, provocando uma dor lancinante que me fazia ganir e gritar. Ele não estava sendo bruto, pelo contrário, havia se inclinado sobre mim e acariciava meu rosto com suavidade, depositando seus beijos molhados e lascivos sobre meus lábios agoniados. Cravei as pontas dos meus dedos com tamanha força em seus flancos que as marcas das minhas unhas em sua pele estariam visíveis por alguns dias. Parado próximo à cama, o Khalid manipulava sua benga, excitado e cobiçoso, o que levava o meu tesão a um estado fervilhante, quase explosivo. O vaivém do Ahmed no meu cu não parava, ora ficava tão intenso que eu gritava, ora se amansava e me fazia gemer como um gatinho pedindo afagos, o que ele fazia colando sua boca na minha, e enfiando sua língua nela numa dança sensual com a minha. Aquela sensação prazerosa estava se formando novamente e me levando a contrair todo o baixo ventre, enquanto se concentrava nos meus testículos preparando-os para um novo, irremediável e farto gozo. Eu mal podia acreditar que estava esporrando outra vez envolto numa felicidade sem tamanho.

- ‘Iinah qadim maratan ‘ukhraa! (= ele está gozando outra vez!) – avisou o Khalid, o que fez o Ahmed intensificar seus beijos, e eu cofiar carinhosamente sua barba macia.

Aos poucos, sua expressão, que me encarava como se estivesse mirando em jubilo algum profeta santo, se contraia e o arfar estertoroso se tornava grave e espaçado, não demorei a sentir o que aquilo representava, gozo. Um gozo radiante em forma de jatos potentes de porra que fluíam daquele cacetão e inundavam meu cuzinho esfolado em brasa.

Com a pica já fora do meu cu, de onde pingavam derradeiras gotas de esperma, ele admirava meu cuzinho arregaçado, trocando olhares cúmplices com o primo. No rosto de ambos brilhava o deleite de uma conquista significativa. Uma das minhas pernas ainda estava apoiada em seu ombro, e ele a segurava de tal maneira que permitia a visão por ambos do meu cu e, de onde escorria um pouco do sêmen cremoso e esbranquiçado que ele acabara de esporrar ali. Com o polegar ele o recolheu e o enfiou dentro do buraquinho lanhado.

- Estamos tão felizes, Lucas! É isso que queremos de você, esse carinho, essa entrega, essa acolhida dos nossos desejos. Você não podia ser mais perfeito! – sentenciou o Ahmed

- Queremos cuidar de você! Queremos que você nos presenteie com esse prazer que acaba de nos dar. – completou o Khalid.

Eu nunca havia pensado na maneira em que seria descabaçado, mas confesso que me senti muito feliz e realizado quando vi aqueles dois machos saciados elogiando meu desempenho. Aquela certeza de querer abandonar tudo, de voltar para o Brasil já não tinha mais a mesma intensidade e determinação. Eu agora estava dividido entre aqueles dois tesões de homens e a volta para a minha vidinha pacata e até um pouco insossa de antes. Não tinham sido completamente honestos comigo ao me trazerem para Doha, mas era inegável que estavam gostando de mim e não queriam meu mal.

- Vamos deixar você descansar agora, daqui a pouco vai amanhecer e você precisa se recuperar. Você precisa que façamos alguma coisa por você? – perguntou o Ahmed.

- Que fiquem aqui comigo! – exclamei, fazendo com que no rosto viril de ambos se formasse um sorriso como eu nunca tinha visto naqueles rostos.

- Ah, Lucas! Isso me deixa tão feliz! – afirmou o Khalid

- A mim também, Lucas! A mim também, tesudinho! – emendou o Ahmed, enquanto ambos se ajeitavam um de cada lado na cama larga que, dali em diante, seria meu patíbulo sexual.

Na manhã seguinte, acordei sozinho, sentindo falta do calor daqueles corpões enroscados em mim. Um diálogo em árabe me permitiu saber que o Khalid e o Ahmed estavam tomando o desjejum. Tomei uma ducha e ia me preparar para seguir para o trabalho junto com eles quando tive a ideia de usar as roupas que eles haviam me comprado.

- Sabah el kher! (= Bom dia!) – cumprimentei, surgindo completamente nu e com a thobe e a cirwall (ou também sunnah, é uma espécie de calça folgada e ceroula que chega até os tornozelos e é usada por baixo da thobe) pendendo do braço.

- Sabah el nur! (= Bom dia!) – responderam ambos, num coro perfeito e atônito, enquanto seus olhares se arregalavam sobre a minha bunda que lhes dera tanto prazer na noite anterior. O Ahmed chegou a engasgar ao me ver, o que me fez lançar uma risadinha na direção dele.

- Podem me ajudar a vestir isso aqui? – perguntei, fazendo com que os dois se apressassem prontificando-se a me auxiliar. Ao me verem aceitando trajar as roupas tradicionais de sua cultura ficaram tão contentes como uma criança que acaba de ganhar uma guloseima.

- Evidente! O que te levou a aceitar nossa sugestão? – perguntou o Khalid.

- O que aconteceu na noite passada e, o que carrego de vocês dois dentro de mim e que se faz presente a cada passo que dou. – respondi sincero, despertando a libertinagem deles.

- Lucas, seu tesão do caralho! Quer me deixar de pau duro já a essa hora da manhã? – questionou o Ahmed, passando a mão sobre uma das minhas nádegas enquanto o Khalid se apossava da outra.

- Estou pedindo para me ajudarem com a vestimenta, não para me devorarem feito dois leões famintos! Até porque, creio que nem vou conseguir sentar por alguns dias. – revelei, numa sensualidade que deixou ambos de pau duro.

Sem dúvida, as roupas eram confortáveis. Me atrapalhei um pouco para ajustar e fazer as dobras da sufra (também chamada de Guthra ou Gutra – tradicional lenço usado na cabeça. De formato quadrado e feito em algodão, ele é dobrado como um triângulo e colocado sobre o Gahfiya com a dobra na parte da frente. Existem muitas maneiras de amarrar o lenço na cabeça. A escolha da cor do Ghutra – toda de algodão branco, quando é chamado de Sufra, ou Shimagh – quando quadriculada vermelha e branca, estão sobretudo relacionadas com a moda) sobre a gahfiya (Pequena touca branca usada para prender o cabelo dos homens e manter o Guthra no lugar), e prendê-la com o agal (“cordinha” preta de duas voltas que se vê no topo da cabeça de um árabe A peça é feita de lã de camelo ou de ovelha, tramada para formar uma corda. O Agal é utilizado sobre o Ghutra e o Gahfiya). Teria que praticar um pouco antes de ter certeza de que estava fazendo da forma correta. Mas, essa minha disposição só enchia os dois de satisfação por me verem adotar seus trajes tradicionais.

- Me explica como você consegue ser tão lindo nu, ou trajando tão somente um lenço que seja? – questionou o Ahmed, quanto meu look estava completo.

- Não seja exagerado! O que você queria eu já te entreguei ontem, não foi? – devolvi. Ele riu, no que foi acompanhado pelo Khalid.

- E quando vai se entregar para mim de novo? Põe a mão aqui e sente o quanto eu quero repetir a dose. – brincou, levando minha mão até o cacetão rijo. – Estou pressentindo que vou passar o dia todo com o cacete duro. – emendou, colocando um beijo na minha bochecha.

Dias depois, vim a cometer uma imprudência da qual me arrependi sincera e amargamente. Como eu disse, depois de ter sido deflorado pelos dois, aquele subterfúgio que usaram para me trazer para o Qatar tinha perdido totalmente a importância. Eu entendi que a minha primeira reação de revolta por ter sido enganado, era justa e válida. Porém, eu só tinha lucrado com aquilo. Tinha o emprego dos meus sonhos, estava ajudando meus pais, vivia num lugar cercado de todo conforto, com o qual jamais havia sonhado e, tinha o afeto sincero, a amizade e os cuidados de dois tremendos machos atraentes, o que para um gay era um verdadeiro idílio. Aquela imagem que eu criei na minha cabeça logo que descobri o ardil deles, de me assemelhar a um pássaro preso numa gaiola de ouro, tendo de cantar para alegrar meus donos, tinha sido uma fantasia que não correspondia à realidade. O que então me levou a tomar uma atitude como aquela eu não saberia responder.

Afora algumas poucas vezes em que caminhei sozinho pelos arredores do apartamento onde morava, eu mal sabia me orientar pela cidade. O trajeto entre o apartamento e a agência era praticamente tudo que eu conhecia porque o percorria com o Ahmed dirigindo de domingo a quinta-feira, os dias úteis no Qatar. No dia seguinte ao de ter meu cuzinho arregaçado pelos dois, eu ainda estava inconformado com as ameaças que o Khalid expressou no momento de raiva durante a nossa discussão. Como não tinha a posse do meu passaporte, procurei na Internet o endereço da embaixada brasileira em Doha, para uma eventual necessidade de me ver forçado a procurar ajuda caso nosso relacionamento se tornasse conturbado, uma possibilidade que até então eu não tinha aventado, mas que a nossa discussão me mostrou ser factível. Com o endereço em mãos, não fazia ideia para que lado da cidade ele ficava e, acabei perguntando para um dos colegas da agência, pois o Google Earth não me apontava uma referência conhecida. No mesmo dia, algumas horas depois, eu o vi na sala do Ahmed e tive um péssimo pressentimento, ele estava me dedurando. A expressão no rosto do Ahmed através dos painéis de vidro que separavam a sala dele da minha quando me encarou, confirmou a minha suspeita. Tão logo a conversa entre os dois terminou, ele teclou algo no notebook e aproximou o olhar quando a resposta ao que tinha teclado surgiu na tela. Num salto ele se levantou da cadeira, fechou o notebook com uma pancada violenta e veio na minha direção. Fui arrancado da cadeira quando sua mão se fechou ao redor do meu braço e ele, sem dizer uma única palavra, me arrastou em direção ao estacionamento, destravou as portas de seu Porsche 911 TurboS e praticamente me atirou para dentro dele, saindo pela rampa da garagem do edifício como se fosse tirar o pai da forca. Ele dirigia feito um louco pelas ruas e eu temendo pelo resultado daquela reação violenta não conseguia articular uma palavra sequer. A fúria dele enquanto falava em árabe com o Khalid pelo celular me apavorou.

- Nadhl khayin! (= traidor desgraçado!) – berrou ele, assim que entramos no apartamento e ele desferia um soco contra a parede depois de atirar longe as chaves do carro. Eu não sabia o que ele havia dito, mas tinha a certeza de que não era boa coisa.

- Eu não entendo árabe, Ahmed, você sabe disso. – respondi, deixando-o ainda mais colérico.

- Hal satakhunana wara’ zuhurna? Hadha hu! (= Vai nos trair pelas costas? É isso!) – continuou berrando e ignorando o que eu havia dito.

- Eu posso explicar! Não é o que você está pensando! – tentei falar para que me ouvisse.

- Askti! Alan ‘ana man yatahadathu! (= Cala a boca! Agora sou eu quem fala!) – proferiu, socando mais uma vez a primeira superfície que seu olhar injetado vislumbrou.

A porta do apartamento se abriu e o Khalid entrou, tão ou mais alterado do que o Ahmed. Por uns instantes pensei que fossem me espancar, pois os punhos cerrados de ambos denotavam a fúria pela qual estavam tomados. Eu já havia aprendido a reconhecer os humores daqueles dois. Quando estavam de bom humor e contentes, esforçavam-se para falar comigo no parco português que haviam aprendido. Quando aborrecidos com alguma coisa, não especialmente comigo, ou quando eu os peitava nalgum assunto privado, era em inglês que se dirigiam a mim. Porém, quando raivosos como cães como era o caso agora, era em árabe que soltavam o verbo por cima de mim, mesmo sabendo que eu não estava compreendendo uma palavra sequer.

- Acha que agora que nos deixou foder seu cuzinho pode fazer de nós gato e sapato nos enganando enquanto arma um esquema para se livrar do nosso acordo? É isso que você pensa, Lucas? Pois tente, e você verá se eu não cumpro o que te disse alguns dias atrás, te denunciando às autoridades por pederastia. Assim você vai sentir como agem os juízes nesse país e como vão aplicar a lei da Sharia sem dó para um estrangeiro que macula nossos costumes. – sentenciou o Khalid, num português cheio de atropelos devido a fúria e reiterando as ameaças.

- Eu não fiz o que fiz com a intensão que vocês estão imaginando, eu juro! Eu estava dividido entre vocês e voltar para o Brasil, mas isso não existe mais. Eu quero ficar com vocês! – devolvi sincero.

- Como vou saber que não está mentindo, tentando ganhar tempo para nos apunhalar? – questionou transtornado.

- Porque estou falando a verdade e porque quero que vocês tenham mais confiança em mim. Eu não sou nenhum mau caráter, saibam disso! Acreditem, ou não! – revidei com firmeza, embora minhas pernas tremessem feito gelatina.

- Você nos enganou! Traiu nossa confiança! Ou acha que somos idiotas de não saber o que você estava planejando ao querer descobrir onde fica a embaixada brasileira? – exclamou autoritário o Ahmed.

