Já estamos na quarta parte desta história. Uma história verídica, que parece ser comum e que pode acontecer com qualquer um de nós. Estão aqui os temas amizade, paixão, companheirismo, tesão, aprendizado, e também traição e sofrimento.
Como eu disse, a vida estava nos ensinando que sempre temos a aprender nas armadilhas da paixão e nas dores da traição. O tempo é um grande sábio e nos obriga a aprender do jeito mais cruel. Vivendo ou morrendo.
O tempo havia passado. Eu tinha progredido muito profissionalmente e estava trabalhando bastante com várias agências, fazendo ensaios, e começando a ser respeitado entre os profissionais da área. Melhorando os trabalhos, melhoravam as produções, melhoravam os cachês, melhoravam as modelos. E foi num dos trabalhos que eu conheci uma outra modelo iniciante, a Lara, novinha, moreninha clara, linda, perfeita, seios pequenos, firmes, um tipo pequeno mas com todas as curvas, pés delicados e sorriso encantador. Fiz umas fotos com ela, para uma agência, eu simpatizei demais com ela e começamos a sair. Desde a minha separação da Martha quase dois anos se passaram. Por um longo período eu tinha pego muita mulher, muitas modelos, havia feito sexo de tudo que era jeito e posição, mas eu não conseguia mais a mesma satisfação como tinha antes com a Martha. Nunca mais tive com nenhuma mulher orgasmos tão prazerosos e gratificantes. Eu gozava, mas não me satisfazia. Me tornara um sujeito mais fechado, confiava menos nas pessoas, e não me entregava mais a nenhuma relação, e mesmo no sexo casual eu me tornei um bom fodedor, mas não colocava mais o coração, como havia colocado antes. Isso fez com que eu adquirisse um controle do orgasmo, que me permitia fazer sexo por duas horas seguidas sem ejacular. Com isso, ganhei fama de grande fodedor, e muitas mulheres ficavam loucas para sair comigo. Eu tinha melhorado de vida, já morava num apartamento de dois quartos, num prédio mais elegante numa área nobre do Largo dos Leões, perto do Humaitá. Eu adorava ficar na minha sala, e olhando pela janela podia ver o Cristo Redentor. Ali era um lugar gostoso de namorar. A proximidade dos morros, tornava o clima mais ameno. E ao conhecer a Lara, estava tentando recuperar a capacidade de gostar de alguém, e ela estava também aprendendo aos poucos a ser uma grande amante. Eu tinha me fechado para aquele pesadelo do passado, mas ele ainda estava morando dentro de mim.
Acontece que a Martha, graças à sua beleza, e à sua coragem de enfrentar desafios, havia também se tornado uma modelo muito requisitada para a propaganda e muitas vezes eu me deparava com imagens dela em anúncios, revistas, cartazes, folhetos e campanhas. Ela parecia ficar mais bonita. E o tempo fizera uma coisa interessante comigo. Eu havia amadurecido, e perdera bastante dos antigos princípios que me guiavam antes. Estava mais sereno.
Uma vez, no lançamento de uma revista nova no mercado, muitos fotógrafos e modelos foram convidados, e foi inevitável me encontrar com o Sidney e a Graziany. Eles vieram me cumprimentar, no meio de outros convidados e por isso eu agi de forma atenciosa agradecendo e cumprimentando cordialmente. A festa estava muito animada, muita gente famosa. Mas não vi a Martha.
Num dado momento, quando as atenções estavam voltadas para um apresentador famoso da TV que estava falando, o Sidney e a Graziany chegaram perto e ele me pediu:
— Por favor, precisamos falar com você. Não nos negue isso. Gostaríamos de falar e esclarecer muita coisa. Você pode não ficar nosso amigo, mas pelo menos nos deixe falar. Pode ser?
Eu olhei para eles e ambos me olhavam nos olhos, não tinham atitudes de quem quer se aproveitar do momento. Eu disse:
— E por qual motivo eu daria essa chance a vocês? Já não fui enganado o suficiente?
Quem respondeu primeiro foi a Graziany:
— Porque nós entendemos que prejudicamos você e a Martha, e reconhecemos isso. Mas queríamos ter pelo menos a chance de nos desculpar e esclarecer melhor tudo o que houve.
Sidney emendou:
— Não dá para reparar os danos, mas podemos ao menos usar isso para estabelecer um ponto de esclarecimento sincero e aberto sobre tudo o que houve.
