Capítulo 5
_ É um prazer, finalmente, te conhecer, Leandro._ "Abner" disse com um sorriso simpático, estendo a mão para cumprimentá-lo.
Correr e se trancar no quarto seria uma boa opção para que Leandro não precisasse lidar o constrangimento. Contudo, sabia que essa não era a atitude adequada a ser tomada por um adulto educado.
Devolveu o cumprimento fazendo o falso Abner sentir a frieza das suas mãos. A vergonha lhe queimava a cara e causava uma secura incomoda na garganta.
_ Eu sinto muito pela noite de natal. Não era a minha intenção causar algum transtorno ao senhores. Contudo, Júlio me disse que não haveria problema se eu o ligasse.
Leandro sentiu um leve enjôo. Estava tão envergonhado que os olhos lacrimejavam.
_ Eu que...que..._ a voz saia fraca._ Eu que peço desculpas pelo meu descontrole. Sinto muito. Muito mesmo.
_ Sem problemas! Vamos deixar no passado. O senhor está pálido! Está se sentindo bem? Não precisa se constranger com o que aconteceu.
_ Meu amor, eu pensei em te avisar do jantar que marquei com os meus clientes. Como você não estava em casa e nem respondia as minhas mensagens... não tive tempo. Foi uma reunião marcada de última hora. Graças ao anjo da Lorena, que providenciou tudo às pressas.
Á mesa, cada som dos talheres se tornaram uma tortura para Leandro. A tensão o impedia de tocar na comida. Enquanto todos conversaram sobre assustos profissionais, os quais Leandro era completamente ignorante, a sua mente estava a mil. Sentia vergonha pelo escândalo que armou ao telefone, pensava no quanto Júlio estaria chateado com ele. Tudo era turbulência em sua mente.
Dimitri! Lembrou do doce nome que o fez o sorrir e agora o faz gelar de medo! E se Júlio descobrisse? Afinal, ele ia exigir uma explicação pela sua ausência em casa.
"Será que Júlio chegou ontem?! Meu deus! O que vou dizer a ele?! Ah, socorro! Eu só queria desaparecer neste momento!"
A despedida do casal era uma incógnita para Leandro. Ele não sabia se ficava aliviado por não precisar mais olhar para "Abner", ou se temia os interrogatórios do marido.
_ Tá mais calmo, coração?_ Júlio perguntou o abraçando por trás e beijando o seu pescoço._ Agora posso ter novamente o meu maridinho dócil de volta e mandar a fera ciumenta para o raio que o parta?
Júlio o virou de frente para si e o abraçou.
_ Me desculpe não ter te avisado antes do jantar. Eu quis fazer uma surpresa.
Leandro ergueu a cabeça e fechou os olhos, sentindo os dedos de Júlio percorrer o seu rosto. Não tinha coragem de encara-lo. Temia que o seu olhar denunciasse a sua traição.
Sentiu os lábios beijados. Abriu a boca para receber a língua quente de Júlio.
_ Coração, eu te amo muito. Só você é dono do meu pau. Espero que isso fique bem claro.
Leandro sentiu a mão ser levada ao membro de Júlio, esfregava-a por cima da calça social._ Espero que eu também seja o único dono do seu delicioso corpinho._ Júlio advertiu beijando os ombros do companheiro.
Assustado, Leandro arregalou os olhos. Sentindo o medo gelar o seu corpo.
_ Por que você está dizendo isso? Está duvidando da minha fidelidade, Júlio_Leandro o olhava expressando estar ofendido. Contudo, a dissimulação não amenizava a sua tensão.
_ De jeito nenhum, coração! Eu jamais cogitaria isso de ti. Eu te conheço muito bem. Sei que é um anjo!
Júlio tocou com as duas mãos no pescoço de Leandro. Apertava-o levemente, deixando Leandro assustado.
_ Eu jamais duvidaria da sua honestidade, coração. Você é uma jóia rara... é único. E também não é o tipo de homem que gosta de aventuras perigosas. Eu sei que você tem amor a vida.
Júlio substituiu o aperto do pescoço por beijos.
_Só confesso que fiquei preocupado contigo. Cheguei em casa e não te encontrei, minha vida. Eu estava louco para te dar um beijinho. Aonde você estava, coração?
