Sinopse: Após o flagra da madrugada, Nívea e Melissa precisam agir como se nada tivesse acontecido na casa do amigo, mesmo descobrindo que alguém da casa sabe do ocorrido.
A jovem relata para Felipe tudo o que observou durante o sábado de diversão e o jovem estudante de Direito e futuro delegado analisa todos os fatos, concluindo que o existe algo mais sério e profundo além do flagrante.
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Gabriele e Evandro eram amantes.
A cena que estava diante dos meus olhos e dos olhos da minha amiga confirmava o que havíamos flagrado.
Evandrou afundava a cabeça entre o pescoço e o ombro da Gabriele e ambos estavam tão envolvidos um pelo outro que não sentiram a nossa presença, mesmo que não estivéssemos de fato dentro do quarto. A minha amiga de turma vivia um romance com o guarda-costas que era o responsável por levá-la e buscá-la do colégio ao lado do irmão e também pela segurança do seu amigo de infância.
Mesmo em choque, consegui agir por impulso e tampei a boca da Melissa, pois uma reação pior da parte dela era certeza de acontecer. A arrastei pelo braço para o lado da porta e a coloquei contra a parede do pequeno corredor, fazendo com que olhasse nos meus olhos. Seu colo subia e descia rapidamente de nervosismo. Com a outra mão, colei o meu dedo indicador nos lábios em sinal de que ela continuasse em silêncio. Melissa estava gelada e seu corpo tremia por inteiro. Os gemidos não pararam e isso significava realmente de que nós duas estávamos invisíveis para aquele casal.
- Foi o melhor Carnaval que passei na minha vida...Quatro noites você me fodendo gostoso, lembra? - ouvimos a voz dela sussurrando, o que fez minha amiga arregalar mais os olhos.
- Lembro sim, gatinha... - o som de um estalo tomou conta do pequeno quarto - Lembra disso também?
- Bate de novo... - ela pediu em meio a um gemido e ele atendeu de imediato o que fez novamente o estalo ser mais alto.
- Oh... Que gostoso...
- Rebola no meu pau igual uma vadia, vai... Ou então vai voltar pra casa com essa bunda toda vermelha das marcas dos meus tapas.
Tudo o que ouvimos foi o suficiente. Ainda tampando a sua boca, peguei a Melissa pela gola da camisola e tive que arrastá-la de volta, pois ela não conseguia dar um passo.
- Anda, Melissa! Vem logo! - falei bem baixinho.
Conseguimos deixar o corredor e só me senti segura quando saímos da cozinha e atravessamos a sala, indo na direção do nosso quarto. Tudo ao nosso redor estava no mais absoluto silêncio e escuridão.
Chegamos em frente à nossa porta e abri a maçaneta bem devagar para não fazer barulho. Empurrei a Melissa para dentro e respirei aliviada pois finalmente estávamos seguras e ainda tive que levá-la até a sua cama pois seu corpo não reagia normalmente.
Sem acender a luz, peguei o meu celular na mesinha entre as duas camas, desbloqueei a tela e liguei a lanterna do aparelho, colocando-o do meu lado depois de me sentar na cama. O relógio marcava três horas da manhã.
- Nívea, me diz que tudo aquilo que vemos e ouvimos foi um sonho... - ela respirava com uma das mãos sobre o colo.
- Não foi, Meli. Foi tudo real. A Gabriele e o Evandro...
- Eles trepam escondido! E a minha buceta tá pegando fogo - ela revelou e eu podia sentir a minha calcinha molhada.
- Eu acho que eu só estou acreditando porque eu vi. E estou com um milhão de perguntas passando pela minha cabeça. Como ela veio parar aqui e ninguém viu?
- A porta da saída de emergência no fim daquele corredor. É a única entrada possível.
- O Frederik contou que só tem as escadas para os outros andares. Mas ela veio do prédio dela pra cá assim sem ser flagrada?
- Deve ter vindo depois de meia noite, sei lá, essas escadas talvez terminam no estacionamento e ela subiu sem que ninguém tivesse visto! Usou o hobby preto no escuro exatamente pra que não seja vista.
- É, faz sentido.
- Mas as perguntas que não querem calar: há quanto tempo eles trepam e quem mais além de nós duas sabe dessa bomba?
- Para eles se encontrarem de madrugada é porque ninguém sabe, Meli...
- Tem razão.
Na tentativa de me acalmar, me encostei na parede da cama e massageei o meu pescoço absorvendo todo o flagra e as outras milhões de perguntas sem respostas. Como eu iria agir com eles dois depois de tudo o que eu havia presenciado? Teria que ser normalmente pois aquilo não era da minha conta e quando o assunto era segredo, eu e a Melissa estávamos no mesmo barco que ela.
- Temos que contar para o Felipe e para o Eric!
- Melissa.
- Eles precisam saber, Ni! São nossos namorados.
- Amiga, isso é muito sério. Não é pra fazer fofoca! - chamei a sua atenção. Seria impossível segurar a língua dela.
- Eu sei que não. Por isso vamos contar apenas para eles.
- Nós contamos com duas condições.
- Quais?
- Primeiro, amanhã você irá agir como se essa madrugada não tivesse existido.
- Eu não vou conseguir.
- Vai sim! O Evandro não pode sair prejudicado. Me promete que vai agir normal?
- Tá, eu vou tentar.
- Tentar não, você vai!
- Tá bom! E qual a outra condição?
- Nada de indiretas para a Gabriele se nos encontrarmos com ela amanhã, entendeu? Se ela tem um segredo, nós duas também temos e não vamos jogar pedra.
- Tá... Tá bom.
- Pelo que você mais ama na vida, Meli. Pelas suas tortas de frango... Isso vai morrer e amanhã nem um a sobre esse assunto.