Eu estava inclinado a dar uma desculpa e não aceitar. Mesmo não gostando de fugir de situações desagradáveis, eu não queria voltar a reatar contato com eles. Mas a Graziany pareceu adivinhar o que eu pensava e sentia e falou:
— Não precisa ser nosso amigo se não quiser, não precisa nunca mais falar com a gente. O estrago foi feito. Mas pelo menos uma conversa, nós imploramos que você nos permita. Precisamos disso para desfazer esse nó que nos assombra.
Fiquei parado, pensando por uns cinco segundos. Então o Sidney falou:
— Todos erramos, mas é muito duro não ter a oportunidade de reconhecer e falar sobre o erro.
Finalmente, para não prolongar aquele papo num lugar impróprio eu concordei:
— OK. Vou ligar para marcar.
Sid falou:
— Amanhã é domingo. Farei um churrasquinho lá em casa de tarde. Venha tranquilo. Esperamos você.
— Desde que a Martha não esteja.
— Seremos só nós três. Precisamos de tranquilidade para falar.
Concordei. Eu deixaria a Lara em casa e iria lá falar com eles. E eles agradeceram e se afastaram. Eu fiquei na festa mais um pouco, mas só para marcar presença entre os convidados. Aquelas festas funcionavam também como um motor de relacionamento e acabava ajudando nos negócios. E eu estava sendo apresentado a diversos produtores. Saí mais cedo e fui para casa.
Na manhã de domingo fui buscar a Lara e fomos à praia. Ela como boa exibida adorava tomar banho de sol com seus biquínis mínimos para fazer as marquinhas mais sexy. E desfilava sua beleza sensual com sua bela tatoo na coxa e virilha pela praia para dar inveja a muitos que me olhavam admirados. Eu e ela tínhamos uma relação mais serena, ela era carinhosa e calma e eu tinha me tornado um homem mais tranquilo, sem os impulsos de antes. Mas a gente ainda fazia umas brincadeiras dentro da água do mar que eu sempre gostei. Namorávamos e eu metia nela ali dentro da água, por um bom tempo e ela sempre gozava me beijando, abraçada, com as pernas na minha cintura, e adorava fazer aquilo em público. Depois de ficarmos na praia das dez até às duas da tarde, fomos para meu apartamento, compramos no caminho um galeto com arroz e fritas para viagem e tomamos nosso banho gostoso, com direito a muito sexo oral nas preliminares. Eu dei banho nela com carinho e depois ela me ensaboou também. A Lara também adora chupar e ficou mamando no meu cacete uns vinte minutos. Eu não gozei, mas foi bom demais. Depois do banho levei-a para a cama e fizemos um 69 delicioso durante uns quinze minutos, chupei sua xoxotinha pequenina por um bom tempo, enfiando a língua na vagina, e sugando o grelinho, mas não deixei ela gozar. Por fim, ela muito tarada já, sentou na minha rola, cavalgando por uns seis minutos e tendo três orgasmos seguidos. Eu deixei para gozar bem no final, quando ela já implorava pelo meu gozo. Depois de uma sessão de sexo muito boa e intensa como aquela, tomamos outra ducha rápida e almoçamos. Deitamos para descansar e cochilamos por uma hora. Quando eu acordei era perto das dezoito horas e só então fui leva-la em sua casa. Ela sabia que eu teria uma reunião no início da noite sem hora para acabar. Lara não era ciumenta e nunca me cobrou nada. Sempre estava na paz. De lá eu segui direto para a casa do Sidney.
No trajeto eu tratei de enumerar alguns pontos que eu queria esclarecer.
1 - No dia em que fomos pela primeira vez na casa deles, a Graziany já planejou envolver a Martha, e pediu para ela perder a virgindade logo.
2 - Eu tinha sido o primeiro a sugerir da Martha fazer o ensaio, e defendera sempre que ela podia fazer com o Sidney.
3 - Mas ela tinha agido escondido, influenciada pela Graziany ao longo da semana e com isso na sexta-feira, véspera do ensaio, fora para se encontrar com a Grazi e o Sidney e não me revelou isso. O que eles queriam com aquilo?
4 - Eles sempre alegaram que nunca houve má intenção quando fizeram o que fizeram com a Martha, também no sábado do ensaio. Eu ficara convencido na noite em que nos esclarecemos e até chegamos a fazer sexo juntos, que eles agiram na melhor das intenções. Só que a Martha, sem me contar, tinha ido lá antes naquele dia e eles só revelaram aquilo por acaso, com uma fala da Graziany.
