— Isso vai. Mete! Acaba com o meu rabo. — pediu um cliente gordinho, que estava na posição de frango assado, a minha favorita.
Eu mantenho contato visual, pois adoro a expressão de dor no rosto dele. Suas pernas pesam sobre o meu peitoral, mas eu mantenho a velocidade das estocadas. As nossas peles se encontram e produzem um barulho engraçado, mas me mantenho focado em seu rosto.
O cliente se chama Fernando, ele usa uma aliança de noivado, provavelmente, deve ser um macho em casa, mas na cama comigo geme como uma putinha. Ele é todo peludinho, só que depila as partes baixas, quase não senti nenhum pelo em sua bunda.
Enquanto fodo o seu cú, aperto o seu queixo com a mão direita. O safado aproveita para chupar o meu dedo indicador, então, passo a meter o dedo na sua boca na velocidade das estocadas.
— Era isso que você queria, putinho? — perguntei.
— Isso. Enfia forte. — ele suplicou.
Segurei as suas pernas com as mãos. Em seguida, tirei todo o meu pau e deixei apenas a cabecinha. O cliente estava delirando de prazer. Com violência soquei o pau de uma única vez e arranquei um gemido dele. Repeti a façanha mais cinco vezes.
Como ainda era cedo. Deixei o cliente escolher onde receberia o leite. "Na boca", ele pediu com urgência. Fiquei de pé na cama, algumas gotas de suor caíam no lençol branco com a logomarca do motel. Com uma das mãos segurava a cabeça do Fernando e, com a outra, fazia movimentos de masturbação.
Um grito anunciou o orgasmo. Alguns jatos espirraram e caíram dentro da boca dele. Eu não consigo entender essa tara. Já provei o meu esperta e, particularmente, detestei o sabor. Segundo a Izzy, quando comemos abacaxi o sabor da gala fica mais doce. O que não era o caso, pois comi um frango grelhado no almoço.
— Caralho. Você foi top. — falei ofegante e descendo da cama.
— Eu? Cara, você destruiu o meu cú. — ele apontou para a camisinha que estava com sangue.
— Putz, desculpa. — pedi dando uma risada abafada e indo em direção ao banheiro.
Tomei uma ducha. Deixei a água relaxar os meus músculos. O Fernando entrou no chuveiro e eu deixei. Sou assim, sou levado pelo fluxo. Gentilmente, ele pegou o sabonete do motel e começou a passar nas minhas costas. Fechei os olhos e apenas deixei.
Eu não sou um cara com grandes ambições. Nem de luxar eu gosto. Tanto que todos os meses, eu consigo guardar mais dinheiro do que a Izzy. O meu sonho é comprar uma casa com a porcaria de um quintal enorme para fazer os meus churrascos sossegados.
O Fernando me deixou perto de casa. Lembrei que não havia comida em casa e passei no supermercado para comprar o básico. Devido a essa vida corrida, a Izzy e eu, não temos tempo de fazer refeições em casa.
— Puta que pariu. — soltei, assustando uma senhora, mas ela compreendeu a minha frustração ao ver a peça de carne que eu segurava.
— Essa porra está cara desde o início do ano. — ela informou me tirando um riso de alivio.
R$ 50 em um quilo de picanha. Cinquenta porra de reais! Essa vaca foi alimentada com leite ninho? Que merda. Acabei comprando um kg de peito de frango, mais confortável no meu orçamento.
Ao retornar para casa, parei em uma banca de jornal e quase tenho um troço. A Izzy e eu, na capa de "Carnaval do Bacanal", em um daqueles DVD's que, geralmente, vendem nas bancas.
Na foto, eu usava apenas uma cueca com o meu pau marcando o tecido e uma máscara de pierrot. Já a Izzy utilizava uma fantasia baseada nos contos das "Mil e Uma Noites". Comprei o DVD para dar uma moral ao nosso trabalho duro, e bote duro.
Voltei ao meu apartamento e um cheiro magnífico invadiu o meu nariz. Ao entrar, encontrei o Miguel na cozinha preparando o jantar. Coloquei as compras em cima da mesa e ele deu um sorriso que lhe causou dor, pois sua boca continuava machucada.
— Onde conseguiu tudo isso? — perguntei tirando o casaco e deixando sobre a cadeira.
— Ah, na confusão de ontem, o meu tio acabou quebrando o meu celular. Eu comprei um novo em uma loja aqui perto. Então, baixei o aplicativo do supermercado e fiz as compras. — ele explicou, como se fosse a coisa mais simples do mundo.
— Não é perigoso usar o seu cartão de crédito? — perguntei, tirando as compras da sacola e organizando em uma fila indiana.