- Tudo o que vocês não podem alegar é que eu os enganei. Se formos falar em enganar, vocês se esmeraram em muito para conseguir me trazer para cá. – revidei, mais enfático e mais seguro de minhas palavras, o que os levou a, pela primeira vez desde que a discussão começou, refletir sobre o que eu dizia. – O que você esperava que eu fizesse depois de ter sido ameaçado até de me colocarem numa prisão? Como querem que eu continue a confiar em vocês se ficam me ameaçando? Quem está totalmente errado aqui são vocês! O que fizeram é considerado tráfico internacional de pessoas, é crime! Não conheço as leis desse país, mas tenho quase certeza absoluta de que fazer de mim um escravo sexual em cárcere privado não seja algo que tenha respaldo na justiça. Portanto, uma vez que se trata de ameaçar, sou eu quem podem ameaça-los de prisão, pois os criminosos aqui são vocês! – continuei, liberando tudo o que estava entalado na minha garganta.

O Ahmed, que fazia um tremendo esforço para controlar aqueles seus punhos cerrados, partiu para cima de mim, agarrou e apertou meu queixo me encarando, a centímetros do meu rosto, com um olhar de onde saiam faíscas de raiva, por estar sendo confrontado daquela maneira, coisa a que os homens árabes não estavam habituados. Um menino aqui cresce sabendo que seus desejos são uma ordem, suas vontades precisam ser respeitadas, suas decisões são soberanas e, a isso todos os que não são machos devem se submeter, exatamente o que eu não estava fazendo.

- Isso, bata! – exclamei desafiador quando a mão dele se ergueu para me atingir, sendo segurada pelo braço determinado do Khalid antes de ele desferir o golpe. – Bata em mim, depois compre uma coleira e me prenda como se eu fosse um cão, cujos limites de liberdade se resumem aos passeios guiados e controlados pelo dono. – emendei zangado. Ele rosnou algo incompreensível em árabe e não me bateu. Seu semblante já expressava arrependimento por ter levantado a mão para mim, embora continuasse bravo como um touro enfurecido.

De repente, estávamos os três em silêncio, o clima tenso, cada um procurando dentro de si o equilíbrio do qual precisava. O Khalid era mais controlado, menos temperamental e genioso que o Ahmed, particularmente em relação a mim. Talvez, fosse pelo fato de eu estar convivendo sob o mesmo teto do Ahmed, o que, de certa forma, acabou nos aproximando mais. Por conta disso, ele se sentia mais traído por mim que o Khalid, reagindo mais intempestivamente. O silêncio acalmou os ânimos, eu estava exausto e só queria ficar sozinho. Fui para o meu quarto tentando não chorar, não lhes daria esse gostinho.

Já era tarde da noite quando o Ahmed abriu a porta do quarto e enfiou a cabeça para dentro. Fingi que estava dormindo, pois outra discussão naquele dia seria demais para mim e, tudo o que eu não queria, era ter que falar com aquele sujeito irascível. Não sei o que ele pretendia vindo ao meu quarto, mas minha imobilidade sobre a cama ainda completamente vestido o desencorajou de qualquer intento.

Eu já o esperava totalmente pronto para seguir para o trabalho quando ele saiu do quarto na manhã seguinte. Ele não me cumprimentou, nem eu a ele. Nesse mesmo silêncio turrão seguimos para a agência. Ela começava a se afigurar o meu lugar preferido naquele país. Lá eu podia ocupar minha mente com coisas produtivas, podia esquecer daquela sensação de me sentir um escravo, podia ser eu mesmo, embora tivesse a certeza de que estava cercado de pessoas traiçoeiras que levariam ao conhecimento do Ahmed qualquer pequeno deslize que eu cometesse. A cara emburrada dele para comigo durou quase uma semana, eu não dei uma brechinha que fosse para aliviar aquele clima hostil, o que o estava deixando de mau humor com quem cruzasse seu caminho.

- Dentro de dois dias vamos embarcar para Chipre, esteja preparado para passar uma semana por lá! – grunhiu ele, quinze dias depois, pouco antes de eu ir dormir. Foi a primeira frase que ele me dirigiu desde a discussão. Eu não perguntei nada, derrubando a expectativa dele de que fosse querer saber o motivo da viagem, o tempo que passaríamos por lá ou, tirar qualquer dúvida que eu porventura tivesse.

- Ok! – respondi, sem nem me voltar em sua direção.

Eu não fazia ideia do que íamos fazer na ilha mediterrânea, uma vez que quase não comercializávamos pacotes turísticos para esse destino. Estava pronto e sem perguntas no horário que o Ahmed havia determinado. O voo de quatro horas até Nicósia, a capital, se deu sem nos falarmos, eu com a cara afundada lendo The couple next door, e ele teclando furiosamente seu tablet SurfacePro jogando Sekiro: Shadows die twice. O único incidente durante o voo se deu quando retribuí com um sorriso afetuoso, a gentileza do comissário de bordo tesudo, de ir buscar um chocolate meio-amargo que havia se esgotado na cestinha que ele passava entre os passageiros, rendendo-me um beliscão na coxa e uma encarada ciumenta do Ahmed. Do aeroporto Larnaca, onde o Ahmed alugou um Porsche semelhante ao dele, porém cabriolet, dirigiu sem pressa na direção sudoeste da ilha, como se quisesse me mostrar a paisagem, até o resort Annabelle na praia de Pafos. Tinhoso, ele não dava o braço a torcer, não puxando conversa durante todo o trajeto, embora eu notasse que ele não via a hora de eu lhe fazer alguma pergunta sobre nosso destino final, motivo daquela viagem, ou qualquer assunto que nos levasse a conversar civilizadamente e sem rancores. Eu estava disposto a não ceder, seria ele a ter que dar o primeiro passo para nossa reconciliação.

Logo saquei que aquela viagem tinha uma única finalidade, fazer a reconciliação entre nós. Ele não a verbalizou, mas ficava fazendo pequenos agrados para ver se eu cedia, o que não aconteceu.

- Na extremidade final dessa praia o nudismo é liberado, quer dar uma chegada até lá? – perguntou ele, no dia seguinte à nossa chegada ao resort onde dividimos a mesma cama num bangalô junto ao mar.

- Não, obrigado! Não tenho o mínimo interesse em ver gente pelada! – devolvi indiferente.

Mesmo assim, no final ensolarado daquela tarde, durante uma caminhada, ele tomou o rumo da pequena enseada onde alguns turistas tomavam sol na areia como vieram ao mundo. Eu sabia aonde ele queria chegar com essa abordagem até certo ponto infantil, e não cedi, apesar de ver em seus olhos o tesão de ver minha pele sem roupas banhada pelo dourado daquele sol vespertino. O entardecer foi um espetáculo, o sol se pondo sobre o mar, numa esfera perfeita dourado-acobreada e afundando calmamente nas águas azuis do horizonte. Percebi que ele voltou ao resort frustrado por não ter conseguido seu intento. Tomei uma ducha e fui continuar minha leitura no deck defronte ao bangalô e do mar num patamar mais baixo. Ele sumiu. Não ouvi nem vi ele se movimentando de um lado para outro numa impaciência que chegava a incomodar, como tinha feito há pouco. Pensei que talvez tivesse saído para espairecer. Mas, quando fui à procura dele, ouvi a ducha correndo no banheiro da suíte. A porta estava entreaberta e eu espichei um olhar lá para dentro. O Ahmed se masturbava, agitando aquele caralhão em sua mão e fazendo o sacão balançar pesada e sensualmente entre suas coxas peludas. Resolvi tripudiar sobre a situação dele.

- Precisando de ajuda aí? – perguntei, adentrando um pouco mais no banheiro e assustando-o.

- Engraçadinho! Vai procurar o que fazer em outro lugar! – disfarçou para não confessar o que desejava.

- Boa sorte! – tripudiei

- Eu devia te jogar em cima daquela cama e foder seu cuzinho até você se arrepender e pedir desculpas! – exclamou, quando vi os jatos de porra espirrando para tudo que lugar.

- Faça isso! Afinal, você está pagando, pode usar a mercadoria que adquiriu da forma que lhe aprouver! – devolvi, saindo dali, uma vez que aquele caralhão esporrando feito um gêiser começava a me dar tesão.

Se estava satisfeito quando saiu do banheiro, não sei. Ao menos tinha resolvido sua necessidade fisiológica, o que não o demoveu de persistir na safadeza, perambulando pelo deque do bangalô sob um luar romântico e um céu estrelado, com aquele cacetão sacolejando tentador entre suas pernas. Os homens árabes eram disciplinados a se resguardar do pescoço até abaixo dos genitais coibidos pela Sharia que proibia a exibição de seus troncos e genitais para não despertar a cobiça feminina. Era essa a razão pela qual usavam o thobe fechado até o pescoço. O que não os impedia de ter consciência do quanto seu tronco másculo e viril podia ser usado como arma de sedução. Era esse o ardil que estava tentando usar comigo, uma vez que tanto ele quanto o Khadil tinham percebido como fiquei fissurado em seus torsos nus. Não me rendi ao meu cuzinho se contorcendo de vontade de encapar novamente aquela benga, lutando contra mim mesmo e aquele desejo libidinoso. Eu havia desenvolvido uma teoria desde que meu contato com os homens árabes se intensificou. O tamanho descomunal de suas bengas devia ser resultado de nunca usarem alguma roupa íntima apertada que inibisse o crescimento dos caralhos dos meninos, promovido pelo efeito da gravidade. Trazer o bicho totalmente solto ganhando peso e crescendo sem que nada o impedisse resultava nesses caralhões, concluíra eu. Não se notava como eram bem-dotados até o dia em que se os via usando trajes ocidentais, onde não havia como camuflar aquelas vergas sem que seus contornos se desenhassem sob o tecido da calça.

Fui me deitar antes dele e, propositalmente, sem o cirwall, mas com uma das minhas cuecas ocidentais. O Ahmed ficou sentado na poltrona junto a saída para o deque por mais de meia hora. Eu teria dado um braço para saber o que se passava naquela cabeça. Finalmente, resolveu se deitar. A princípio, manteve distância, determinado a não se deixar seduzir por toda aquela carne polpuda das minhas nádegas que a cueca não cobria. Depois, fingindo casualidade, começou a se encostar em mim, roçando sutilmente uma de suas pernas peludas nas minhas. O pau endureceu em poucos minutos, a ponto de eu perceber a ereção resvalando na dobra entre a coxa e a bunda. O mais constrangedor, é que o meu também ficou duro, mas eu não ia lhe dar o gostinho de constatar isso. Numa das vezes em que acordei de madrugada, eu estava completamente enroscado no corpão quente dele. O mau humor do Ahmed voltou quando estávamos a caminho do aeroporto para regressar a Doha, sem que ele tivesse conseguido meter uma única vez sequer a pica no meu rabo. Ao chegarmos em casa, o Khalid estava a nossa espera, o que me levou a concluir que tinha sido ele a propor essa semana cuja finalidade era a de voltarmos às boas. Eu não precisava ser nenhum gênio para adivinhar o que começaram a conversar em árabe, o fracasso daquela empreitada inútil, quando os deixei a sós e fui me recolher.

Voltamos à rotina com aquele clima não dissipado. Dois dias após nosso regresso, um domingo em que a agência estava tendo um movimento acima do normal, uma vez que nos países árabes o domingo é um dia útil, o Ahmed se aproveitou do agite para lançar mais uma vez a isca. Ele já tinha acordado bem-disposto, assobiando, cantarolando, lançando olhares furtivos para a minha bunda como quem diz – de hoje não passa!

Os demais funcionários já haviam ido embora, eu fechava algumas reservas em hotéis da Costa Malfitana quando ele se aproximou da minha cadeira. Agi como se ele não estivesse ali, mesmo sentido o calor de seu corpo e sua respiração roçando minha nuca de tão perto que ele se posicionara.

- Ainda zangado? – arriscou, finalmente deixando a arrogância machista de lado.

- Acho que tenho motivos para isso, não tenho? – retruquei

- Não, não tem! – exclamou categórico

- Então temos um impasse!

- Porra, Lucas! Você é tinhoso, hein!

- Posso dizer o mesmo de você! – revidei, continuando meu trabalho e fingindo não lhe dar atenção.

- Tudo bem, então! Me desculpe! Era isso que você queria ouvir? Então conseguiu o que queria! Contente agora? – fiz força para não demonstrar a satisfação que me deu ver aquele machão acostumado a dar ordens se rendendo à minha vontade, até porque isso poderia resultar num desastre total se ele se sentisse acuado.

- É o que se costuma esperar de alguém que errou conosco! – respondi.

- Nós não erramos, talvez tiramos conclusões precipitadas! – afirmou, tentando manter a pose.

- Nunca passou pela minha cabeça fugir de vocês sem uma explicação. Eu só procurei me cercar de alguma escapatória caso vocês cumprissem as ameaças que me fizeram. – esclareci.

- O Khalid falou aquilo de cabeça quente, e eu endossei para que você se sentisse realmente intimidado. Nunca pensamos em te fazer mal. Você pode não acreditar, mas gostamos muito de você, muito mesmo, entendeu? – disse ele, colocando as mãos sobre os meus ombros e me massageando para ver se isso ajudaria na minha rendição.

- É a mesma razão pela qual eu não fugiria de vocês! – devolvi. O sorriso que se abriu no rosto dele era impagável, ensejando cobri-lo de beijos, de tão sedutor.