5 - Finalizando, a questão da colocação da Martha numa agência de programas. Era uma tremenda trairagem.
Com essa listagem eu achava que podia pelo menos sair com algumas respostas.
Cheguei na casa deles e a Graziany me abriu a porta e me levou pela casa até no pátio, que separava a varanda dos fundos da casa do galpão onde era o estúdio. Era ali, num gramado de uns quatro metros por quinze, onde ficava um jardim com algum paisagismo, que eles tinham uma pequena churrasqueira metálica e móvel. Logo que entrei já pude sentir o cheiro agradável da carne assando, e vi o Sidney de bermuda e sem camisa cuidando das carnes. Perto da churrasqueira havia uma mesa de tábuas corridas sobre dois cavaletes, onde eles deixaram pratos, talheres, travessas com uma salada de rúcula, outra com mandioca cozida, uma tigela com vinagrete, uma cesta de pães, e farofa. Graziany usava apenas uma saída de praia sobre o corpo e dava para ver através do tecido fino que ela estava nua por baixo. Era uma mulher atraente e gostosa. Havia ali perto um grupo de quatro caixotes bem pintados que serviam de tamboretes para nos assentarmos. Tudo rústico, mas funcional. Cumprimentei o Sidney normalmente e ele me indicou se queria cerveja, uísque ou sucos. Agradeci e me servi primeiro de um suco de caju. Me sentei num dos tamboretes e a Graziany se sentou em outro ao meu lado. Logo o Sidney trouxe uma travessa com algumas carnes já assadas para a gente petiscar. E para começar a quebrar o gelo o Sidney falou:
— Vi as suas fotos que estão sendo publicadas. Seu material está excelente. Você vai para as cabeças rapidinho. Já estão elogiando seu trabalho no nosso meio, que eu sei.
Agradeci, disse que fotografia também é oportunidade, e bons trabalhos ajudam a ter boas fotos. Aproveitei a deixa e disse:
— Vi as fotos da Martha que você fez! Estão belíssimas.
Sidney sorriu:
— Ali se ficar feio tem que parar de trabalhar. Ela está cada dia mais linda. E mais destrutiva. É isso que temos que conversar.
Ouvi aquilo e fiquei triste. Mas mantive o semblante normal tentando não me envolver. Fiquei em silêncio e tomei um gole de suco. A Graziany falou:
— Lee, a gente tentou muito falar com você, não conseguimos. Deixamos a coisa assentar. Mas sempre quisemos falar com você. Acho que você merece um esclarecimento de tudo.
Eu acenei com a cabeça. Achava que não era hora de eu falar, então continuei calado. Sidney então deixou a churrasqueira de lado um pouco e veio para mais perto. Ele falou:
— Tem coisas antigas que você talvez não saiba. Não sabemos direito o que a Martha contou, e nem como contou. E tem coisas recentes que queremos conversar com você pois são mais urgentes.
Eu decidi que ia deixar eles falarem primeiro:
— Tudo bem, por favor, podem começar.
Graziany tomou a frente:
— Os primeiros impulsos que resultaram em tudo o que aconteceu começaram comigo. Então vou explicar. No dia que vocês vieram no sábado, convencer a Martha a fazer o ensaio, eu notei três coisas muito depressa. O Sidney se encantou com a Martha, uma beleza sexy ao extremo. E ficou excitado ao ver que ela olhava para o pau dele que ficou duro. Você estava falando comigo e não viu. Ela ficou vidrada no pau do Sid. Bem, já falamos antes sobre isso, eu a chamei na cozinha para me ajudar a pegar sucos e copos e perguntei a ela na lata, se ela gostou do pau do meu marido. Ela me olhou com aquela cara de quem não sabe mentir e fez que sim. Então, eu disse que se ela viesse fazer o ensaio, devia primeiro perder a virgindade pois senão não poderia provar o Sidney. O Sidney não ia fazer o cabaço dela sendo sua namorada. Mas somos liberais, achávamos que você também era, e tudo estava liberado. Então, no sábado ela deu para você. Devia ter dado tudo, mas alguma coisa travou ela. Talvez inexperiência.
— Ela estava falando comigo e eu disse uma coisa errada, que ela tomou como ofensa. Aí ficou puta. Só depois que me contou que não ia dar o cu pra mim por vingança.
Sidney então falou algo que me surpreendeu:
— A Martha é bipolar. A gente não sabia. Tem essas coisas, muda do nada.