- Tá legal. Eu não vou conseguir voltar a dormir.
- É, eu também não - suspirei - mas vou tentar assim mesmo. - desliguei a lanterna do aparelho, colocando de volta na mesinha e me deitei na cama cobrindo meu corpo com o edredom - Tenta também só um pouco.
Deitada e ajeitando o travesseiro na cabeça, a cena inteira permanecia na minha mente e a impressão que eu tinha era de que eu não conhecia mais a garota com quem se sentava ao meu lado todos os dias em sala de aula. Sim, ela era uma adolescente que possuía atração por homens mais velhos mas eu nunca poderia imaginar que seria o guarda-costas da família Bertrand. Enfim, Evandro era um homem bonito e ele foi o alvo de atração da parte dela.
- Ni...
- Que foi?
- Será que eles ainda estão trepando?
- Melissa, dorme! - ordenei com a voz firme.
- Tá, tá legal...
Ficamos em silêncio.
- Mas será que o pau dele é grande?
- Se você ousar fazer mais uma pergunta, eu pego meu travesseiro, vou pra cima de você e te sufoco!
- Tá bom, parei.
- Por favor. Boa noite.
- Boa noite.
***
Acordei sentindo um cheiro delicioso de sabonete dentro do quarto e quando abri os olhos, Melissa já estava sentada na sua cama arrumada, de banho tomado, usando um vestido preto fino, modelo de saída de praia e o seu biquíni também preto por baixo, com os cabelos molhados e penteados. Estava atenta olhando o seu celular.
- Bom dia... - dei um bocejo e me espreguicei - Já acordou?
- E você realmente acha que eu dormi?
- Meli... Esquece o que você viu... - Me levantei, ficando sentada na cama.
- Esquecer? Nunca que eu vou esquecer o que vimos e não foi isso que você me fez prometer. - ela rebateu, digitando alguma coisa e eu bufei - Anda, vai tomar banho logo!
- Ainda é cedo?
- Vai dar sete horas...
- Você não aguentou e está contando tudo para o Felipe?
- Não. Estou de bobeira no Instagram.
- Tá, tô indo para o banho.
Entrei no chuveiro e enquanto ensaboava o meu corpo, a cena da madrugada voltou aos meus pensamentos. E as perguntas da Melissa vieram junto: há quanto tempo eles dois eram amantes? Talvez desde o momento em que o Evandro começou a trabalhar para a família e conheceu os irmãos. E será que mais alguém sabia?
Não demorei muito e saí de dentro do box, me enrolando na toalha e voltando para o quarto.
- Sabe se o Frederik ou os pais dele já acordaram? - perguntei indo para a minha cama, arrumando o edredom e peguei a minha bolsa, que estava no chão, colocando a de volta em cima do travesseiro.
- Não sei, Ni. Ainda não saí do quarto.
- Ah... Vou te acompanhar e colocar o biquíni também. Talvez o banho de piscina hoje seja o dia inteiro.
- Acha que ela vai voltar pra cá?
- Se o Frederik convidou, os dois virão. São nossos amigos.
Enxuguei o meu corpo e peguei o biquíni rosa que estava na pequena bolsa do lado e o vesti. Minha saída de praia era de cor branca em modelo de crochê e depois de estar pronta, apenas penteei os meus cabelos e calcei os chinelos.
- Ni...
- Oi.
- Vamos lá no quarto do Frederik?
- Ainda está cedo, Meli. Ele deve estar dormindo...
- Ah, não custa nada! Se a porta estiver fechada a gente volta.
- Tá bom - respirei fundo e arrumei tudo na bolsa. Melissa movida pela carga de adrenalina, realmente não conseguia ficar quieta - Mas antes vamos bater.
Saímos do quarto e no fim do corredor havia duas direções. Do nosso lado esquerdo, uma porta entreaberta que deveria ser o quarto dos pais do Frederik. Do lado direito, uma porta com o pôster do Filme Os Vingadores. Antes de chegarmos ao quarto dele, havia uma outra porta do lado que também estava fechada.
- Que horas ela saiu?
- Saiu antes das seis...
Ouvimos as duas vozes vindas deste quarto. Vozes conhecidas e que estavam em tom baixo.
- Vocês precisam tomar cuidado! - ordenou em tom firme - Se ela for flagrada saindo daqui pode imaginar o tamanho da merda?
- Imagino sim, senhor...
Era a voz do Senhor Simon, pai do Frederik que estava chamando a atenção do Evandro. Eu e Melissa nos encaramos, ficando de frente para a porta misteriosa de onde vinham as vozes. Imediatamente ela cobriu a própria boca e um arrepio tomou conta da minha pele. O pai do Frederik sabia desses encontros? Era isso mesmo?
- Não, você não imagina! Ela ainda é uma adolescente e filha de famosos. Se os pais dela descobrem, como você acha que eu fico?
Sim, era isso mesmo.
- Eu e a Gabriele tomamos cuidado. Ela me enviou uma mensagem dizendo que já estava no quarto e desviou das câmeras de segurança depois da minha orientação de onde que elas estavam posicionadas.
- Eu espero mesmo. Gabriele e o Patrick praticamente cresceram aqui em casa junto do Frederik e eu odiaria perder a amizade do William e da Natália por conta disso. Se essa bomba explodir eu não vou poder te segurar e terei que te demitir, entendeu?
- Eu entendo.
A voz do Evandro estava baixa como se estivesse mesmo levando uma bronca do dono da casa por mais que ele estivesse apenas lhe chamando a atenção.
- Façam o que tiver que fazer mas tomem cuidado e respeite a menina!
- Sim. Eu nunca tratei ela mal.
- Vocês se protegeram?
