Ester finalmente contou para Bruna o real motivo de sua aproximação. Descreveu em detalhes como se deu o seu envolvimento com o tio de Renato, assim como as situações envolvendo também sua filha Aline.
Bruna não se sente mais confortável com a companhia de Ester e planeja voltar para a sua casa, deixando-a no hotel. Mas Ester tem outros planos.
...
–(Bruna) Estou indo embora amanhã cedo. Você pode ficar aqui se quiser, pois suas diárias já estão pagas e eu te dou dinheiro para você alugar um carro e voltar quando quiser. Eu te agradeço por você ter me contado sobre a Aline e, se quer mesmo saber, eu nunca tive ódio dela e agora só tenho mesmo é arrependimento. – Ao ver que a Ester a encarava com um olhar de dúvida, explicou melhor: – Sim. Arrependimento por não ter sido mais amiga dela. De não ter percebido nada. Nunca desconfiei e lamento que, se soubesse de algumas dessas coisas, eu a teria ajudado a se livrar de você. E quer saber? Você pode culpar o mundo inteiro pela morte da sua filha, mas você sabe, em seu íntimo, que você é a maior culpada disso. Você é horrível e tudo o que quero nessa vida é ficar longe de você.
Dizendo isso Bruna se afastou de Ester indo em direção onde havia deixado as malas já prontas. Ester a acompanhou. Elas passaram mais algum tempo no apartamento de Bruna e quando essa pegava a mala para ligar na recepção e pedir que buscassem sua bagagem, ouviu a voz carregada de ódio de Ester a lhe dizer:
–(Ester) Ainda não bonequinha. Você não vai a lugar nenhum. Nós ainda temos assuntos pendentes.
Continua ...
Capítulo 06 – O Verdadeiro Motivo
A raiva com que Ester atirou essas palavras em direção à Bruna não deixou dúvidas. Bruna soube na mesma hora que estava com problemas e que eram problemas sérios. Mas sabia que não podia demonstrar nenhum temor e ficou até mesmo surpresa com a frieza com que reagiu. O que ela não sabia ainda é que os acontecimentos de seus últimos dias tinham operado uma transformação muito grande.
Não sabia se devido ao fato de ter, pela primeira vez, desde que acontecera, encarado suas culpas com referência ao que havia feito junto com Arnaldo ou se foi por ter colocado para fora o trauma que sempre a acompanhara em ter assistido a ação odiosa de seus pais com relação à Clara e que também, pela primeira vez contara isso para alguém. O que ela sentiu na hora é que não era mais a garota assustada diante das consequências de seus erros, pois se dava conta de que errara antes, estava errando agora e que erraria muito no futuro.
Bruna elaborou mentalmente: “Mas será que tudo foi um erro? Será mesmo que dar vazão a um desejo e se entregar com paixão a um momento que no fundo nos realiza é erro? Ou será que o erro verdadeiro é viver uma vida de aparências, atuando sempre para ser sempre a filha certinha, a aluna certinha, a namorada e depois esposa certinha? E os meus desejos? Antes eu agia sempre dentro do figurino que se resume no ‘o que os outros vão pensar de mim’, e quando agi no modo ‘eu mereço me dar o prazer que meu corpo pede’, acabara ficando dividida entre os dois e isso a fazia uma pessoa infeliz. Se ando certinha vivo eternamente na sensação de que alguma coisa está faltando e se me entrego a essa sensação e deixo rolar fica a culpa”.
Bruna se perdeu nesses pensamentos esquecendo-se do problema mais urgente enquanto Ester a olhava aguardando, imaginando que ela estava fingindo aquela calma toda, mas que por dentro deveria estar apavorada, então cansou de esperar e falou:
–(Ester) Você já deve saber do que estou falando?
Bruna, ao ser chamada de volta da divagação, lembrou-se do que Ester havia falado antes. Ela não sabia do que se tratava, porém, não tinha a menor dúvida de que alguma coisa de muito ruim estava para acontecer. Então disse exatamente isso para Ester que a informou:
–(Ester) Imagine, nada de ruim pode acontecer com a princesinha mimada e esposinha dedicada. – Ester procurou manter o tom de voz com o sarcasmo que o seu momento exigia e, sem dar tempo de Bruna dizer nada, continuou: – Bom, querida, você já gozou muito da sorte que a vida lhe deu e agora chegou a hora de você dividir essa sorte com os outros. Então vou direto ao assunto.
Passando à explicação, Ester provou que tinha gravado a conversa toda onde Bruna relatava a ação de seu pai ao tirar a virgindade de Clara e, como se isso por si só não fosse grave, o envolvimento da mãe de Bruna ao acobertar o caso, fazendo questão de que, tendo passado muito tempo, o pai dela até poderia ficar a salvo na justiça, mas não ficaria a salvo da opinião pública se aquilo fosse divulgado.
