Sinopse: Uma novidade profissional faz a alegria de mãe e filha no primeiro dia de Carnaval. Eric e Nívea não passarão a noite de sábado juntos mas isso não impedirá o professor de ter um momento quente com a sua aluna.
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Acordei na manhã de sábado, com alguém me abraçando por trás e enchendo o meu rosto de beijos. Senti o aroma delicioso de um sabonete líquido conhecido e sorri por estar sendo acordada de um jeito tão carinhoso.
- Bom dia, anjo da minha vida! - sentia os beijos da minha mãe pelo rosto e o seu abraço - Hoje é Carnaval!
- Mãe, me deixa dormir por favor! - pedi ainda deitada e sonolenta - Hoje eu não tenho aula de dança. A academia não vai abrir.
- Eu sei meu amor, mas vamos sair hoje para um bloco de rua que eu quero muito te levar!
- Você sabe que eu não gosto de tumulto - me virei para ela, me espreguiçando, que estava com os cabelos molhados e usando um roupão branco felpudo - Principalmente com esse Sol que está fazendo - falei, apontando para a minha varanda que já estava aberta e enfiei de novo a cara no travesseiro.
- Esse bloco que vai desfilar é diferente, filha. É familiar e somente para os moradores do bairro.
- E onde é esse bairro? - perguntei ainda de cara tampada.
- Onde o Felipe faz faculdade.
- O quê? - me virei pra ela no mesmo instante.
Eric Schneider!
Eric Schneider!
Eric Schneider!
O nome gritava na minha cabeça.
- Ah há, se animou?
- Mas como assim? Que parte do bairro?
- A concentração do bloco vai ser em frente à faculdade e ele vai desfilar pelas ruas. Vai ser divertido, vamos! Liga pra Melissa e convida ela também.
- Tá mas espera aí, como você ficou sabendo desse bloco? - me levantei e sentei em posição de borboleta, de frente pra ela, que se sentou igual.
- Bom... Acho que já está mais do que na hora de te dar a boa notícia.
- Que notícia?Você e o meu pai compraram outro apartamento igual o Felipe?
- Melhor que isso! Lá será o lugar onde eu vou abrir a mais nova filial do Espaço Helena Toledo! - ela abriu os braços eufórica e me abraçou apertado - Estou tão feliz!
- Meu Deus, mãe! - lhe dei um abraço sentindo o perfume delicioso dos seus cabelos e voltei a encará-la - É sério?
- Sim, filha! Eu esperei fechar o contrato de compra do local para só então começar a contar a novidade. Por enquanto só você, o seu pai e as funcionárias da clínica matriz que sabem.
- E como que aconteceu tudo?
- Você se lembra da viagem que eu e o seu pai fizemos ano passado para aquele Congresso Empresarial, não lembra? Você estava pra voltar de férias da casa dos seus avós?
- Lembro sim.
''E como eu iria esquecer?''
- Então, um dos motivos que me fez ir com ele foi para participar de palestras sobre franquias e abertura de filiais do próprio negócio. Eu e a Marina fizemos um estudo durante todos esses meses, incluindo o bairro que mais seria viável em abrir o Espaço, tanto que ela vai ser a minha sócia. E vimos que onde o Felipe estuda não possui nenhuma clínica de estética.
- Poxa mãe, que legal. Mas... Precisava ser este bairro?
- Pois é, no início eu fiquei com o pé atrás mas, além de ser residencial, possui um bom número de comércios principalmente no entorno da faculdade. E estudantes universitários, em específico as mulheres, são o meu público alvo.
- E a nova clínica vai ser perto de lá?
- Da faculdade? Vai ser na mesma rua. O ponto é ótimo, dá pra ir andando.
- Que bom, mãe. Você estando feliz eu fico feliz também - lhe dei um abraço e sorri pra ela - E quando vocês vão inaugurar?
- Ah, agora é a hora de colocar a mão na massa e mergulhar de cabeça na reforma. Na segunda-feira quando tudo voltar ao normal, as obras já começam. E se tudo der certo, em Abril nós inauguramos.
- Se você conseguir inaugurar depois das minhas provas, eu vou poder ir... Pode ser?
- É verdade, meu amor. Eu não tinha pensado nisso - ela me olhava e me analisava - Vou conversar com a arquiteta responsável pelo projeto e pedir a ela pra terminar na semana das suas provas e então no sábado inaugurarmos.
- Assim eu posso convidar os meus amigos...
- Perfeito. Em especial a Gabi, que é a minha fã - ela brincou e rimos juntas - Agora vai! Levanta e se arruma! - ela saiu da minha cama, ajeitando o roupão - E convida a Melissa! - a acompanhei com os olhos vendo ela sair do quarto.
Ir para um bloco de Carnaval com a minha mãe e minha melhor amiga não era exatamente o que eu tinha planejado para os próximos quatro dias. Eu queria mesmo era ficar em casa sem fazer nada. O convite feito pelo Patrick e a Gabriele de ir viajar com eles ficou de pé até a sexta-feira, mas eu recusei. Mesmo eles terem se tornado amigos especiais com a convivência de todos os dias nas aulas, eu não me senti à vontade em ir.
Peguei o meu celular no meu criado-mudo que marcava sete horas na tela. Suspirei e telefonei para a Melissa que demorou um bocado para atender.
- Eu não tô acreditando que você tá me ligando a essa hora... - a voz dela do outro lado da linha arrastada.
- Desculpa amiga, minha mãe me acordou animada querendo ir pra bloco comigo e pediu pra te chamar também. Vamos, por favor.
- Vai ter que me dar um bom motivo pra me tirar da cama e ir com vocês.
