Sinopse: Uma conversa e confidências entre amigas faz com que a ruiva especial na vida da Nívea, disfarce o quanto pode os sentimentos pelo meio irmão.
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Os dias de Carnaval passaram tranquilamente. Talvez esta era a época, depois das férias, em que eu realmente não chegava nem perto de estudar. Alguns outros blocos desfilaram pelo bairro mas eu não me animei em sair. Meu jeito caseiro de ser sempre ganhava força nessas horas.
No entanto, na tarde de terça-feira, o último dos quatro dias de folia, eu estava na Melissa. No quarto, sentada na sua cama com as pernas dobradas em forma de borboleta, eu olhava distraidamente o celular quando ela entrou segurando uma pequena bandeja de madeira com uma panela vermelha e duas colheres pequenas.
- O que é isso? - perguntei curiosa - Você me disse que ia na cozinha, eu fiquei distraída aqui e nem estranhei você ter demorado.
- Fiz brigadeiro de panela pra nós duas - ela colocou a bandeja na cama, trancou a porta e voltou, se sentando igual a mim e me entregando uma colher - Que tal?
- Ah legal! - peguei a colher e tirei um pouco do doce de dentro da panela, dando uma lambida - Sua mãe não vai querer?
- Que nada! - ela ajeitou os cabelos ruivos e volumosos presos no alto do coque, pegando a outra colher em seguida - Ela tá muito ocupada agora no quarto transando com o meu padrasto.
Fiquei paralisada olhando pra ela com a colher dentro da boca. Nunca deixaria de ficar sem saber como reagir com o jeito normal dela em falar sobre o assunto.
- Não tá acreditando não? - ela me encarou de volta - Te levo agora na porta do quarto e a gente ouve ela gemendo. Quer?
- Melissa, pelo amor de Deus, você tá falando da sua mãe!
- E daí? - ela fez o mesmo, pegando um pouco do brigadeiro com a colher - Só porque é minha mãe, você acha que ela não transa? De quem você acha que eu herdei o fogo que eu tenho entre as pernas?
- Você só podia ter um pouco mais de respeito, poxa...
- Mas eu tenho, amiga! - falou enquanto lambia a colher - E sei que nesse exato momento ela está dando pra ele. Quando eles se trancam no quarto assim por um bom tempo eu já sei.
Suspirei, balançando a cabeça em negação. Enquanto provava o doce, que estava com um sabor muito bom, fiquei olhando para dentro da panela por um tempo, pensativa.
- Terra chamando Nívea - ela brincou e eu sorri após ouvir a piada.
- Estava distraída...
- Pensando em quê?
- Em tanta coisa... - terminei de lamber o doce da colher, dando mais uma colherada dentro da panela - Aconteceu tudo tão rápido comigo... O Eric aparecendo na minha vida, eu e você ficarmos amigas, eu e ele namorando... Antes era rotineiro, eu me sentia sozinha, sabe? Aí de repente tudo mudou.
- Verdade. E isso te assusta?
- Um pouco. Mas eu faria tudo de novo.
- Transaria com ele de novo, né? Gostou mesmo da coisa.
- Minha primeira vez eu senti medo, mas eu queria muito...
- Claro que queria, gato do jeito que ele é, só se você fosse doida.
- Foi difícil resistir a ele...
- Entendi. Mas sabe qual foi a parte legal disso tudo?
- Qual?
- Nós ficarmos amigas.
- Foi a melhor parte, sim - sorri pra ela.
- Se você não tivesse se encantado pelo Eric, teria a sua primeira vez com o Fê!
- Você não tá falando sério, né? - fechei a cara na mesma hora, cruzando os braços com a colher na mão.
- Claro que estou! Eu e ele transamos, você sabe disso melhor que ninguém, mas eu liberava ele pra tu.
- Meli, você é doida? O Felipe é o seu amante! Amante, namorado, nem eu sei dizer... Eu nunca ia fazer isso contigo.
- O Felipe é lindo e gostoso!