— Eu tenho um cartão de crédito pré-pago, usado apenas em emergências. Não se preocupe. — Miguel contou, mas, dessa vez, está de costas para mim mexendo uma panela.
— O que você está fazendo?
— Risoto de camarão. Uma receita fácil. A tua namorada vem jantar? Ou está ocupada na gravação do comercial?
— Ela já está vindo. Acho que vai adorar o risoto. Ah, ela não é minha namorada. É minha irmã. — expliquei, me arrependendo logo em seguida, porque não devo satisfação da minha vida para ninguém.
Após acertar o sal, Miguel desligou o fogo, andou até mim e me deu um maço de dinheiro. Sério, nunca vi tanto dinheiro na minha vida. Em seguida, ele colocou outro maço, mas, não era para mim, infelizmente, era para Izzy.
— C-A-R-A-L-H-O. — soltei fazendo o Miguel sorrir e expressar um pouco de dor. — Cara, isso é muito dinheiro.
— Dois mil para cada. Espero que ajude nas despesas. Eu não sei quanto tempo vou ficar aqui, Stef. Eu prometo uma recompensa maior assim que o problema for solucionado. — disse Miguel sentando de frente para mim.
— Mano do céu. Você pode morar conosco se quiser. Que porra, eu já te considero pra cacete. — um sorriso enorme se formou na minha boca. — Ei, vou só tomar um banho. É o tempo que a Izzy chega e nós jantamos.
— Tudo bem.
Em casa, uso um sabonete especial. Um ex-cliente médico que me indicou. O sabonete antisséptico é usado em hospitais para remover bactérias, de uma maneira bizarra, eu me sentia mais protegido.
Coloquei um pijama e deixei o celular carregando no quarto. Antes de sair, dei um tapa no visual. Ao andar para a sala, comecei a ouvir gemidos e gritos. O meu coração acelerou, mas a cena que vi foi pior do que tudo.
O coitado do Miguel sentado no sofá. Com o único olho bom arregalado, enquanto a Izzy mostrava o nosso DVD para ele. A cena em questão era a minha, enquanto transava com um outro homem. Eu não sei o que deu em mim. Em um ato desesperado, peguei o controle e desliguei a TV.
— Ei! — exclamou Izzy. — Estava chegando na melhor parte.
— Não é necessário expor nossa intimidade para um desconhecido. — briguei com a Izzy, querendo jogá-la do 14º andar.
— Para, Anjo Caído. Uma hora ou outra, o Boy Zumbi ia descobrir que somos da noite. — ela ponderou, dizendo que a verdade sempre prevalece.
— Vai se foder, Satanás. O garoto vai ficar assustado. — eu justifiquei, querendo minimizar o impacto dessa informação.
Depois do showzinho da Izzy. Decidimos abrir o jogo para o Miguel. Ele ficou com uma expressão de cú durante toda a explicação. O olho dele me observava, mas não me sentia julgado. Talvez, o fato de sermos GP's não influenciasse em nada seu plano. A minha atenção volta para o frio que invade a sala. Todo mês de junho é assim , não consigo superar essa friaca maldita.
Vou até a janela e a fecho com ignorância. Não sei se é o estresse pelo frio ou o mico que paguei na frente do Miguel. Vou para a cozinha e como uma maçã enquanto disfarço o meu mau humor. De longe, escuto as risadas deles, aparentemente, Izzy tirou de letra sua revelação como "Garota de Programa" e divertiu o nosso novo colega de apartamento.
Eu nunca liguei para isso, no caso, a minha vida de GP. Porém, não é um motivo de orgulho, tipo, sempre vão existir os filhos da putas que se sentem superiores. E se o Miguel for um deles? Acendi o primeiro cigarro da noite e fumei na área de serviço. A Izzy gritou pelo meu nome, apaguei o cigarro no azulejo branco e segui em direção a eles.
— Cacete! — exclamou Izzy ao receber sua parte do dinheiro do Miguel. — Gente, eu vou comprar várias laces diferentes.
— Se controla, Izzy. — pedi, sabendo do vício dela por compras.
— Querido, Stef. Dinheiro foi feito para gastar. — ela afirmou, contando as notas de R$ 100. — Garoto Zumbi, você pode ficar o tempo que precisar, mas só tem um problema. Como eu fiquei com o menor quarto, você vai ter que dormir com o Anjo Caído. — explicou, olhando para o dinheiro.
— Sem problema, eu durmo no chão. Só preciso me recuperar para colocar o meu plano em ação. — contou Miguel, sentando a mesa e servindo um prato. —Vamos comer?
Caralho! Que delícia. Tenho certeza que estou dando muito na cara. Foca, Stefano. Foca. Você precisa manter a pose de macho alfa. Só que eu não consigo evitar. Esse risoto é do sr. caralho. O Miguel deu um toque especial com raspas de laranja e alho-poró.