- O tempo todo. Ela reclamou no início mas aceitou depois.
- Bom. Continuem com isso somente às sextas-feiras. É o único dia possível.
- Foi o que eu e ela combinamos.
- Perfeito. Olha, você e eu somos homens, sei como é isso. Você fica a semana toda aqui e precisa relaxar. Se ela deu em cima de você, aproveita. Mas eu repito: apaga o fogo, dá a ela o que quer e não a maltrate!
- Tem a minha palavra. Sabe que pode confiar em mim.
- Eu sei que posso. Você é e será muito bem recompensado por isso.
- Eu agradeço. O senhor vai precisar de mim agora de manhã?
- Não, fique à disposição do Frederik para o que ele precisar. Talvez saia com as amigas em um passeio com elas pelo condomínio.
- Certo.
- E nem se atreva a colocar os olhos nas meninas!
Eu e Melissa não tínhamos mais olhos para serem arregalados. Eu engolia em seco ouvindo tudo aquilo.
- Jamais faria isso!
- Não mesmo. São amigas e convidadas do meu filho, principalmente a menina Nívea. Ela é filha de um grande amigo meu da empresa e uma mocinha de respeito.
- Entendi, senhor. Nívea e Gabriele são muito diferentes. Ela é quieta e muito educada. Não que a Gabriele não seja, mas... A Nívea é diferente.
- É, eu sei. É um amor de menina e o Frederik tem um enorme carinho por ela. Por isso quero muito que ela e a amiga venham mais vezes, para que tragam um pouco de alegria pra essa casa! E eu conto com você: trate as duas muito bem!
- Farei isso.
Puxei a Melissa pelo braço e saímos correndo, voltando para o nosso quarto e trancamos a porta. Fiquei atrás dela encostada, respirando fundo com o meu colo subindo e descendo, tomada pelo medo. Esperava que eles não tivessem notado a nossa presença, mesmo com a porta do tal cômodo fechada. Nessas horas, tudo era possível!
Eu e Melissa nos olhamos por alguns segundos até que ela quebrou o silêncio.
- Nívea, olha onde nós viemos parar...
- Eu não sei de mais nada, Melissa. Não sei e não entendo.
- Não sabe e não entende? O pai do Frederik sabe e encobre os dois!
- É, foi isso que nós ouvimos. - meu olhar se perdeu na direção de um canto qualquer do quarto e eu absorvia cada detalhe daquela conversa - Onde eles estavam deve ser o escritório dele, que o Frederik nos contou.
- Deve ser e agora sim. - ela pegou o celular na cama e se sentou - Temos que combinar com o Fê e o Eric. Nós quatro hoje em Ipanema!
Melissa abriu o grupo de nós três no zap e adicionou o contato do Eric que ela já tinha há algum tempo.
Melissa:
Eric, bom dia. Não sai do grupo.
Eric:
Bom dia... O quê que houve?
Melissa:
Uma bomba que temos que contar para você e pro Fê. Aliás, duas bombas. Hoje você vai para Ipanema e encontra com a Nívea lá.
Eric:
É só isso?
Melissa:
Só.
Eric:
Eu posso ficar no grupo e permanecer calado, sem interação?
Melissa:
Pode.
Felipe:
Que merda de bomba tu tá falando, Melissa?
Eric:
Tá, e cadê a Nívea?
Melissa:
Tá aqui do meu lado. Felipe, não dá pra falar por aqui. Hoje de noite nós conversamos.
Imediatamente o meu celular começou a tocar. Peguei ele e fui para a janela.
- Oi, Eric.
- Nívea, o quê que tá acontecendo aí? Tô ficando preocupado. Preocupado com você...
- Não é nada comigo, Eric, eu te juro.
- Tem certeza?
- Tenho.
- Que bomba é essa que a Melissa tem pra contar?
- Não dá pra falar por telefone.
- É tão grave assim?
- É como se eu e a Melissa estivéssemos em um filme de suspense.
- Tô percebendo. Eu vou me encontrar com vocês lá.
- Tá bom.
- Tem certeza de que não é nada com você?
- Tenho. Não se preocupa.
- Tá bom. Te amo.
- Também te amo. Beijo.
- Beijo.
Encerrei a chamada e me sentei do lado dela. Ouvimos batidas na porta e demos juntas um salto da cama.
- Pode entrar!
- Bom dia, meninas. - o pai do Frederik entrou e se sentou na cama de frente pra nós - Dormiram bem?
- Bom dia, senhor Simon. Dormimos sim - tentei responder da forma mais natural. Melissa cruzou o braço dela com o meu e ficou muda, observando o homem na nossa frente.
- Que bom. O Frederik já está tomando café e eu vim chamar vocês.
- Claro, vamos sim. Eu e a Melissa colocamos o biquíni pra irmos à piscina.
- Ótimo. Talvez ele leve vocês duas para um passeio mas fiquem à vontade. Depois do almoço, a piscina tá liberada.
- Legal.
- E então, vamos? - ele se levantou saindo na frente e o seguimos, deixando o quarto com nossos celulares em mãos.
Chegamos na sala e encontramos nosso amigo junto da mãe e a mesa do café da manhã pronta. O pai se sentou na ponta da mesa e eu e a Melissa em um dos lados ficando de frente para os dois.
Denise Ventura era realmente uma mulher bonita até mesmo com rosto limpo sem nenhuma maquiagem após acordar. Os cabelos loiros e a pele branca deixavam-a mais iluminada. Os olhos castanhos claros, quase caramelados exaltavam mais a sua beleza. Frederik herdara a beleza dos dois.
- Bom dia, belas adormecidas! - Frederik brincou - Quase que eu acordei vocês.
- Bom dia queridas! - Dona Denise nos cumprimentou sorrindo - Como foi a noite?