Uma coisa eu não podia negar, desde meu primeiro encontro com o Ahmed eu me senti atraído por ele. Não era apenas uma atração física, embora eu admita que o corpão musculoso dele e aquele rosto viril tiveram um tremendo impacto sobre mim quando o vi pela primeira vez, havia algo mais nele que fazia despertar em mim um sentimento muito mais profundo e consistente. Naqueles primeiros meses, em meio ao desentendimento que tivemos, a sensação de que os dois lados não se confiavam mutuamente, não dava para dizer que eu estivesse apaixonado por ele. Porém, mesmo naquele clima conflitante, havia se criado entre mim e ele algo que ia muito além daquele relacionamento que estávamos vivendo. Eu podia sentir, quando e pela maneira como ele me olhava, que dentro dele havia um sentimento por mim com o qual ele travava uma batalha contra si mesmo, pois conflitava com os preceitos de sua cultura e formação. E, devido a isso, eu o perdoei aceitando suas desculpas. Continuar vivendo naquele clima belicoso não faria bem a ninguém, e eu já havia decidido que continuaria trabalhando na agência, pois isso só alavancaria a minha carreira. Os métodos para me trazer ao Qatar podiam não ser os mais honestos, mas eu ganhava bem, vivia cercado de todo o conforto, desenvolvia meu potencial profissional e estava sendo cobiçado por dois machos que qualquer gay gostaria de ter.

Com as pazes refeitas, tanto o Khalid quanto o Ahmed acharam que o caminho para o meu cuzinho estava automaticamente liberado, o que só não aconteceu porque eu continuava não dando abertura para tanto. Ambos resolveram não forçar a barra temendo um novo conflito se o fizessem. A impaciência deles se multiplicava quando os cacetes vivenciavam súbitas ereções cada vez que eu lhes dirigia algumas frases amistosas ou, demonstrava que nosso desentendimento era coisa superada.

Para provar que não havia mais nenhum ressentimento de minha parte e, tendo acordado cedo naquele sábado, dia em que a agência não funcionava, me pus a preparar umas panquecas de banana com canela e uma shakshuka de ovos que o Ahmed adorava e, que costumava degustar rotineiramente aos sábados de manhã indo comigo até o Al Sufra no Marsa Malaz Kempinski ou ao Café #999. Ele deve ter acordado com o aroma do refogado de pimentões, tomate, cebola e alho nos quais eu lançaria os ovos para depois temperá-los com grãos de coentro, páprica doce, cominho e folhas frescas de salsinha, bem como o perfume da canela pulverizada sobre as panquecas de banana que se espalhou por todo o apartamento. Ele chegou à cozinha ainda um pouco sonolento, sem ter se dado ao trabalho de tirar a cueca de seda com a qual havia dormido e, com sua habitual gigantesca ereção matinal balançando acintosa e sedutoramente a cada passo que dava na minha direção.

- Sabah el kher! (= Bom dia!) – balbuciou, ao mesmo tempo em que se aproveitava do meu tronco nu, abraçando-o e colocando suas mãos cobiçosas sobre meus mamilos, acariciando-os até sentir meus biquinhos se enrijecerem de tesão.

- Sabah el nur! (= Bom dia!) – devolvi, sem interromper o que estava fazendo e tentando disfarçar o aumento do tesão que se apossara de mim quando ele comprimiu o caralhão duro contra as minhas nádegas, cobertas apenas pela cirwall que só não escorregava para baixo devido a saliência da minha bunda, mas expunha as depressões inguinais superiores da minha virilha.

- Que novidade é essa? Pensei que fossemos ao Al Sufra como de costume. Acordei varado de fome! – disse ele, contente e safado por eu não estar rejeitando sua investida.

- Quis te fazer uma surpresa!

- Hummm, delícia! – devolveu ele, fazendo daquele roçar de pica na minha bunda uma verdadeira encoxada.

- Pelo visto você não acordou apenas varado de fome! – exclamei.

- Acordei com todas as fomes, especialmente depois de te encontrar aqui tão cheiroso e gostoso. – afirmou, enquanto puxava minha cirwall lentamente para baixo, expondo minha bunda. – Você me forçou a um jejum mais severo que o do Ramadã, agora vai ter que dar conta de me satisfazer! – acrescentou, despudorado.

- Você vai me fazer queimar essas panquecas, Ahmed! Segura sua onda!

- Me explica como? Não me peça o impossível! Você fica um tesão com esse tronco lisinho nu e cheiroso, e essa cirwall caindo da cintura, sabia? – sussurrou junto ao meu ouvido, lambendo meu pescoço e pincelando a rola babona no meu rego.

- Ai, Ahmed! – suspirei quando senti a cabeçorra úmida roçar minha rosquinha. Na tomada de ar para dar esse suspiro lascivo, meu cuzinho se projetou e encapou a enorme glande, praticamente sugando-a para dentro, auxiliada pela estocada vigorosa do Ahmed.

Soltei tudo que estava nas mãos e me agarrei a borda do balcão, enquanto ele continuava forçando e enfiando a pica no meu cu, só parando por uns instantes quando toda ela estava entalada no meu rabo, e apenas suas bolas pendiam ao redor dos meus esfíncteres.

- Ah, Lucas! Você não faz ideia do quanto eu preciso e gosto disso! – arfou voluptuoso na minha orelha, enquanto eu empinava a bunda contra a virilha dele agasalhando-o com o tesão sufocando o peito.

A transa foi curta, durou uns dez minutos, o que só reforçava o quanto de tesão havia se acumulado em nós desde aquele dia em que me desvirginaram. Eu gozei enquanto ele mantinha o vaivém cadenciado que esfolava minha mucosa anal, agarrado a mim como um macho na monta. Meus gemidos o ensandeciam, a bunda rebolando em sua pica era só devassidão, impedindo-o de retardar aquele gozo que vinha crescendo em seus genitais e que, explodiu feito um cano que se rompe, lançando jatos volumosos de esperma no rabinho macio e úmido que o encapava. Engatados e debruçados sobre o balcão da cozinha, nossas respirações aceleradas foram se acalmando lentamente, ao mesmo tempo em que nossos corpos relaxavam, meu cu atenuava os espasmos e a jeba dele amolecia. Assim que tirou o caralhão do meu cuzinho, do qual pingaram algumas gotas de porra, ele me puxou contra o peito e me beijou, perseguindo minha língua com a dele.

Apesar das panquecas estarem mais douradas que o normal por terem passado do ponto, ele as elogiou, como a tudo que eu tinha feito especialmente para ele naquela manhã. Foi o melhor desjejum que já tivemos, pois pairava no ar daquele apartamento um quê de romantismo que passaria a ser uma constante entre nós.

- Como sabe cozinhar tão bem?

- Não sei cozinhar! Já me virei algumas vezes na cozinha, mas nada além disso.

- Pois eu acho que ficou muito melhor do que aquilo que servem nos locais que frequentamos. E digo isso, não pelo tempero que rolou enquanto você preparava o nosso café da manhã, mas porque está simplesmente uma delícia.

- Posso preparar nosso café todas as manhãs, se quiser. Assim não precisamos enfrentar as filas de espera que costumamos encarar. – devolvi.

- Vou adorar! – exclamou com um sorriso ladino.

- Vai rolar apenas o café, combinado? A sacanagem não vai fazer parte do cardápio! – avisei. Ele riu sabendo que não ia cumprir essa regra.

Voltar às boas com o Ahmed foi melhor do que eu esperava. Sempre o achei um tesão de macho, e constatar que ele queria algo mais do que apenas sexo comigo, tornava-o ainda mais encantador. A prova de que ele estava tentando estabelecer algo entre nós, surgiu quando vi que já havia se passado um mês e o Khalid não tocava no assunto de transar. Para ele, o clima desconfortável depois da nossa discussão continuava pouco propício a se falar sobre isso, quanto mais colocar em prática. Estava na cara que o Ahmed não tinha comentado nada com ele sobre já estar se enfiando na cama comigo havia algum tempo, o que me levou a suspeitar que não o fizera por ciúmes de ter que me dividir com o primo.

- Sabe o que acho estranho, o Khalid não ter mais dormido aqui. – comentei com ele numa manhã em que seguíamos para o trabalho.

- Por quê? Está sentindo falta da rola dele? – devolveu amuado

- Não precisa ser grosso! Foi apenas uma observação. – respondi.

- Não é o que está me parecendo! – exclamou. – Com qual de nós você gosta mais de transar? – perguntou, depois de uns minutos de silêncio.

- Vocês estão disputando alguma coisa?

- Como assim? Claro que não!

- Então não vejo razão para esse tipo de pergunta!

- Achei que você gostava mais de mim! – confessou, por fim.

- Se essa é sua impressão, é porque deve ser verdade. – afirmei

- Jura?

- Olha para a frente que você continua dirigindo desse seu jeito maluco e o semáforo lá adiante já fechou faz um tempão. – avisei, enquanto ele me encarava com uma deliciosa cara abobada.

Dois dias depois, ele contou ao Khalid que eu já não estava mais aborrecido com eles devido as ameaças que me fizeram e, na mesma noite, levei a rola do Khalid no cu até ele ficar todo assado. Na noite seguinte, ele reapareceu como se uma única trepada não fosse suficiente para tirar todo o atraso. O Ahmed e eu estávamos aconchegados no sofá da sala vendo um filme quando ele apareceu. Nos encarou com desconfiança, como se tivesse percebido que entre nós pairava alguma coisa da qual ele se sentia excluído. Sentou-se ao meu lado e me roubou um beijo libidinoso, com direito a linguada e passadas de mão na minha bunda, antes de me entregar a mesma caixinha que havia me dado no dia em que me compraram as roupas no shopping.

- Agora está com o diâmetro adequado ao seu pulso! – afirmou ele. O relógio Patek Philippe numa versão mais reduzida estava dentro da caixinha.

- Eu havia pedido para vocês não me darem esses presentes, pelo que me lembro! – devolvi contrariado. – Parece que estou me prostituindo em troca deles, dá para entender?

- Não é essa a nossa intenção! Presentear você não tem nada a ver com nos dever favores sexuais. – afirmou o Khalid, sempre o mais impulsivo e direto em suas respostas.

- Aceite, Lucas! Sabemos que não está se vendendo. – insistiu o Ahmed.

- Só se me prometerem que será o último, ok!

- Foi o primeiro, do que você está reclamando? – sentenciou o Khalid. – Quanto a ser o último, isso eu ainda preciso decidir. – acrescentou, me fazendo ver que com ele não tinha esse negócio de questionar suas atitudes.

Um período sensacional transcorreu a partir dali. Tudo estava às claras, cada um sabia o que esperar daquele relacionamento e, tivemos tempo para aparar todas as arestas e viver em harmonia. Eu já não me sentia mais engaiolado. Minhas caminhadas que, a princípio só se restringiam aos arredores do prédio onde morava, foram se estendendo pela minha curiosidade ou mesmo pela procura de alguma loja ou outro estabelecimento comercial quando queria adquirir alguma coisa. Nenhum dos dois fazia mais objeções ao me concederem liberdade para ir e vir. Numa ocasião, o Ahmed até disponibilizou as chaves de um de seus três carros estacionados na garagem do prédio praticamente sem uso.

- Não tenho licença de habilitação para dirigir aqui no Qatar, lembrei!

- Então já está mais do que na hora de providenciarmos isso! – respondeu ele, o que me levou a concluir que não estavam mais fazendo um controle cerrado sobre mim. A confiança mutua foi restabelecida.

A homossexualidade proibida e até punida no Qatar não era impedimento para que os gays pudessem ser vistos por diversos lugares em Doha, principalmente nos hotéis, bares e restaurantes de luxo onde circulavam muitos estrangeiros, como pude constatar nas várias vezes em que frequentamos esses lugares. O hotel Marsa Malaz Kempinski localizado numa ilha artificial na capital Doha, onde o Ahmed gostava de ir aos sábados pela manhã para tomar o desjejum, o restaurante tailandês Benjarong Doha, no hotel Dusit, localizado no centro empresarial da cidade a dois quarteirões da agência e até a churrascaria brasileira Ipanema uma das inúmeras opções de comida internacional do hotel Marriott às margens do Golfo Pérsico eram lugares por onde circulavam muitos gays, tanto cidadãos locais como estrangeiros, muito discreta e disfarçadamente, mas com as mesmas intenções e desejos de qualquer gay em outro lugar mundo afora. Uma vez, quando estávamos num lugar desses, até cheguei a fazer um comentário com o Khalid e o Ahmed a respeito da facilidade com que teriam encontrado um gay em sua própria cidade, sem ter que me trazer do Brasil para servir aos seus propósitos. A resposta foi um sumário não, por conta de os gays Qatari, justamente por causa do que as leis islâmicas proibiam, não manterem uma constância num relacionamento. Algumas trepadas após se conhecerem e o cara desaparecia, não respondia mais as ligações e evaporava sem deixar vestígios, pelo receio de que sua condição fosse delatada ou descoberta pelas autoridades. A polícia chegava a infiltrar policiais nos aplicativos de sexo gay e nesses locais sabidamente frequentados pela comunidade homossexual para delatar e prender os gays que se atreviam a desafiar a lei da Sharia. E isso, é o que levava os gays a tomarem todas as precauções para não serem apanhados, incluindo não manter relacionamentos prolongados.

- Diante disso é mesmo mais fácil buscar um gay escravo sexual num país distante. – afirmei, quando o Khalid terminou sua explicação.

- É assim que você se sente? – questionou ele, carrancudo. Logo me fazendo arrepender das minhas palavras, embora fossem verdadeiras.

- Às vezes! Quando vocês me dão presentes caros, por exemplo. – respondi, para que soubessem da sinceridade dos meus sentimentos.

- Já te expliquei que não é com essa intenção que te presenteamos! – devolveu com firmeza. – Isto é, excetuando isso aqui. – emendou, antes que eu revidasse e, colocando na minha frente um pacotinho embrulhado com esmero.

- O que é isso? – questionei, enquanto hesitava se o devolveria sem abrir ou se o desembrulhava para satisfazer os egos daqueles machos.