Fiquei olhando para ele pensando se deveria pedir que explicasse. A Graziany explicou:
— No domingo, dia seguinte que vocês estiveram aqui a primeira vez, a Martha me ligou, queria conversar sobre o ensaio. Para decidir. Eu fui muito clara, expliquei tudo para ela, como era, e ela me perguntou se podia ter sexo. Eu confirmei, e falei que era normal, se acontecesse. Aí eu percebi que ela estava tarada no pau do Sidney e falei que se ela quisesse matar a curiosidade de conhecer a rola do Sid eu deixava e até ajudava. Ela agradeceu e confirmou. Na minha cabeça, naquela altura não poderia imaginar que vocês não estivessem de acordo. Ela confessou que estava louca de tesão para dar para o Sid. Eu até falei para ela praticar bastante com você, pois a rola do Sid é grande e ela era uma iniciante. Jamais podia imaginar que vocês não estivessem bem cúmplices. A Martha ficou com isso na cabeça e na sexta-feira foi ao salão e quando terminou nos ligou e queria falar mais. Eu pedi que ela viesse aqui, e ela estava muito excitada. Notamos que ela queria era sexo, disse que tinha se masturbado várias vezes fantasiando transar com o Sid. E então, nós dois fizemos sexo com ela, para que ela pudesse relaxar e parar que ficar ansiosa. Fui eu quem primeiro fiquei, nos chupamos e meti nela com um caralho de silicone que eu tenho. Mas na altura a gente não notou que a Martha tinha uma compulsão sexual grave, que se desencadeou depois que ela perdeu a virgindade. E foi na sexta-feira, depois de transar comigo, e depois de dar para o Sidney, que ela disse que queria ser uma mulher completa. O Sidney chegou a perguntar porque não dava o cu para você, que era o namorado e ela disse que não daria o cu para você porque você ridicularizou a ela e a fez ser inferior às demais putas com quem você transou.
Ouvindo aquilo, eu exclamei:
— Meu deus! Como as pessoas distorcem as coisas!
Sidney voltou a falar:
— Pessoas normais podem não distorcer muito. Nós demoramos a entender o que se passava. A Martha não é uma pessoa normal. Ela é bipolar, e além disso tem outros problemas como essa compulsão pelo sexo.
Eu não estava entendendo:
— Pode explicar melhor. Que compulsão é essa?
Sidney fez um sinal de calma. Ele falou:
— Demoramos para saber das coisas. Quando você ficou bravo com ela de ter dado o cu para mim antes de você, ela ficou angustiada, deprimida, você levou-a para casa, e ela nos ligou aqui desesperada. A Grazi aconselhou a ela ir no seu apartamento e se esclarecer com você. Parece que ela foi, vocês tiveram uma conversa, mas ela saiu mais chateada pois entendeu que você a estava rejeitando. Ela se sentiu péssima. Foi o que nos disse.
A Graziany tomou a palavra:
— Muito bem, no dia seguinte ela estava aqui, de tarde. Muito abalada, disse que as coisas entre vocês estavam péssimas, e ela queria ajuda. Foi quando combinamos com ela que iríamos trazer você aqui, tentaríamos incluir você nas nossas relações, e com isso, havia uma forte chance de vocês se reunirem e se entenderem. Foi quando combinamos com ela de que nem tudo poderia ser dito, para não piorar o seu estado de tensão. Mas como sempre, ela estava querendo sexo, se ofereceu, pediu, e acabamos transando novamente. Naquela noite vocês deixaram a faculdade e vieram aqui. E nós fizemos o nosso papel. Queríamos ajudar. Aproveitamos para esclarecer a nossa posição de liberais, e que não fizemos nada por maldade, mas estávamos sendo envolvidos numa trama que poderia resultar em drama. Por sorte, aquela noite foi tudo bem. Exceto por uma questão. Eu queria que a Martha contasse que veio aqui na sexta-feira de tarde. Para nós era uma questão importante. Senão não estaríamos sendo transparentes com você. Não queríamos provocar nenhuma crise ou ruptura. Pelo contrário, adoramos vocês. Mas ela não disse, e então eu forcei a barra. E foi isso que desencadeou outra crise.
Nesse ponto da conversa eu tinha mais dúvidas ainda. E questionei:
— Vocês falam que a Martha é bipolar. Pode ser, não nego que ela é geniosa. Mas disseram que ela tem compulsão por sexo. Ela começara a ter sexo fazia pouco tempo.