Leandro abaixou a cabeça quase chorando. Júlio ergueu a sua cabeça. Segurava a sua face e olhava de um jeito carinhoso.
_ Eu preciso de uma resposta, amor meu.
O coração batia a mil, os lábios tremiam e as lágrimas não suportaram ser contidas.
_ Eu vou ser sincero para você, Júlio.
_ Diga.
_ Eu estive com a Val. Eu estava arrasado pensando que você estava viajando com o seu amante. A Vanessa não estava em casa e eu me senti carente. Procurei a minha amiga e ela me convidou para passar o fim de semana no sítio dos pais dela. Aceitei... Eu sei que você não quer que tenho contato com a Val, mas eu precisava arejar a minha cabeça. Se quiser pode ligar para os pais dela e confirmar.
_ Mas de jeito nenhum! Eu confio nas palavras do meu maridinho. Não vou me prestar a essa papel ridículo._ Júlio o acariciou e sorriu._ Eu estava com tanta saudade! Agora é definitivo. Declarei férias para curtir o fim do ano com os meus dois grandes amores. Sou todinho seu, coração. Amanhã mesmo vou alugar um iate e vamos para Angra. Quero ter uma viagem romântica com o grande amor da minha vida.
'Agora vamos lá para o banheiro. O que mais preciso é foder gostoso contigo naquela banheira.'
....
As espumas cobriam os seus corpos nus. Sob as águas entregavam-se em beijos e carícias. Os gemidos de Leandro causavam lubricidade em Júlio. Devorava-o na mais alta velocidade das estocadas. Leandro as recebia de quatro, com as mãos apoiadas na beira da banheira e bumbum empinado movendo-se curtindo cada centímetro daquele membro o preencher, entrando fundo na sua intimidade, deixando-o vulnerável.
O gosto do beijo de Dimitri ainda estava em seus lábios. Lembrar do amante enquanto era comido pelo marido o deixava ainda excitado.
_ Eu quero gozar!
Júlio interrompeu o movimento e o olhou espantado.
_ Tá esperando o que pra me fazer gozar, caralho?! Mete logo nesse cu, enquanto me masturba, porra!_ Leandro ordenava ofegante, quase gemendo.
Júlio sorriu excitado. Deitou o peito nas costas de Leandro, virou o seu queixo para trás e o beijou, metendo com mais força.
Os quadris se chocavam na bunda de Leandro debaixo d'água, movendo-a. Tocou no pênis ereto do marido, tocando-o no mesmo que metia no seu ânus.
Libertino, Leandro gritou sem nenhum pudor quando gozou na mão do marido. Mordeu os lábios.
_ Huuuum! Que delícia! _ disse olhando para trás, deslizando a língua pelos lábios, deixando Júlio louco.
Empurrou Júlio com as costas, fazendo cair sentado. Leandro sentou em seu colo, encaixando-se em Júlio. Apoiou os braços nos ombros do advogado e sentava rebolando.
_ Isso, minha delícia! Engole essa piroca!
Leandro rebolava imaginando Dimitri naquela banheira com eles. O jovem estava posicionado próximo as suas costas, devorando o seu pescoço enquanto dava para o marido.
A imaginação era tão intensa que sentia as mãos de Dimitri tocar o seu peito. Sua boca foi invadida pelas línguas dos dois homens que o deixava louco.
Júlio metia batendo na sua bunda e apertava o seu queixo.
_ Você é tão gostoso, coração! Puta que pariu!
Libertou todo o gozo dentro de Leandro, beijava-lhe boca, sentindo-se orgulhoso por ser o único dono daquele delicioso corpo.
_ Papaiiiiii!
Leandro se admirou com a imagem da bela jovem correndo em sua direção com os pés descalços na grama bem aparada, usando uma saída de praia branca esvoaçante.
Sorrindo, Vanessa se atirou nos braços de Júlio. Ele a tomou nos braços com tanto carinho, girando-a.
Leandro sentiu o amor aquecer o seu coração. Não conseguia compreender como todo o sofrimento que Júlio o causava se dissipava diante das cenas afetivas. Um pingo de carinho era o suficiente para se iludir que a partir daquele momento, tudo seria diferente. Estava perdido num labirinto sem se dar conta da própria prisão.