- Sim, ele é. Mas é com você que ele tem uma relação! Acha que eu vou trair a nossa amizade assim?
- Já disse que pra você eu liberaria!
- Eu não acredito que você não sente nada de especial.
- Sinto sim.
- O quê?
- Tesão. Você não faz ideia do quanto ele é maravilhoso na cama. Mas, preferiu se deixar enfeitiçar pela pica do Eric - terminou de comer o doce, colocando mais na colher.
- Se eu transo com o Eric é porque eu sou apaixonada por ele e ele por mim! E você?
- Eu já disse: eu transo com o Felipe porque sinto tesão por ele.
- Eu falo de sentimento, amiga... Não é mesmo apaixonada? Não sente o coração bater acelerado toda vez que estão juntos? Se arrepiar de um jeito diferente quando ele toca o seu rosto? Querer mais do beijo dele enquanto se beijam?
Ela ficou me olhando e pensando no que eu tinha acabado de perguntar. Talvez fosse a primeira vez que Melissa estivesse sendo colocada de frente com aquelas questões. Felipe havia dividido comigo, após a primeira briga que eu presenciei dos dois, sobre ele ser apaixonado pela ''meia irmã''. Mas e ela? Será que sentia o mesmo? Assim como no dia da briga, eu precisava jogar uma isca.
- E se acontecer de um dia, ele aparecer aqui com uma namorada e apresentar ela aos pais de vocês?
- Ele não precisa de namorada! - sua voz se alterou e seu pescoço ficou vermelho igual ao do Eric em momentos de raiva - Ele tem o meu corpo se quiser transar. Pra que ele vai enfiar o pau dele em outra???
- Mas não se importaria de ele transar comigo?
- Você é minha amiga, é diferente.
- E se ele se apaixonasse por mim? Nunca parou pra pensar nisso enquanto você fala em liberar ele e nós dois transarmos?
Ela engoliu em seco ficando com uma expressão séria no rosto, sem saber o que responder.
- Viu só?
- O quê?
- É apaixonada por ele, mas ainda não sabe. Ou quer fingir que não sabe.
- Eu tô sentindo saudades dele... - sem jeito, ela abaixou o olhar em direção à panela - Mas não quer dizer que eu esteja apaixonada.
- Tem certeza?
- Eu amo transar com ele.
- Não é só isso, Melissa.
- Eu não tenho esse mesmo lance de estar nas nuvens igual a você, Nívea - percebi que ela estava incomodada com o assunto - Eu gosto é das reações que o meu corpo sente quando estamos transando. De apertar o pau dele com a minha buceta quando sinto que vou gozar.
- Doida. E é uma pena você pensar assim - suspirei, sabendo que não era totalmente verdade o que ela me dizia - Vocês dois formam um casal lindo... Eu ia ficar triste se um dia terminassem por algum motivo...
- Nós não vamos terminar. O Felipe é viciado em mim.
- Ele é apaixonado por você! - insisti.
- Que tal se a gente mudasse de assunto? Fiquei com vontade em falar disso!
- Do quê?
- Nesses meses todos, qual a sua posição que ficou sendo a favorita com o Eric?
- Hã? Não vou te falar isso!
- E por que não? Eu sou sua melhor amiga!
- É sim, mas isso fica só entre eu e ele! É uma coisa que eu nunca iria te perguntar!
- Se você me perguntar eu falo... - a panela com o brigadeiro já passava da metade quando ela pegou mais uma colher e começou a lamber - Tem uma posição com o Fê que eu amo!
- Qual?
- Viu só, você também é curiosa!
- Ah... - fiquei sem jeito após ela rebater - Foi você quem começou!
- Sentada de frente pra ele na cadeira da mesa.
- Mesmo? - comecei a formigar entre as pernas imaginando a cena principalmente após o dia que eu flagrei os dois da minha varanda.
- Uhum...
- Posso... Posso mesmo te perguntar se eu quiser saber? - acabei sendo tomada pela curiosidade.
- Óbvio, Ni! Você vai guardar segredo não vai?