No final, ameaçou dizendo que ela poderia estar certa de que, se suas exigências não fossem atendidas, ela mesma faria questão de publicar tudo aquilo em todas os aplicativos de rede social que conhecia. Então, com a fria calma que a invadira desde que percebera que fora atraída por Ester com propósitos de prejudicá-la, disse simplesmente:
–(Bruna) Tudo bem Ester. Você está falando do meu pai. Então é melhor você se acertar com ele.
–(Ester) Aí é que você se engana querida. – Ouvir Ester a chamando de querida causou um estremecimento em Bruna diante de tanto cinismo e a mulher percebeu isso, porém, fez que não e continuou: – Eu tenho a narração de próprio punho feito por você mesma de uma história sinistra de um quase estupro.
–(Bruna) E daí, nesse caso eu fui a vítima. – Respondeu Bruna sem se alterar.
–(Ester) Devagar com o andor aí menina. – Ester demonstrou um início de irritação e viu Bruna sorrir ao perceber isso, mas continuou: – Você pode até alegar que foi a vítima, mas não se esqueça de que a confissão continua e que nela você demonstra ficar muito irritada com o rapaz que te salvou, o que mostra que a putinha que mora em você estava doidinha para ser fodida naquele dia. Ah! E antes que você pense que é só isso, tenho vídeos que fiz com você em minha cama. Você não percebeu, mas tudo estava sendo filmado.
–(Bruna) Verdade? Então me mostre. ¬– Pediu Bruna sem se alterar.
–(Ester) Lógico que não vou mostrar nada agora para você. Esse vai ser o meu maior trunfo. E para encerrar logo esse papo que está ficando chato, vai anotando aí. Nós queremos quatro milhões de dólares depositados em uma conta no exterior que eu vou passar para você.
–(Bruna) E onde você acha que eu vou arrumar esse dinheiro todo. – Perguntou Bruna com a maior naturalidade, não deixando Ester perceber o que se passava em seu íntimo.
Era raiva, mas uma raiva fria que, em vez de acionar a produção de adrenalina, mantinha sua pulsação normal. Bruna soube naquela hora que se fosse preciso matar Ester ela faria isso sem nenhum problema. De repente, a eterna vítima, a garotinha assustada que se encolhia dentro da bolha de proteção que seus pais, e depois de Renato, sempre mantiveram em torno dela, se transformava numa pessoa determinada que faria qualquer coisa para se proteger. A si e ao que amava. E foi raciocinando friamente que se deu conta que Ester não hesitaria em mostrar a ela o filme que alegava ter, o que colocava dúvida sobre isso.
Também raciocinou a respeito do valor exigido que era quase exatamente o que restava no fundo que seu avô deixara para ela e que ela, até aquele dia, só se utilizara de um milhão de dólares. Então veio a última revelação. Ester havia dito “nós queremos” e não “eu quero”, isso era uma indicação de que havia outras pessoas envolvidas na chantagem. Em meio a tantas revelações, a jovem percebeu que o que mais precisava nessa hora era de tempo. Tempo e um aliado em quem pudesse confiar.
–(Ester) Você já tem esse dinheiro querida, basta só transferir para a conta que vou te passar.
–(Bruna) E como nós vamos fazer isso?
–(Ester) Da maneira mais simples. Você acessa sua conta da forma usual, não me interessa se seja através de um computador, celular ou se você tem que ir até o banco, apenas acesse e faça a transferência.
Falando isso, Ester pegou o bloco de cartas do próprio hotel, escreveu um número e o nome de um banco seguido do de um país, destacou e entregou a ela, fazendo mais ameaças?
–(Ester) Aí está e você já sabe. Faça a transferência e vai poder continuar vivendo no seu mundinho de contos de fadas. Espero até hoje à noite.
–(Bruna) Não é tão fácil assim, querida. – Usando o mesmo tom sarcástico de Ester sabia que a assustaria um pouco, mas Bruna não se importava com isso. Aliás, ela precisava mesmo desestabilizar a chantagista. - Eu vou precisar de mais tempo. O Banco exige que eu faça uma confirmação por escrito e, mesmo depois de estar de posse dessa confirmação, só efetiva a transferência depois.
–(Ester) Pare com isso. O dinheiro é seu? Vai transferir hoje sim.
