FELIPE
Olha, um menino nem tem mais sorte de ficar quieto em seu quarto. Te falar, nunca fiquei com mulher. E nunca senti atraído por mulheres. Mas por mais incrível que pareça, um belo dia uma revista pornô hétero entrou voando pela janela. ACREDITA? Pelo amor de Deus. Vi que foi da janela do vizinho. Então né. Eu que não ia ficar com isso.
Vou indo na casa ao lado e toco a campainha.
- Oi. - Fala no interfone.
- Aqui é o vizinho. Pode vir aqui fora rapidinho?
- Certo estou saindo. - Minha mãe recebeu um bolo no dia anterior deles. Devem ser gente boa. Será que são um casal de velhinhos? Tomara! Não, não… aquele bolo era nitidamente de padaria. Velhos fazem bolos em casa.
O portão se abre e PUTA QUE PARIU. É o menino da sala errada. Matheus. Cara, eu sou vizinho do Matheus. Assim, eu não tinha falado com ele até hoje. Sabe por quê? Porque ele não olhava na minha cara sei lá o motivo. Desde o dia que ele estava ainda na minha sala. Cara, que vergonha. Será que foi ele que jogou a revista?
- Nossa! - Ele me olha com a revista.
- Matheus né? - Pergunto já sabendo a resposta.
- Sim… sim. - Ele não está conseguindo me olhar na cara.
- Nos conhecemos da escola, na verdade só te vi. - Digo tentando quebrar o gelo.
- Verdade, né. Kkk. - Ele realmente não quer assunto.
- Eu acho que isso é seu. - Entrego a revista. - Estranhamente ela entrou voando como o correio de Hogwarts pela janela do meu quarto. - Minha última tentativa. Harry Potter é o elo que une mais o mundo que a própria ONU.
- Criatura, não é que eu estava procurando. Hehe. - Ele dá um sorriso sem graça. - Mil perdões. Não sei onde por a cara.
- Relaxa. - Agora que fui perceber que ele estava apenas de short.
- Perdão nem perguntei seu nome.
- Sou Felipe. - Digo estendendo a mão.
- Prazer, Felipe. Como sabe me chamo Matheus. - Ele sorri. Um sorriso imperfeito mas muito bonito. - Eu te convidaria pra entrar mas a casa está uma bagunça.
- Tem problema não. Não ligo par bagunça. - Não sei porquê mas estava achando engraçado ele. Queria deixá-lo embaralhado.
- Ah? Ok, pode entrar. - Com certeza eu estava sendo uma visita indesejada. Mas quem mandou me evitar tanto. Não sou mau, só quero rir. Kkk.
- Te falar, sabe o Gustavo? Ele chamou pra’quela festa, né? Que horas você vai?
- Nem sei se vou. Mal conheço ninguém naquela escola.
- Criatura, você me conhece agora, uai.
- Sim, mas não temos amizade. Ah, sei lá. - Eita.
Eu estava notando que ele estava muito envergonhado pela situação. Talvez não foi uma boa ideia ter vindo ou entrado. Ah, vou dar um fora.
- Ok, literalmente acabei de entrar mas devo ir. Vou arrumar umas coisas antes da festa.
- Então você vai? - Ele pergunta.
- Também não conheço ninguém mas acho que seja algo a mais. Até mais.
Matheus é uma pessoa muito bonita. Mas seca. Enrustido parece. Eu me achava tímido mas ele é muito mais.
Indo pra festa. Chego na casa de Gustavo. Eu estava constrangido pelo que houve com Matheus. Realmente ele parece que não gosta de mim. Não entendo.
Gustavo me recebe e me dá 1, 2, 3, 4 cervejas.
- Vem, tenho que te apresentar para o povo. - Gustavo diz e me puxa pelo braço para o levar a multidão. As luzes, o povo. Ai! - Quem é você e o que fez com o Felipe tímido?
- Meu amooor... ele se foi.
- Olha, Fê, o Matheus chegou! - Olho para o portão. QUE BOSTA! Ele disse que não viria. (Ou talvez não viria) - Vamos lá receber-lo.
- Melhor não... - Recuo.
- Para de bobeira, vamos lá.
- Não Gustavo. Tudo bem. Espero aqui. - Digo porque não queria tanto vê-lo. Parece que ele não gosta tando de mim.
Gustavo vai lá e eu vou no bar. Pego mais uma cerveja. Encontrei outras pessoas. Não vi mais Gustavo. Eu estava dançando e sinto alguém me cutucando. ERA MATHEUS.
- Oi. - Diz ele dançarolando e sorrindo.
- Oh… ele veio. - Digo simpático.
- Até que animei para vir. - Te falar, eu estava meio tonto já. - Vamos tomar um Gin com Tônica? - Não eu não deveria. Estava bebendo já cerveja e misturar dá ruim.
- Vamos sim. - Que merda, Felipe.
- Beleza. - Fomos ao bar e tomamos. - Te falar, eu peço desculpa por hoje mais cedo. Morri de vergonha por causa da revista.
- Fique tranquilo. Eu fui evasivo. - Ai que refluxo.
- Realmente você foi. Todo extrovertido. Kkk.
- Estou mal. - Digo querendo vomitar.
- Está não. Você está muito bonito. - Ele achou que eu falava da roupa.
- Você não entendeu estou passando mal. - Criatura, quem nunca passou mal por bebida. Kkk.
- Ai, Deus! - Ele me ajuda. Entramos na casa de Gustavo e fomos em direção ao banheiro. Mas como eu estava deslizando pela parece acabei entrando no quarto de hóspedes.
- Felipe, tudo bem? Está querendo vomitar? - Ele segura meus ombros.
Nesse momento desequilibro de caio sobre ele mas não fomos ao chão ele me sustentou mas nossas cabeças bateram. A porta abre e Gustavo estava lá estranhamente caído no chão.
- Ai meu Deus! - Fala uma menina.
- Felipe, Matheus, foi mal! - Gustavo diz.
CLICK!