Vanessa o olhou com carinho. Estava feliz por ver os pais de mãos dadas. Júlio já havia dito que esclareceu o mau entendido do cliente Abner. Não ver mais a tristeza em Leandro a tranquilizava.
Abraçou-o com tanta força, querendo proteger dos males do mundo.
_ Eu te amo tanto, pai! É tão bom te ver feliz!
_ Eu também te amo, minha filha._declarou Leandro acariciando o rosto da filha._ Quero saber se a mocinha se comportou na nossa ausência.
_ Lógico! O pai Júlio colocou o cão de guarda chamada Lorena na minha cola.
_ Coloquei sim. Não é confiável que um grupo de adolescentes sozinhos por muito tempo.
_ É um saco vocês não confiarem em mim, viu. A sorte é que a Lorena é muito maneira.
Vanessa não se incomodava que Lorena a vigiasse. A secretária sempre acobertava as façanhas da menina, ocultando os namoros e se Vanessa consumisse algum tipo de bebida alcoólica. Lorena desejava conquistar a confiança da menina, tornando a relação entre elas amigável.
_ Agora vamos parar com esse papo, que os empregados só estão esperando vocês chegarem para servir o almoço. Eu estou morrendo de fome.
Júlio fez sinal para que o caseiro se aproximasse e levasse as malas até o quarto do casal.
Como casaram-se num mês de dezembro, naquele ano Júlio decidiu que comemoraria os dez anos da união junto com a festa de réveillon, que seria na casa de Angra dos Reis.
O casal foi para a casa dois dias antes do evento. Além deles, havia Vanessa, os seus amigos, Lorena e alguns amigos do casal.
Leandro se dedicou os últimos dias do ano para recepcionar os amigos e cuidar da festa.
Com o coração apertado, ignorou todas as ligações de Dimitri. Ainda pensava no jovem com carinho. Lamentava pelo fim daquela noite, que agora se tornou uma doce lembrança. O que o consolava era que a sua pele era testemunha do delicioso toque do rapaz.
Desejava muito revê-lo, ouvir aquela voz doce, sentir novamente o gosto do alvo do seu desejo. Contudo, reprimia-se dizendo a si mesmo que acabou! Foi tudo um sonho. Era com a sua família que deveria estar. Ele não tinha o direito de tirar a paz do seu lar por causa de uma aventura.
Quando o nome de Dimitri aparecia no seu celular, sentia que o coração sairia pela boca. A vontade era atender para ouvir um pouco daquela voz que deixava as suas pernas bambas. O seu dedo foi em direção ao botão verde. Porém desviou para o vermelho.
Bloqueou o jovem com dó no coração. Mas achou necessário não arrastar um jovem para uma armadilha perigosa. Ele é um homem casado! E Júlio poderia agir muito mal se soubesse. Era melhor trancar aquela maravilhosa lembrança nas profundezas do seu coração.
Mais uma vez o celular toca, desta vez era Valéria.
_ Veado, você não vai acreditar! Sabe quem apareceu aqui na empresa a sua procura?
Leandro gelou, temendo ouvir a resposta.
_ Dimitri, o gato delícia da festa.
_ Como assim, Val?! Como ele descobriu o endereço da sua empresa? O que você disse a ele?_ Leandro perguntou aflito. Tinha que medo que a busca de Dimitri o levasse até a sua casa.
_ Eu não disse nada porque não estive com ele. Ele esteve aqui quando eu não estava e um funcionário me disse que um gato veio aqui a minha procura e perguntou pelo meu amigo Guilherme Sobral. Amigo, ele tá gamado na tua! Veio até te procurar!
_ Não! Eu não posso mais vê-lo. Eu o bloqueie do celular. Não posso!
_ Por que não? O cara é delicinha como você mesmo disse.
Leandro explicou toda a situação com Júlio.
_ Puta que pariu, Leandro! Tu é uma bicha burra mesmo! Porra! Como tu foi cair nessa armação do Júlio?! É óbvio que isso é mentira! Com certeza ele pagou alguém para fingir que esse tal de Abner! Boceta! Vai ser idiota assim na casa do caralho!
_ Eu não sou idiota! O homem esteve na minha casa com a esposa. Eles conversaram sobre negócios na minha frente!