–(Bruna) Ah Ester! Você tem assistido muito filmes e séries de ação. As coisas não são assim tão simples como nos filmes. Você acha que qualquer instituição financeira no mundo permite uma transferência desse valor sem se certificar? Eles têm lá suas maneiras de agir assim. – Ester apenas encarava Bruna com uma expressão de dúvida e a jovem se aproveitou disso para continuar. – E tem mais. Banco nenhum no mundo mantém grandes valores disponíveis. Para acatar uma transferência dessas o meu banco vai ter que tomar providências no sentido de captar essa importância. Se você quer saber, as regras do banco são de que, para transferências de valores vultuosos, eles precisam de quarenta e oito horas, no mínimo.
Bruna dissera isso ao se lembrar que lera algo a respeito e nem sabia mesmo se era verdade, porém, para quem já lidou com isso ou trabalha ou trabalhou em qualquer instituição financeira sabe que é mais ou menos assim que funciona. Os bancos estão sempre captando recursos de clientes e, quando surge uma situação de emergência, recorrem a outros bancos e se emprestam dinheiro mutuamente.
Isso acontece todos os dias e a única inverdade no que Bruna dissera foi o prazo necessário. Com os meios de comunicações existentes hoje, ninguém precisa de quarenta e oito horas. Só que, Ester, mesmo não acreditando totalmente na sua vítima, ficou indecisa e foi dessa indecisão que Bruna se aproveitou. No final, ficaram de se reunir novamente no final daquele dia e que, até o anoitecer do dia seguinte o pagamento já deveria estar efetuado.
O sol já caia no horizonte quando finalmente encerraram aquela conversa. Bruna sabia que tinha poucas horas para a reunião da noite e um pouco mais de vinte e quatro horas para o desfecho, porém, o que ela já sabia desde antes de se despedir de Ester é que não atenderia ao pedido dela. Com sua mente trabalhando freneticamente enquanto conversavam, ela se deu conta que não podia se deixar vencer pela chantagem da outra, pois isso a tornaria refém pelo resto de sua vida.
Afinal, quem poderia garantir que mais tarde Ester não voltaria a aparecer na sua vida exigindo mais dinheiro para manter o silencio. Isso é uma verdade. Quem poderia garantir que Ester destruiria as provas que alegava ter contra Bruna? E mesmo que destruísse, nos dias de hoje, conversas, imagens e textos podem ser reproduzidos com tanta facilidade que, qualquer criança que sabe lidar com um simples celular é capaz de fazer.
Ao perceber que Bruna não diria mais nada Ester começou a se afastar e não olhou para trás. Se tivesse olhado, teria percebido que, não afastara nem cinco passos e Bruna já procurava por um de seus contatos no celular. Chamou um, levou o aparelho ao ouvido e aguardou. Não houve sequer o segundo toque e uma voz de homem se fez ouvir:
–(Djalma) Pois não. Aqui é o Djalma.
Djalma era o principal segurança da equipe de seu pai há muitos anos. Ela não o via muito, pois uma de suas maiores habilidade era se manter invisível, como deve ser um bom profissional. Também se afastara dele depois de casada com Renato, porém, desconfiava que, mesmo sem seu conhecimento, ele ainda se encarregava de sua segurança. Sendo assim, falou sem maiores explicações:
–(Bruna) Acho que estou encrencada.
Aguardou e parecia ouvir o cérebro de seu interlocutor trabalhando. Alguns segundos depois a voz se fez ouvir novamente:
–(Djalma) Vai até uma lojinha qualquer dessa cidadezinha que você está, compre um celular. Pode ser simples, aliás, quanto mais simples melhor. Quando tiver com o telefone me ligue, mas ligue de um local aonde normalmente você não vai. Nada de ligar do seu quarto do hotel.
–(Bruna) Como você sabe onde eu estou?
–(Djalma) Apenas faça o que mandei.
Bruna já ia reclamar quando percebeu que o outro já havia desligado o aparelho. Não tendo outra saída, fez o que Djalma mandou. Foi até uma lojinha ao lado da recepção do hotel e pediu um celular, respondendo que queria o mais barato quando a atendente perguntou o tipo. Pediu um chip e solicitou que a moça da loja fizesse o cadastramento, passando seus dados. Também fez uma carga de trinta reais no telefone, pagou tudo com seu cartão e saiu andando. Resolveu que ligaria de fora do hotel, assim, pegou seu carro e foi até a praça que ficava a cerca de dois quilômetros. Lá chegando, fez a chamada enquanto se mantinha em movimento.
–(Djalma) Você está parada? – Foi a primeira coisa que a voz do outro lado perguntou ao responder imediatamente.
–(Bruna) Não, estou andando em uma praça. – Respondeu Bruna.
–(Djalma) Boa menina. Pelo jeito não esqueceu.