- Eu convenço ela pra almoçarmos em algum lugar legal.
- Em meia hora eu estou pronta!
Falar em comida com a Melissa não falhava nunca.
- Tá legal então. Beijo.
- Beijos.
Deixei o aparelho de volta no móvel e levantei da cama para ir falar com a minha mãe. A camisola branca que eu usava era apertada no meu corpo e quase transparente, o que fez meu corpo se arrepiar por causa da temperatura fria do ar condicionado. Fui até o quarto e ela não estava, ouvi o barulho da água do chuveiro na suíte e deduzi que deveria ser o meu pai no banho. Ao sair e chegando na sala, vi minha mãe montando a mesa para o café da manhã e ao me ver, me jogou um beijo e eu sorri de volta.
- Falei com a Meli, mãe - me aproximei da mesa e peguei uma uva vermelha colocando na boca - ela disse que só vai se eu te convencer a sairmos pra almoçar depois do bloco.
- Claro, minha vida! Vamos sim.
- Que horas começa?
- A concentração vai ser às nove horas e o desfile às dez.
- Tá bom.
Voltei para o meu quarto e fui para a minha suíte. Tomei um banho demorado usando os meus sabonetes e óleos para banhos com aroma de frutas vermelhas. Ao deixar o chuveiro, enrolada na minha toalha cor de rosa, fiquei pensando em que tipo de roupas se usa em blocos de Carnaval. Me lembrei que quando era pequena, eu ia fantasiada para bailinhos infantis.
Pra não errar, escolhi um vestido verde escuro com estampa de florzinhas bem pequenas, as mangas redondas e largas e com um fino laço bem nos seios. Muito parecido com os outros modelos que eu tenho. A calcinha em tom salmão com o fio enfiado no meu bumbum. Como iria ficar em pé, coloquei um tênis all star todo branco e bem confortável.
Terminei de pentear o cabelo e pintar levemente os meus olhos com lápis preto e então peguei meu celular em cima da cama para uma selfie no espelho como sempre. Postei no Instagram, usando várias hashtags o que atraiu likes e novos seguidores.
Após ir rapidamente até o banheiro estender a toalha e arrumar algumas coisas na pia, deixei meu celular na cama depois de visualizar mais alguns likes. Chegando na sala, dou de cara com a Melissa devidamente pronta tomando café com os meus pais.
- Bonjour! - dei um beijo no meu pai que tomava café e me sentei ao lado dela - Você veio rápida mesmo - lhe dei um abraço e ela me correspondeu com um beijo.
- Sou fã de bloco de Carnaval desde criancinha - e sorriu com deboche.
- Sei... - comecei a me servir com pão de forma com queijo e presunto montando um sanduíche - Você não quer ir com a gente pai?
- Ah, não mon ange - ele recusou enquanto bebia seu suco - Vão vocês e divirtam-se! Vou tirar esses dias para descansar.
- Tudo bem então... E o Felipe, Meli?
- Viajou ontem de noite - ela suspirou um pouco triste olhando para o prato na mesa com alguns pães de queijo - os amigos dele da faculdade foram lá em casa de última hora convidando.
- Sério? E foram pra onde? - perguntei enquanto enchia o meu copo com iogurte. Sem ida para a casa do Eric, pensei.
- Ah, eu nem sei, acho que pra Região dos Lagos... Fiquei do meu quarto ouvindo a agitação deles na sala. Pelo que eu ouvi, ele meio que não quis ir mas o meu padrasto incentivou porque como o semestre dele vai ser difícil, ia ser bom ele se divertir agora.
- Isso é verdade.
Quase um ano que eu havia me tornado amiga deles dois e ainda era meio que um mistério pra mim entender aquele relacionamento. Eu sabia que o Felipe era apaixonado pela meia irmã que na verdade não era nada, não tinha nenhum laço de sangue. Mas e ela? Será que Melissa sentia o mesmo? Ou era apenas na cama que ela se entendia com o "não irmão"?
- Mas na quarta-feira ele volta - voltou a comer um dos pequenos pãezinhos e sorriu pra mim.
- Vocês me dão licença, meninas? - minha mãe ainda de roupão, terminou o seu café e se levantou da mesa - Vou terminar de me arrumar - e seguiu para o quarto.
- Vamos lá pro meu quarto, Meli - terminei de comer e meu pai continuou na mesa atento ao seu celular.
- Tá.
- Pode deixar que eu recolho a mesa, filles...
- Merci, papa...
Voltei com a Melissa para o quarto e continuei a me olhar no espelho e então ela veio para o meu lado e tiramos uma selfie juntas de frente pra ele.
- Adivinha onde vai ser o bloco que nós vamos? - me virei pra ela sorrindo - Minha mãe te falou onde vai ser, enquanto eu me arrumava?
- Não, onde?
- Onde o Lipe faz faculdade.
- Mesmo? Ah, então eu sei qual é. O bloco é super tranquilo. Tipo, tem até uma aglomeração mas só de moradores mesmo. Você acredita que o Felipe vai se formar e eu nunca fui na faculdade dele?
- E por que não?
- Sei lá, nunca rolou chance. E eu também não tive vontade.
- Meli, você entendeu o que eu te disse? - a encarei firme.
- Entender o quê?
- Vou te explicar com calma: o bloco vai se concentrar em frente à faculdade e desfilar pelas ruas do bairro.
- Tá e daí?
Continuei a olhar pra ela com a sobrancelha levantada. Esperta como era, não demoraria muito a entender.
- Ah, meu Deus, amiga! - ela se levantou da cama, com o olhar sempre arregalado e as mãos na testa - Você ligou pra ele?