- Abra! Não sei bem se é um presente para você ou para nós. – disse o Ahmed, curioso para ver qual seria minha reação ao abri-lo.

- Agora novamente, o que é isso? – tornei a perguntar, mais enfático, uma vez que não sabia o que era aquele objeto de silicone que retirei de uma espécie de nécessaire. Os dois se entreolharam e esboçaram um risinho sarcástico, o que me fez repetir a pergunta, já enfezado, pela terceira vez. – Que troço é esse? – eu não conhecia aquilo, mas pelo formato, desconfiei para que servia.

- Não reconhece? – perguntou o Khalid, piscando para o Ahmed e tentando disfarçar aquele sorrisinho libidinoso.

- Não, não sei o que é! – respondi, agora sem disfarçar o quanto estava zangado com aquilo.

- Vem comigo! – disse ele, pegando o objeto da minha mão e o enfiando no bolso enquanto me levava em direção aos banheiros. A minha dúvida acabou ali. Eu já sabia o que era aquela coisa.

A confirmação veio quando Khalid se fechou comigo numa das cabines do banheiro e ergueu meu thobe acima da cintura e arriou a cirwall até minha bunda ficar completamente exposta. A mão voluptuosa dele acariciou a pele arrepiada das minhas nádegas, seu olhar estava fixo no meu com aqueles olhos de tigre brilhando de tanta luxúria. Ele tirou o objeto do bolso e o esfregou dentro do meu rego. Minhas pernas começaram a tremer e um calor insuportável fez surgir algumas gotas de suor na minha nuca. Ao encontrar a portinha do meu cu ele o forçou para dentro, me obrigando a agarrar seu braço musculoso para conseguir ao menos um apoio físico, já que o psicológico estava à deriva. Sabendo que eu ia soltar um gemido ou qualquer outro som aflitivo quando aquela coisa entrasse no meu rabo, ele me beijou. Simultaneamente, meus esfíncteres iam sendo distendidos para que aquilo se alojasse no meu cuzinho, e eu gemia com a língua dele na minha boca. Eu agora tremia todo, da cabeça aos pés. Ele tinha um sorriso safado na cara e acariciava meu rosto. No meu cuzinho, uma sensação de preenchimento e plenitude espalhava um tesão incoercível.

- Vamos voltar para a mesa! – disse ele, deixando aquilo entalado no meu rabo e me instigando a me recompor.

O Ahmed tamborilava ansioso o tampo da mesa da área externa do restaurante de comida árabe Smat, ao lado do Salata Park na avenida costaneira Corniche, que margeava as águas azuis e refrescantes do mar naquele dia tórrido, quando voltamos a nos juntar a ele.

- E então, como está sendo a experiência? – perguntou, fazendo a mesma cara ladina do primo.

- Vocês dois são uns tarados pervertidos! – devolvi num resmungo, com aquela coisa que estava entalada no meu cu me deixando quase doido de tanto tesão. Ambos riram. – O que pretendem com isso?

- Nos sexshops virtuais é conhecido por Apollo Prostate Probe, tenho certeza que vai curtir muito os estímulos que ele vai te provocar em pontos jamais sonhados. Queremos que ele te deixe num estado de excitação que só te fará pensar nas nossas rolas como substitutas à altura do que ele te proporcionar. Você ainda não conhece nem a metade do potencial dessa coisa! – exclamou o Ahmed, tirando uma espécie de controle remoto de dentro da nécessaire que havia ficado sobre a mesa. Assim que ele apertou a tecla, eu precisei me controlar para não soltar um grito, pois aquela coisa começou a vibrar no meu cu me obrigando a cruzar as pernas e contrair meus esfíncteres anais com receio de que aquilo saísse do meu rabo.

- Por Alá, faça essa coisa parar! – exclamei desesperado.

- Sabíamos que ia gostar desse presente! – disse o Khalid, se esbaldando de contentamento com a travessura que acabara de fazer.

- Isso é tortura, sabiam?

- Espere algumas horas e você vai descobrir o que é tortura. – asseverou.

Excepcionalmente, o Khalid passou aquela tarde toda na agência. O objetivo daquela quebra de rotina era apenas um, acompanhar meu comportamento com aquela coisa enfiada no cu que, para minha salvação, resolveram não colocar mais para vibrar. Mesmo assim, ela roçava minha próstata me deixando num tesão incontrolável. Eu olhava para os dois e não pensava noutra coisa que não sentir as jebas deles ocupando o lugar daquele troço. Era isso que queriam, me deixar tão agitado e sensível para que, no momento em que fossemos transar, minhas entranhas estivessem tão excitadas clamando por seus falos que tudo o mais seria uma orgia sem precedentes. E era mesmo o que estava acontecendo. Eu só queria chegar em casa e ir para a cama, abrir minhas pernas e deixar que seus caralhões me enchessem de prazer.

Tão logo entramos em casa, fui agarrado e despido, posto a chupar os cacetões babando que tiraram para fora e pincelavam na minha cara. Na minha cama, o Khalid puxou o plug anal para fora e meteu com força a pica rija que o atormentara pela tarde toda no meu cuzinho. Eu gani e rebolei feito uma puta com aquela jeba engatada no rabo, procurando extrair dela todo o prazer que o plug havia produzido em mim. Enquanto o Khalid me fodia, eu chupava a caceta do Ahmed, sorvendo dela aquele sumo aquoso que escorria abundante, enquanto meu olhar preso ao dele, se desfazia de ternura e tesão. Não haviam se passado nem cinco minutos desde que o Khalid me penetrou e eu comecei a gozar. Estava com tanto tesão e tão excitado que a porra escapou antes mesmo de eu estar em plena ciência do que meu corpo sentia. O Ahmed encheu minha boca de sêmen logo em seguida. Eu a engolia à medida que os jatos enchiam minha boca, ao mesmo tempo em que gania, sem parar, pela dor e pelo prazer que o vaivém do Khalid provocava no meu cuzinho. Quando minha língua terminou de limpar o caralho lambuzado de porra do Ahmed, ele me deixou com o Khalid, até ele se satisfazer e me deixar com o cu todo esporrado.

- Sabe agora por que eu questionei se esse presente seria para você ou para nós? – perguntou, ainda arfando e todo suado quando se lançou ao meu lado e me puxou para cima de seu peito peludo. – Foi perfeita a maneira pela qual você sugava minha pica para dentro de você, nunca senti tanto tesão. – asseverou, deixando-se afagar pelos meus dedos inquietos passeando entre seus pelos.

Fiquei intrigado pelo Ahmed não ter ficado no quarto até o Khalid terminar comigo e ele me enrabar. A mesma atitude ele já tivera outras duas ou três vezes, me deixando logo após gozar no meu rabo ou na minha boca enquanto eu e o Khalid continuávamos a transar. Seria ciúme, pensei comigo. Afinal, ele já havia se mostrado enciumado em algumas situações, mas não com relação ao Khalid onde, pelo que constatei, havia sido compactuado que ambos me foderiam. O que era então aquela reação que, no começo, não existia? Que fosse ciúme era um delírio, uma fantasia minha, pois eu estava sentindo algo por ele cuja definição não queria admitir em segredo nem para mim mesmo. Assim que o Khalid adormeceu, eu fui ter com o Ahmed no quarto dele, apesar do avançado da madrugada.

- O que quer aqui? – perguntou, assim que terminei de fechar a porta atrás de mim.

- Ficar com você! – respondi, me enfiando debaixo dos lençóis sem mesmo esperar por um convite ou uma aprovação.

- Já não teve o suficiente por hoje? – a voz ranzinza parecia confirmar minhas suspeitas, ele estava enciumado.

- Foi uma tarde exaustiva, para dizer o mínimo. Mas, não tive o mais importante. – respondi, deslizando minha mão sobre o abdômen dele para ver se estava nu e, para que ele continuasse a me inquirir.

- E o que é esse importante? – perguntou, caindo na minha isca.

- Você! – sussurrei rente ao rosto dele, ao mesmo tempo em que minha mão não encontrava empecilhos para chegar ao cacetão dele. – Por que está zangado? – perguntei

- Não estou zangado! – exclamou de imediato.

- Não? Então está com ciúmes? – eu esperava como resposta um sonoro sim.

- Ciúmes? Claro que não! – devolveu ele, fingindo descaso. Eu sabia que ele estava mentindo e meu coração quase saiu pela boca.

- Ah! Eu pensei que fosse ciúme. – afirmei, rolando para cima do corpão dele e colocando um demorado e devasso beijo em seus lábios. Ele me agarrou e me apertou com tanta força que pensei que fosse quebrar minhas costelas.

- Eu quero você só para mim, Lucas! – murmurou ele, quando nossas bocas se soltaram.

- Pode não parecer, mas você já me tem só seu. – balbuciei. – Aqui, veja! – emendei, colocando a mão dele sobre meu peito, onde meu coração pulsava acelerado. – Ana ahibuk! (= amo você!) – sussurrei, surpreendendo com a expressão dita em árabe, que pedi a um colega da agência para me ensinar.

- Ana ahibuk aydana! (= também amo você!) – devolveu sorrindo

- Me ensina a falar árabe? – pedi, afagando o sacão peludo que estava na minha mão. – Tenho certeza de que você vai gostar muito mais de me ouvir sussurrando sacanagens em seu ouvido no seu idioma do que numa língua estrangeira. – justifiquei. Ele riu.

- Isso é verdade! Se o que você me diz, num idioma estrangeiro, quando esse cuzinho está tomado de tesão por mim, não sei o que sou capaz de fazer com ele quando você me provocar em árabe. – sentenciou

- Vou gostar de descobrir! – exclamei lascivo e provocante.

Me puxando pela nuca, ele colou a boca na minha num beijo carregado de paixão, que eu retribuí acariciando seu rosto entre as mãos. Não demorou muito para que minhas nádegas resvalando no cacete dele o deixassem duro como uma barra de aço e empinado feito um poste. Minha boca sedenta e úmida se soltou dos lábios dele, desceu para o queixo, percorreu a base da mandíbula, se perdeu em beijos suaves afundada no pescoço que ele franqueava só para sentir meus toques sutis que o enchiam de tesão. Era como se eu estivesse beijando um cacto espinhento, a barba cerrada espetando meus lábios, os deixaria inchados e sensíveis. Rebolei um pouco e isso colocou o caralhão entre as bandas estreitas da minha bunda. Com as mãos espalmadas sobre o peito dele, me firmei sobre os joelhos e levantei a bunda sobre a qual ele aproveitou para apertar minhas nádegas e sondar, com um dedo devasso e inquieto, a rosquinha lanhada pelo primo. Sentei-me lentamente sobre o pauzão que ele acabara de ajustar sobre a fenda do meu cu. Gemi e apertei o peitoral peludo dele quando a chapeleta dilacerou minhas preguinhas e penetrou no meu cuzinho. Segurei tanto a respiração quanto as ancas, até meus esfíncteres se amoldarem à estrovenga pulsátil que me invadiu, antes de deixar cair mais um pouco do meu peso sobre ela, enfiando-a mais profundamente no meu introito anal. As mãos dele me seguravam firmemente pelos flancos, garantindo que minha bunda seguisse numa única via, a que a levava para dentro de sua virilha e alojava toda sua pica em mim, deixando apenas o sacão de fora, roçando o rego escancarado. Ora gemendo, ora ganindo quando a cabeçorra da pica comprimia minha próstata, eu me movia sobre o Ahmed como se estivesse cavalgando um garanhão impetuoso e arisco. Ele desfrutava do prazer de sentir seu membro se movendo de um lado para o outro dentro do casulo quente e úmido que o agasalhava, e também gemia num sibilo grave e rouco. Vez ou outra, afoito e não conseguindo controlar o tesão, ele erguia a pelve e me estocava com força até eu ganir.

- Ai, Ahmed! – aflorava involuntário aos meus lábios, expressando aquele misto de prazer e dor que sua presença volumosa nas minhas entranhas provocava. O regozijo iluminava seu rosto, que não parava de encarar o meu, numa comunhão conivente.

Em dado momento, ele ergueu o tronco, abraçou com força o meu, levantou-se da cama comigo pendurado ao seu pescoço, deu alguns passos à esmo ao redor da cama, enquanto estocava meu cu e me beijava mordendo e mastigando meus lábios. Depois, voltou a me deitar sobre o leito, inclinou-se sobre mim ainda com os pés firmemente apoiados no chão e meteu profundamente o caralhão num vaivém cadenciado no meu cuzinho, só parando quando dominado pelo gozo, ejaculou toda a porra que abarrotava seus colhões. A essência pegajosa daquele macho querido me encharcando me fez gozar também, num prazer libertador.

- Nunca senti tanta felicidade desde que você entrou na minha vida! – afirmou ele.

- Por causa do que faço para satisfazer seu pauzão, ou pelo que sinto por você? – questionei.

- Ambas as coisas! Elas se completam e, me completam! – devolveu ele. Adormeci nos braços dele, pouco depois, enroscado em seu corpo, e sentindo o ressoar tranquilo da respiração dele imerso num sono satisfeito.