–(Bruna) Como esquecer? Você deve ter repetido isso umas mil vezes!
–(Djalma) Fala. O que está acontecendo?
Assim era Djalma. Ia sempre direto ao ponto. Em poucas palavras ela explicou sobre a chantagem de Ester e ele, sem demonstrar nenhuma emoção disse que já tinha mandado dois de seus ajudantes de carro, mas que iria se utilizar do helicóptero do pai dela para ir imediatamente:
–(Djalma) Em menos de uma hora estarei aí. – Concluiu Djalma.
–(Bruna) Não. Deixe meu pai fora disso. – Disse Bruna determinada e, ao ver que ele ia discutir a respeito disso, pôs-se a explicar: – Olha, estou encrencada, mas não creio que corro algum risco agora. Então pode deixar meu pai fora disso. Se depois que estiver aqui você quiser comunicar a ele poderá fazer. Mas por enquanto não. Apenas venha para cá. – E ficou aguardando enquanto Djalma assimilava o que disse, mas não se conteve e ainda acrescentou antes dele responder: – E pra que mandar dois homens?
–(Djalma) Segurança nunca é demais. Você fique tranquila. Talvez eu demore um pouco mais, vou precisar levar um pessoal que conheço. Acho que vamos precisar de ajuda especializada.
–(Bruna) Que ajuda? Que especializada? Só preciso de você aqui.
–(Djalma) Você não está em condições de decidir como eu devo agir. Apenas vá para seu quarto e fique lá. Os homens que mandei não vão entrar em contato contigo se você não estiver em perigo. Aguarde lá e fique calma.
–(Bruna) Mas eu tenho a reunião hoje à noite. Esqueceu?
–(Djalma) Não vá. Arrume uma desculpa, demonstre que está apavorada. Faça qualquer coisa, mas não vá. Temos que tirar o máximo de proveito dessa reunião.
–(Bruna) Tudo bem. Vou ver o que posso fazer.
–(Djalma) Apenas faça. Dê seu jeito.
Bruna já ia perguntar quem ele pensava que era para falar com ela desse jeito, mas o telefone já estava mudo. Djalma já estava em movimento.
Depois de pensar muito, Bruna resolveu tentar ganhar o tempo que necessitava. Ligou para Ester e disse que havia consumido um remédio para dor de cabeça e não aguentava nem ficar em pé, e se elas poderiam conversar no dia seguinte. Ester a princípio recusou, porém, Bruna fez uma interpretação de garota totalmente grogue tão eficiente que a outra não teve como não aceitar. Porém, não sem ameaçar:
–(Ester) É a última vez que vou concordar com algo assim. E aproveita que vai dormir cedo para madrugar amanhã e providenciar a transferência do meu dinheiro.
Bruna concordou e ficou na cama esperando por Djalma, enquanto pensava na presunção de Ester em usar o termo “meu dinheiro”.
Quando Bruna ligou para Ester interrompeu sua diversão, porém, isso parece não ter irritado a mulher. É que, quando Ester se separou de Bruna depois de conversarem ela se sentia tensa e pensou em aliviar essa tensão da forma que mais apreciava. Fazer sexo. Procurou então por seus acompanhantes da noite e, não os vendo em nenhum local do hotel, perguntou por eles na recepção, tendo sido informada que ambos haviam deixado o hotel naquela manhã.
Decepcionada, ficou imaginando o que fazer e chegou até mesmo a pensar em levar seu marido e o cúmplice para seu apartamento e estava se dirigindo para lá quando, passando pela piscina, notou que era observada por um casal que bebia à sombra de uma palmeira. O casal demonstrava estarem, ambos, na idade aproximada de quarenta anos, no que foi informada mais tarde que não errara, a mulher tinha trinta e sete anos e seu marido quarenta e dois e sim, era um casal, o que podia ser notado pela aliança na mão esquerda de ambos.
Ela uma loira alta e esguia, cerca de um metro e setenta e demonstrava se cuidar, pois seu corpo era esbelto, com seios médios e firmes e músculos nas pernas firmes e sensuais. Não pode ver a bunda, pois ela estava sentada ao lado do marido que, de óculos escuros, não permitia verificar se a estava observando, porém, os olhos azuis como água da mulher não desgrudavam dela.
Sorriu ligeiramente olhando para a mulher e prosseguiu, dando uma olhada para trás quando já ia saindo da área da piscina e foi quando a outra, em um gesto audacioso, segurou a taça do drinque que bebia e movimentou em direção a ela, como um convite a aceitar dividir aquela bebida com ela. Ester sentiu um frêmito no ventre e pensou que, na verdade, tinha muita coisa além daquela bebida que dividiria com aquela linda mulher. Fez um aceno com a cabeça que aceitava e depois um sinal para que ela aguardasse.