- Ainda não - sorri lembrando do celular na cama e, quando peguei, vi as chamadas do Eric - Postei uma foto no Instagram e certeza que me ele ligou pra saber onde eu vou.
- Liga de volta! - de repente o celular dela começou a tocar - Ih, minha mãe tá me ligando. Vou lá em casa. - ela saiu ligeira do quarto - Já volto hein! Quero saber de tudo!
- Tá.
Fiquei olhando para a tela e então retornei à chamada. Esperei alguns toques até ouvir aquela voz que tinha o poder de me deixar em transe.
- Não é porque deixei de te seguir, como você me pediu, que eu não olho mais o seu perfil. Bloco de Carnaval, mocinha? Logo a minha aluna mais comportada?
- Minha mãe insistiu. Vamos eu, ela e a Meli.
- Hum... Interessante... Acordei aqui com a merda de um som de trio elétrico nas alturas. Vai ter o desfile de um bloco pelo bairro e com certeza já tem gente concentrada em frente à faculdade.
- Sei... E você... Vai nesse bloco?
- Eu? Não, ma petite... Não curto nem um pouco.
- Que pena...
- Por que? Como assim, que pena? Espera... Você tá vindo pra cá?
- Meu coração foi parar na garganta quando minha mãe me disse onde era.
- Sério mesmo que eu vou ter que te raptar no meio de várias pessoas e te trazer aqui pra casa?
- Tá doido? Com a minha mãe do meu lado?
- Não quero ter que esperar até de noite...
- Eu não vou poder ir. O Felipe viajou.
- Ah, não me fala isso...
- É sério.
- Então eu vou te raptar do mesmo jeito, pra eu e você darmos uma trepada bem gostosa...
- Eric, você não vai fazer isso! - comecei a esfregar minhas coxas uma na outra tentando segurar a excitação - A minha mãe vai estar comigo!
- Acha que eu não tenho coragem?
- Eric...
- Acha que eu não tenho coragem?
- Acho! - respondi em tom de deboche - Vou ficar bem do lado da minha mãe e você não vai chegar perto de mim!
- Pois muito bem... Desafio aceito! Eu quero você e vou ter você. Se prepare!
***
- Você acha que ele tem coragem? - perguntei à Melissa, após ter contado sobre a conversa com o Eric por telefone. Nós duas estávamos sentadas na minha cama.
- Depois do que aconteceu no aniversário do Felipe eu não duvidaria - ela me olhava e do nada começou a rir - O Eric não presta, cara! Eu fico imaginando ele todo sério e dando aula - E continuou rindo.
- Meli é sério, e se ele for mesmo fazer o que me falou?
- Ué, você vai ter que ficar grudada na Dona Helena. Mesmo assim, é capaz de ele arrumar um jeito de te agarrar no meio de todo mundo.
- Ele não pode fazer isso! E se ele...
- Meninas!! - ouvimos a porta bater e minha mãe entrou, segurando uma sacola de plástico branca enorme - Comprei um monte de coisas para vocês usarem no bloco.
Ela pôs a sacola no meio da minha cama e começou a retirar vários enfeites: colares havaianos coloridos, coroas de flores artificiais, óculos engraçados... Mas um enfeite que chamou a minha atenção foi uma coroa prateada e enfeitada com pedras brancas. Fui com ela nas mãos até o espelho e a coloquei, encaixando as duas pontas em forma de pentes nos meus cabelos e ajeitei melhor os fios.
- Comprei essa coroa pensando em você... - minha mãe me observava enquanto eu me olhava no espelho - uma verdadeira princesa.
- Sim... Une petite princesse... - falei em voz baixa.
- Gostei dessa! - a ruiva pegou a coroa de flores cor de rosa artificiais e colocou na cabeça, vindo também até o espelho.
- As duas ficaram lindas!
Me virei para a minha mãe e então pude ver melhor como ela estava para aquele dia de diversão. Podia ficar a admirando para sempre de tão linda que era. A blusa de couro preta tomara que caia, deixava seus seios pro alto. O short jeans curto, exibia suas coxas grossas e não tinha nada de vulgar pois o seu corpo perfeito era o que sempre chamou a atenção das pessoas, além do seu rosto lindo e sempre bem cuidado. Facilmente todos diriam que éramos mesmo irmãs.
- Você é que é linda, mãe.
- Ah, minha vida - ela veio até mim, me abraçando e nos viramos de frente para o espelho - Linda é você.
- E vamos de mais uma selfie - a ruiva apontou o seu celular para o espelho enquadrando nós três.
***
- Eu espero ao menos conseguir um lugar para estacionar!
Enquanto minha mãe dirigia atrás de alguma calçada livre, eu observava as casas do bairro onde passava todas as noites de sábado. Era uma experiência diferente em plena luz do dia, o que despertou a minha curiosidade. Do outro lado, o muro baixo de concreto, onde podia se sentar e ter a vista do mar haviam pessoas se exercitando, fazendo caminhadas, andando de bicicleta, passeando com seus cachorros de estimação e com carrinhos de bebê. E claro, grupos de amigos fantasiados já no clima de Carnaval.
Entramos por uma rua com árvores dos dois lados da calçada e felizmente minha mãe conseguiu estacionar o carro em um lugar bem tranquilo.
- Quero vocês duas com protetor solar no rosto! - ela ordenou, pegando uma embalagem do produto de dentro da bolsa e me entregou - Principalmente você, Melissa!
Passei um pouco do protetor em todo o meu nariz e nas bochechas e em seguida entreguei para a minha amiga que estava sentada no banco de trás.