_ E você burra como sempre se abriu toda pro Júlio e agora está vivendo um sonho encantado da família de comercial de margarina. Ooooh, que coisa fofa! Leandro, pelo amor de Deus! Sabe o que vai acontecer? Essa fase de Júlio bom marido vai acabar em poucos dias e você vai sofrer em dobro: pelo que ele vai aprontar e pela frustração de seu contos de fadas ter sido uma farsa.
'Quer saber de uma coisa? Meu nome é Valeria Lopes e não Maria derrotada. Eu vou investigar afundo e vou desmascarar essa farsa do Júlio. Ainda vou esfregar esse tal de Abner na sua cara. Escute o que estou te dizendo.'
_ Val, esquece essa história. Tá tudo indo muito bem. Não quero estragar as coisas.
_ Então, vá tomar no cu, bicha burra!
_ Valeria!
_ É isso mesmo. Eu não sou Luka, mas quando Júlio aprontar contigo eu vou estar "Nem aí, não vem falar dos seus problemas, que eu não vou ouvir."
Valéria encerrou a ligação irada. Jogou o celular no sofá e acendeu um cigarro.
_ Se Júlio pensa que vai se dar bem nessa ele tá muito enganado... Sorayaaaaa! Soraya!
A empregada entrou correndo na sala, limpando as mãos no avental.
_ Que gritaria é essa, mulher? Alguém morreu?
_ Ainda não. Me faz um favor? Ligue para o Ivan Matarazzo e diga a ele que não vou mais passar a noite de réveillon em sua casa. Se eu ligar, vou ter que inventar uma desculpa e eu tô puta demais para mentir.
_ Uh, é! Mas você tava tão empolgada para ir na festa desse tal de Ivan! Mudou de ideia?
_ Mudei. Eu vou pra Angra.
_ Mas o Júlio não te quer na casa dele, mulher!
_ Por isso mesmo que eu vou! Quero irritar a praga._ Valeria disse tragando o cigarro.
_ Mas se não te deixarem entrar?
_ Eu entro onde eu quiser. Vou entrar linda e maravilhosa com o meu vestido prata brilhante. Vou comer canapés e tomar champanhe. Júlio é metido demais para fazer um escândalo na frente dos convidados. Ele vai aturar a minha presente morrendo de ódio e com aquele irritante sorriso de cobra, fingindo que tá tudo bem.
_ Você não é mole.
_Eu não sou pau de brocha para ser mole, Soraya. Agora ligue logo para o Ivan.
Soraya foi andando.
_ Ei, Soraya! Diga ao Ivan que vou usar o helicóptero dele para chegar em Angra.
....
_ Leo!
Leandro se assustou ao sentir o toque de uma mão feminina em seu ombro. Estava sentado na beira da piscina lendo um livro, enquanto os seus pés tocavam na água.
_ Que susto, Lorena!
_ Desculpe! Eu não queria te assustar.
Lorena não era uma simples funcionária do seu marido, era uma amiga da família. Algumas vezes, visitava a sua casa e saía com o casal. Era muito querida por Vanessa e muito elogiada pelo seu pai, para o desagrado da sua mãe.
_ Eu vou dar uma voltinha na cidade para arejar a cabeça e comprar algumas lembrancinhas para a minha família. Você quer algumas coisa de lá?
_ Não, querida. Obrigado.
_ Ok, então. Daqui a pouco, estarei de volta. Tchau._ ela se despediu dando um beijo na bochecha de Leandro.
_ Tchau, meu bem. Tenha um bom passeio.
_ Obrigada.
Lorena estacionou o carro próximo a uma praia. Sentou numa mesa de um quiosque e pediu uma água de coco. Ligou para Abner numa chamada de vídeo.
Do outro lado da tela, ele atendeu zangado.
_ Até que enfim me ligou.
_ Eu tive que vir á cidade para fazer isso. Não podia dar bandeira na casa. Já pensou se o Júlio ou alguém da família ouvisse a nossa conversa?
_ Eu não ligaria a minina. Já tô farto de toda essa porra! Júlio sumiu desde o natal. Me ignora completamente. Não me liga, não atende as minhas ligações. Me trata como se eu não existisse.
_ O que você queria depois do episódio do natal? Abner, você já foi tão esperto. Sempre usou a sua beleza a seu favor. Quando fazia programa deixava a clientela louca e comia dinheiro dos otários e das otárias.