- Claro!
- Então pergunta, ué!
- Sua primeira vez foi com ele, não foi?
- Foi.
- Foi bom?
- Foi horrível. Doeu e eu sangrei.
- Sério? - não esperava aquela resposta - Mas o Lipe foi bruto com você?
- Não! - ela respondeu rápido - Ele foi super carinhoso o tempo todo. Mas aí quando eu vi o sangue na toalha de banho que colocamos em cima da cama, eu fiquei nervosa e comecei a chorar.
- Eu sinto muito... Bom, comigo você soube naqueles áudios. Eu só senti dor mas não sangrei.
- Sorte a sua. Eu só chorava e ele me abraçava, tentando me acalmar dizendo que era normal.
- E depois?
- Depois foi tranquilo e não sangrei mais. - ela sorria pra mim como se estivesse lembrando - O Fê fez bem devagar pra eu me acostumar aos poucos. E então na terceira vez eu gozei. Foi tão bom!
- Foi de que jeito?
- Sentada no colo dele em cima da cama. Quanto mais eu sentia, mais eu queria que não acabasse e olhando nos olhos dele era muito melhor. Depois disso eu não pensava em outra coisa.
- Virou uma tarada.
- Uhum... Queria todos os dias.
- E vocês faziam?
- Quando eu chegava do colégio, eu via que ele estava trancado no quarto, onde a gente morava antes de se mudar pra cá. Então imaginava que ele estava estudando e preferia não incomodar. E quando eu menos esperava ele aparecia no meu quarto e então rolava.
- E os pais de vocês?
- Meu padrasto confiava nele pra tomar conta de mim, sempre confiou. E isso era perfeito pra nós dois porque ele queria e eu também.
- E a sua mãe sabe sobre você...
- Eu achei melhor contar pra ela que não era mais virgem. Que eu tinha ficado com um menino do colégio. Precisei mentir né?
- E como ela reagiu? - questionei com a colher na boca, sugando o brigadeiro.
- Ela ficou em choque por eu ser muito nova e eu acalmei ela, dizendo que o menino se protegeu. E isso é verdade, o Felipe usou camisinha. Foi aquele drama todo de mãe, ela chorou, me abraçou... Mas depois aceitou. Aí ela me levou na ginecologista dela pra saber se estava realmente tudo bem comigo.
- E estava?
- Sim, tudo de boa. E agora eu tomo remédio e o Felipe não encapa mais. É bem mais gostoso - ela começou a rir contando - Se tornou o segredo de mãe e filha.
- Seu padrasto não sabe?
- Nem pode saber! Eu sou uma jóia preciosa pra ele, pura e intocada.
- O Eric também não encapa... É mesmo muito melhor transar sem nada...
- Sabe como eu sei que o Fê tá perto de gozar?
- Como?
- Quando a gente tá transando, comigo por cima, ele vem com as duas mãos e agarra nos meus peitos.
- E aí ele goza? - arregalei os olhos.
- Uhum. Mesmo eu não tendo quase nada aqui pra agarrar né? Sempre fui magra e reta.
- Mas você tem seios, Meli...
- Sim, só que os seus são maiores que os meus!
- Entendi - dei meio sorriso.
- E aí uns meses depois nos mudamos... - ela contou como se estivesse lembrando e virou o olhar - Tá, mas agora é a sua vez!
- Quer saber o quê? - conversamos e comemos tanto que o brigadeiro havia acabado da panela e nem reparamos.
- Sua posição com o Eric.
- Ah... - senti meu rosto queimar de vergonha - Gosto de ficar de quatro pra ele - revelei querendo me enfiar em um buraco - e também ficar por cima.
- Sério?? - ela sorria com o olhar espantado - Você toda tímida e certinha eu não consigo imaginar. Pra mim vocês dois não saíam do básico papai e mamãe.
- É muito bom porque de quatro ele fica colado com o corpo dele no meu.
- Isso eu concordo. Eu amo fazer sentada de frente pro Fê na cadeira dele.