Dez minutos depois Ester chegava perto da mesa do casal vestindo um biquíni vermelho, sendo a parte de baixo sustentada por dois laços nas laterais do quadril e o sutiã preso com um laço no pescoço e outro nas costas. O tamanho de sua vestimenta era normal, nem grande como se fosse uma mulher tímida e nem pequeno demais como se estivesse desejando se exibir. Na verdade, Ester sabia que seu belo corpo, apesar de ter uma estatura bem menor que a mulher, não ficava nada a dever a ela e sua roupa era como se dissesse: ‘Estou aqui e essa sou eu, se quiser descobrir mais, me convença disso’.
Outros drinques foram providenciados. As apresentações foram feitas. Tratava-se de Mirian e Donato. Ester examinou o homem que era mais alto que a esposa, devendo contar com um metro e noventa mais ou menos, corpo peludo, barba cultivada e bem tratada e os olhos negros que agora, com os óculos escuro em uma das mãos, examinava todo seu corpo e demonstrava estar gostando muito do que via.
Durante a conversa soube que estavam juntos há dois anos, que a Mirian, antigamente secretária do Donato em uma empresa de grande porte se tornara, primeiro sua amante e, depois de um divórcio bastante complicado, sua atual esposa. Ela também fora casada, porém, o ex-marido não criara nenhum problema na separação e o motivo disso foi conhecido por Ester mais tarde, com a própria Mirian contando para ela em detalhes.
Logo as informações necessárias para se conhecer uma pessoa foram trocadas e começaram a falar de assuntos que, de uma forma ou outra, pudesse estabelecer algum tipo de ligação entre eles, mesmo que uma simples amizade. O casal havia chegado aquele dia no hotel e pretendia ficar por mais alguns dias para aproveitar ao máximo os quinze dias de férias que Donato gozava no momento. Ester não escondeu que era casada e quando perguntaram por seu marido ela respondeu de uma forma que foi, na verdade, a primeira abertura para aprofundar aquele relacionamento. Com uma cara que ficava entre a indiferença pelo marido e a alegria de estar sozinha, disse:
–(Ester) Ele não está aqui, – mentiu – eu não sou o tipo de que vou para festa e levo a doces, se bem que, em se tratando do meu marido, não sei se doce seria realmente a palavra que o descreve.
A piada o suficiente apenas para que o casal sorrisse, porém, notou os olhos da mulher fixos nela. Com a face rosada, Mirian mordia os lábios inferiores enquanto puxava o marido para mais perto de si, demonstrando assim que desejava o corpo dele colado ao seu. Ester então caprichou e ofereceu ao casal seu mais encantador sorriso. Mirian resolveu então entrar no jogo dela e perguntou:
–(Mirian) Quer dizer que você quer se divertir? E qual o tipo de diversão que você pretende?
–(Ester) O tipo de diversão que se faz com outros e todo mundo se diverte.
–(Donato) Hum. Interessante isso. – Emendou o Donato.
–(Mirian) Verdade? E o que alguém que esteja querendo entrar nessa diversão deve fazer? – Perguntou Mirian com uma voz sumida, o que revelava o desejo que já estava sentindo.
Ester sentiu sua buceta ficar molhada ao perceber que aquele casal estava se oferecendo para algo a mais. Então foi direta ao ponto e disse:
–(Ester) Basta fazer com que eu queira e eu faço valer a pena.
Mirian não resistiu mais. Olhou a volta e, ao perceber que já escurecia e a área da piscina já estava completamente vazia, levou sua mão esquerda ao joelho direito de Ester, enquanto à direita a enlaçava pelo pescoço e fazia pressão, puxando o corpo de Ester ao encontro do seu. Primeiro apenas um selinho, depois um beijo com os lábios apenas encostados, enquanto a mão de Mirian deixava o joelho de Ester e deslizava por entre as suas coxas se aproximando cada vez mais de sua xoxota.
Ester, não resistiu e passou a língua de leve por toda a extensão dos lábios de Mirian e sentiu o corpo dela tremer e o beijo intensificar, com a língua da mulher invadindo sua boca e explorando-a com uma língua macia e ao mesmo tempo vibrante, quase a levando ao gozo. Pararam quando ouviram Donato dizer:
–(Donato) Vocês devem ir para o quarto, aqui é podem ser vistas.
Sem responder, Mirian se levantou segurando na mão de Ester e a puxou com firmeza. Ester se levantou e obedeceu ao comando mudo da loira que saiu andando enquanto a conduzia, segurando firme a sua mão. Foi Ester quem parou e perguntou:
–(Ester) E ele? Não gostou do que viu?