Não deixei de transar com o Khalid, não porque esse fosse meu desejo, mas pelo combinado que havia entre os dois. Conforme afirmou o Ahmed, numa das vezes em que o questionei quanto a exclusividade que eu sonhava ter com ele, a palavra empenhada por um muçulmano para com outro, tinha mais valor do que qualquer contrato escrito, e ele não podia voltar atrás na que empenhou junto ao primo, se este não abrisse mão dela. O Khalid nunca o fez. Em conversas com ele, depois de ter meu cu usado e esfolado pela intemperança dele, eu o interpelei quanto à razão de fazer sexo comigo se tinha uma esposa. Ele precisava mais do que ela podia lhe oferecer, tanto em quantidade quanto em diversidade, respondeu ele. Essa era a razão pela qual havia me trazido para o Qatar; para a sua vida e a do primo, ambos fissurados num gay rabudo, onde podiam satisfazer todas as suas fantasias sem que uma gravidez indesejada pudesse macular sua honra e a de suas famílias, algo de extrema importância na cultura deles.

- Você está gostando do Ahmed, não está? Foi traído em suas próprias convicções! – afirmou o Khalid certa vez em que conversávamos sobre isso.

- Acho que sim! – respondi. – Eu sei que vocês querem apenas sexo descompromissado comigo, nunca me iludi quanto a isso.

- Mas, foi pego desprevenido por sentimentos que não consegue controlar, não é? – ele estava certo, embora eu relutasse em admitir.

- Depois de resolvermos nossas desavenças e, de constatar que vocês dois são pessoas boas, apesar do método esdrúxulo que usaram para me atrair até aqui, eu aprendi a gostar de vocês. O que o envolvimento sexual ainda fez, foi aprofundar esse sentimento. – afirmei

- O sentimento é recíproco, esteja certo disso! E, por parte do Ahmed, eu sei que você passou a representar muito mais do que um parceiro sexual. Eu vou ser sincero. Eu gosto de você, gosto muito, da sua índole, da sua personalidade, do seu corpo, do bem que me faz transar com você, já o Ahmed, apesar de gostar disso tudo também, está apaixonado por você, tão traído pelos próprios sentimentos quanto você. – revelou sincero. – Se me permite, vou dar a você o mesmo conselho que dei a ele, deixem esse sentimento os levar até onde for, sem questioná-lo ou reprimi-lo. Apenas deixem que flua livre e o tempo dirá no que vai dar. – emendou, me dando um abraço companheiro.

- Tenho medo de me machucar! – exclamei sincero.

- A vida adulta pode ter esses reveses, mas não deixe que eles o impeçam de extravasar tudo o que sente. – e, se não for tão fácil passar por uma decepção como ele queria me fazer crer? Foi o que pensei comigo mesmo.

Eu satisfazia o Khalid, confesso até com prazer. Ele é um macho fogoso, muito atraente, que sabe dar prazer durante o sexo e é gentil e afetuoso nas demais coisas, não havia porque eu, um gay agora plenamente assumido, não viver essa experiência. Nas inúmeras viagens que ele se via obrigado a fazer devido aos negócios, era a minha companhia que ele queria junto a si. A sensação de se sentir livre, sem as imposições que um casamento impõe, é que me levaram a conhecer diversos lugares em diversos países, sempre tendo aquele macho como parceiro de noites cheias de encantamento e prazer. Enquanto isso, era no cotidiano com o Ahmed e, nas viagens de lazer que fazia com ele mundo afora, que residia o amor e a paz que ele me proporcionava. O sexo com o Ahmed tinha outro sabor, era não apenas pleno, mas carregado de paixão e cumplicidade de ambos os lados.

As demandas do trabalho e essas viagens nunca mais me permitiram voltar ao Brasil. A saudade que sentia da minha família era parcialmente sublimada por chamadas de vídeo, em breves conversas em datas muitas vezes específicas. O Khalid e o Ahmed nunca me impediram de visitar meus pais, depois que resolvemos nossas diferenças. Eram mesmo outras demandas que me levaram a não voltar ao Brasil, já fazia mais de oito anos. Eu desfrutava de liberdade total para ir e vir como bem me aprouvesse, nosso pacto de confiança nunca foi abalado. Mesmo assim, eu me sentia mais confortável quando na companhia deles. O longo tempo vivendo no Qatar ainda não tinha sido o suficiente para que eu assimilasse completamente aquela cultura, aquelas leis severas, aquele preconceito religioso que dita as regras da sociedade, sem que o governo e as leis constituídas se opusessem a esse preconceito e, ao comportamento muitas vezes bárbaro de seus executores. O Khalid e o Ahmed eram vítimas desse sistema que os impedia de viver livremente suas escolhas. Mas, não se opunham a ele. Burlavam-no veladamente, no máximo, para atender suas necessidades. Eu os fiz enxergar isso numa clareza jamais sonhada por eles, sem nunca desmerecer as crenças nas quais foram criados. Seria muita pretensão de minha parte, e eu não a tinha, em absoluto.

A gente só tem a dimensão do quão insignificantes, pequenos e impotentes somos diante de crenças milenares e uma cultura que estabelece suas leis baseadas nelas quando se é vítima dessa sociedade. E eu, depois de quase nove anos vivendo feliz meu primeiro relacionamento homossexual, dedicando todo meu amor ao Ahmed, pude sentir essa repressão em toda sua magnitude.

- Vou me casar! – a frase pronunciada cautelosa e vagarosamente, quando eu cobria o rosto do Ahmed de beijos curtos e úmidos, após ele ter galado meu cuzinho até o talo fazendo amor comigo numa paixão avassaladora, caiu como um balde de água fria sobre meu corpo ainda envolto no tesão do sexo. – Com uma mulher! – emendou, ao me ver interrompendo abruptamente aquela carícia da qual tanto gostava. Só não perdi o chão porque estava deitado sobre seu corpo, envolto em seus braços.

- Casar? Como? Por quê? Com quem? – minha mente embaralhada pela revelação era só hesitação e perplexidade.

- Eu sabia que você ia reagir mal quando te contasse. Faz algumas semanas que estou ensaiando um jeito certo para te contar, mas não existe esse jeito certo. Porém, quero que você entenda minhas razões. Sei quanto você é compreensivo, e você vai me entender. – continuou ele, despejando aquela realidade sobre mim.

- Eu no seu lugar não teria tanta certeza da minha capacidade de ser compreensivo, especialmente em se tratando de te perder. – retruquei.

- Você não vai me perder! Eu te amo! Vai ser como com o Khalid, você vai me compartilhar, só isso. – afirmou.

- Só isso? Como pode dizer uma coisa dessas? Se você me amasse como diz, não faria isso comigo. – eu começava a ser traído pelos sentimentos com um nó se avolumando na minha garganta.

- Me ouça, Lucas! Não fique assim. Você vai entender tudo, e nada vai mudar entre nós, nada, entendeu? – agora era ele quem segurava meu rosto entre as mãos e procurava tornar aquela notícia menos desastrosa. – Um homem saudável e bem-posicionado não pode continuar solteiro em nossa sociedade sob o risco de interpretarem isso como um desvio comportamental, uma confirmação de que sua sexualidade é discutível, entende. Eu estou com 38 anos, já devia ter me interessado por uma mulher e nossas famílias já estarem discutindo um enlace matrimonial. No entanto, ao invés disso, eu vivo sob o mesmo teto com outro homem, também solteiro e, ainda por cima, muito atraente e com traços muito menos másculos em relação ao padrão da minha cultura. Estou sendo pressionado pela minha família para me casar o quanto antes. Há até uma garota em vista, cuja família também está empenhada em entrega-la a mim. Eu preciso tomar uma decisão, não posso mais adiar essa questão. – revelou.

- Você a ama? Quem é ela? Vocês vêm se encontrando sem que eu saiba? Você já dormiu com ela? – nem sei porque estas perguntas saiam da minha boca, uma vez que as respostas a elas não fariam nenhuma diferença, não o manteriam junto a mim, só cravariam mais fundo aquela dor em meu peito. O nó na garganta continuava lá, reprimido; mas as lágrimas que afloraram nos meus olhos eu não pude segurar.

- Me ouça, Lucas! O não responde a todas essas perguntas. Eu sei de quem se trata, é uma parente distante do marido de uma das minhas tias, mas só a vi uma vez na vida, isso faz uns vinte e cinco anos. Não a amo, mas isso nunca foi relevante nos casamentos muçulmanos, nos quais se propala que o amor vem com o convívio. Não dormi com ela, nunca a toquei, juro! – asseverou constrangido.

- Então como pode se casar com uma criatura dessas? Você não é um beduíno que perambula entre as dunas do deserto sem ter conhecimento do mundo ao seu redor. Você estudou em países ocidentais, assimilou nossa cultura, sabe que essas tradições são coisas ultrapassadas, como pode aceitar uma coisa dessas, Ahmed? – questionei.

- Não é tão simples assim, Lucas. Até para os meus negócios é importante que eu seja casado com uma mulher da minha cultura, está tudo interligado, compreende?

- Não, Ahmed, eu não compreendo e nem quero! Onde fica o amor que você diz sentir por mim?

- Ele não vai mudar nem diminuir por conta de um casamento, Lucas. Só não vamos mais continuar morando juntos, mas isso eu e o Khalid já estamos providenciando. Você continuará morando nesse apartamento ou, noutro lugar se quiser, e vamos nos encontrar sempre, como você e o Khalid fazem hoje. – afirmou

- É a isso que você chama de nada mudar entre nós? Eu serei o que seu? Um amante, uma prostituta sustentada por seu dinheiro e não por seu amor? O que eu serei, Ahmed, me diga?

- Sei que a notícia te abalou, você está falando sob o impacto da revelação, não está conseguindo pensar com clareza. Em alguns dias sua ótica sobre o assunto será outra, tenho certeza. – disse ele, me apertando contra o peito como se isso fosse diminuir meu sofrimento.

- Se você me ama, por que não nos mudamos para outro país onde possamos viver nosso amor sem tantos obstáculos e preconceitos? Podemos viver no Brasil se você quiser, ou em qualquer lugar, mas juntos. – argumentei

- Minha vida, meus negócios, minha família, tudo está aqui, Lucas. Não posso simplesmente jogar tudo pelos ares. – afirmou ele.

- Você não pensou assim quando você e o Khalid armaram a tramoia para me trazer para cá. Eu abandonei minha família, abandonei meu país, tudo sem mesmo saber o que me esperava, além de uma promessa de emprego. Nem havia um amor como o nosso em jogo e, mesmo assim, eu deixei tudo para trás. – resumi.

- É diferente, muito diferente! Você precisava desenvolver sua carreira, e vindo para cá conseguiu e alcançou seu objetivo. Afora ela, não havia outras coisas em jogo das quais fosse imprescindível não abrir mão. – ponderou.

- É um jeito peculiar de ver as coisas. Um cara simples, de origem modesta como eu tem pouco a perder se tiver que abandonar tudo para se dar bem na vida. Já você, nem em nome de um amor que diz sentir aí dentro, cogita ceder em nada para preservá-lo. – ouvindo minhas palavras, naquele momento, deixei de acreditar no que ele dizia sentir por mim, e fui tomado de uma dor sem tamanho, um desamparo como jamais senti, uma frustração que me arrancara a vontade de viver.

O clima entre nós três não podia ser mais frio e imparcial do aquele que se seguiu nas semanas seguintes. Eu continuava a agir com todo o profissionalismo na agência, único lugar onde conseguia esquecer por algumas horas o infortúnio que se abalara sobre mim. Afinal, era para isso que tinham me trazido a esse país. O Khalid perdeu algumas horas tentando me convencer a aceitar os fatos, sob a mesma alegação de que nada mudaria. Porém, tudo já estava diferente. Eu me sentia uma concubina, mais do que em qualquer outra época, quando ele vinha passar a noite comigo, me usando e fodendo meu cuzinho com seu caralhão não saciado plenamente pela esposa, em troca de carinho que aparentemente ela também não lhe dava conforme suas necessidades. Com ele, isso fazia parte de um pacto e eu, lá atrás, já havia me rendido à situação e a aceitado como irreversível. Contudo, com o Ahmed havia algo mais sólido em jogo. Eu tinha me apaixonado por ele, e contava passar o restante dos meus dias ao lado daquele macho que supria todos os meus anseios de gay. Ficamos dias sem nos tocarmos depois que ele me fez a revelação, não havia clima para demonstrações de afeto, muito menos sexo conivente. Quando finalmente não conseguiu se segurar mais, com a comichão na virilha a lhe cobrar as necessidades de macho, ele me enrabou numa noite em que veio ter comigo em minha cama, mesmo sabendo que havia uma grande chance de ser rechaçado. Foi o coito mais sofrido que eu já tive, primeiro porque me senti um objeto sexual em suas mãos, depois porque ele, magoado pela minha inconformidade com aquela situação, me socou sua jeba cavalar com a fúria de um macho que não estava tendo suas decisões acatadas.

Ele começou a passar alguns finais de semana na casa dos pais, era lá que as famílias promoviam os encontros entre ele e a garota. Ele voltava tristonho, ter que abrir mão do nosso relacionamento pesava na decisão que estava prestes a tomar, e o deixava dividido. Se aproximava de mim com uma fala mansa, dengoso como um gato se esfregando nas pernas do dono, na tentativa de me fazer mudar de ideia e aceitar aquela situação absurda. Ora eu tinha vontade de me ajoelhar diante dele e implorar que revisse sua decisão, ora eu tinha vontade de esganá-lo, ora eu me via prestes a dizer que me rendia as circunstâncias, aceitava o minguado sentimento que tinha para me dar e me submeteria a qualquer coisa só para continuar tendo as migalhas de sua atenção. Não, eu jamais chegaria a tanto. Nada nessa vida, nenhum macho por mais desejado que fosse valeria esse sacrifício, essa submissão doentia. Minha decisão foi tomada.