- Vocês transam todos os dias?
- Quase todos. Mas agora como ele vai pegar mais disciplinas na faculdade e estudar igual doido, vai ficar difícil pra gente e eu tô meio que subindo pelas paredes por antecipação.
- Mas vocês ficaram durante as férias né?
- Sim, só que os nossos pais ficam em casa por causa das férias no Fórum então precisava ser em segredo também. Sempre rolava de noite com eles já dormindo.
- Ah sim.
- Mas teve uma transa nossa que foi bem louca... - ela parou de repente como se estivesse lembrando.
- Qual? Aquela que eu flagrei vocês antes de ficarmos amigas?
- Ali na rede da varanda? Nãooo. Transar na rede é rotina quando estamos sozinhos. Foi uma no quarto dele, de dia e com os nossos pais em casa.
- Meu Deus, e como foi isso?
- Eu tinha acabado de sair do banho sentindo muito tesão. Minha mãe estava na cozinha e o meu padrasto no quarto. Fiquei nua, olhei no corredor pra ver tinha alguém e fui correndo até o quarto dele.
- E aí?
- Ele ficou mais branco do que já é quando me viu. Perguntou se eu era louca e eu disse: "louca sim, mas de tesão e querendo gozar", e sentei no colo dele, depois de abaixar a bermuda.
- Meu Deus... E ele cedeu?
- Lógico! Ele tentou me afastar mas fui mais rápida, peguei no pau dele começando a pincelar na minha entradinha e ele não teve outra saída se enfiando em mim. E ainda falei: "só saio de cima do seu pau depois que me fizer gozar!"
- E você gozou?
- Claro.
- Vocês podiam ter sido pegos, sua doida!
- Na hora ele falou a mesma coisa - ela contava em meio às gargalhadas - Mas a adrenalina fez tudo ficar mais gostoso. Tadinho, ele ficou tão nervoso que nem gozou comigo!
- Realmente você é louca...
- É mas aí depois dessa, eu e ele não arriscamos mais não...
Balancei a cabeça em negação e olhei para o celular. Recebi várias mensagens do Frederik que na verdade eram mais fotos do Carnaval dele em Angra. Desbloqueei a tela e sorria enquanto passava as imagens.
- Uma foto mais bonita que a outra - digitei de volta.
- É o Eric? - a ruiva perguntou.
- Não, é o Frederik me enviando fotos, na casa de praia da família da Gabi e do Patrick.
- Ele também que é louco pra te comer, né?
- Não fala assim dele, Meli! O Frederik é um amigo e muito legal comigo.
- Mas é louco pra te comer! - repetiu me fazendo fechar a cara - O que foi? É a verdade e não jogo pedra não. Eu acho ele lindo, já te disse isso.
- Eu sei... Meli...
- O que?
- Será que é bom ficar com meninos da nossa idade? - me veio na cabeça de repente essa questão.
- Boa pergunta, Ni... Será? Faz o seguinte: tu dá pro Frederik e depois me conta como foi!
- Eu desisto, não dá pra conversar sério com você!
- É brincadeira, boba! Com o Felipe foi o meu primeiro tudo, então eu sei lá, não sinto vontade de beijar outros meninos.
- É a mesma coisa comigo... o Eric me ama de todos os jeitos então eu me sinto satisfeita.
- Acha que os garotos da nossa idade beijam e transam bem?
- Quem pode te responder isso é a Gabi. Te contei que ela e o Frederik namoraram?
- Tu tá de zoeira? Sério?
- Não te contei? Pois é, eles namoraram por mais de um ano.
- Nossa...
- É claro que eu não vou perguntar se era bom ou não, porque aí ela vai se animar em me fazer ficar com ele. Eu fico só na curiosidade mesmo.
- Caras mais velhos, como é o nosso caso, são melhores porque são bons no que fazem, amiga - ela começou a explicar - E é isso que encanta.
- Você só se encanta. Eu sou apaixonada pelo Eric.