–(Donato) Gostei muito. Mas ... – Disse Donato sem esconder o tesão.
–(Mirian) Você se importa de ele ir junto? – Perguntou Mirian cheia de esperança.
–(Ester) Lógico que não. Já que estou sendo convidada para uma ceia, quero tudo o que tiver direito: entrada, salada, prato quente, sobremesa e tudo o mais que eu não tenho o direito.
Donato, ao ouvir isso, se levantou e foi até o bar da piscina assinar a nota de despesa, enquanto via sua bela esposa conduzir aquela bela mulher para o chalé deles. Apressou-se, assinando a nota sem sequer conferir o seu conteúdo e correu atrás dela, chegando ao seu destino quase que ao mesmo tempo que elas que tinham acabado de entrar e se beijavam em pé, ao lado da cama. Dirigiu-se então até uma poltrona que ficava em frente a cama, sentou-se e aguardou.
Assistindo àquelas belas mulheres se desnudarem, o que não demorou nada diante dos sumários biquínis que vestiam, a excitação de Donato crescia cada vez mais. Ele evitava tocar o pau que se destacava embaixo da sunga que usava porque sabia que, se o fizesse, gozaria no ato. Não cansava de admirar sua bela esposa em ação. Há dois anos que estavam juntos, sem contar o tempo em que, mesmo casados com outras pessoas, eram amantes.
Ele não se sentia culpado de ter deixado a esposa com quem fora casado mais de quinze anos e que lhe dera dois filhos que ele amava, uma menina de treze anos e um menino de dez. Ainda cuidava das necessidades e confortos deles, não economizando nunca, como se isso pudesse compensar o fato de tê-los abandonados. Mas a culpa não era dele, pois insistira muito com ela que sempre se recusou a mudar o relacionamento deles.
Sua ex esposa era tão bonita quanto Mirian, porém, recatada, se recusava terminantemente a assumir junto com ele uma vida mais liberal. Ele insistira, prometia mundos e fundos para ela aderir a algo assim e ela não aceitava. Seu sonho de vê-la nos braços de outro homem nunca se realizou.
Com Mirian foi diferente. Ela mal começara a trabalhar como sua secretária, substituindo a antiga que se aposentara e já se insinuava. Não havia como resistir a tanta beleza e sensualidade e ele sucumbiu e foram para a cama. Não demorou para ele confessar a ela seus fetiches que teve boa acolhida. Donato quase teve um enfarto quando, indo a uma casa de swing, a viu ser devorada por vários homens em uma mesma noite.
Mirian também percebeu que seu marido preferia olhar que participar e explorou bem essa característica do tesão dele. A partir daí, Donato não se cansava de pedir para Mirian encontrar amantes, o que ela não tinha dificuldade nenhuma em fazer, diante de sua beleza e de sua disposição para o sexo. E para ele, o melhor de tudo, era a criatividade de sua querida esposa que não se cansava nunca de inovar e assim, tornou-se rotina Mirian se encontrar com dois ou mais homens que a fodiam de todas as formas, para o deleite de seu marido corno.
Agora, pela primeira vez, estava vendo sua linda esposa em ação com uma mulher. E não poderia ter escolhido melhor. Não combinaram nada, apenas comentou para Mirian sobre a beleza de Ester que andava distraída passando próxima a eles e, como se um imã a atraísse, olhou para eles e notou quando como era admirada, o que a fez olhar mais uma vez antes de se afastar, com Mirian aproveitando a oportunidade para convidá-la a beber.
Convite aceito, agora estavam os três naquele chalé e, naquele exato momento, Mirian empurrava Ester que caiu de costas na cama, se atirando sobre ela, separando suas pernas e levando a boca até a xoxota que, mesmo de onde estava, percebia estar encharcada.
Ester gozava sem parar, mexendo a cabeça de um lado para outro, sem poder pedir para Mirian parar, pois não aguentava mais e sentia que ia desmaiar de tanto prazer, mas Mirian não se dava por satisfeita e continuava a chupar aquela buceta suculenta como se fosse a última de sua vida. Só deu trégua mesmo quando Ester, já exausta, parou de se mexer e se deixou ficar inerte sobre a cama. Então foi subindo seu corpo, dando leves beijinhos na barriga, depois seios e se deitou ao lado dela, com a boca próxima ao ouvido dela, falando baixinho:
–(Mirian) Mas já? Pensei que você fosse mais resistente.
–(Ester) Pois você que me aguarde. – Disse Ester abrindo lentamente os olhos e a encarando e depois completou: – Espere só um pouquinho. Assim que eu puder respirar você vai ver só.