'Quando eu te apresentei ao Júlio era para ser uma relação profissional, a qual você poderia lucrar muito oferecendo os seus serviços de michê, mas foi burro de se apaixonar pelo cliente. E logo o Júlio, o cara mais filho da puta que conheço.'
_ Eu sei que fui burro. Mas no coração não se manda. Eu sei que Júlio também me ama. Só tá preso a um relacionamento abusivo com o manipulador do vagabundo do Leandro.
Lorena gargalhou.
_ Tá rindo de quê?
_ Da sua burrice._ Lorena segurou a barriga para rir mais._ Meu amor, acorda. Júlio não te ama e nunca te amou. Deixa eu te contar uma coisinha. Esses dias, Júlio me pediu para procurar uma agência de atores amadores. Um casal esteve lá no escritório e teve uma reunião a sete chaves com ele. Agora fiquei sabendo pela Vanessa que o Júlio apresentou o seu cliente Abner e a sua esposa ao Leandro e que o casal está em clima de lua de mel.
_ O quê?!
_ É isso mesmo, bebê. Júlio se deu o trabalho de contratar um casal de atores, deu um jantar em sua casa só para enganar o marido e convencê-lo de que é um homem fiel. O Leandro é até bonzinho...eu até simpatizo com ele, mas é burro de dar dó. Muito burrinho mesmo. Caiu feito um patinho.
"Agora me diz uma coisa, Abner, se Júlio te amasse de verdade, como ele diz, e achasse um inferno viver com o marido ele teria armado todo esse teatro? Ah, e sem contar que nessa madrugada a coisa pegou fogo entre eles. Do meu quarto eu ouvi os gemidos."
_ Puta que pariu! Desgraçado! Ele me disse que não transa com o Leandro há anos!
_ Ah, transa, meu bem. Eles fodem e muito.
Abner penetrava os dedos entre os cabelos. Bufava de ódio.
_ Isso não vai ficar assim... não vai. O Júlio me paga.
_ Veja lá o que você vai fazer, Abner! O Júlio não é paspalho. Eu sei que ele é capaz de tantas coisas para se dar bem.
_ E eu não sou idiota. Eu vou aparecer nesta festa.
_ Ficou maluco?!
_ Eu vou aparecer aí e vou acabar com essa palhaçada. Vou me apresentar para a songa monga do Leandro.
_ Abner pelo amor de deus!
_ Você duvida? Eu sei o endereço dessa casa. O Júlio já me levou aí e fodemos a noite inteira na cama da songa monga. Ele vai ficar sabendo disso.
_ Você não pode fazer isso? Esqueceu que dependemos do Júlio?! Tanto eu quanto a sua mãe e meu pai trabalhamos para ele.
_ Foda-se! Emprego se arruma outro. Eu sei qual é o buffet que Júlio sempre contrata para as festas. Eu como a dona às vezes, fui eu quem indicou o buffet a ele. Ela é gamada na minha. Não vai me negar trabalho.
_ Abner, por favor, não seja louco!
_ O Júlio vai ver que se meteu com o cara
errado. Eu não sou otário como o maridinho dele.
....
Naquela noite de réveillon ouvia-se, músicas vindo do jardim da família Medeiros. Uma banda foi contratada junto com um DJ para se encarregarem das músicas tocadas na festa. Homens e mulheres dançavam e se esbaldavam nas bebidas e comidas fartas servidas por garçons vestidos com calças pretas, paletós brancos e gravatas borboletas.
Carros e ônibus transportavam os convidados, que traziam inúmeros presentes para o casal.
Angela e Genaro bajulavam Júlio como sempre faziam, felizes por mais um ano desfrutarem das regalias oferecidas pelo genro.
Valéria entrou altiva, em cima dos Scapins e trajando o longo vestido de paetês prateado_ Vagabunda! Como ela ousa a pisar aqui?_ foi o que Vanessa perguntou ao pôr os olhos raivosos sobre a inimiga.
Júlio a abraçou e beijou o seu rosto.
_ Ela havia sido convidada antes da confusão. Só não imaginei que teria a cara de pau de vir.
_ Peça para os seguranças a pôr para fora, papai!