Sidney interveio e falou:
— Espera. Repara nos indícios. Ela viu meu pau, ficou tarada e louca por ele. Só resolveu fazer o ensaio porque queria meu pau. Queria dar pra mim. Isso ficou claro. Ela não tinha perdido a virgindade, e de uma hora para outra teve que fazer, e mergulhou de cabeça. A partir desse ponto, ela fez tudo para vir aqui várias vezes. Ela precisava sexo. E como somos liberais e a Grazi colabora, ela adorou. Ela queria sexo comigo e com a Grazi. Mas não contava com a ruptura repentina com você ao confessar que deu o cu. Ela achava que ia deixar você mais tarado. Nos disse depois. Isso a desestruturou, e é mais uma prova de que ela é inteligente, mas muito compulsiva e contraditória.
Eu aproveitei para questionar:
— Mas e a agência G P Spot? E os trabalhos de puta? A Graziany mandou ela lá?
Graziany negou com a mão e com a cabeça:
— Nada disso. Ela soube por nós, aqui em conversas, que temos essa agência. Faz parte. É para não expor as modelos. Na verdade, quando você deixou ela em casa, na terça, e nós não tínhamos como dar atenção a ela, na terça-feira mesmo, ela inventou essa história de atender pela agência, falando que foi pegar executivos. Não daria tempo. Nós não colocamos iniciantes sem experiência nesse circuito. Depois que você rompeu com ela, em Ipanema, a Martha confessou que tinha mentido, e pediu para a gente não revelar o que tinha feito. Olha como ela pensou, e nos contou depois: Se você a tratasse bem, e mostrasse sentimento de dor, pelo que ela havia dito que fez, se demonstrasse que gostava dela e estava sofrendo, ela ia esclarecer. Mas como você ficou puto e a deixou em casa, ela despirocou de vez. E quando a questionamos sobre o que era verdade, ela contou que passou a tarde de terça e depois também de quarta-feira, rodando no shopping, como uma barata tonta, desnorteada, exausta, e desesperada com a situação. Aí, ela caiu em depressão, você não atendia o telefone, fomos duas vezes na sua casa e você não estava. Então resolvemos abrigar a Martha aqui em casa por um tempo. Foi o que a salvou porque a mãe estava revoltada com ela, de ter traído você. Veja o tamanho da confusão.
Eu olhava admirado para eles. Não sabia o que dizer. Arrisquei:
— Como vocês falam da compulsão sexual? Me expliquem melhor.
— Sidney disse:
— Amigo, a Martha ficou aqui em casa dois meses. Tinha quarto de hóspedes, mas dormia na nossa cama a maior parte do tempo. Ela compensava a saudade e a tristeza que sentia por ter perdido você, ficando com a gente, e nunca ficava sexualmente satisfeita. Queria sexo sem parar.
Ele fez uma pausa...
— Até que resolvemos promover uns trabalhos de anúncios com ela, que foram muito bem aceitos, e com isso, a carreira de modelo decolou como foguete. E parte do dinheiro, a gente pagou as consultas com um analista. Ela estava tão desesperada para ver se conseguia recuperar você que aceitou as condições e fez um ano de terapia. E foi só depois disso, graças à terapia, que nós soubemos que ela foi abusada pelo pai, molestada desde pequena. O pai abusava dela desde menina. A mãe não sabia e ainda não sabe.
Na mesma hora me lembrei de quando a Martha me contou que tinha fixação por pinto, e disse que olhava o pau do pai dela desde pequena. Senti um grande embrulho no estômago. Naquele momento eu realmente estava sem chão.
Exclamei:
— Não posso crer. Pior que ela já havia falado comigo algo sobre o pinto do pai dela.
Sidney falou:
— Faz sentido. Ela acordava de noite e vinha mamar no meu pau. Me acordava. E ela mama que é uma delícia. Mas nós percebemos que ela precisava de ajuda especializada. Ela não estava nada bem. Parou a faculdade e foi ficando isolada.
Eu ouvi estarrecido. Jamais poderia imaginar aquilo. Eu disse:
— Caramba. Não fazia ideia. Acabou que vocês salvaram a Martha de algo pior.
Sidney cortou:
— Não sei se salvamos. A Martha viveu com a gente um tempo. Depois, já ganhando dinheiro, foi dividir apartamento com uma outra modelo. A carreira dela como modelo vai bem, a Grazi cuida, e sempre guarda uma parte dos cachês como um fundo de aplicações, para uma emergência. Hoje a Martha tem trabalhos agendados e alguns contratos longos. Tem boa receita. Ela acabou namorando com essa outra modelo, as duas são bissexuais. Mas eu tenho receio que ela esteja usando alguma droga. Ela está bonita por fora, mas por dentro está se acabando. Não tem mais brilho no olhar.