- Será que o bloco tá muito cheio? - perguntei antes de soltarmos do carro.
- Deve estar, meu anjo - minha mãe se olhava no espelho retrovisor do carro, ajeitando os cabelos e seus óculos de sol em formato quadrado com lentes na cor marrom - Mas não precisa ficar preocupada. Dificilmente vem pessoas de outros lugares pra cá. É tudo muito reservado o que combina com o bairro.
Soltei um suspiro, soltamos do carro e de onde estávamos já dava pra ouvir o som alto. Guardei o meu celular na minha bolsinha inseparável, andamos alguns minutos até virarmos na esquina e demos de cara com um trio elétrico amarelo com várias pessoas em volta e atrás dele.
- Nossa! - Melissa se espantou - Já está lotado!
Chegamos perto do trio e mesmo com muitas pessoas, a maioria eram famílias com seus filhos pequenos e jovens adolescentes da nossa idade. Alguns acompanhados dos seus pais, outros em grupos de amigos. No alto do trio, os músicos estavam em aquecimento dos instrumentos e animadores jogavam confetes e serpentinas na direção do público.
Minha mãe tirou o celular do seu bolso do short e começou a filmar a animação das pessoas. Um vendedor de confetes passou por nós e Melissa comprou dois pacotes para jogarmos durante o desfile. Apesar do Sol que fazia, o calor provocado não me deixou irritada. As árvores altas nas calçadas e suas sombras ajudavam a diminuir o clima quente.
Ela fez um sinal com a mão e andamos por entre as pessoas, ficando a uma distância normal do trio. Na primeira fileira, haviam mamães com seus bebês nos carrinhos. Alguns minutos depois, o trio aqueceu os motores e começou a andar, animando o pessoal e a cantora que usava roupas coloridas no alto puxava as típicas músicas de Carnaval.
- Fiquem perto de mim! - mesmo difícil por causa da altura do som, consegui ouvir a voz da minha mãe orientando nós duas - Se não vocês podem se perder!
Fiquei bem atrás dela e Melissa do seu lado, já curtindo e jogando confetes em todas a direções. A rua estava tomada de gente e com isso, o trio começou a andar de modo lento. Conforme o desfile avançava, mais pessoas se aproximavam e animação das músicas contagiava os foliões. Tentando me divertir e não parecer a chata, me juntei à minha amiga e enchia a mão de confetes para jogar pro alto em uma direção qualquer.
De repente senti minha bolsa vibrar por causa do meu celular. Como as chamadas dele ficam eternamente no modo silencioso e apenas o contato de uma pessoa eu deixei no vibratório, eu senti um frio da barriga. Coloquei a bolsa pra frente do corpo e, mesmo com o empurra empurra, a abri, tirando o aparelho e desbloqueando a tela.
''Está linda nesse vestido. Mais linda é você sem ele...''
Ao ler a mensagem, uma mistura de medo e excitação tomou conta do meu corpo, levando a um pulsar delicioso entre as pernas. Disfarçando e com o aparelho nas mãos, comecei a olhar para os lados, para as pessoas ao meu redor, tentando encontrar o dono daquela mensagem. Mais uma vez, o celular vibrou.
''Eu estou vendo você. Nem tente fazer o mesmo pois não vai conseguir...''
Olhei para a frente e minha mãe e Melissa estavam perto de mim o que me aliviou. Eu não podia sair de perto delas de jeito nenhum! O Eric não teria coragem de fazer o que queria. Teria?
Eric por favor, não... - digitei rapidamente e guardei o celular de volta na bolsa.
Continuei atrás da minha mãe e então percebi que o trio fez uma manobra, virando em uma determinada rua mais larga o que deixou as pessoas um pouco mais afastadas das outras e com isso, podíamos ficar mais a vontade. Mesmo assim, ainda havia muita gente. Voltei a olhar ao redor, e nada. Nem sinal do Eric. ''Como ele pode estar me vendo?''
Mesmo com as árvores espalhadas pelas ruas, eu já vinha sentindo sede desde o momento que havíamos chegado para curtir o desfile. Conforme íamos andando e curtindo, comecei a sentir ainda mais e precisava me aliviar. Mesmo no meio de tanta gente, olhei para a calçada e vi um vendedor que empurrava um carrinho de mercado com uma caixa de isopor dentro dele. Eu não podia me afastar da minha mãe e da minha amiga, mas também estava com sede.
''Vai ser rápido!'' pensei enquanto meus olhos estavam na direção do vendedor.
Para minha sorte, eu tinha algumas notas de dinheiro comigo pois nem todos que vendiam água e outras bebidas, teriam como aceitar pagamento em cartão.
- Eu vou ali comprar água! - falei bem no ouvido da Melissa que me olhou e rapidamente caminhei pelo meio da aglomeração até chegar em direção à calçada.
Senti um alívio quando saí do meio da multidão, pois não estava tão abafado. O vendedor estava parado com o carrinho atendendo algumas pessoas.
- Eu vou querer duas garrafas de água - pedi quando chegou na minha vez.
- Claro minha jovem, seis reais! - muito simpático, ele tirou duas garrafas pequenas do isopor repleto de gelo e lhe dei uma nota de dez reais. Peguei as duas garrafas com uma das mãos e o troco com a outra, jogando na minha bolsa.
Olhei de volta e então me dei conta da quantidade de pessoas que estavam atrás do trio. Estava realmente lotado. Sem perder tempo, voltei para o meio da multidão tentando andar rápido para chegar na minha mãe e na Melissa. Consegui encontrar as duas, e mesmo com as pessoas na frente, apenas poucos passos nos separavam.