- Tá bom, tá bom! Vem comigo - ela saiu da cama me estendendo a mão - Vamos lá no quarto do Fê pra eu matar um pouquinho a saudade dele.
Suspirei pensando no que eu havia confirmado pra ela minutos atrás. Levantei da cama e seguimos até o quarto dele, que ficava quase no fim do corredor, logo depois do banheiro da casa. No final mesmo, tinha uma porta que parecia ser o quarto da Dona Cecília e o Sr Henrique.
Entramos no quarto e ele estava limpo e arrumado. A cama era de casal, igual a cama da meia irmã, com um edredom na cor cinza escuro. De frente para a cama estava a sua mesa de estudos com o notebook desligado e fechado, uma luminária na cor preta e várias apostilas arrumadas uma por cima da outra das disciplinas do curso de Direito e de algumas que pareciam ser de concurso. Havia também uma pequena lata prateada com canetas e lápis.
- Ele está se dedicando mesmo pra ser Delegado né, Meli? - perguntei enquanto observava os materiais na mesa e na parede do lado da porta estava o seu guarda-roupa.
- Muito. É o sonho dele - me virei e a vi deitada na cama, cheirando um dos travesseiros - torço demais para que ele passe na prova.
Sorri, voltando a olhar para o alto na direção de uma estante presa na parede com vários livros da graduação, alguns que deveriam ter mais de quinhentas páginas. Na parede do lado, um sofá preto com dois lugares, talvez para quando ele quisesse receber os amigos e em cima um mural com fotos de vários momentos dele com a família e os amigos: em sala de aula na faculdade, na praia, no Natal em que viajou para Curitiba...
- Melissa...
- Fala.
- Posso te perguntar uma coisa? - me sentei na ponta da cama - Mas é uma pergunta meio chata...
- Sobre o quê?
- O Felipe tem contato com a mãe verdadeira dele?
- Ele não gosta de falar sobre ela... - a ruiva se sentou na cama com as pernas dobradas em posição de borboleta - Quando a minha mãe e o meu padrasto se conheceram, o Felipe já morava com ele.
- Ele se incomoda com o assunto?
- Demais. A única vez que eu perguntei sobre ela, só por curiosidade, ele ficou irritado e mudou de assunto na hora. Eu pedi desculpas e então achei melhor não perguntar mais. E sabe o que ele me disse?
- O quê?
- Que a minha mãe se tornou a mãe dele também.
- Poxa, que bonito.
- Pois é, ainda bem que é mãe só de coração!
- Mas será que foi grave o que aconteceu entre a mãe dele e o pai?
- Do jeito que ele ficou incomodado quando eu perguntei, parece que foi. Mas eu não fiz por maldade. Minha mãe sabe da história, de tudo o que rolou mas ela também não fala.
- Entendo. E no início do namoro deles você estranhou?
- Um pouco. Quando o meu pai verdadeiro faleceu em um acidente de carro, eu era bem pequena. Não lembro muito dele, mas via as fotos porque minha mãe me mostrava.
- Que triste amiga...
- É. Aí depois disso, ela se dedicou à carreira de promotora e à mim. Enquanto minha mãe trabalhava, minha tia ficava comigo. E nos fins de semana éramos nós duas juntas.
- Sua tia morava perto de vocês?
- No mesmo prédio, no bairro aqui do lado. E então, eu conheci o meu padrasto em um jantar que a minha mãe e ela fizeram. Ele foi tão legal comigo que não foi difícil me apegar.
- E você e o Lipe? Como foi?
- Foi depois de alguns meses em um outro jantar só entre nós quatro. Mas eu sabia sobre ele porque minha mãe me contou que o novo namorado dela tinha um filho. Só não podia imaginar que ele seria tão lindo! - e começou a rir me contando - E foi engraçado porque no momento que eles decidiram morar juntos no antigo apartamento, antes da gente se mudar pra cá, o meu tio, marido da minha tia, contou que a empresa dele ia se mudar pra Curitiba e que se ele se mudasse junto, seria promovido. Então tudo se encaixou.