Não demorou muito e Ester virou o rosto e levou sua boca até a de Mirian, iniciando um beijo prolongado, enquanto sua mão explorava o corpo incrível daquela loira. A partir daí, foi como se estivesse em uma luta corporal. Duas mulheres normalmente ativas tentando dominar uma à outra, numa luta de carinhos, beijos e chupadas que deixavam marcas em seus corpos. Logo Ester levou a melhor e ficou sobre Mirian enquanto segurava as duas mãos dela sobre a cabeça, deixando-a imobilizada.
Então começou a beijar seu pescoço, descendo para os seios e se dedicando a cada um deles sem pressa. Lambia, chupava e mordia os mamilos que pareciam prestes a estourar de prazer. Sabendo que já podia liberar os braços da outra, estendeu uma das mãos em direção a xoxota depilada dela enquanto a outra espremia o mamilo do seio que estava livre de sua boca.
Mirian gania como uma cadela e ela foi descendo com sua boca, beijando a barriga chapada dela e continuando a viagem até chegar ao centro de seu prazer. Passou a língua lentamente nos pelos púbicos claros e aparados e atingiu o grelinho que foi preso entre os lábios e sugados. Mirian nessa hora, possuída por uma força que não conhecia, levantou os quadris pressionando sua buceta ao encontro daquela boca que lhe dava tanto prazer.
Como se buscasse vingança pela forma intensa que Mirian lhe chupara, Ester se dedicou a proporcionar um prazer para aquela mulher que se entregava a ela, estando certa de que ela jamais tivera outro igual. Então chupou o grelinho dela, mordeu lentamente, agrediu a buceta com sua língua que a invadiu e depois dirigiu ao cuzinho, vendo que sua amante abria as pernas se oferecendo àquela invasão profana.
Então começou a usar os dedos. Primeiro um dedo ágil invadiu a buceta babada de Mirian e, lubrificado com o mel que emanava daquela buceta, desceu para o cuzinho que também foi invadido. Não satisfeita, usou a outra mão na buceta e Mirian gritou ao ter seus dois buraquinhos tomados por aquela mão que se movimentava deliciosamente.
Nenhuma das duas pode dizer depois quantos dedos foram usados. Se foi apenas um, dois ou se a mão inteira de Ester invadiu aquela buceta e o cuzinho levando Mirian a um desmaio depois de gozar incontáveis vezes. Em meio a tanto erotismo, Donato já havia gozado duas vezes, sem sequer tocar no seu cacete.
Depois de descansarem por um tempo, com Mirian parecer estar dormindo serenamente, voltaram a se tocar levemente. Ao que Ester perguntou:
–(Ester) E seu marido? Não vai querer participar? Acho que agora estou pronta para engolir aquele pau que me pareceu muito gostoso.
–(Mirian) Esquece isso. – Respondeu Mirian sem se abalar. – Ele só gosta de assistir. Se você estiver a fim de um pau, vamos ter que arrumar um, ou mais, para nós. E ele adoraria ver a gente sendo putinha de outros.
–(Ester) A ideia não me desagrada, mas por enquanto quero você todinha e, se for o caso, tenho os meus brinquedos no chalé e a gente pode se dar prazer uma à outra.
–(Mirian) Hum. Eu vou adorar.
Com aquela frase, ficou claro que aquela noite só estava começando.
Quando Ester e Mirian davam início ao segundo round de seus prazeres, Bruna abria a porta depois de um toque característico que já identificava seu visitante. Djalma entrou assim que a porta foi aberta e atrás dele entraram dois rapazes, quase garotos, trazendo na mão uns aparelhos que ela não sabia para que serviam.
Djalma pediu para que ela entregasse a chave de seu carro e entregou a um deles que saiu em seguida carregando sua parafernália enquanto o que ficou começava a usar seu aparelho, o que deu a Bruna que se tratava de um aparelho que detectava escutas clandestinas.
–(Bruna) Nossa! Também não é para tanto assim. – Argumentou com bom humor.
–(Djalma) Caldo de galinha e cuidados extras nunca fez mal a ninguém. – Respondeu Djalma sem alterar sua expressão.
–(Bruna) Você e suas frases feitas. – Debochou Bruna.
Sem se alterar, Djalma foi em direção à mesa onde estava o celular de Bruna, retirou de lá os dois cartões e a placa de memória e em seguida jogou o aparelho dentro de um vaso de flores que continha água até sua metade, em seguida, pegou uma garrava de água mineral vazia, foi até a pia e a encheu de água que usou para completar o espaço vazio no vaso. Depois tirou do bolso uma caixa, desembalou um aparelho novo onde foram inseridos os cartões e a placa de memória. Em seguida fechou tudo e entregou para Bruna que disse:
–(Bruna) Você por acaso sabe quanto custou esse aparelho?