- Eu disse que ia ter você, não disse? - aquela voz sussurrando no meu ouvido, com as mãos grandes e firmes me agarrando por trás e passeando pelo meu corpo, me deixaram sem reação. As duas garrafas soltaram da minha mão com o susto, rolando pelo chão e foi chutada por quem passava.
Senti aquele corpo enorme atrás de mim, uma das mãos ligeiras afastou os cabelos do meu pescoço, a barba macia se esfregava junto da boca e a língua quente pelo meu ombro.
- Não Eric, por favor! Me deixa voltar!
- Quer mesmo voltar? - a pergunta junto dos chupões deixou as minhas pernas moles.
Rapidamente ele virou o meu corpo e sua boca invadiu a minha em um beijo cheio de paixão, me fazendo derreter. Seus braços agarraram com força a minha cintura e seu corpo alto se curvou para grudar junto do meu e sem ter como fugir, me rendi ao calor gostoso que surgiu entre as minhas pernas. O abracei com força pelo pescoço e pude sentir algo tocando o meu rosto enquanto nos beijávamos. Rompi o beijo e vi que o Eric estava de óculos escuros e um boné preto. Claro que eu nunca iria reconhecê-lo daquele jeito, ele havia pensado em tudo!
- Eu não posso ir com você! - falei ainda agarrada ao corpo dele.
- Claro que não, ma petite! - E voltou a me beijar.
Era tudo tão intenso que nem nos importamos com os esbarrões das pessoas. Pelo contrário, ouvíamos assobios, gritos, confetes e serpentinas sendo jogados em nós dois. O beijo do Eric tinha o poder de me desligar de tudo que existia ao meu redor e eu só queria mais e mais daquilo.
- Vem, vamos sair daqui! - sussurrou, dando uma pequena mordida na ponta da minha orelha, fazendo a minha pele arrepiar.
Eric virou meu corpo para frente e continuou agarrado na minha cintura. Seu corpo e braços fortes abriram espaço entre as pessoas e tentei acompanhar seus passos. Rapidamente saímos do meio da aglomeração e começamos a andar pela calçada, fazendo o caminho contrário do trio elétrico e da multidão.
- Vai me levar pra onde?
- Vamos matar a saudade!
- Como assim? Saudade de quê?
- Você vai ver! - e deu um beijo nos meus cabelos.
Meu coração batia acelerado, sentindo tudo ao mesmo tempo: o medo de ser vista com ele por alguém, o frio na barriga que insistia em não diminuir e o prazer que surgiu com o beijo trocado minutos antes.
Viramos uma rua e após andando alguns metros, paramos em frente a um portão de ferro enorme que estava aberto. Fiquei surpresa com o que eu vi, o chão do lugar era repleto de pedrinhas e vários carros estavam estacionados. Em um dos lados, havia o que parecia uma cabine com um vigia. Ele nem nos viu entrar, pois estava assistindo a uma pequena TV.
- Isso aqui éestacionamento.
Sem o perigo de sermos vistos, Eric saiu de trás de mim e me puxou pela mão ainda usando o boné preto e os óculos. Não tendo a sombra das árvores e o lugar aberto, senti o Sol queimar o meu rosto me fazendo estreitar os olhos.
Andamos até o final do lugar quando vi o seu carro estacionado. Sem nenhuma pressa, Eric me encostou na porta traseira, levantando o meu corpo do chão e abrindo minhas pernas para que o seu corpo se encaixasse no meu. Não apenas nossos corpos se encontraram mas a sua boca mais uma vez procurou pela minha.
- Eric espera, alguém pode flagrar a gente aqui... - rompi o beijo e sua boca deslizou pela minha bochecha e pelo meu pescoço úmido de suor, misturado com o cheiro do meu perfume.
- Ninguém vai nos ver, ma petite... Relaxa.
Me entreguei ao beijo, agarrando nos seus ombros e sentia minha calcinha ensopar com o volume formado na sua bermuda. Percebendo como eu estava úmida, me colocou de volta no chão e pegou as chaves do carro em um dos seus bolsos, abrindo a porta e entramos. Caí de imediato no banco e ele fez o mesmo, após fechar a porta, se deitando em cima de mim e tirou o óculos e o boné, jogando no banco da frente, me deixando olhar em seus olhos. Meu colo subia e descia e minha boca estava seca. Senti o calor quente dentro do carro mas eu não me importei, pois o meu corpo e o dele estavam do mesmo jeito.
Suas mãos penetraram por dentro da minha nuca e acariciando os fios dos meus cabelos, seus beijos e chupões deslizavam pelo meu rosto e pescoço me fazendo inclinar a cabeça para trás.
- Isso é o que vai acontecer toda vez que você duvidar de mim... - falou baixinho no meu ouvido - Vai continuar duvidando?
- Não... - respondi, delirando de prazer com uma das minhas pernas apoiada no chão do carro e a outra em volta da sua cintura - Eu não posso ficar aqui, Eric... A minha mãe...
- Esquece o mundo lá fora, princesse...
Em um movimento rápido com a mão por trás da sua nuca, Eric tirou a blusa que vestia e continuou a me beijar desesperado quase engolindo os meus lábios.
Suas mãos chegaram até a saia do meu vestido e começou a levantá-lo, exibindo as minhas coxas e no mesmo instante, permiti seu corpo se encaixar no meu. Levantei minhas costas do assento apenas para tirar o meu vestido, junto da minha pequena bolsa e da coroa de princesa, pois tudo o que eu mais desejava era o contato das nossas peles. O fôlego já nos faltava e a prova disso eram os meus seios sendo apertados pelo seu peitoral, ambos subindo e descendo com dificuldade.
