Anteriormente...
Vejo ela, a febre aumentava, então dei mais dipirona para baixar a temperatura.
Fiz uma canja para minha mãe comer e já aproveitei para comer um pouco.
Dou um beijo na testa dela e falo.
- Vê se descansa um pouco para melhorar.
E assim, sigo para a casa da Amélia.
Continua...
Caminhava pela calçada de concreto.
O Vento chegava assobiar de tão forte.
O Céu estava coberto por nuvens negras.
A cada passo, sentia a meia fina fazendo pressão nas minhas pernas.
O elástico da calcinha pressionava minha bunda.
O sutiã esquentava minhas tetas.
O vestido bailava ao ritmo do vento forte.
Minhas mãos seguravam a barra do vestido para que ele não exibisse minha calcinha.
As gracinhas não paravam de vim das pessoas que atravessavam meu caminho.
- Que delícia!
- Queria comer uma mina assim!
- Quer namorar comigo?
- Quer ganhar um trocado fácil?
Porém, mal dava bola para eles.
Minha mente estava em loop, no momento dos gritos do Alexandre.
Cheguei na casa da Amélia, que me recebeu na porta.
- Ué? Cadê o Alexandre.
Meu beicinho e olhos marejados respondiam a ela.
Ela entendeu o que tinha acontecido.
Eu apenas fui até o quarto da Laurinha, neste dia, nem mesmo o banho que adorava tanto, não tinha animo para tomar.
Levei a Laurinha ainda dormindo para sala, e ali, fiquei, quietinho, na solidão, apenas via a Laurinha dormir.
Ficamos ali por duas horas, quando a Laurinha acordou, e como sempre, queria mama.
Tirei minha teta para fora, e me aproximei da boquinha dela, que não perdeu tempo e foi mamando com força, sem saber o que acontecia ao redor dela, me dava inveja de sua inocência.
Parecia que nada fazia tirar o Alexandre da cabeça, era agoniante, doloroso, queria poder esquecer o Alexandre pelo menos 10 minutos, para ver se alivia minha dor.
Acabei pegando no sono e dormi com a Laurinha nos meus braços.
Amélia me acordou e vi que era hora de voltar pra casa.
Amélia falou pra mim:
- Rafa, hora de acordar bela adormecida.
- Me desculpa Amélia acabei dormindo.
- Tudo bem não precisa se explicar. Sobre o Alexandre, ainda vai doer muito, mas o tempo cura essas feridas. Sei como dói, afinal já fui adolescente.
- Nunca me apaixonei o Alexandre é meu primeiro amor.
- Me conta como acabou essa história.
Comecei a chorar, mas chorando contei tudo.
- Entendi ele pensou que você era uma garota.
- Mas o pior é que já me sentia uma garota, muitas vezes esqueci que era um menino.
- Bom, alguns dias atrás você me falou que queria continuar sendo um menino.
- É verdade, mas o fato é que eu ainda não gostava do Alexandre.
- Mas eu comecei a gostar dele e por isso dói tanto.
- Você continuar querendo ser um menino?
- Pra falar a verdade eu não sei. Eu estou confusa e não sei se é o que eu realmente quero. Mas antes do Alexandre me deixar, eu comecei a pensar seriamente em me tornar uma menina.
- Se você decidir ser menina eu volto a te dar os hormônios.
- Por hora vamos deixar como está.
- Tudo bem.
Ela deu meu pagamento e voltei pra casa infelizmente sozinha.
Voltei pra casa e quando chego ouço minha mãe tendo uma crise de tosse.
Ligo imediatamente pra Amélia pedindo ajuda.
- Amélia por favor preciso de ajuda minha mãe está tendo um ataque de tosse.
- Calma Rafa o Douglas acabou de chegar em casa vou pedir pra ele levar você e sua mãe ao pronto socorro.