- Quero aproveitar que estamos juntos para dizer que quero sair da agência e voltar para o Brasil. – comuniquei, durante um almoço no meio da semana com os dois. – Nada mais me prende aqui, nem mesmo minha carreira, uma vez que de resto, nada mais me restou. Eu espero que vocês dois compreendam minha posição e me liberem do nosso compromisso. Dediquei nove anos da minha carreira à agência e fiz muito por ela, como vocês bem sabem. Dediquei nove anos da minha vida a vocês dois, proporcionando-lhes momentos incríveis de prazer e luxúria me dedicando feito uma gueixa aos caprichos de vocês. Não temos mais clima para continuar nos relacionando em nenhuma das esferas, vocês sabem disso. – expus decidido.

- Gostamos muito de você, Lucas! Achamos que você seria mais maleável. Para nós não é fácil deixar tudo e nos entregarmos aos nossos desejos e sentimentos, a repressão seria enorme, catastrófica. – afirmou o Khalid, enquanto o Ahmed mordia os lábios e via sua última esperança de ficar comigo fugindo pelo ralo.

- Não creio que vocês encontrariam alguém mais maleável do que eu fui todos esses anos, me dedicando a fazer a ambos felizes. Mas, eu também quero ser feliz. Eu também quero viver um amor em sua plenitude, sem ter que me esconder para não ser jogado numa prisão. Eu tenho como e onde conseguir isso, e é atrás disso que eu vou. – devolvi.

- Vamos sentir sua falta, muito Lucas, muito! – balbuciou o Ahmed, cujos óculos de sol embaraçaram com as lágrimas que se formaram em seu olhar perdido e desolado.

Na noite anterior ao meu regresso ao Brasil, fui ter com o Ahmed em seu quarto. Tinha passado a tarde com o Khalid numa suíte de hotel, dando o cuzinho pela última vez para aquele macho intrépido a quem, a bem da verdade, eu tinha muito a agradecer pela oportunidade de fazer uma carreira no estrangeiro e fazer um bom pé-de-meia.

- Posso entrar? – eu nunca havia feito essa pergunta antes, durante nove anos, ao adentrar aquele quarto, pois sabia que sempre seria bem recebido. O Ahmed estava estirado sobre a cama, de cueca, cabelos ainda úmidos pois tinha preguiça de secá-los, e me estendeu os braços querendo que eu me instalasse neles.

Eu me aproximei, tomei a toalha que ele havia lançado sobre uma poltrona e comecei a secar seus cabelos, como tinha feito centenas ou milhares de vezes durante aqueles anos todos. Ele se deixou entregue aos meus cuidados, abraçou minha cintura e beijou minha barriga nua, pois eu usava apenas um sunnah leve, quase transparente, devido ao calor dos últimos dias.

- Me perdoe! – balbuciou depois de um tempo, quando eu já havia terminado de secar sua cabeleira e deslizava meus dedos entre os cabelos a fim de alinhá-los. – Sabe o que eu aprendi convivendo com você todos esses anos? Que você é o cara mais forte que já conheci, apesar desse seu corpo esguio e, até certo ponto, frágil por exibir uma musculatura apenas levemente esculpida. Nem eu nem o Khalid, com essa profusão de músculos e testosterona, somos páreo para você. Podemos parecer gigantes todo poderosos, mas não passamos de anões perto da sua força. Eu te amo, Lucas, como nunca amei ninguém. Se eu fosse o cara macho que você sempre afirmou que eu era, não te deixaria partir, não abriria mão de você. Mas, eu não sou, Lucas. Eu não sou, e vou pagar um preço alto por isso. – ele me apertava e se refugiava em meus braços como uma criança desamparada.

- Não vou medir nem quantificar o amor que você diz sentir por mim, isso agora é irrelevante. O importante é que eu sei que te amo, e que preciso desistir de você para ser feliz. Também é um preço a se pagar. Essa noite não quero pensar mais nisso, quero partir sentindo você em mim. Quero partir deixando algo meu para você não se esquecer do que tivemos juntos. – devolvi.

Seu olhar estava pousado em mim, triste, mas sereno. Eu o beijei com a ternura de sempre, aquela que o fez se apaixonar por mim. Parava um pouco para observá-lo entre um beijo e outro. Meus dedos deslizaram entre os redemoinhos de pelos de seu peito desceram para seu abdômen e púbis, entrando sorrateiros em sua cueca, onde o cacete já começava a dar sinais de um tesão que se estendia para todo o corpo. De início, só acariciei a glande com as pontas dos dedos, observando como todo aquele mastro ia se encorpando, crescendo, exibindo as veias que pareciam afluentes de um rio à medida que ia se estufando para dar vida à ereção em curso. Ele também me observava, sem piscar, para não perder nenhum lance daquela carícia. Em poucos minutos a cabeçorra emergiu do cós da cueca, lustrosa e arroxeada, vazando um visgo almiscarado. Puxei a cueca para baixo e libertei o caralhão que caiu pesado sobre a coxa dele. Tomei-o na mão e me abaixei para abocanha-lo, circundando-o inicialmente com lambidas suaves. Ele pulsava forte na minha mão, como se fosse um bicho tentando escapulir do que o cerceava. Ficou tão duro que mal conseguia movê-lo. Chupei-o todo, do orifício uretral donde minava o pré-gozo ao sacão peludo onde os dois gigantescos testículos se moviam quando os punha na boca. O Ahmed, apoiado com ambas as mãos sobre o colchão, se movia inquieto como se estivesse sentado no dorso de um cavalo xucro. A respiração desordenada era um arfar estertoroso. Eu não parava de chupar, de lamber e mordiscar delicadamente a pica que tinha na boca. Ele soltava um gemido de quando em quando, ao mesmo tempo em que me segurava pelos cabelos e sussurrava meu nome. Quando eu parava uns segundos para recobrar o folego, ele me puxava para junto de si e colava sua boca na minha, como se quisesse me insuflar o ar que eu precisava. Numa dessas vezes, ele enfiou a mão sob a sunnah e a tirou de cima das minhas nádegas. Expostas e acessíveis, ele as amassou com força, abrindo meu rego estreito e introduzindo um dedo ganancioso na portinha da fenda corrugada que convulsionava com os espasmos que o tesão me provocava. Eu estava deitado ligeiramente de lado, ele se acomodou nas minhas costas, deixando o peso do corpo me comprimir contra o colchão. Os pelos de seu peito roçavam minhas costas nuas, seus beijos percorriam minha nuca, se revezavam entre os ombros, enquanto uma mão devassa bolinava sofregamente meu cu, me fazendo gemer. Pouco depois, ele estava dando dentadas nos meus glúteos, ferreteando-os como se quisesse cravar neles a sua marca. Quando ouvia meu ganido pungente, acariciava delicadamente o local, arrependido de ter me infringido aquela dor. Os pelos rijos de sua barba pinicavam meu reguinho apartado, e sua língua impudica lambia minhas preguinhas anais numa tara sem entraves. O nome dele sibilava em meus lábios, eu empinava o rabo me entregando para a cópula. Cheguei a soltar um gritinho quando senti a cabeçorra sendo pincelada na portinha do cu, antes de segurar a respiração já esperando a penetração impulsiva. Quase nove anos depois daquele caralhão ter entrado em mim pela primeira vez e me rasgado todo e, durante esse tempo todo, ter sido enfiado em mim com incontáveis formas e intensidade de rompantes, eu ainda padecia quando ele varava meus esfíncteres para se alojar no meu cuzinho apertado.

- Jamais vou encontrar um cuzinho tão exíguo, capaz de cingir meu cacete dessa maneira tão cintada. – grunhiu o Ahmed, enquanto me dava um tempo para que minha musculatura anal relaxasse permitindo a progressão e a penetração total de seu falo.

Deitado sobre mim, ele impulsionava os quadris estocando-os contra as minhas nádegas macias, completamente encaixadas em sua virilha. Eu gemia, me deixava foder porque era dali que estava retirando todas as forças para dizer adeus àquele macho. Repentinamente ele interrompeu o vaivém, sacou a jeba do meu cu e me virou de costas, entrando em meus braços como uma criança que se abriga no colo da mãe. Meu cuzinho ardia quando comecei a abrir as pernas e enrosca-las ao redor da cintura dele. Uma fincada abrupta colocou o cacetão novamente do fundo das minhas entranhas, dando início a um novo vaivém cadenciado. Ver o Ahmed com aqueles olhos cintilantes cheios de ternura focados em mim, me fez gozar, lambuzando meu ventre com minha porra tépida. Aos poucos, os olhos que me fitavam começaram a ficar marejados, o deslizar incessante da rola no meu cu se tornava mais lento, os músculos do Ahmed ficavam tensos e duros conforme eu apertava aqueles bíceps vigorosos. Ao mesmo tempo em que a primeira lágrima despencou de seu rosto, a pica ejaculava infindáveis jatos de porra no meu cuzinho. Quando terminou de me encharcar com sua virilidade, ele chorava com a cabeça apoiada no meu ombro e eu o abraçava num envolvimento mudo. Quando eu fosse desabar num choro convulsivo como o dele, ainda não dava para saber. Naquele momento, eu só sabia que ele viria, com a mesma certeza de que o sol sucede a lua por toda a eternidade.

O Khalid e o Ahmed me levaram ao aeroporto, tinham vindo praticamente mudos durante todo o trajeto do apartamento até o estacionamento. Nenhum de nós se arriscou a deixar escapar o que tínhamos comprimido no peito. Ao anunciarem a ordem de embarque eu, por alguns segundos, não sabia o que fazer, estava zonzo, atordoado, como se um abismo estivesse à minha espera para eu me afundar nele. O Khalid me apertou em seus braços e sussurrou um adeus no meu ouvido, aquilo repercutiu dentro de mim como se um punhal estivesse sendo cravado. Não me atrevi a olhar nos olhos do Ahmed, tive medo do que ia encontrar neles, tive medo de perder a coragem que me trouxera até ali. Tentei ser firme abraçando-o mais formalmente do que o fizera com o Khalid, mas ele me puxou contra si com tanta força e tanta necessidade que não consegui resistir.

- Amo você, Lucas! Amo você como nunca mais vou amar alguém nessa vida! – sussurrou ele, minando todo o esforço que vinha fazendo para não me descontrolar. Não consegui dizer nada, só passei minha mão no rosto dele e comecei a chorar.

Pelos imensos vitrais sob o telhado em forma de uma onda consegui ver os dois, lado a lado, seguindo o Airbus Ada Qatar Airways em cuja primeira classe eu ocupava o primeiro assento atrás da cabine dos pilotos, enquanto o avião taxeava na pista permitindo que me vissem emoldurado na pequena janela oval. Duas aeronaves a nossa frente estavam na fila da decolagem, o que me permitiu vê-los acenando antes do avião voltar a rolar. Termina aqui a nossa história, para todo o sempre, pensei comigo mesmo, antes de cair num choro convulsivo. O rugido dos motores aumentou, o bico da aeronave embicou num acesso posicionando o avião na cabeceira da pista. Os saguões onde o Ahmed e o Khalid estavam ficaram distantes demais para que eu ainda reconhecesse os vultos atrás dos vitrais, que agora fulguravam tonalidades douradas à medida que os raios do sol os atingiam por diversos ângulos. A rolagem começou lenta, os motores faziam todo o avião trepidar, minhas costas foram pressionadas contra o encosto da poltrona. Do lado de fora, tudo passava num flash de menos de um segundo, o trem de pouso desgrudou da pista e nós penetramos nas nuvens, eu tive a sensação de que um cordão umbilical havia sido cortado, numa espécie de déjà vu, e eu estava livre, solto num imenso e perturbador nada.

- Está tudo bem com o senhor? – perguntou a comissária de bordo, em árabe, solidária com meu choro.

- Hasanana shukrana lak! (= Tudo bem obrigado!) – balbuciei, tentando colocar um sorriso de agradecimento no rosto empapado de lágrimas. Nada estava bem, e eu desconfiava de que nunca mais estaria.

Pisar novamente dentro de casa depois de quase uma década foi uma experiência prazerosa que, no entanto, durou pouco. No terceiro dia após meu regresso, passada aquela euforia da chegada onde todos queriam saber como tinha sido a minha vida longe de casa, fui interpelado pelo meu pai e meu irmão sobre como tinha conseguido ser tão bem remunerado no meu emprego, quem tinha financiado todas aquelas viagens durante as quais eu lhes enviara cartões-postais de diversas partes do mundo e, qual a origem do dinheiro que revelei ter para abrir minha própria agência. Meu pai era um homem simples, pouco afeito a aceitar as novidades, sempre muito desconfiado de tudo e, que se julgava dono de uma moral inquestionável. Meu irmão se valeu da minha ausência para incutir na cabeça do meu pai alguns pormenores da minha vida que lhe tinham passado despercebidos. Em nenhum contato nesses anos todos eu fizera menção a uma namorada ou algo parecido. Em todas as fotografias que eu enviei só aparecia cercado por homens, especialmente dois que eram presença constante. A primeira agência de recrutamento do bairro onde consegui participar do processo seletivo, tinha sido fechada pouco mais de um ano depois, por envolvimento com o tráfico internacional de pessoas e cadeias de prostituição tanto feminina quanto masculina, tinha dado no noticiário, ressaltou meu irmão.

- Você foi dar a bunda no estrangeiro? – atreveu-se a perguntar meu pai, depois de enumerar suas desconfianças.

- Eu fui trabalhar! Mostrei o contrato que firmei com meus patrões antes de sair daqui, não se lembram? – eu queria esganar meu irmão, por ter envenenando meu pai contra mim.