- Bom dia. Foi ótima! As camas são muito confortáveis - foi a única coisa que consegui responder.
- Que bom.
- Vamos ficar na piscina hoje, Frederik? - perguntei enquanto me servia de iogurte de morango no copo e pus em um pequeno prato, pão de queijo, torradas e uma fatia de bolo.
- Você não quer ver como é o bosque de dia? Queria levar vocês para um passeio e conhecerem tudo aqui.
- Isso mesmo crianças, vão sim! - o pai dele apoiou - Tem muita coisa pra vocês conhecerem.
- Mas voltem para o almoço!
- Pode deixar, mãe.
- Aliás qual vai ser o almoço? - foi a única coisa que fez a Melissa quebrar o próprio silêncio enquanto tomava o seu café.
- Melissa...
- Não custa nada perguntar! - ela rebateu, fazendo o Frederik e os pais caírem na risada.
- Não tem problema, meninas. Falei com a Norma e pedi nada muito elaborado hoje para o almoço. Vocês gostam de lasanha?
- Amamos! - seus olhos verdes se iluminaram.
- Que ótimo! - ela terminou de beber o seu café, deixando a xícara na mesa - Bom se vocês me dão licença, o trabalho me chama.
- Hoje é sábado, Denise. Por que não vem comigo para o clube?
- Sinto muito, meu querido! - ela se levantou da mesa e lhe deu um beijo no rosto - Tenho uma reunião por vídeo conferência agora de manhã com a equipe de editores sobre a Feira Literária em São Paulo. Foi o único horário disponível. Sinto muito, meninas.
- Não, imagine. - respondi de um jeito amigável.
- Com licença. - ela saiu, em direção ao quarto usando um longo vestido bege que ia até o pé, com botões e sem mangas - Estarei com vocês no almoço!
Senhor Simon permaneceu sério e respirou fundo, incomodado com o que a esposa tinha feito e continuou a beber o seu café em silêncio.
- Pai, sabe como a mãe é. Ela respira trabalho.
- É filho, eu sei. Mas hoje é sábado. Que tal se ela respirasse um pouco a vida lá fora?
Frederik deu de ombros e eu e Melissa nos entreolhamos, ficando em silêncio e terminando de tomar o café.
Minha mãe às vezes atendia aos sábados, dependendo da cliente e do tratamento de beleza que era feito, mas eu, ela e o meu pai sempre estávamos juntos no almoço. Só que eu tive a impressão de que algo incomum acontecia por ali.
- E então? Vamos?
- Vamos sim. E o Patrick e a Gabi?
- Mandei mensagem pra ele dizendo que estaríamos por aí de bobeira. Daqui a pouco eles aparecem.
- Tá bom. Até mais Senhor Simon.
- Divirtam-se! Frederik, não quer que o Evandro acompanhe vocês?
- Não precisa, pai. Não vamos sair pra longe.
Deixamos a mesa e entramos no elevador. Ao sairmos do prédio, o Sol da manhã estava agradável e o restante do dia prometia ser quente.
Frederik nos levou para conhecer a parte de lojas que o condomínio possuía para atender apenas os moradores onde havia a pizzaria, um hortifruti, mini mercado, padaria e até mesmo um salão de beleza.
Conhecemos também as piscinas, as quadras de esportes com campos de futebol, a academia e o clube onde tinham churrasqueiras e o salão de festas. Além dos prédios, tinham casas também. Caminhar para conhecer tudo foi cansativo, mas divertido. Realmente como a Gabriele disse, se perder ali era fácil.
Paramos e sentamos no banco da praça do bosque para descansar. As sombras das árvores e os arbustos diminuíram a sensação de calor que aumentava com o passar do tempo.
- Dá pra ver que a sua mãe trabalha muito não é Frederik? - comentei sentada do seu lado em posição borboleta no banco e a ruiva sentou do mesmo jeito com ele bem no meio.
- Ela é diretora de uma das maiores editoras de livros do país e consegue trabalhar trinta e duas horas por dia sendo que ele só tem vinte e quatro. - ele brincou.
- Até achei mesmo que ela era escritora por causa de todos os livros que vimos.
- Na verdade ela é jornalista e trabalha como editora literária há anos. Antes mesmo de eu nascer.
- Poxa, legal. Só o seu pai que parece não curtir muito...
- Ele entende que é o trabalho dela mas se chateia às vezes. E durante um tempo, se sentiu desmotivado no trabalho porque a promoção dele demorou uns meses para sair até que finalmente aconteceu naquela mesma semana em que nos encontramos para jantar.
- O meu pai ganhou a promoção dele um dia antes da festa de aniversário da minha mãe.
- Isso, eu lembro que o meu pai chegou em aqui casa bufando porque não foi a vez dele e comentou sobre a promoção de um colega de trabalho mas eu nem poderia imaginar que era o seu pai.
- E você pensa em ser advogado igual à ele? - a ruiva perguntou mesmo com os olhos no seu celular - Ele é advogado, não é?
- Sim, mas eu me identifico mais com o Jornalismo e o trabalho da minha mãe. Cresci no meio de livros e as minhas notas em literatura no ano passado e na prova deste ano foram boas.
- Viu só? Te disse que o Professor Schneider era legal. - brinquei.
- É... Ele mudou mesmo.
Felizmente a mudança do Eric estava aos poucos convencendo o meu amigo.
Ficamos mais algum tempo conversando e sentindo o clima tranquilo. Eu estava muito feliz em conhecer todo o lugar. Não fazia ideia de que existia um condomínio daquele tipo com tudo o que se pode imaginar para atender os moradores.