Douglas chegou rápido e levamos minha mãe para o hospital. Como o caso parecia grave ela foi rapidamente atendida e colocaram ela na inalação, e a tosse foi passando, em seguida ela foi encaminhada à um consultório onde um médico examinou ela e disse que ela estava com uma gripe forte e se esperasse mais um pouco, provavelmente ela teria uma pneumonia o que seria um problema sério, falou que ela passaria uma noite em observação. E dependendo de como ela estará pela manhã, daria alta e a receita de antibióticos pra tomar em casa e um expectorante pra cessar a tosse.
Douglas queria voltar pra casa e me deu dinheiro pra pegar um uber pra voltar pra casa e pra comprar os remédios da minha mãe. Fiquei muito agradecida e ele se foi.
Fiquei a noite inteira com a minha mãe e no dia seguinte ela estava melhor. Ela recebeu alta e em frente ao hospital tinha uma farmácia onde comprei os remédios, chamei um Uber e voltei pra casa com a minha mãe.
Quando chego em casa o Alexandre está no portão de casa.
- O que você está fazendo aqui? Já não basta ter me humilhado?
- É sobre isso que eu queria falar.
- Agora não dá tenho que cuidar da minha mãe.
- Não se preocupa Rafa eu posso entrar e deitar na minha cama sozinha.
Minha mãe forçava a barra pra eu me acertar com Alexandre, acho que ela quer uma filha e não mais um filho.
Bom ela entrou em casa e me deixou lá fora com o Alexandre.
- Fala o que você quer Alexandre se for pra me humilhar outra vez pode ir embora.
Falei isso com lágrimas nos olhos.
- Eu pensei muito em casa pelo fato de descobrir que você era um menino, mas mesmo ficando com raiva não conseguia parar de pensar em você. Você é muito linda, poucas garotas têm a sua beleza. E gostaria muito se você aceitar voltar pra mim. E a gente retomar nossa, história ou recomeçar do zero.
- Olha você me deixou muito magoada então me dá uma semana para pensar, agora deixa eu entrar que vou cuidar da minha mãe.
- E eu não ganho um beijo?
- Não força senão eu termino de vez.
Ele foi embora sem falar nada.
Não liguei, a prioridade agora é a minha mãe.
Lembrei que tinha que trabalhar e liguei pro Ateliê que atendeu foi dona Rosa.
- Alô.
- Dona Rosa sou eu o Rafael.
- O que foi lindeza?
- Me dá um dia de folga é que a minha mãe está doente e eu preciso cuidar dela.
- Faz assim tira essa semana pra cuidar da sua mãe e eu abono os dias como licença.
- Muito obrigada dona Rosa. Deus lhe pague.
- Beijo linda vai cuidar da sua mãe.
- Beijo.
Já nem estava mais ligando das pessoas me tratarem no feminino.
Passei a manhã toda cuidando da minha mãe.
De tarde eu ía para a casa da Amélia, pouco antes de sair a Amélia ligou pra mim.
- Como está sua mãe? Está um pouco melhor já estou indo cuidar da Laurinha.
- Hoje não, vou te dar 3 dias pra cuidar da sua mãe.
- E como vai ficar a Laurinha?
- Não se preocupe com isso cuida da sua mãe e depois a gente conversa.
- Muito obrigada Amélia.
- De nada princesa. Beijo.
- Beijo Amélia.
Passei 3 dias inteiros cuidado da minha mãe.
No segundo dia minha mãe pergunta sobre o Alexandre.
- Filha você não vai voltar a namorar o Alexandre.
- É claro que vou mãe, mas pedi uma semana pra pensar pra ele ver que não é fácil fazer e falar coisas pra mim e depois vir e ficar tudo certo.
3 dias se passaram e minha mãe já estava bem pra se cuidar sozinha, mesmo assim durante a manhã cuidava de tudo pra ela.
Dessa forma voltei a trabalhar para a Amélia.
- Boa tarde Amélia.
- Boa tarde querida, como está sua mãe?