- Emprego rendoso esse seu emprego, hein, mano? Estou precisando de um assim para mim. Conseguiu juntar uma pequena fortuna sendo um simples agente de viagens. – enfatizou.

- Onde quer chegar com essa conversa, seu merda! – questionei enfurecido.

- Sabe quem esteve aqui algumas vezes procurando por você? Júlio César! Sabe quem é? – continuou provocando.

- É um amigo que eu fiz quando trabalhava na loja de roupas masculinas do shopping. O pai dele era dono da loja de suplementos para esportistas que ficava a lado. – respondi

- Você é viado? – perguntou meu pai, na lata. Pois foi durante a minha ausência que ele enxergou o que nunca tinha enxergado antes.

- Sou! – respondi. A chaga deixada pela despedida do Ahmed era tão recente e me fazia sofrer tanto que nada mais tinha importância. Que soubessem da verdade, que me trucidassem, que me executassem para pôr fim aquilo tudo, e eu poder descansar em paz.

Fui sumariamente expulso de casa naquele mesmo dia, tendo que procurar abrigo na casa de uma prima e seu marido para não ficar ao relento. Quase uma década entregando, religiosamente, todos os meses o meu salário nas mãos dos meus pais para que tivessem a casa bem mais confortável e a vida menos atribulada de quando eu a deixei, não pesou nada na balança. O imenso vazio deixado pelo Ahmed já não era mais o único com o qual eu teria que viver.

Tudo o que eu não tinha era tempo para me lamentar. Havia prioridades maiores a serem resolvidas do que verter lágrimas por aquilo que já não existia mais. Imbuído dessa premissa, saí à procura de um lugar para morar. Encontrei uma casinha num conjunto de ruas cercadas por muros que garantiam tranquilidade e davam charme as casinhas sem muita pretensão ao luxo. Não chegava a ser um condomínio, apesar do acesso estar restrito aos moradores. Como precisava priorizar minha própria agência de turismo, que consumiria boa parte do dinheiro que recebi do Khalid e do Ahmed a título de provisão previdenciária, uma vez que nunca estive legalmente empregado na agência deles, me meti mais uma vez num financiamento para complementar o sinal que havia dado na aquisição da casa. Assim, teria um teto e um lugar de trabalho, sem depender de favores alheios.

Ambos projetos se realizaram em poucos meses e, uma sensação de vitória me inspirava no dia em que inaugurei a agência. Os contatos internacionais que fiz durante os anos que passei no Qatar foram decisivos no deslanchar da agência. Antes de completar um ano, a demanda me levou a abrir uma filial no Rio de Janeiro, outro polo para o qual convergiam muitos dos pacotes turísticos que negociávamos no exterior.

Fiz questão de montar a equipe da filial no Rio sob minha supervisão direta. A agência de recrutamentos tinha instruções de me apresentar todos os currículos dos candidatos que haviam se apresentado, inclusive aqueles que eles não julgavam aptos aos cargos de agente de viagens. Me desloquei duas vezes até o Rio de Janeiro para entrevistar pessoalmente os candidatos selecionados pela agência. Ninguém se destacou em particular, exceto um carinha que estava para completar a faculdade de turismo dentro de poucos meses, Bernardo se chama o rapaz no qual identifiquei um brilho nos olhos que tinha sido meu velho conhecido, por estar refletido no espelho toda vez que eu me punha diante de um, anos atrás. Na conversa com ele, tenso e retraído, mas perseguindo seu objetivo com uma obstinação que eu também conhecia muito bem, soube que estava diante de alguém que me traria bons augúrios e, com quem poderia contar para fazer da filial um sucesso. Contratei-o de imediato, apesar das reversas que os recrutadores da agência fizeram à sua inexperiência. Nunca me arrependi da escolha.

Há muito eu não me dava ao luxo de caminhar despreocupadamente por um shopping num sábado pela manhã. Nos últimos tempos aquilo me parecia um completo desperdício de tempo e esforço, uma vez que não era tido a vaidades. Além da necessidade de adquirir algumas peças de roupa, o que me levou até o shopping no qual eu havia trabalhado, foi a curiosidade de saber se a loja ainda existia e, se seus produtos ainda tinham a mesma qualidade que me arrastou até lá. Talvez, inconscientemente, também pesou na decisão o fato de querer rever o filho do dono da loja de suplementos, mas isso meu ego não queria admitir, apesar da falta que eu estava sentindo de um homem. Certamente o e-mail que recebi do Ahmed naquela semana também pesou nessa decisão. Ele me cumprimentava pela inauguração da agência, me propunha uma parceria para trabalharmos nos pacotes turísticos e de negócios para todo o Oriente Médio cujas demandas vinham crescendo e, me revelava no OS, após o último parágrafo, que sentia muito a minha falta. As palavras que havia escolhido para encerar aquele e-mail denotavam certa tristeza e a não superação do que havíamos vivido juntos. Me questionei pelo fato de um homem recém-casado, que ainda devia estar vivendo sob os prazeres da noite de núpcias, continuar a se declarar para outro homem com o qual havia partilhado alguns de sua vida. Não deveria ele estar descobrindo apaixonadamente os prazeres de ter o amor da esposa, ou será que esse amor não existia naquele casamento consumado seis meses após as negociações entre as famílias terem se iniciado? Estranhamente eu precisei fechar rapidamente a tela do computador ao terminar a leitura, pois meus olhos se umedeceram e uma constrição se instalou na minha garganta.

- Por um acaso, você saberia me dizer quando a loja de suplementos nutricionais para esportistas, que ficava aqui ao lado, fechou? – perguntei ao vendedor que havia me vendido duas camisetas polo na loja em que trabalhei.

- Não, não sei. Eu nem sabia que havia uma loja dessas por aqui, sou novo nesse emprego, não tem nem um ano. – esclareceu o rapaz, comprovando que o rodízio de funcionários continuava o mesmo de quando eu trabalha na cadeia de lojas.

- Será que alguém mais antigo saberia me informar? – insisti

- Talvez o Sr. Mendonça, o gerente, ele é o mais antigo nessa loja. É aquele senhor ali! – respondeu ele

- O senhor poderia me informar quando a loja aqui ao lado fechou?

- Desde que estou aqui é a mesma loja, já faz cinco anos. Se houve outra, foi antes disso. – respondeu o gerente. – Se você está procurando suplementos nutricionais para esportistas, tem uma loja no térreo, ao lado da academia, que vende artigos esportivos. – emendou, achando que eu estava interessado nesses produtos.

- Ok, obrigado!

Por fora, as vitrines exibiam basicamente roupas e artigos esportivos como bolas, chuteiras, pesos, caneleiras, óculos de natação e por aí vai. Eu estava com as mãos suadas e não compreendia o porquê. Detido ante as vitrines, percebi que num dos cantos do fundo da loja havia um setor de suplementos nutricionais. Nunca usei nenhum desses produtos, mas mesmo assim, entrei na loja e me dirigi àquele setor. Não estava procurando nada em especial, só observando os produtos, afirmei ao rapaz musculoso que veio me perguntar se precisava de ajuda. Certamente não foi aquele corpão marombado e talhado em academias que fez minha voz gaguejar e, muito menos a secada que ele deu na minha bunda. Havia cerca de uma dúzia de clientes na loja quando eu o vi surgir atrás do balcão do lado oposto ao que eu estava trazendo uns itens para o cliente que o aguardava. Não consegui identificar, de imediato, o que havia mudado naquele rosto, pois ele continuava atraentemente viril, resplandecendo uma libertinagem disfarçada na qual repousava boa parte do charme daquele homem sexy.

- Júlio! – deixei escapar num sussurro que mal eu pude ouvir.

- Como? – perguntou o garotão musculoso que ainda não tinha conseguido desviar seu olhar cobiçoso da minha bunda e começava a se excitar com a minha presença, o que se podia constatar pelo volume crescendo debaixo da calça esportiva com o emblema de uma grife famosa estampada na perna esquerda, pouco abaixo de onde a ereção distendia o tecido. Não prestei atenção nele, só naquele rosto.

Quando o cliente que o Júlio estava atendendo se dirigiu ao caixa, eu me aproximei. Minhas pernas começaram a tremer, minha boca estava seca e eu não sabia a razão de tudo aquilo.

- Lucas? É você Lucas! – exclamou ele, assim que me viu.

- Júlio!

Ele tinha um sorriso encantador dirigido a mim. Algo também o travou. Nos aproximamos tanto que comecei a sentir o calor do corpão dele. Por uns segundos, ninguém conseguiu dizer uma palavra, apenas procuramos no olhar um do outro, aquilo que um dia podia ser dito sem o uso de palavras. Estava tudo lá, a atração mútua, o beijo libidinoso roubado dentro do provador, a licenciosidade daquele boquete no escurinho do cinema, o final de semana destinado ao meu descabaço, interrompido pelo roubo da moto, a despedida sem que nossos corpos se conhecessem na intimidade. Ele pegou minha mão e a levou aos lábios, colocando um beijo nela. De repente, estávamos apenas nós dois naquele espaço, não víamos nem ouvíamos mais ninguém, apesar da loja continuar cheia de clientes.

- Não sabia que tinha voltado.

- Voltei faz uns seis meses.

- Tanto tempo! – aquilo me soou como uma censura por não tê-lo procurado antes.

- Fui expulso de casa, precisei encontrar um lugar para morar e também estive ocupado montando minha agência de viagens. – esclareci, tentando justificar meu relapso.

- Quis ter notícias suas e fui a sua casa, mas na segunda tentativa, seu irmão me deu uma carraspana, me mandando procurar outro viado para foder, porque você eu já tinha perdido para um empresário árabe. – revelou.

- Esse mesmo veneno minou minha relação com os meus pais, e foi o motivo da minha expulsão de casa.

- O importante é que está de volta! Não faz ideia do quanto estou feliz em te ver. – afirmou

- Eu também, Júlio. Eu também! Não te esqueci.

- Pois é, eu também não me esqueci de te esquecer. Naquela época eu não tinha como te segurar ao meu lado, não tinha nada a lhe oferecer, não podia deixar que você não vivesse seus sonhos. – disse ele, e eu soube ali que nossa história ainda não havia terminado, talvez estivesse apenas começando.

Fiquei sabendo durante o jantar que combinamos para aquela noite em minha casa, que ele e o irmão tinham mudado e adaptado para as novas demandas o foco das lojas que o pai lhes deixou quando se aposentou. Contei a ele como tinham sido os anos que estive fora, o que vi, como desenvolvi minha carreira, como servi às necessidades primais de dois machos, e o que me levou a regressar. Durante a narrativa, não tentei me justificar por nada, não procurei amenizar minha libertinagem servindo sexualmente dois homens ao mesmo tempo. Eu queria que o Júlio soubesse quem eu era, sem mentiras ou omissões e, que eu tinha um passado. Se esse passado não fosse propriamente virtuoso, ao menos era digno, como tudo o que aconteceu nele.

- Não precisa me contar como viveu todos esses anos. Eu também não hibernei. Fiz minhas estripulias, e não foram poucas. Me envolvi com outros caras e com garotas. Engravidei uma delas, mas felizmente a gravidez não chegou ao fim, tendo valido só pelo fato de terminar aquele relacionamento sem futuro. Não estou com ninguém, e você? – perguntou ao terminar seu relato.

- Também não! – ele esboçou um sorriso disfarçado.

- Como eu disse essa manhã, não me esqueci de te esquecer. Você mamando minha pica dentro do cinema é uma cena recorrente na minha mente. Meu tesão por você continua o mesmo! – ousou, quando me deu uma encoxada enquanto eu abria uma garrafa de vinho.

- E o meu está provocando um reboliço no meu corpo, com você tão perto e tão assanhado. – confessei.

- Há dez anos temos uma coisa não terminada. Chegou a hora de terminá-la, não acha? – balbuciou no meu ouvido, enquanto suas mãos entravam debaixo da minha camiseta polo e se apoderavam dos meus mamilos.

Soltei um suspiro, profundo e longo, estava acontecendo outra vez, um homem a quem nunca fui indiferente, estava me bolinando e me mostrando com seu tesão o que queria. Seria apenas uma obstinação por terminar algo que tinha ficado sem ser resolvido ou, seria a retomada de um sentimento que ficara guardado por uma década? Com aquelas mãos libidinosas apertando os biquinhos dos meus mamilos e, aquela ereção se esfregando na minha bunda era impossível saber. Minha única certeza naquele momento, era a de que eu desejava aquele homem com todo o furor das minhas entranhas.

O Júlio enfiou os dedos indicador e médio de uma das mãos nos meus lábios. Eles estavam molhados. Ele os acabara de retirar de dentro da sua cueca, depois de ter acariciado a sua glande.

- Isso te lembra de alguma coisa? – perguntou, num quase gemido soprado na minha orelha, e que me fez estremecer da cabeça aos pés.

- Algo delicioso que nunca consegui esquecer! – respondi balbuciando, antes de começar a lamber os dedos que ele ia aprofundando na minha boca.