***
Estava distraída e sentada na beira da piscina brincando com a água, mas sem entrar, enquanto esperava pelo almoço. A varanda enorme da cobertura possuía algumas cadeiras de praia de madeira, uma mesa com quatro cadeiras e vasos de plantas com alguns pequenos coqueiros em forma de decoração.
- Vem Nívea, o almoço já vai sair! - Frederik meu chamou e dei um pequeno pulo da beira e entrei com ele na sala.
O cheiro delicioso da lasanha vindo da cozinha já tomava conta do ambiente e me sentei na mesa. Melissa esperava no mesmo lugar do café da manhã com os pratos e talheres postos na mesa e uma jarra de suco de laranja. Senhor Simon e Dona Denise vieram logo em seguida e se sentaram conosco.
- E então, meninas? Como foi hoje de manhã? - a mãe dele pôs um guardanapo de pano no colo e esperou junto conosco.
- Eu adorei tudo! Parece que estamos dentro de um outro bairro.
- Pois é Nívea, quando seu pai conversou comigo no escritório sobre os planos da mudança, eu falei pra vocês se mudarem para cá. A infra estrutura e segurança são duas das coisas que me fazem gostar muito daqui.
- É sério?
- Sim. Até me coloquei à disposição dele para ajudar no que fosse preciso, colocaria em contato com o corretor da minha confiança. Claro que não precisaria ser uma cobertura, tem apartamentos excelentes aqui. Mas infelizmente o valor que ele tinha para investir não cobria o preço de mercado da área.
- Que pena. Mas nós gostamos de onde estamos morando agora.
Dona Norma e a tia Dulce, como Frederik a chamava, saíram da cozinha carregando juntas uma travessa grande e colocaram no meio da mesa em cima de um suporte de madeira. O queijo e o molho da lasanha ainda borbulhavam e o aroma era mais delicioso sentido de perto.
- Podem se servir, crianças! Eu e a Dulce preparamos pensando em vocês.
- Nossa, mas isso deve estar muito bom! Posso mesmo? - Melissa foi a primeira a se servir com uma fatia no seu prato e colocou queijo ralado por cima que estava na mesa.
No tempo que cada um de nós se servia, de repente a porta do elevador se abriu e Patrick apareceu usando bermuda azul marinho, regata e chinelos brancos. Os cabelos cacheados e todo bagunçado como sempre.
- Cheguei em boa hora! - ele zombou sorridente já puxando uma cadeira, se sentando do lado do Frederik.
- Almoça aí com a gente. O Patrick é de casa, meninas. Não estranhem.
- Eu já almocei, mas essa lasanha da Norma eu não rejeito mesmo. Só não deixem a minha avó saber disso.
- E sua irmã, Patrick?
- Ah Simon, ela ficou a manhã toda fazendo vídeo e editando, só parando pra almoçar - ele se servia de um pedaço de lasanha enquanto explicava - Falei que o Frederik chamou nós dois pra piscina hoje mas nem sei se ela vem.
- Poxa, que pena... Ela deve ter tido uma noite ruim... - dei um olhar mortal para Melissa que dava uma garfada na sua lasanha e ela riu pra mim do seu jeito irônico.
- Sei lá, fui no quarto dela e ela estava fazendo edição.
Nesse tempo, eu me dei conta de que não tinha visto o Evandro pela manhã. Talvez ele gostasse de ficar na cozinha em companhia da Dona Norma e da tia Dulce ou então estava no seu quarto aguardando o Frederik querer ir em algum lugar. Na situação em que vivia, ele deveria ser um homem discreto mas eu gostava dele. Sempre foi muito gentil comigo nesses poucos meses de convivência e depois do que eu e a Melissa ouvimos naquela manhã, ele nunca tentaria fazer algo a mais.
Terminamos o almoço e após irmos no banheiro escovar os dentes, caímos os quatro na piscina ficando o resto da tarde. E mesmo eu sendo muito tímida, não fiquei envergonhada de aparecer de biquíni na frente de dois meninos da minha idade ainda que eu percebesse o Frederik disfarçando seus olhares para o meu corpo. Fotos, vídeos, selfies, lanches... Mesmo usando protetor, fiquei um bocado vermelha mas a minha pele não ficou dolorida como se tivesse ido à praia.
Estava sentada na cadeira de madeira postando algumas fotos nos stories, e achei melhor não ficar enchendo o Eric com mensagens, quando a Melissa se sentou do meu lado.
- Eu sei porque ela não veio... - falou baixinho.
- Ela quem?
- Como quem? A Gabriele!
- É? E por que ela não veio, Meli? - perguntei sem desviar os olhos dos stories.
- Não pode aparecer de biquíni pois está com a bunda toda marcada dos tapas que levou do Evandro essa noite!
Comecei a rir descontroladamente chamando a atenção dos meninos que estavam na piscina e os dois ficaram me olhando sem entender.
- Qual foi a piada?
- Nada, Patrick - tentei me acalmar de novo, controlando o riso - A Melissa só sabe me dizer besteiras.
- Besteira nada! Foi exatamente isso que aconteceu!
- Pior que pode ter sido mesmo.
- Claro que foi!
A madrugada do flagrante e a revelação do sábado de manhã foram os pontos altos daquele fim de semana que foi muito divertido, apesar de tudo. Consegui me bronzear mas sabia que no dia seguinte ou depois minha pele estaria descascando.
Mas tudo o que era bom durava pouco e por volta das seis da noite, o Senhor Simon liberou o Evandro e ele mesmo junto do Frederik nos levou de volta para casa.
- Dez horas estamos indo pra Ipanema, Ni - saímos do elevador e cada uma indo para o seu lado.
- Tá bom, vou tentar descansar um pouco até lá.
- Pois é, não parece mas piscina também cansa. Até mais.
- Tchau.