Olhando nos meus olhos, Eric se levantou, me puxando junto e ao empurrar para frente o banco do motorista e do carona, surgiu um pequeno espaço. Sentei em cima de uma das suas pernas, com nossos corpos na ponta do assento e seu rosto se enterrou no meu pescoço, me fazendo sentir seus beijos e a ponta da língua circulando devagar pela minha pele.
- Esse seu perfume novo é tão bom, ma petite...
- Eu sabia que você ia gostar - sorri, sentindo sua boca e os pêlos da barba que eu tanto amava, enquanto os meus braços envolveram o seu ombro.
- Esse cheiro de fruta doce combina com você...
Seus toques cheios de carinho deslizaram pela minha coxa, chegando até a minha cintura e sua mão esquerda foi aos poucos tirando a minha calcinha que ajudei a deslizar pelas minhas pernas, ficando totalmente nua, apenas de tênis branco.
- Vem, fica de joelhos... - ele pediu e eu fiz, com as mãos agarradas no assento que serviu de apoio para o meu corpo.
A boca quente do Eric começou a percorrer lentamente pelo meio da minha coluna, começando por cima do meu bumbum, me fazendo se contorcer. Junto do caminho de beijos, as suas mãos deslizavam pelos lados do meu corpo até elas chegarem nos meus seios, sendo que uma rapidamente tirou os cabelos para que a sua boca se enterrasse entre o meu pescoço e o ombro. O corpo forte do Eric estava por cima do meu, sem muito peso e na mesma hora comecei a me esfregar na sua bermuda.
- Eu gosto desse jeito... - falei sorrindo.
- É, ma petite? - senti a sua respiração e o seu corpo grudado no meu em um vai e vem lento, me molhando mais por entre as pernas - Gosta de ser minha cachorrinha?
- Gosto...
Eric tirou as mãos dos meus seios e sem demorar muito, ouvi o som do botão e do velcro da sua bermuda estilo surfista sendo abertos e uma delas segurou o seu membro na direção da minha entrada, me arrancando um gemido, no instante em que senti a ponta melada deslizando pra cima e pra baixo na minha rachinha úmida.
- Ah Eric... - minha cabeça encontrou apoio no seu ombro e minha buceta pulsava sem parar, querendo o fim daquela brincadeira provocante.
- Molhadinha como sempre... - o sussurro da voz deliciosa me deixou ainda mais excitada.
Eric me penetrou devagar e, latejando, comecei a rebolar quando ele estava todo dentro de mim. O urro da sua voz rouca, seus sussurros e gemidos dominaram todo o carro e meus lábios estavam inchados por causa das mordidas dadas por mim em cada estocada sentida.
- Rebola mais minha gostosa... Isso... - sentia o seu sorriso na minha bochecha seguido de um beijo.
Poderia ficar horas e horas naquela posição tão deliciosa com ele enfiado e por cima de mim. Eu pertencia totalmente àquele homem e nenhum outro seria capaz de me amar da maneira que Eric me amava.
Minhas mãos se afundaram no estofado do carro e a minha buceta sem controle, começou a apertar o seu membro. Nossos corpos estavam completamente molhados de suor provocado pelo sexo e pelo calor dentro do carro.
Aquelas mãos quentes apertaram com mais força os meus seios, virei o meu rosto em um beijo e meu corpo começou a reagir, sentindo que o momento maior de prazer estava perto. Por dentro das minhas coxas até a virilha, senti latejar em forma de ondas até chegar onde eu e o Eric éramos apenas um em forma de amor. Meu gozo veio quente e melando todo o seu membro que começou a me estocar intensamente despejando todo o seu prazer dentro de mim.
O cansaço, o bom cansaço, tomou conta do meu corpo e caí, ainda ajoelhada, com o meu corpo no assento e Eric reagindo do mesmo jeito por cima de mim. Buscávamos pelo ar que parecia não existir.
Ficamos assim por mais alguns minutos. Eric saiu de dentro de mim e se afastou um pouco, se sentando no banco de trás e me puxando pela mão para que eu me sentasse no seu colo. Sentei na sua coxa esquerda, apoiei minha cabeça no seu ombro e aos poucos minha respiração foi voltando ao normal. Um beijo foi depositado na minha tempora e seus braços envolveram a minha cintura.
- Viu só? - sua boca deslizava no meu pescoço - matamos a saudade dos nossos encontros...
- Você é doido... - falei ainda ofegando.
- Uhum... Por cada parte deste seu corpinho...
Me virei para ele, olhando nos seus olhos azuis que tanto me encantava. Acariciei o seu rosto e um selinho lento se formou nos nossos lábios.
- Eu amei tudo como sempre, mas eu preciso ir...
- Fica mais um pouco...
- Minha mãe deve estar louca atrás de mim - saí dos seus braços e peguei minha bolsa que estava com a coroa no meio do meu vestido, embolado no chão do carro.
- Acho que ela vai reagir bem quando falar com você... - olhei para ele que colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha - Liga pra ela, diz que você estava ocupada rebolando no meu pau e não podia atender.
Fechei a cara e ele sorriu debochado. Abri minha bolsa e quando vi a tela do meu celular, engoli em seco.
- Meu Deus, mais de quinze ligações perdidas dela e da Meli... - ele me abraçou apertado de volta, beijando o meu rosto. Desbloqueei a tela e retornei uma das chamadas feita pela minha mãe que atendeu no primeiro toque.
- Filha!!! Graças a Deus!!!!
- Oi mãe, eu me perdi de vocês quando fui comprar a água - menti na cara de pau e Eric começou a rir, me obrigando a tampar a boca dele com a mão e ele me deu uma mordida pequena arranhando a palma - Não briga comigo!