- Está bem melhor.
- Também, com uma enfermeira dedicada igual a você rsrsrsrs…
- Mãe só temos uma temos que cuidar bem.
- Sim Rafa com certeza.
- Amélia estava pensando uma coisa… Me visto como uma garota, já me pareço uma garota e todos me tratam como garota, vou ser menina, não tem mais sentido tentar ser um menino.
Os olhos de Amélia brilharam.
- Já era hora garota. Hoje mesmo volto a te dar hormônios.
- Fui tomar meu banho, tomei meus comprimidos de hormônio e fui cuidar da Laurinha.
Uma semana depois minha mãe estava completamente recuperada e vocês já sabem quem apareceu.
Sim o Alexandre com uma caixa daqueles bombons que eu adoro e um buquê de rosas.
- Bom dia como a senhora está dona Cíntia as rosas são pra você. E os bombons são pra você Rafa.
- Estou bem graças a DEUS e da Rafa que foi minha enfermeira, amo você minha filha.
Me emocionei chorei e abracei e beijei minha mãe.
Alexandre esperou tudo se acalmar e perguntou pra mim o que tinha decidido.
- Olha Alexandre… Eu pensei muito sobre não só eu ou você, mas sobre nós. Você assumiria o nosso relacionamento para seus familiares e amigos? Vai me proteger e cuidar de mim?
- Sim, sim, sim e sim.
- Então pode me beijar amor.
Ele me deu um beijo de cinema e minha mãe bateu palmas.
- Ah mãe esqueci de falar, decidi ser uma garota e a Amélia está me dando hormônios.
- Ai que maravilha, eu nunca falei, mas quando estava grávida de você, gostaria que fosse uma menina, mas você nasceu menino, mesmo assim eu te aceitei e te amei como filho. Mas depois de tantas reviravoltas eu senti que a vida me deu a felicidade de ter uma filha.
- Bom mãe então sua felicidade está completa e dei um beijo nela.
Na seqüencia fui para o Ateliê e conversei com dona Rosa que decidi ser uma garota e que já estava tomando hormônios. Dona Rosa disse que estava torcendo por isso, pois sou uma modelo perfeita para as roupas do Ateliê e que dessa forma eu ganharia mais dinheiro, pois uma modelo ganha mais que uma faxineira.
Um mês se passou e Alexandre me deu um anel de compromisso. Já éramos namorados.
Três meses depois ele me levou na casa dele e me apresentou pra família. Os pais dele não me recriminaram me aceitaram mesmo com a minha condição de mulher transexual. Na semana seguinte reuniu os amigos e me apresentou pra eles, alguns não gostaram e se afastaram dele, a maioria felizmente gostaram de mim.
Os anos foram passando o Alexandre fez faculdade, e começou a trabalhar em uma grande empresa de T I foi promovido a gerente, reformou completamente a casa da minha mãe e mobiliou ela inteira. Passou a ser a casa mais bonita da rua. Em seguida me pediu em casamento claro que eu aceitei, ele sempre foi muito carinhoso comigo inclusive no sexo. Muitas mulheres cisgênero e transexuais dizem que a primeira vez dói muito, mas o Alexandre fez com tanto carinho, paciência e cuidado que foi a coisa mais prazerosa que eu já fiz na vida, mesmo com seus 19 por 6.
3 meses após ele me pedir em casamento, deu entrada em uma casa luxuosa e confortável e passamos a viver juntos.
Em 4 anos ele terminou de pagar a casa que agora era nossa, nos casamos e vivemos muito felizes, ele cuida de mim e me da todo o carinho pra que eu me sinta segura ao lado dele. Eu ainda sou modelo no Ateliê, Amélia e eu nos tornamos melhores amigas, a Laurinha cresceu, mas as vezes a Amélia tem algum compromisso e deixa a Laurinha comigo, ela é muito educada, carinhosa, e comportada, me chama de tia Rafa.