Entrei e meus pais estavam sentados lanchando e me sentei junto, começando a contar quase tudo o que eu e a Melissa fizemos por lá e eles ouviam impressionados. O quanto eu estava deslumbrada pelo lugar e a cobertura da família do Frederik. Como sempre, eles me deixaram ir para o Felipe e fui para o quarto no que eu desfiz a minha mala e tirei meu uniforme do colégio todo embolado, colocando na máquina de lavar. Por sorte eu sempre tive mais de um conjunto de uniforme.
***
- Então vamos lá, recapitulando: vocês flagraram a Gabriele transando com o guarda-costas no meio da madrugada, correto?
Felipe questionou deitado no sofá da sua sala com a Melissa deitada por cima dele atenta à análise. Eric estava comigo sentado no sofá do lado, que se convertia em cama, prestando atenção, e eu estava entre as pernas dele, sentada em posição borboleta enquanto ele me abraçava de lado, deixando beijos no meu ombro um pouco vermelho por causa do Sol. Meu vestido rosa de alças finas era a única coisa que não machucava a minha pele.
- Isso, Lipe.
- E o pai do amigo de vocês sabe disso e acoberta essa merda? - gesticulou com os dedos, o sinal de aspas a última palavra.
- Exato.
- Interessante, muito interessante. Realmente são duas bombas atômicas.
- E o que a gente faz agora?
- Vocês duas? Absolutamente nada. Não tem o que fazer, além é claro de ficarem em silêncio. Agora uma coisa é certa: estamos diante de um quebra-cabeças. E bem espinhoso.
- Como assim?
- Se o dono da casa encobre esses encontros é porque tem algo muito mais sério nisso tudo. Me conta uma coisa, Nívea: o pai do Frederik trabalha na mesma empresa do seu pai?
- Sim.
- Por que você faz perguntas pra ela e não pra mim??? - a ruiva perguntou indignada - Eu e a Nívea ficamos juntas o tempo todo!
- Sshhiiu, fica quieta! - o irmão mais velho a cortou - E ele recebeu uma promoção não foi?
- Foi. Na minha última semana de férias quando voltei da França.
- Entendi. Então se ele possui algum podre, não é nada no âmbito profissional.
- Concordo. - Eric então entrou na conversa - Se sujar no trabalho dando algum tipo de golpe, após ser promovido?
- Eu diria que é muito amadorismo pra não dizer burrice. Vamos descartar isso então.
- Tem mais uma coisa...
- O quê, Nívea? Conta tudo o que você observou por lá. - Felipe pediu.
- Na hora do café da manhã, a Dona Denise se retirou da mesa porque precisava trabalhar e o Senhor Simon pareceu não gostar muito. Foi o que eu percebi. Ela é diretora de uma editora de livros.
- Hum... A mãe de um adolescente e uma dona de casa talvez workaholic cujo marido se incomoda.
- Nívea, o quê que isso tem a ver?
- Voce entendeu agora porque eu faço perguntas pra ela e não pra você? Continua, Nívea...
- Saco! - Melissa se sentou no sofá, cruzando os braços de cara amarrada. Eric começou a rir.
- Bom, foi isso. Ele queria ir ao clube mas ela tinha uma reunião de trabalho pela internet.
- Entendi. Qual o nome dela? - ele pegou o celular que estava no bolso da bermuda.
- Da mãe do Frederik? Denise. Acho que Denise Bertrand né?
- Entendi. - ele começou a digitar - Denise Bertrand... diretora editorial... diretora literária... - ele se mostrou surpreso olhando para a tela - Mas vejam só, isso tá ficando bom...
- O quê??? - Melissa se jogou pra cima do meio irmão, também colocando o rosto na tela do aparelho.
E então ele começou a ler:
- ''Diretora Editorial da Literação, a rotina de Denise Ventura Bertrand começa às 6h e não termina antes das 21h. Na carreira editorial, Denise lança nomes de autores novos e conhecidos visando a literatura nacional e em vinte anos à frente da Diretoria, viabilizou 1.500 contratos. Além da sobrecarregada rotina profissional, ela ainda procura dar atenção ao seu único filho, Frederik e ao marido Simon com quem é casada há 18 anos.''
- É... Pelo visto encontrei alguém à minha altura no que diz respeito a trabalho - Eric brincou e eu ri lhe dando um selinho.
- Realmente, a mulher é uma máquina - Felipe comentou após ler o texto.
- Mas eu ainda não entendi o que isso tem a ver com tudo que estamos conversando!
- Peraí Mel, deixa eu pensar... - ele esfregou os olhos e se virou para mim - Tem mais alguma que você se lembre?
- Bom... O Frederik conversou com a gente depois, dizendo que quer seguir os passos da mãe. Ele quer estudar Jornalismo.
- Só isso?
- AH! E falou também que o pai estava desmotivado porque a promoção dele demorou para sair.
- Ah. Bom. Então temos as seguintes peças: a filha do casal mais famoso do jornalismo vive um romance às escondidas com o guarda-costas da família do amigo. O pai do amigo sabe disso e acoberta. Se isso vem à tona, o rapaz leva uma demissão por justa causa e o dono da casa se suja feio com o casal famoso. Mesmo assim, eles dois mantém este pacto de silêncio pois talvez haja um possível podre no meio.
- Isso já sabemos Fê.
- Por outro lado, temos uma família cuja esposa vive para trabalhar e o marido aparentemente não aprova. Ela sendo a manda-chuva de uma grande editora literária é bem provável que financeiramente seja bem mais sucedida do que ele.
- Será, Lipe?
- Depois do que eu li aqui, Nívea, não me surpreende em nada se a dona da cobertura for ela e não ele.
- Temos um ego masculino ferido nessa equação.