- Claro que não meu amor, mas você precisa tomar cuidado! Tá tudo bem? Onde você está?
- Tá sim, eu tô bem. Eu não conheço muito aqui, então fiz o caminho de volta do bloco e parei em uma pracinha tentando me acalmar por ter me perdido.
- Eu perdi a conta de quantas vezes eu e a Melissa te ligamos!
- Eu sei, me desculpa. Eu tenho que lembrar de tirar o telefone do silencioso. Mas eu já estou voltando. Vocês estão aonde?
- Em frente à faculdade, você sabe voltar?
- Sim, qualquer coisa eu peço informação à alguém.
- Tá bom, vem logo pra gente almoçar!
- Tô voltando, beijo.
E desliguei.
- Eu disse que ela ia reagir bem - olhei de volta para o Eric, que estava sério com a cabeça recostada no assento, analisando o meu rosto - deu pra ouvir ela falando.
- Você conhece bem eles.
- Conheço o suficiente.
Senti a indireta na frase sobre o que o Eric realmente queria dizer mas não liguei. Foi tudo perfeito demais entre eu e ele para que isso estragasse o nosso momento.
Peguei o meu vestido que estava um pouco amarrotado e o vesti de volta, ajeitando no meu corpo e depois pus a coroa de volta nos meus cabelos.
- Eu literalmente transei com uma princesa - Eric brincou, olhando o enfeite e o encarei de volta enquanto ele tirava alguns confetes que ficaram grudados no meu cabelo - Você fica linda com essa coroa...
- E não é o que eu sou?
- Desde o dia em que nos aproximamos e eu te beijei a primeira vez.
Nos beijamos mais uma vez e suas mãos entraram por baixo do meu vestido, chegando na minha cintura.
- Falta alguma coisa aqui, mocinha...
- Fica com ela... - falei em meio ao beijo e as mordidas suaves dele nos meus lábios... - de lembrança...
O efeito do beijo começou a fazer um formigar gostoso por entre as minhas pernas e ainda entre nossos lábios colados, me sentei por cima dele, querendo um último momento antes de ir. Com as minhas pernas dobradas, uma de cada lado daquele corpo forte e grande, Eric me puxou pra perto dele e enfiou mais uma vez seu membro em mim.
- Quica no meu pau, sua danadinha... - ordenou com as mãos por baixo do meu vestido, apertando o meu bumbum - e olha pra mim!
Com as mãos apertando os seus ombros e olhando nos seus olhos, rebolei sentindo o meu corpo esquentar ainda mais, mesmo com o calor que fazia. Eric sorria e movimentava seu corpo pro alto e com força como se quisesse me rasgar, o que eu adorava!
Inclinei minha cabeça para trás querendo mais daquela sensação tão prazerosa.
- Que buceta gostosa... - ele gemeu, jogando sua cabeça para trás no assento - Fala que ela é minha, ma petite...
- Sua... Toda sua...
- Minha...
***
Trocamos um beijo demorado junto de um abraço na esquina da rua da faculdade. Eric e eu nos olhávamos e eu podia ver um pouco de tristeza nos seus olhos...
- Vai ser horrível dormir essa noite sem sentir você comigo...
- Pra mim também vai ser... Mas o Felipe também tem a vida dele.
- Eu sei, ele não tem culpa de nada - ele pegou pelo rosto com as duas mãos - Mas eu vou demorar a dormir hoje - e me deu um selinho apertado e demorado no que eu correspondia com vários outros.
- Eu tenho que ir...
- Se cuida.
- Vou sim.
Após um último abraço e um beijo dele no topo da minha cabeça entre a minha pequena coroa, virei a esquina e na outra calçada onde ficava a faculdade havia algumas pessoas se divertindo. Andei ligeira e então vi a minha mãe, junto da Melissa, que sorriu aliviada ao meu ver.
- Filha, que susto! - ela me abraçava apertado - Está tudo bem mesmo?
- Está sim, mãe. Desculpa, não vai mais acontecer, eu prometo.
- Tudo bem, meu amor.
- Pelo menos até a hora que eu me perdi, deu pra curtir boa parte do desfile.
- Quando eu vi que você não voltou, o trio estava quase chegando na avenida da orla e então eu e a Melissa começamos a te ligar não foi, querida?
- Foi sim, Dona Helena - ela respondeu, com os braços cruzados e olhando séria pra mim mas com o deboche formado no seu rosto. Melissa estava literalmente lendo na minha testa todo o motivo verdadeiro do meu sumiço.
- Vocês estão com fome? Sei bem por que você veio com a gente né, ruivinha - minha mãe acariciou o rosto da minha amiga cheio de sardas e levemente vermelho por causa do Sol.
- Verdade, isso eu não nego, mas o bloco foi divertido. Eu gostei mesmo.
- Vamos então, mãe!
Atravessamos a rua e entramos em um restaurante que já estava com bastante clientes, a maioria deles, foliões que desfilaram no bloco. Eles ofereciam self-service com direito a churrasco em comandas individuais, o que foi um verdadeiro paraíso para a minha amiga que parece viver apenas para comer.
- Se sirvam à vontade, meninas! Por minha conta!
- Ah, Dona Helena, tudo bem, minha mãe me deu dinheiro também.
- De jeito nenhum, minha querida! Eu convidei você.
Nos servimos com um pouquinho de tudo o que era oferecido principalmente nas carnes de churrasco e nos sentamos à uma mesa perto da janela. Enquanto minha mãe comia e estava atenta ao seu celular, alheia à nós, Melissa fez um gesto discreto com o seu aparelho nas mãos sentada de frente pra mim. Olhei o meu celular na mesa e havia uma mensagem dela.