- Vocês quatro foram morar juntos?
- Aham. Eu e o Felipe começamos a nos envolver aí, ele cuidava de mim quando eu chegava da escola e ele da faculdade, ainda no primeiro ano de curso. Me ajudava com o dever de casa, fazia lanche da tarde pra nós dois... E eu fui ficando mais encantada com isso.
- Ele nunca te forçou a nada, não é?
- Nadinha. Nosso primeiro beijo, nós dois queríamos e foi só o beijo mesmo. Nossa primeira vez foi bem depois - ela suspirou - E o Felipe me ajudou muito nessa coisa de auto estima.
- Como assim?
- Eu sempre me achei esquisita por causa das sardas no meu rosto.
- Mas você é linda, Meli!
- Sim, só eu mesma que não achava. E ele foi me ajudando a tirar isso da cabeça, me elogiando e me beijando na boca todos os dias. E mesmo só com o beijo, minha calcinha molhava né?
- Você ficava com vontade?
- Vontade? Só com os beijos e os amassos, minha buceta implorava por mais! Mas aí ele jogava água, se afastando de mim dizendo que ainda não era hora.
- Ele te respeitou muito, Meli. Isso é muito legal.
- Sim - ela suspirou.
Eu percebi seus lindos olhos verdes brilhando, sendo tomados pela emoção. Melissa era mesmo apaixonada pelo meio irmão mas não queria admitir. Nem pra ninguém e muito menos pra ela mesma.
Por mais diferentes que fossem, os dois formavam um bonito casal. Ela sempre falando o que pensava sem medo e ele mais reservado com as palavras. Talvez a faculdade de Direito tivesse influenciado isso, em pensar antes de falar e de agir.
- Vamos voltar pro seu quarto?
- Vamos! - ela se levantou rapidamente da cama e fiz o mesmo - Quer comer mais brigadeiro de panela? Eu faço de novo!
- Ah, não Meli. Tô satisfeita, mas estava muito bom!
No exato instante que chegamos no corredor, indo para o quarto dela, demos de cara com aquele rapaz alto, usando uma regata branca e bermuda azul marinho, calçando chinelos e carregando uma bolsa de viagem. Não ouvimos o barulho da porta da sala se abrir, talvez ele tenha entrado em silêncio de propósito. Felipe estava com rosto e os ombros vermelhos com certeza por causa do Sol que havia tomado nos dias de viagem.
Nós duas ficamos de boca aberta. Ao nos ver, ele exibiu aquele sorriso perfeito que eu tanto admirava, estreitando o seu olharzinho puxado. Mesmo sendo lindo, o que eu sentia por ele não passava apenas de um enorme carinho e amizade.
- Felipe? - a ruiva olhava e parecia não acreditar que era ele ali diante de nós.
- Oi Mel... - e sorriu.
Melissa não perdeu tempo e correu para os braços dele, se jogando no seu colo e o abraçando com as pernas. Ele correspondeu ao abraço, ficando assim por alguns minutos, que para os dois pareciam ser eternos. Em silêncio, com os corpos grudados. Ainda com ela nos braços, ele acenou para mim com a mão e fiz o mesmo de volta.
- Você disse que ia voltar só amanhã! - ela falou baixinho, olhando em seus olhos e voltou a abraçá-lo pelo pescoço.
- Um dos meus amigos estava voltando pro Rio, tinha lugar no carro e eu aproveitei a carona.
- Mas por que você voltou antes?
- Adivinha... - ele admirava o rosto dela - Por causa de você, meu doce...
- É sério?
- Sério. Cadê nossos pais?
- Trancados no quarto.
- Ah sim... - ele sorriu debochado, sabendo o mesmo que ela havia me falado sobre eles.
E um beijo apaixonado surgiu na minha frente. Felipe apenas curvou o corpo de lado para deixar a bolsa cair no chão e continuou a beijá-la, colocando o corpo da Melissa contra a parede e suas duas mãos em torno da nuca afrouxando um pouco o coque dos cabelos ruivos. Ela permaneceu com as pernas em volta da cintura dele e abraçada em seu pescoço.