–(Djalma) Nem perguntei. É você que vai pagar mesmo.
Ato seguinte, Djalma se ligou no modo investigador e começou a interrogar Bruna minunciosamente. Ela, mesmo reclamando, teve que repassar tudo o que passara nos últimos dias e ele, com habilidade, não deixava nada ao acaso. Assim, quando ele se deu por satisfeito, já estava a par até mesmo das aventuras sexuais que Bruna tinha vivido naquele período.
Irritada e com vontade de descontar essa irritação nele, Bruna começou a exagerar em seu relato, frisando as partes mais eróticas, porém, quando olhou para o meio das pernas dele, nada notou. Então pensou: ‘Esse cara deve ser brocha, ou então é feito de fero’. O que ela não sabia era o esforço que Djalma fazia e que, somente recorrendo ao treinamento a que sempre se impunha, conseguia manter a calma diante de tanta provocação. Ao final, ele perguntou:
–(Djalma) Você conseguiu adiar o encontro marcado para hoje?
–(Bruna) Até agora não. – E antes que ele perguntasse o motivo, ela completou: – Não consegui mais falar com a Ester. Ela não atendeu minhas chamadas telefônicas.
Ato seguinte, Djalma sacou um aparelho do bolso, apertou um botão e começou a falar:
–(Djalma) Onde está o seu alvo?
–(Segurança) Está em um chalé junto com um casal – Respondeu uma voz carregada de estática.
–(Bruna) Devem estar fodendo, – comentou Bruna sem ser perguntada e depois quis saber: – Que porra de aparelho é esse que você está usando.
–(Djalma) É um Walk Talk. – Respondeu ele e, ante a expressão interrogativa no rosto de Bruna, explicou: – Sei que é antigo, porém, com o avanço dos celulares, passou a ser a melhor alternativa. Funciona com ondas de rádio e qualquer um, com um aparelho igual, ou até mesmo um rádio com uma grande variedade de frequências pode ouvir toda a conversa. Só que ninguém está pensando nisso hoje em dia e está mais seguro usar um desses que um celular que pode ser clonado.
–(Bruna) Meu avô ia gostar disso.
Djalma percebeu a ironia e nem respondeu. Voltou a usar o aparelho para perguntar se a escuta que mandara instalar no chalé de Ester estava pronta. A resposta foi afirmativa e ele se deu por satisfeito, sentando-se na poltrona que havia no quarto e ficou calado. Bruna sabia que ele estava pensando e tentou não atrapalhar, porém, sua curiosidade era maior e não resistiu:
–(Bruna) Como foi que o outro cara seguiu Ester tão depressa. Afinal eu só liguei para você depois que ela saiu daqui e, pelo que entendi, ele a está seguindo há bastante tempo. Como foi que ele chegou aqui tão depressa.
Djalma a olhou e ficou pensativo antes de responder que não queria falar naquilo. Na mesma hora, caiu a ficha de Bruna que indignada, perguntou:
–(Bruna) Ele já estava aqui? – E vendo o olhar de Djalma entre contrariado e assustado com o que ela disse, insistiu: – Vamos lá. Fale-me a verdade. Você mandou ele me seguir? Desde quando? Por quê?
A voz de Bruna ia se alterando enquanto ela falava. Djalma, conhecendo Bruna desde quando ela era uma criança soube na hora que estava em um beco sem saída. Então se viu obrigado a confessar.
–(Djalma) Nem sei se mandei, pois é desde sempre. Você sempre tem alguém te seguindo a distância. São ordens de seu pai. E o porquê você mesma pode adivinhar. Mas isso não me interessa agora. Vamos conversar mais. Pelo que você diz, seu pai também vai estar com problemas se os planos de sua amiga der certo. O que quer fazer sobre isso?
–(Bruna) Acho que a primeira coisa que devemos fazer é proteger a Clara que é só uma vítima nessa história toda.
–(Djalma) Não se preocupe com isso. Ela também está sempre protegida.
Bruna olhou indignada para Djalma e explodiu:
–(Bruna) Pois assim que terminar essa história, vou ter uma conversinha com meu pai. Melhor ainda, acho que vou usar o que aprendi aqui e chantagear ele para que deixe de ser um babaca de um superprotetor.
–(Djalma) Não fale assim do seu pai.
–(Bruna) Vai tomar no cu Djalma. – Disse Bruna entrando no banheiro.
Continua ...