- E aí como foi?
- Como foi o quê? - digitei de volta em meio à uma garfada na comida.
- Tu não é nem louca de fazer a sonsiane pra cima de mim! Eu sei que você tava dando a buceta pro Eric!
- Ele me agarrou quando eu estava quase perto de vocês, voltando com a água nas mãos.
- Puta que pariu... E pra onde vocês foram?
- Ele me levou pro estacionamento daqui do bairro e rolou dentro do carro dele.
- Foi bom?
- Muito. Ele me disse que era pra matar a saudade dos nossos encontros.
- E como ele apareceu assim do nada?
Enviei pra ela o print das rápidas mensagens trocadas entre eu e ele antes de me "raptar".
- Ele estava de óculos escuros e boné preto. Nunca que eu ia reconhecer - expliquei na legenda debaixo do print.
- Então ele já estava na sua cola.
- Exato.
- A sua mãe só não ficou mais histérica porque o seu telefone não estava desligado, apenas chamando e então qualquer hora você ia atender ou retornar.
- Minha mãe não existe.
Terminamos o almoço e voltamos para casa. Durante a volta, minha mãe contou para a Melissa sobre a nova clínica que ela iria inaugurar e a escolha do bairro, explicando à ela como fez comigo na parte da manhã.
Melissa e eu combinamos de fazer alguma coisa nos outros três dias, quem sabe até mesmo ir para outro bloco só que perto de casa até porque eu não teria mais emocional para ser sequestrada novamente, rs.
***
- Só faltava você e a Melissa aqui com a gente... Uma pena vocês não terem vindo.
- Não vai faltar oportunidade, eu juro.
- A Natália queria mesmo que vocês viajassem com a gente, ela ia até telefonar para os pais de vocês duas pedindo permissão.
No meu quarto, já de noite, Frederik e eu conversamos após ele me enviar várias fotos do primeiro dia de Carnaval dele com a Gabi e o Patrick na casa de praia em Angra: Gabriele posando igual blogueira na beira da piscina usando um biquíni vermelho de babados, eles três em um passeio de barco - que eu imaginei pertencer aos pais famosos -, Patrick, ele e o Evandro mais à vontade e usando roupas leves, no gramado enorme da casa jogando futebol e uma foto deles três todos sorridentes, sentados no sofá, abraçando com carinho uma senhora de cabelos acinzentados, muito bonita que parecia ser a avó dos irmãos.
- Essa é a vó Raquel, mãe do William, que mora com eles - ele explicou logo depois do envio.
- Ela é muito bonita.
- Demais. Ela é tipo a Norma, que trabalha na minha casa. Toma conta de tudo pra eles. A diferença é que ela é mesmo da família.
- Entendi... Que bom que vocês estão se divertindo, Frederik.
- Só estamos nós aqui. Tá mesmo muito tranquilo. E vamos ter churrasco pelos quatro dias.
- Legal.
- Eu vou lá agora. O William tá chamando a gente pra sairmos e irmos jantar em um desses restaurantes cheios de frescura que você sabe que eu me amarro #sqn
- Hahahaha, tá bom então. Bom jantar.
- Valeu. Beijão.
Me despedi enviando apenas um emoji de beijo e quando saí da conversa, havia um áudio do Eric.
▶️ Ainda não acredito que vou ficar sem você hoje, ma petite...
- Pensa que é só este sábado, mon Prince...
- É o que me deixa tranquilo. Pelo menos não serão dois meses. Vai fazer o que agora?
- Assistir um pouco de TV com os meus pais até pegar no sono. Quer ver as fotos que o Frederik me enviou de Angra?
- Aquele que é o amor da sua vida? Não, obrigado.
- Deixa de ser bobo! Você sabia que eu poderia estar com os meus amigos viajando? A Gabi me convidou mas eu recusei, ainda é meio que um choque por causa dos pais deles.
- Eu os reconheci no ano passado quando comecei a dar aula pra vcs, mesmo eu não assistindo televisão. Lembro que o nascimento deles foi muito noticiado na época mais por causa da dificuldade que a jornalista teve em engravidar... Mas, ali na aula eles só os meus alunos.
- Também fiquei surpresa quando eu soube, mas passou.
- Anjo, os desfiles vão começar! - minha mãe apareceu na porta do quarto - Fiz um balde gigante de pipoca.
- Já vou mãe - falei e voltei minha atenção para o celular. - Minha mãe tá me chamando. Beijo, meu amor.
- Te amo, princesse.
- Eu também.
Deixei o celular na cama e fui para a sala. Seria mais um carnaval como foi nos outros anos. A diferença é que agora não seria mais tão solitário para mim pois tinha uma melhor amiga e poderíamos sair, ou não, pelos próximos três dias. Infelizmente, eu e a Melissa não iríamos para o apartamento do Felipe sozinhas pois o Sr Henrique não permitiu, mesmo a ruiva tendo uma cópia escondida da chave dada pelo próprio "irmão" mais velho, foi o que ela me contou por mensagem, no início da noite. Seria um bom motivo para eu ficar junto do Eric novamente. Isso me deixava um pouco chateada porém apenas uma semana nos separavam do próximo encontro.
Continua...
Nota da autora: Bloco de Carnaval é tudo de bom né não, galera? Hahahaha
Helena Toledo é o tipo de mãe que só vai se desesperar pra valer o dia que encontrar a filha em um necrotério. Enquanto isso não acontece, ela detém o título de mãe mais ''de boas'' do mundo!
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