- Exatamente, Eric. - Felipe concordou e eu virei para ele surpresa - E essa promoção profissional veio em boa hora para que ele esteja à altura da esposa.
- E eu lembro também que a nossa presença iria dar um pouco de alegria na casa. Foi o que deu pra ouvir.
- Ele falou isso?
- Falou.
- Hum... Arrisco ir além e dizer que temos talvez um casamento em crise aí.
- Verdade - olhei para o Eric que havia concordando e para o Felipe ao mesmo tempo.
- Em crise? Tipo, eles estão brigados? Mas eles conversavam normalmente!
- Isso é o de menos, ma petite. Na frente de vocês duas e do filho, eles podem agir feito o casal mais feliz do mundo. Mas ninguém sabe o que se passa quando estão longe dos olhos de todos.
Fiquei pensativa pois não esperava ouvir aquilo. E se o Frederik presenciasse os pais brigando todos os dias? E se no fundo ele não fosse tão feliz quanto aparentava ser?
- Ei... - Eric puxou meu queixo calmamente, me fazendo olhar pra ele - Não precisa ficar preocupada.
- Tudo isso que eu analisei, Nívea, pode não ser a verdade. - Felipe falou tentando me acalmar - Até porque falta a peça chave que é esse pacto existente entre o patrão e o guarda-costas. O podre está entre eles dois.
- É verdade! - Melissa se levantou do sofá - Temos que voltar lá e descobrir, Nívea! Super amigas e detetives, ativar! - e falou empolgada, começando a socar e chutar o ar.
- Você vai ser detetive dando golpes de artes marciais? - o deboche do Eric falando, ao ver a cena, me fez soltar uma risada e conseguindo aliviar a situação.
- O que você tem que fazer é sentar a bunda nesse sofá e ficar quieta - Felipe puxou a ruiva pelo pulso forçando ela a se sentar - Por isso eu fiz as perguntas pra Nívea. Porque ela é discreta e consegue observar tudo o que se passa.
- Mas eu também consigo!
- Consegue? Se não fosse ela tampar a sua boca no momento do flagrante, você faria um escândalo acordando a casa inteira! Você age por impulso, Mel. E pessoas impulsivas em uma investigação colocam tudo a perder. Sangue frio nessas horas é fundamental, coisa que você não tem.
- Não sei quando vamos voltar lá...
- Eu acho bom não voltar nem tão cedo porque eu não sei se é uma boa ideia, princesse - Eric me abraçou apertado, beijando o meu pescoço - Se tem algum podre é melhor você ficar bem longe dele...
- Mas se o Frederik convidar de novo...
- Você recusa o convite! - ele falou firme - Você já disse não pra ele uma vez, pode dizer de novo.
- Mas gente, peraí. O que será que deve rolar entre o pai do Frederik e o Evandro? - a ruiva questionou.
- Alguma coisa bem cabeluda. A ponto de ele ser muito bem pago pra ficar de boca fechada.
- Será, Fê? - ela colocou o dedo indicador na boca, roendo a unha intrigada.
- Com certeza!
- Tadinho do Frederik... - lamentei, abaixando a cabeça - Seja o que for que o pai esconde, espero que ele não sofra...
- Tadinho do Frederik! - Eric zombou, imitando a minha voz de um jeito infantil e entortando a boca pra falar.
- Não é engraçado, Eric...
- Não é engraçado, Eric!
Olhei pra ele séria e o sorriso dele em deboche que eu tanto amava e odiava surgiu e não pude deixar de rir.
- Bobo! - ele me abraçou e riu, enchendo novamente o meu pescoço com beijos e lhe dei vários selinhos apertados.
- Vai pedir a pizza, Mel?
- Vou!
- Ah não, Meli! Pizza de novo não, eu já tô ficando enjoada!
- Mas amiga, a pizzaria daqui do bairro é ótima! - a ruiva contava empolgada com os olhos no celular - Eu e o Fê pedimos todo sábado.
- O quê que você quer? - Eric me perguntou, sussurrando no meu ouvido e mordendo a ponta da minha orelha me causando um arrepio - Hein? Eu peço pra nós dois.
- Vamos pedir aqueles baldes de frango crocante que vem com vários tipos de molho!
- Isso mesmo, se entope de gordura.
- Sim, vai pedir ou não?
Eric me olhava sempre daquele jeito, me dando um beijo e tirou o celular do bolso procurando pelo App de entrega de comida.
Melissa pediu um tamanho de pizza apenas para ela e o Felipe e enquanto esperávamos pelo nosso pedido, o meu celular que ficou todo o tempo no meu colo sobre o tecido do meu vestido, tinha um áudio do Frederik enviado minutos atrás.
- Um áudio do Frederik... - observei a tela curiosa.
- Ele tá te enviando áudio a essa hora da noite?
Ignorei o que o Eric tinha falado e cliquei.
▶️
Oi Nívea, tudo bom? Comecei agora pouco a fazer o trabalho de História e queria saber qual foi o mínimo de folhas que a professora Marie exigiu. Ela falou na hora que passava as instruções mas eu não prestei atenção.
- Mas que desculpinha esfarrapada só pra falar com você! - Felipe debochou sentado no sofá, com a Melissa deitada de cabeça no seu colo e o cabelos ruivos espalhados.
- Ele ficou o dia inteiro olhando pra sua bunda na piscina e ainda te manda áudio agora de noite?
- Já vai começar? - me virei para o Eric. Eu amava aquelas crises de ciúme - Você não ouviu? É assunto de escola! E ele não ficou olhando pra minha bunda!
- Aham, claro que não!
Respondi de volta em forma de áudio.