Achei que ele fosse me foder ali mesmo, satisfazendo-se com o que estava esperando há anos; mas logo percebi, num contentamento radiante, que a intenção dele era construir algo bem mais duradouro a partir daquele coito. Voltamos à sala, cada um com sua taça de vinho na mão, e sentamo-nos tão próximos no sofá que nossos ombros se roçavam ao menor movimento. A luxúria crescia à medida que sorvíamos cada gole de vinho e ficava estampada no brilho dos nossos olhares que não deixavam de se escrutinar, procurando por aquelas minúcias que haviam se perdido no tempo. Ele passou o braço sobre meus ombros e eu me reclinei no dele. Não era uma cena de dois caras tomados de tesão um pelo outro como estávamos naquele momento, mas uma cena de dois amantes que se reencontravam e que não precisavam se apressar, pois teriam o restante de suas vidas para extravasar toda a volúpia que carregavam em seus corpos. Eu o beijei, começando com um toque suave na borda de sua mandíbula que foi se estendendo até os lábios quentes com o sabor do Cabernet. A mão dele voltou a entrar por baixo da minha camiseta e, depois de ficar um tempinho bolinando meu peitinho com o bico enrijecido, puxou-a por cima da cabeça, expondo meu tronco liso e nu. Sua boca abandonou a minha e foi devorar um dos meus mamilos, lambendo-o, chupando-o e mordendo-o enquanto o tracionava preso entre os dentes. Eu apoiava seu rosto entre as minhas mãos e o afagava, sentindo a tara dele crescendo durante a arremetida ao meu mamilo. Meu pau endurecia e meu cuzinho convulsionava pestanejando as preguinhas.

- Me põe para dentro de você! – grunhiu ele, sem tirar a boca do meu mamilo

Puxei-o do sofá e, envolvi minha cintura com seus braços enquanto o levava para o quarto. Deixei que me despisse lentamente, tocando e admirando minha nudez explícita a cada peça retirada. Meu corpo fervilhava de desejo com aquele olhar cobiçoso focado nele. Meu rosto enrubesceu quando ele olhou para o meu pinto duro e abriu um sorriso sacana por constatar meu tesão. Disfarcei começando a desabotoar sua camisa. À medida que a abria, mais daquele torso másculo e peludo caía na voracidade das minhas mãos. Puxei a camisa para fora da calça e fiquei diante daquele abdômen trincado, peludo, viril. Ele sentia prazer em me ver idolatrando sua masculinidade. Abri o colchete de gancho e o zíper da calça dele, afastando o tecido para os lados e me deparando com o cacetão maciço e teso debaixo da cueca. Baixei a calça até os joelhos dele, a partir de onde ele terminou de se desvencilhar dela. Uma rodela úmida marcada na cueca revelava onde estava a cabeçorra babando. Aproximei meu rosto e inspirei profundamente para sentir o aroma másculo de nozes maduras que emanava daquela umidade. Lambi e beijei a rodela através do tecido, extraindo um sonoro gemido do Júlio. Enfiei a mão dentro da cueca e sai com ela segurando o caralhão, que imediatamente coloquei na boca, lambendo e chupando-o com devoção. Era a mesma excitação, o mesmo coração quase saindo pela boca, o mesmo sabor e o mesma textura daquela carne que eu havia mamado na escuridão furtiva do cinema. Como daquela vez, ela latejava entre os meus lábios, só estava maior e mais calibrosa por não pertencer mais a um garotão recém-saído da adolescência, mas a um homem no vigor de seus trinta e poucos anos. Também era o mesmo o meu tesão de chupar uma caceta suculenta de macho, algo que passou a fazer parte dos meus mais secretos desejos, desde aquela sessão de cinema perdida no passado. O Júlio apenas ronronava, deixando-se chupar enquanto acariciava meus cabelos e mantinha meu rosto enfiado em sua virilha, procurando controlar a volúpia que o consumia. Era o pré-gozo abundante escorrendo da pica que denunciava seu tesão e, mesmo este, ele deixava ser sugado livremente pela minha avidez. Quando ele me puxou para cima e me beijou com uma intensidade animalesca, eu soube que havia chegado o momento de me entregar a ele. Dei dois passos trôpegos até a cama e fiquei de joelhos enquanto ele me agarrava pelos quadris e se ajoelhava diante do meu rego aberto por suas mãos espalmadas sobre meus glúteos. Desta vez, por sorte, ele não viu minhas faces ruborizadas por ter meu cuzinho piscante secado pelo olhar libidinoso dele. Ele começou a beijar e morder minhas nádegas lisas, enquanto seu polegar se movia sobre as minhas preguinhas me fazendo soltar miadelas ululadas feito uma gata no cio. Um brado sibilante ecoou pelo quarto quando a língua úmida dele começou a vasculhar minha fenda anal, aquela era a sensação mais delirantemente maravilhosa que se podia sentir, um macho destemperado pelo tesão saboreando o casulo onde ansiava enfiar seu cacete. Eu me virei para trás, e vi o Júlio postado impávido de pernas ligeiramente abertas e firmemente assentadas no chão, com aquele caralhão sólido parecendo um tronco a centímetros da minha bunda, e a boca ligeiramente torta esboçando a sanha de me foder. Prendi a respiração ao sentir a cabeçorra pressionando a portinha do meu cu. Apenas aquela vontade de me entregar a ele foi novamente o arroubo que me fez suportar a dor de ter meu cuzinho arregaçado pelo caralho intrépido de um macho. Ele meteu com força, num impulso brusco e único, enfiando de uma só vez, um quarto daqueles 24 centímetros na minha fendinha estreita, desfrutando do prazer de ouvir meu ganido sensual e submisso.

- Ah, Lucas! Como eu sonhei com isso! – grunhiu ele, entre dentes.

- Ai, Júlio! – gani pungente e permissivo.

Meus gemidos ecoavam pelo quarto enquanto ele socava a pica no meu cu fazendo meu corpo todo estremecer e se ressentir de sua gana. Eu não sabia por quanto tempo ainda ia aguentar naquela posição que lhe permitia meter o caralhão até o talo no meu cuzinho, fazendo suas bolas abarrotadas colidir contra meu reguinho apartado. Instintivamente, eu tentava escapulir, mas ele me puxava de volta pelas ancas num movimento simultâneo a uma nova estocada. A impressão que eu tinha, era a de que, a qualquer momento, aquela jeba colossal aflorasse na minha boca. Os gemidos – Ai, Júlio! – foram se repetindo a cada estocada e ele percebeu na vocalização deles, que a dor se sobrepunha ao prazer. Aquela vontade incontrolável de me possuir fizera-o se esquecer, no meio de todo aquele tesão, da força física de seus músculos avantajados e do tamanho titânico de seu membro. Ele o tirou do meu cuzinho lanhado, me fez deitar na cama, encaixou-se entre as minhas coxas, me beijou vorazmente com um carinho indulgente, enquanto eu abria e retraia minhas pernas expondo e oferecendo meu cu.

- Você quer ser meu, não é Lucas? – sussurrou ele, metendo novamente a pica no meu cuzinho.

A penetração lenta e contínua sob o olhar de tesão dele me fez gozar. Eu vinha me segurando desde a posição anterior quando meu pinto e meu saco sacudiam soltos pelo ar absorvendo todo o prazer que aquele macho engatado em mim me proporcionava. O Júlio ainda não estava pronto, precisava daquele vaivém rítmico que fazia meus esfíncteres apertados se esfregarem ao longo de sua jeba. O prazer também o torturava, contraía em ondas seus testículos para que expulsassem todo o conteúdo que os abarrotava. Ele intensificou o vaivém que, por vezes, avançava aos solavancos ao invés de deslizar, motivado pelo retesamento de todo seu baixo ventre e pela concentração em sua virilha, de toda a energia que precisava liberar. Uma estocada abrupta da cabeçorra contra a minha próstata extraiu dos meus lábios mais um ganido esganiçado e desencadeou o gozo. Os jatos libertadores, da porra espessa e morna, foram enchendo meu cuzinho com sua virilidade. Quase ao mesmo tempo, eu balbuciei o nome dele e ele o meu, a sintonia mais que perfeita para nossos corpos que, enfim, puderam se fundir num único ser.

- Quer ser meu para todo o sempre? – perguntou ele, quando seu cacete amolecia lentamente no meio da minha mucosa acolhedora.

- Sempre fui seu, Júlio! Apesar de tudo o que aconteceu, eu sinto que sempre fui seu, e quero que isso se perpetue até o fim dos meus dias. – respondi, ciente de que, o que sentia por aquele homem, de alguma forma, sempre esteve vivo dentro do meu coração.

Ainda levou alguns meses para que tivéssemos a certeza daquele amor. A cada dia convivido crescia a necessidade de unirmos nossas individualidades e formarmos um casal. Houve protestos, especialmente da minha família, que me definiu como uma vergonha catastrófica a ser esquecida e relegada a imoralidade. Levou anos para conseguirem enxergar que a minha felicidade junto ao homem que amava, podia não ser algo tão execrável, mas os senões nunca desapareceram por completo. Os pais do Júlio foram mais tolerantes. Surpreendidos a princípio, mas percebendo no filho uma felicidade que ele nunca havia expressado naquela intensidade antes, me acolheram sem distinções. Hoje, uma casa abriga não somente o nosso amor e o cotidiano de estarmos juntos, mas um cachorro que faz um verdadeiro alvoroço quando nos vê agarrados fazendo amor, querendo participar do que ele julga ser uma brincadeira, e amigos que nos visitam constantemente e compartilham da nossa felicidade.

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Comentários

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Querido, você é um fantástico escritor. Tudo que você escreve é perfeito, harmonioso e cheio de tanto amor, que é tudo o que precisamos. Estou lendo todos os contos, chorando e me emocionando com eles. Adoraria poder te dar um abraço carinhoso e agradecer pelas lindas estórias de amor que você nos dá de presente. Te amo ❤️❤️❤️

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Tenho andado sumido daqui porque a qualidade dos contos tem diminuído drasticamente. Por acaso consultei os rankings e deparei com o seu conto. É raríssimo encontrar ali um conto gay. Mas o seu estava lá e deu-me um prazer enorme voltar a lê-lo. Pelo desenho das suas personagens. Pela exploração dos seus sentimentos. Por tudo. Parabéns

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Sou seu leitor há anos, mas nunca comentei num conto. Contando contigo, há apenas mais um autor que já encontrei aqui pela CDC e que escreve com a mesma maestria que você, embora o estilo dele seja diferente. Eu adoro as estórias em que explora mais a questão do ciúmes, da possessividade e da dominação. Li um conto teu, do qual não me recordo o nome, mas que falava sobre uma sociedade utópica, ao meu ver porque é inteiramente prazerosa, em que existem homens alfa, beta e ômega. Adorei como casou isso às bestialidade da forma de seus pênis, e me encheu de prazer ler a relação do ômega com seu pai alfa. Eu adoraria ler estórias tuas que tratassem dessa bestialidade, com o plus do incesto e das questão de ciúmes e possessividade de uma relação proibido, com conflitos de traição. Sei que não é do seu feitio, mas ler uma estória em série tua também seria um sonho, mesmo com capítulos longos, os quais adoro. Ademais, por mais que seja modismo, acredito que seu trabalho deve ser reconhecido e o Wattpad é uma ótima plataforma para isso, embora eu prefira ler aqui. Espero que escreva algo como sugeri, seria estonteante!

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conto maravilhoso, vc escreve enredos tesudos, romancistas e de tudo um pouco, e quanto ao tamanho dos contos n~~ao tenho o que reclamar, pois amo contos completos como o seu, antes de começar a ler, vejo se o conto e curto, se for nem leio. gosto de emergi na leitura, parabéns

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Eu amei, adoro quando você explora mais a personalidade dos personagens ativos, pois, além de machões e fodedores eles também são pessoas que falham e sofrem, e é muito melhor quando eles não são unidimensionais e perfeitos. O Ahmed infelizmente não pode ficar com quem ele amava por uma questão enraizada culturalmente nele e o Lucas se impôs e não aceitou se tornar um amante, e a decisão de ambas as partes é compreensível. Seus melhores contos são os que você explora as falhas e dificuldades dos personagens. Ainda espero você fazer uma história sobre o depois do felizes para sempre de algum casal seu, fico muito curioso para saber como você trabalharia um enredo assim.

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Que conto maravilhoso, sério, uma das melhores histórias que já li aqui, meus parabéns e nos presentei com mais contos.

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Estou sem palavras pra expressar o quanto eu amei este conto. Me vi em vários momentos nas linhas lidas e a certeza de que nunca vou alcançar algo assim. Parabéns!!

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Kherr que bom que você não demorou muito voltar. Quanto ao conto, a escrita continua impecável (como sempre) e a história é maravilhosa, mas devo admitir que detestei esse final, você me fez gostar do Ahmed, para depois passar a detestá-lo. Entendo todo o contexto cultural do personagem, mas você me acostumou mal com finais felizes, e eu esperava sim que ele fosse embora do Qatar ao lado do Lucas e os dois vivessem seu amor juntos, e outra coisa achei que para quem sofreu tanto por ter perdido seu amado, o Lucas não perdeu muito tempo pra fazer juras de amor ao ex que ele não via a uma década.

Agora gostaria que se possível vc me tirasse uma dúvida de algo que não entendi direito. Os pais do Lucas passaram anos recebendo a bolada que o Ahmed e Khalid depositavam para eles, porém quando o Lucas se assume o pai o expulsa de casa, entretanto nada é dito sobre o dinheiro, eles não aceitavam a orientação sexual do filho, mas ficaram com o dinheiro mesmo assim?

No mais, parabéns pelo conto, e continue sempre nos presenteando com seu talento

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Vc voltou rápido, espero q seja assim no próximo conto. Esse é seu melhor protagonista, sabe se impor. Os pais foram ingratos com o Lucas.

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Nunca li um conto tão intenso como esse. Foi de felicidade, tesão, tristeza, raiva e tantos outros sentimentos, envolvidos numa trama só. Que escrita única, que excelêcia na descrição dos fatos. Você foi impecável, parabéns!!!!!!!

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