Continuando com o caso que contei na parte 1, tal como eu esperava, no dia seguinte recebi outro e-mail da tal da Gladys.
Olá, contador de histórias. Tudo bem? O seu fã crítico continuou a importunar com os comentários revoltados nos seus contos?
Eu respondi que estava começando a me desencanar do problema dele. Mas eu não gostava da atitude dele. Achava abusiva. Então ela disse:
— Olha, acho que você deve ignorar, não se deixe afetar. Ele anda tão descontrolado, que a minha amiga contou que agora ele resolveu segui-la quando ela sai, para ver o que ela anda fazendo e com quem está saindo. Está consumido pelo ciúme e pela dor de ter perdido. Foi ele que quis separar. Ele a ofendeu, a destratou, e ameaçou expor o caso na família dela. Imagine o tamanho da encrenca.
Eu fui dando corda:
— Mas, eles estão juntos? Ou separados?
A reposta veio rápido:
— Ah, você não sabe de nada. Quando ele a agrediu e a xingou, ofendendo, ela não gostou e chamou ele às falas. E disse que se ele quisesse manter a relação seria do jeito dela. Ele, achou que ela não teria coragem de colocar em risco o casamento e ameaçou separar. Ela disse a ele: “Você é que sabe! Hoje eu sei que você não está merecendo tudo que eu fiz e faço ainda por você. Você me queria mais liberada, queria me dividir com outros, queria também ter as suas aventuras e safadezas, e me usar para realizar esses seus fetiches. Eu entendi que você merecia essa chance de experimentar. Acontece que eu também descobri uma forma de me satisfazer, de me sentir mais mulher, mais desejada e satisfeita, e desfrutar muito mais sexo do que tive durante a nossa vida a dois. Então, achei que seríamos mais felizes nos divertindo dessa forma liberal, e ambos aproveitando. Mas aí, você começou a se sentir inseguro, o tesão acabou, o pau murchou, e em vez de entender que eu precisava também de um voto de sua confiança e cumplicidade, resolveu se rebelar e agir de forma agressiva. Isso eu não vou admitir. Até que você perdeu a cabeça e me agrediu. Aí passou dos limites. Eu resolvi cuidar da minha vida e deixei você no gelo, por algum tempo. Você em vez de buscar a conciliação, se desculpar, reconhecer que estava errado, veio com atitudes arrogantes e ainda me ameaça de separação e me expor! Tudo bem. Então, vamos fazer isso. Você quer? Dividimos tudo o que temos, e eu vou fazer a minha vida, e você a sua. E se me expuser eu conto quem foi que começou essa história. É isso que quer? ”
Eu li aquilo que ela escrevera e comentei:
— Puxa! Você sabe todos os detalhes!
Ela mandou quase uma linha de “kkkkkkkkkkkkk” e depois escreveu:
— Você devia saber que toda mulher tem sempre uma amiga em quem ela confia para contar todas as suas coisas, e compartilhar segredos. Isso é da maioria das mulheres. Então, entenda que eu sei de fato tudo o que aconteceu.
Eu escrevi de volta:
— Você tem razão. E eu agradeço muito estar me revelando isso. Prova que todo escritor precisa ter uma amiga ou amigo que lhe conte boas histórias, para alimentar as suas narrativas. Fico muito grato.
Naquele ponto, eu desconfiava que ela queria mesmo vazar a história toda, e me revelar mais detalhes sórdidos daquele caso. Talvez, era uma forma de também expor o tal do leitor que andava me importunando e que havia causado problema com a amiga dela. Eu então com sutileza comentei:
— Amiga Gladys, quer dizer que o leitor revoltado em questão foi simplesmente escantilhado, e ficou chupando o dedo?
Ela respondeu pouco depois:
— Ficou… O caso foi o seguinte: Ela tinha conhecido um amante eventual, que era na medida para ela. Solteiro, desimpedido, bom de cama e de pica, e que não queria nada de romance a sério. O negócio dele era fazer os dois felizes no sexo por algumas horas, algumas vezes no mês. Ela estava muito satisfeita, e disse ao marido que era o tipo de coisa que a satisfazia. Mas o marido, assistiu uma cena dela com o amante, que ela gravou para mostrar a ele, e o marido "machão" que antes era um corno que se dizia muito liberal, se sentiu diminuído diante das cenas que viu a mulher fazer nos braços do outro, se achou diminuído, e quis impedir a esposa de ter aquela relação casual. Só que em vez dele ser delicado, sutil, e conquistar a aceitação dela pela harmonia, resolveu dar uma me machão e tentou impor as condições. Ela então não gostou e foi sincera. Disse que queria o amante, que ele era o máximo de parceiro sexual que ela já teve, e que ia tê-lo mesmo que ele não quisesse. O marido, em vez de ser cúmplice e negociar, tentou impor as suas condições, de forma unilateral. Aí, ela se rebelou e disse todas as verdades. E deu o ultimato, ou ele continuava com ela, aceitando aquilo, ou ele que fosse buscar seus direitos. Ele achou que ela ia fazer isso por pouco tempo e voltaria atrás dele. Mas se enganou. Ela está muito bem, saindo e se divertindo, tem os seus casos, está mais bonita, se cuida, ficou até mais gostosa, ganhou promoção no emprego, está progredindo, feliz, e ele ficou tão abalado que brochou. Perdeu até a virilidade que antes possuía. O seu interesse por sexo virou uma obsessão pelos contos eróticos de corno, e ele agora anda assim, coitado. Esse é o quadro deplorável do seu leitor fã. Mas aí, aconteceu uma série de episódios deploráveis, que depois eu lhe contarei com calma. Um beijo. Gladys.
P.S. – Tenha paciência, ele está seriamente abalado e precisa de ajuda. Mas também não aceita opinião de ninguém.
Bem, eu estava satisfeito de ter aquela história. Entendi melhor a revolta do leitor que é corno contrariado. Mas sabia que ainda haveriam novos episódios a serem narrados.
Mas pronto, já estava explicado o que acontecia com aquela legião de puritanos, MORALISTAS SAFADOS, viciados em erotismo, que me atacavam e reclamavam das minhas histórias de corno e cumplicidade liberal. Precisava contar isso. Acontece muito.
Quando puder continuo.
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