Graziany falou:
— Ela não esqueceu de você. Não se perdoou por ter feito as cagadas. Acho que pelo menos se você falasse a ela que a perdoa, poderia ajudar.
Fiquei parado pensando por um instante, refletindo nas implicações daquilo. Resolvi dizer:
— Tenho que pensar nas consequências de um gesto como esse. Se soubesse que resolveria e parava por aqui eu certamente faria. Mas não sei que desdobramentos pode dar. Eu gosto muito da Martha, quero bem, mas foi traumático e consegui sobreviver a essa perda. Me reconstruí. Nunca me perdoei por ter empurrado ela para o ensaio, o maldito ensaio que começou tudo.
Também fiz uma pausa...
— Eu achava que vocês não agiram bem, nem comigo e nem com ela. Agora, ouvindo o que contaram, as coisas mudam um pouco. Preciso refletir. Me deixem pensar hoje, e amanhã falamos.
Sidney falou:
— Lee, temos o maior respeito e carinho por você. Também nos sentimos culpados. Mas nada foi feito de má fé. O importante agora é tentar ajudar a Martha. Ela vai afundar se a gente não agir, e pode acabar com a carreira. E beleza você sabe, não dura pra sempre.
Fiz que sim. Sidney correu para acudir umas carnes que estavam passando do ponto. A Graziany falou:
— Tenho certeza de que se você falar com a Martha ela consegue ganhar novo alento na vida. Acho que só precisa isso. A terapia ajudou muito, ela ficou mais madura. Menos porra louca. Mas, você sabe como é, uma cabeça fruto de trauma desse nível, é uma caixa de surpresas. A gente nunca poderia adivinhar.
Concordei. Disse que ia pensar com carinho. Tratei de pegar uns pedaços de carne e tentei mudar o assunto. Mas ficou um silêncio por alguns minutos e o Sidney falou:
— Olha, nós sabemos um lado da história que você não sabia. Convivemos com a Martha por meses. Já vai fazer quase dois anos. Até hoje ainda a vemos quando escalamos para fotos. Temos muito carinho por ela. É uma pessoa linda. Mas foi maculada por uma coisa horrível que ficou muito tempo ali reprimida dentro dela. Acho que ela jamais deixou de gostar de você e se você falar com ela, ao menos para restabelecer uma harmonia, levar paz para o coração dela, vai ajudar demais.
Fiz que sim, que entendia, mas não disse nada. Fiquei pensativo e aproveitei para comer um pouco. Os amigos respeitaram o meu silêncio. Passados uns cinco minutos eu tinha conseguido isolar o assunto, e estava ali apenas comendo o churrasco, evitando falar sobre a Martha. Eles respeitaram. Conversamos de amenidades, eu perguntei para a Graziany como funcionava a G P. Spot, e ela disse que só atendiam clientes recomendados por outros clientes. Se ligasse alguém só com o número do telefone, ela dizia que tinha que pedir a um cliente da casa fazer a apresentação. Assim, evitavam clandestinos e falsos clientes, golpistas e chantagistas. Explicou também que a agência era a salvação de muitas modelos que não tinham como sustentar a carreira e os estudos apenas com trabalhos eventuais. Através da agência, faturavam bem. Contou que não era qualquer modelo que era incluída na agência, tinha que saber trabalhar e respeitar um conjunto de regras e normas. Afinal, a clientela era seleta e exigente. E não poderia ser envolvida em escândalo. Sem que eu perguntasse ela respondeu:
— A Martha nunca fez parte da agência. Aquela história ela inventou. Acho que queria machucar ou testar você. Não sei. Mas ela se arrependeu.
Acabei agradecendo ao convite do churrasco, e disse que no dia seguinte eu confirmaria a minha decisão. Precisava mesmo pensar sobre aquilo e ver o que meu coração dizia. Me despedi dos amigos por volta de umas vinte e duas e trinta horas e fui para minha casa. Não era longe e não demorei muito. Estive pensando e não sabia qual decisão tomar.
Demorei bastante para dormir. Ficava pensando em tudo o que haviam contado. E naquela noite tive sonhos agitados.
Neles, eu transava com a Lara, e depois com a Martha, de forma alternada, numa mesma cama enorme coberta por uns lençóis de cetim cor de creme. Mas eu não sentia mais do que a excitação e no sonho o prazer nunca chegava.
Continua.
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