Ver a cena me fez suspirar de emoção e era fácil entender o motivo deles viverem o namoro de maneira escondida, pois comigo era a mesma coisa. Eu namorando um homem vinte anos e mais velho e ela, o filho do seu padrasto. Não tinha nada de estranho na relação mas para os pais deles, se o casal um dia decidisse assumir, como eles iriam reagir?
Era o momento de deixá-los a sós matando a saudade um do outro.
- É melhor vocês irem para o quarto - falei baixinho, quando passei por eles bem devagar. Fui até o quarto da Meli, peguei meu celular em cima da cama e saí na ponta dos pés sem olhar para trás. Ouvi apenas o barulho de uma porta se fechando e torci para que eles não fossem pegos no flagra.
***
Sábado à noite e tudo ocorreu normalmente como nos outros sábados. Meus pais me deixaram sair pensando que eu iria para o apartamento do Felipe ao lado da irmã.
Nunca me senti à vontade em mentir para eles desde o primeiro sábado que fiquei com o Eric, mas era desse jeito ou então não passaríamos uma noite juntos.
- É isso o que eu não entendo, Eric - falei pensativa com o olhar para o alto, sentada na cama, de frente pra ele com as minhas pernas por cima das suas e em volta da sua cintura, enquanto ele deixava beijos pelo pescoço e fazendo carinho nos meus quadris - A Meli diz que não, mas eu sei que ela é apaixonada pelo Felipe, sabe? Prefere ser durona em vez de assumir o amor por ele.
- Uhum... Sei... - com os pêlos da barba me arranhando de leve, sua boca chupava o meu ombro o que fazia meu corpo inclinar um pouco para o lado.
- E o que você acha?
- Acho que esses seios deliciosos merecem ser devorados pela minha boca - e começou a lamber a minha pele na direção no meu colo, me segurando pelas costas.
- Eric, é sério! Você não prestou atenção em nada do que eu falei! - o segurei pelos ombros fazendo ele olhar pra mim.
- Prestei atenção sim, ma petite... - me deu um selinho, olhando nos meus olhos - Você e a Melissa são diferentes. Ela não tem a sua sensibilidade e acho até engraçado vocês serem tão amigas.
- Mas você também acha que ela é mesmo apaixonada pelo Lipe?
- Pelo que eu observei nas ocasiões em que nós nos encontramos, eu acredito que sim. A Melissa é o tipo de adolescente que vive à mil por hora. Eu teria que conviver mais pra ter certeza.
- Vamos combinar então de passarmos um sábado à noite, com eles dois no apartamento dele.
- Sabe que eu e você não podemos ser vistos por aí... - me abraçou, trazendo o meu corpo para mais perto do seu - E os amigos dele?
- Eu sou a única amiga que sabe sobre a nova casa dele.
- Se eu tiver a garantia de que ninguém vai aparecer por lá e muito menos os pais, posso pensar em ir...
- Vou combinar com ele! - falei envolvendo meus braços no seu ombro.
Com as mãos, Eric puxou meu rosto para perto do seu e nossas bocas se uniram em um beijo onde as línguas brincavam uma com a outra, me deixando molhada e latejando entre as pernas.
Sua boca deixou a minha com uma leve mordida no meu lábio, passeando pelo meu pescoço e colo, chegando até os meus seios. Junto de um gemido, meu corpo se jogou para trás no momento em que senti o bico do meu seio esquerdo sendo sugado com força mas sem dor, e as mãos dele me seguravam pelas costas, não me deixando cair na cama.
- Eric... - mordi o lábio, sentindo a sua língua circulando o bico - Isso é tão bom...
- Você é tão saborosa, Princesse...
Agarrei nos seus cabelos e sua boca deixou o meu seio indo na direção do outro, fazendo o mesmo com a língua. Sua boca parecia que iria me devorar! Eram chupões e sugadas que ficaríam por dias marcados na minha pele.