▶️
Oi Frederik então. A professora exigiu o mínimo de cinco folhas sendo que a última é para colocar as fontes bibliográficas de pesquisa. Mas nem precisa ter pressa, ele só precisa ser entregue daqui à duas semanas.
- Foi desculpa pra te enviar áudio mesmo, amiga. O trabalho nem é tão urgente assim.
- Ela pensa que eu não vejo como que ele olha pra ela quase babando!
- Eric, se o Frederik gosta de mim eu não posso fazer nada. Não tenho como mandar no coração dele.
- Só quero entender por que ele te envia áudio a essa hora da noite com a desculpa idiota de falar sobre trabalho.
- Talvez pra ficar tocando punheta, ouvindo a minha voz e sonhando que está transando comigo.
- Meu Deus! - Melissa começou a gargalhar e Felipe me olhava como se não estivesse acreditando que eu estava dizendo aquilo.
- É mesmo, mocinha? Pois eu aposto um chute nas minhas bolas que ele nem sabe como fazer pra se enfiar dentro de uma garota!
- Bom, isso as meninas lá de onde ele mora podem dizer. Ele ficou com várias e tem um fã clube enorme.
- Duvido que ele seja tão bom no que faz.
- Eu posso fazer uma tentativa com ele e depois te conto, que tal? - disparei a resposta ácida e lhe joguei um beijo.
- PUTA QUE PARIU! - a ruiva se descontrolou de rir e precisou se sentar para não engasgar - EU TENHO A MELHOR AMIGA DO MUNDO.
- E no placar temos dois a zero para Nívea Caroline! Que noite de emoção, senhores! - o mais velho zombou imitando voz de locutor de futebol.
- E de onde que saiu essa sua língua tão afiada, hein? - Eric me olhava sério, de cara fechada.
- É só você parar de duvidar de mim!
- É você que está ensinando isso a ela não é, Melissa?
- Quem, eu? Não mesmo. Deve ser a amiga querida dela cheia de cachos no cabelo.
- Também tô achando isso - ele continuou a me encarar sério - Vou separar vocês duas na minha aula já já!
- Ué, pode separar. Você sabe muito bem COM QUEM eu posso me sentar no seu dia de aula e no resto da semana inteirinha!
- E a noite termina com um placar emocionante de três a zero, meus amigos! - Felipe anunciou com os braços para o alto - Nívea Caroline se torna a campeã de respostas ácidas e certeiras!
- Você faz isso de propósito, não é?
- Talvez. Adoro quando você fica com ciúme!
- Felipe, aquele quarto do lado do seu...
- Só tem um colchão de solteiro. Fiquem à vontade.
- Levanta! - Eric se levantou do sofá, me pegando pelo braço e meu estômago gelou - Vai ser desse jeito? Perfeito.
Ele continuou com a mão no meu braço, me levando para o quarto vazio e dei um pulo pelo susto, ao ouvir o estrondo da porta ser fechada logo atrás dele. Seus olhos azuis pareciam que iam pegar fogo. Raiva, desejo, tesão... Tinha de tudo naquele olhar que me enxergava além do vestido. Era tão lindo a ponto de fazer a minha calcinha melar.
- Eric, não me machuca...
Ele não disse nada. Apenas me pegou pelos dois braços me fazendo deitar no colchão e de joelhos, abriu o botão e o zíper da bermuda, colocando pra fora o seu membro já duro e inchado. Puxou as minhas pernas e as abriu, levantando a saia do meu vestido escorregando as suas mãos até a minha cintura e tirou a minha calcinha desesperado.
- Nem tente virar o rosto. Eu quero você olhando pra mim... - ao mesmo tempo que ordenou, ele se enterrou em mim do jeito bruto que eu adorava e enfiou as mãos nos meus cabelos, segurando minha nuca com força para não me fazer desviar o olhar.
Não foi necessário ficarmos sem roupas. O tesão que dominava nós dois era maior do que um contato direto dos nossos corpos nus. Eric socava duro e eu sorria de prazer pois que era assim que eu gostava.
- Vai me provocar de novo? - e continuava a me socar - Responde!
- Vou! - respondi rindo, com o peitoral dele esmagando os meus seios que a essa altura já estavam pra fora do vestido.
Eric se entregou por inteiro, afundando a cabeça no meu pescoço e chupava a minha pele. Eu queria mais e mais dele dentro de mim e o puxei com os pés em volta da sua cintura como um sinal para que ele não se desgrudasse.
- Não para... É tão gostoso...
- Eu fico louco quando você me provoca desse jeito, ma petite...
Comecei a gemer com ele cada vez mais fundo dentro de mim e não me importei por estarmos na casa de amigos. Minha boca foi calada com um beijo quente que parecia engolir os meus lábios.
- Ah, Eric... - rompi o beijo e as reações gostosas começaram a surgir por entre as minhas pernas - Enfia... Enfia mais...
O gozo veio forte com a minha buceta pulsando no membro dele, que diminuiu o ritmo querendo prolongar o meu prazer. Não demorou muito e mesmo devagar, Eric se despejou dentro de mim e não saiu, pois sentiu o quanto eu estava quente e latejante.
Os beijos dele pelo meu rosto úmido eram uma prova do seu carinho por mim, mesmo lhe faltando ar após o sexo movido pelo ciúme. Por mais que nossas transas fossem por amor, era excitante demais vê-lo tomado pela raiva e provocação.
Amor, provocações, prazer. Uma combinação perigosa mas que me excitava demais quando o alvo era Eric Schneider.
Continua...
Nota da autora:
Fortes emoções não é mesmo, meus amigos(as)? Quem acha que Felipe Vilella será um bom delegado levanta a mão! Hahahaha.
O que será que existe de tão grave no pacto entre o dono da casa e o guarda-costas? Que comece a rodada de apostas!
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