_ Não, meu bem. Valéria conhece todos os nossos convidados, com certeza faria um escândalo.
_ Foda-se! Ela veio para nos afrontar!
_ Minha querida, você precisa aprender a lidar com as pessoas. Não devemos demonstrar fraqueza para os inimigos. E perder a calma é um tipo de fraqueza. Já parou para pensar o quão emocionante é sentir ódio e o odiado não fazer ideia disso? Dar um certo poder.
_ Você quer que eu finja que a presença dessa piranha não me afete? Ah, pai eu não tenho sangue de barata.
_ Você é uma rainha. E nunca deve abaixar a cabeça para a coroa não cair. Ignore Valéria. Demonstre felicidade. É uma forma de não dar o braço a torcer.
_ Tá bom. Você tem razão, pai.
_ Isso aí, meu bem. Eu tenho tanto orgulho de você._ disse Júlio, dando um beijo no rosto da filha.
"Eu não disse que viria? Já estou aqui." Lorena se arrepiou dos pés a cabeça ao ler a mensagem de Abner.
"Louco! Você é mesmo louco! Onde está?"
"Tô na cozinha"
"Eu tô indo para aí."
Lorena chegou na cozinha o mais depressa que pode. Viu o amigo parado em frente a mesa, arrumando canapés numa bandeja.
_ Abner, pare com isso!_ Lorena Exclamou, segurando em seu braço.
_ Eu já cheguei até aqui e vou até o fim. Agora me diga quem é Leandro.
_ Claro que não!_ sussurrou Lorena._ Abner, não saia desta cozinha. Ainda há tempo de não fazer besteiras. A família está entretida repcionando os convidados. Ninguém vai saber que você está aqui se ficar na cozinha.
_ Eu vim para ser visto. Ou você me diz quem é Leandro, ou pergunto a cada um dos convidados.
_ Abner, pelo amor de deus! Hoje é aniversário de casamento do cara. Pega leve!
_ Júlio tratou os meus sentimentos como capacho, me usou de uma forma baixa, não vou deixar que siga feliz com o maridinho depois de tudo que me fez. Agora me diga logo quem é Leandro.
_ Ele está no quarto. Está se aprontando. Eu tô no olho da rua._ Lorena lamentou entre lágrimas.
_ Perfeito._ Abner disse arqueando a sobrancelha, num sorriso perverso.
Saiu da cozinha indo para a sala. Caminhava em direção às escadas na ânsia de, finalmente, estar cara a cara com o rival.
Rubens passava pela sala, voltando do banheiro. Quando os seus olhos visualizaram o cozinheiro ficou pálido com o espanto.
Correu até o jardim em busca de Júlio. Encontrou-o próximo de uns amigos. E foi depressa em sua direção.
_ Júlio, homem de Deus! Venha comigo para evitar uma tragédia._ disse ofegante, puxando-o para longe dos convidados.
_ O que está acontecendo?
_ Você vai cair pra trás quando eu te disser quem está aí. Abner! Abner!
_ O quê?!
_ Sim. Abner, tão belo quanto demoníaco. Ele está indo para o quarto, onde está o Leandro.
_ Puta que pariu!
Dispensando qualquer cerimônia das boas aparências, Júlio correu até o quarto sem importar com os olhares curiosos.
Abner bateu na porta sentindo ódio. Tinha tantas coisas para dizer ao rival. Contaria em detalhes a noite de sexo que teve com Júlio naquele quarto, como se conheceram e tudo o que Júlio dizia sobre o marido histérico. Saborearia com prazer o sofrimento do rival, que tinha a petulância de ter para si o homem que ele amava.
_ Entre._ Leandro respondeu pensando se tratar de um parente ou amigo.
Abner abriu a porta, dando passos curtos. Enchendo-se de arrogância. Leandro estava de costas, escolhendo uma das gravatas das inúmeras que estavam sobre a cama.
_ Boa noite, Leandro._ Abner cumprimentou com um tom de deboche.
Leandro sentiu o coração bater em disparada ao ouvir aquela voz familiar. Olhou para trás num rompante.
Ambos chocaram-se, atônitos.
_ Dimitri!
Júlio entrou no quarto como um jato. Olhava ofegante para o amante e o marido, que se olhavam paralisados.