Com os meus seios nas mãos, aquela boca perfeita deslizou pelo meu corpo chegando até o meu ventre que começou a esquentar. Sua língua apressada brincava com o meu ponto úmido e inchado, dando pequenas lambidas e sugadas. Não resisti e me deixei cair na cama com as pernas abertas, deixando sua boca me provar.
Agarrei com força no lençol, contorcendo o corpo e empurrando meus quadris pedindo por mais. Minha buceta pulsava quando sentia a língua quente do Eric penetrando como se fosse o membro dele dentro de mim.
- Não me faz gozar, Eric... Por favor, não...
Eric fez o caminho de volta, deixando um rastro de beijos e lambidas até a minha boca me fazendo sentir o meu próprio gosto. Como sempre acontecia, ele ficou por cima com o corpo apertando os meus seios e circulei minhas pernas em volta dele esperando a respiração voltar ao normal.
- Queria te pedir uma coisa, ma petite...
- O quê? - eu o olhava, pensando que não havia homem mais lindo no mundo do que ele.
- Me deixa te amar de outro jeito...
- Que jeito?
- Me deixa... - ele acariciou o meu rosto e senti que ele pensou antes de falar - Me deixa experimentar o seu bumbum...
Arregalei meus olhos espantada. Não esperava que o Eric iria me pedir aquilo. Tudo bem, as namoradas com certeza faziam para agradar mas eu não sabia se queria, se estava pronta.
Empurrei devagar o seu corpo e me afastei, ficando sentada e encostada na grade, cobrindo meu corpo com o travesseiro, sem conseguir olhar nos seus olhos.
- O que foi? Você não quer? - Eric questionou e eu apenas balancei ligeiro a cabeça negando, olhando para algum ponto do lençol.
- Por que não? Não sente vontade?
- Não quero mais sentir dor, Eric... - o chato nó na garganta insistiu em se formar, me deixando sufocada - Porque deve doer.
- Prometo fazer devagar.
- Mesmo eu não querendo, você vai me forçar? - perguntei o encarando.
- Claro que não e nunca mais repita isso! - Eric se aproximou, me envolveu com os seus braços e beijou os meus cabelos - Pensei que você quisesse experimentar... Seu bumbum é tão perfeito que eu ia me perder dentro dele.
- Você tem vontade não é?
- Eu tenho, mas é o seu corpo.
Deixei o travesseiro de lado e dei um abraço de volta, repousando minha cabeça no seu ombro e senti suas mãos acariciando as minhas costas. O jeito compreensivo e amoroso do Eric nessas horas aquecia o meu coração, me deixando tranquila e segura.
- Se um dia eu quiser, eu te falo.
- Tudo bem, ma petite...
- Tá com raiva de mim?
- Estou.
- Por que? - Saí do seu ombro e olhei dentro daquele azul perfeito.
- Porque eu ainda não explorei com o meu pau essa buceta deliciosa - e começou a fazer cócegas na minha barriga me arrancando gritinhos e gargalhadas.
Nessa brincadeira, ele puxou as minhas pernas, me fazendo ficar com elas em volta na sua cintura, deu uma punhetada rápida e se enfiou dentro de mim, junto de um beijo quente e apaixonado.
- Je t'aime ma petite... - sussurrava ofegante, beijando meu rosto, enquanto me penetrava com as mãos agarradas nas minhas coxas.
- Je t'aime aussi, mon prince...
Continua...
Nota da autora: Pois é, essa cena final entre nosso casal protagonista foi uma válvula pra uma pura encheção de linguiça, pois inicialmente eu terminaria o capítulo no apartamento da Melissa com a chegada surpresa do Felipe.
Maaaasss como vocês amam capítulos longos, precisei esticar mais. Do contrário, essa autora aqui seria bombardeada via DM ou email hahahahahahha.
Próximo capítulo teremos uma passagem no tempo essencial para a história ganhar ritmo, chegando às vésperas da inauguração da nova clínica da Helena, ok?
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