Repeti quatro vezes. Foda-se. Estava gostoso mesmo. Geralmente, nós pedimos delivery, na maior parte dos dias, comida fit. A Izzy inventou uma dieta da cor, ou seja, comer alimentos de uma única cor durante o dia. Confesso, que pulei alguns dias, mas ela sempre me policia.
Após o jantar delicioso, a Izzy fez os curativos de Miguel, enquanto eu lavava as louças. Além de escolher esse apartamento por estar localizado no bairro do "Sai de Baixo", eu o peguei, também, por causa da janela de frente a pia. Se tem uma coisa que me relaxa para cacete é lavar louça. Você pode jogar 1000 pratos na minha frente, eu lavarei com um sorriso na boca.
À noite, do alto, a cidade de São Paulo nem parece tão assustadora. Pequenas luzes, dos prédios e carros, iluminam a escuridão. É quase uma terapia, lavar louça, olhar para essa paisagem. De alguma maneira, ela me traz paz, esqueço de todos os problemas.
Deixei a panela do risoto por último. Usei um spray que remove qualquer tipo de sujeira, um achado do mercado que fica na rua de casa. Para garantir, comprei uns quatro frascos. Terminei de levar as louças e enxuguei a pia. Um puto dono de casa. #vaisefoderanamariabraga.
Sabe como é ficar preso em uma porra de pesadelo? Ao retornar para a sala, encontrei a Izzy mostrando suas cenas no pornô para o Miguel. Ela baixou o volume, pois o seu gemido ecoou pelo apartamento todo.
Na cena em questão, a Izzy fazia uma dupla penetração com o Troy Molicardo e o Herlan Queiroz, dois atores conhecidos pelos seus paus enormes. O Miguel continuava com a mesma cara de cú, agora eu não sabia porque era devido ao vídeo ou por seu rosto estar inchado.
Tá, vou ser mais visual para vocês. Lembram do Fofão? Aquele personagem famoso na década de 80. Pois bem, o Miguel parecia uma versão trash do Fofão, tipo, o Fofão da Carreta Furacão. Espero nunca apanhar desse jeito, afinal, eu trabalho com o meu rostinho, ok, 50% o rosto e o outros 50% com o pau.
— E não doeu? — perguntou Miguel, parecendo não estar chocado com a cena de Izzy engolindo dois paus com o cú.
— Garoto Zumbi. — soltou Izzy respirando fundo. — É uma preparação danada. Eu treinei bastante com dois dildos, afinal, o anus é um músculo, por isso, o treinamento é necessário. Além disso, cuidei da alimentação e, claro, litros de lubrificante.
— Entendi. Bem educativo. Mas, não rola uma troca com os atores, tipo, antes da cena?
— Depende muito. Eu já trabalhei com os dois em outros filmes. A gravação foi rápida. Porque você não viu o primeiro filme do Stefano...
— Vai se foder, Izzy! — esbravejei, levantando e puxando o Miguel pela mão. Na verdade, sei porque tomei uma atitude tão drástica.
O levei para o quarto e fechei a porta. Um silêncio constrangedor se instaurou ali. O Miguel ficou parado, de costas para a porta, acho que esperando algum tipo de conversa.
— Às vezes, ela é um puta pé no saco. — soltei dando uma risada sem graça.
— Entendi. — ele falou, sentando de forma confortável na cama e tirando o celular do bolso.
— Ei, essas roupas são novas? — perguntei, reparando em seu moletom cinza e na bermuda sarja cor de cáqui.
— Stefano. — Miguel tirou o único olho bom do celular e me fitou, a luz do aparelho fez o seu rosto ficar com uma expressão pavorosa. — Ficamos conversando e jantando por quase duas horas. Você não reparou nas minhas roupas? — ele respondeu com outra pergunta, algo que costuma me irritar.
— O risoto estava muito bom. — foi a única coisa que consegui pensar.
— Eu sei. Fiz quatro anos de gastronomia na França. Só que a família possuía outros planos para mim. — ele contou. Como se fosse a coisa mais normal do universo estudar na França. — Ah, lembra do meu amigo William? Aparentemente, ele descobriu alguma coisa sobre o meu tio, porém, achou melhor contar pessoalmente.
—Ele mora nos States, né?
— Sim. Ele está resolvendo uns problemas pessoais, mas assim que tiver uma oportunidade o Will vem ao Brasil.
De repente, o meu celular começou a tocar. Olhei para o visor e o nome escrito era: Hugo. Nem me dei o trabalho de atender. Decidi que ia folgar naquela semana.
— Cliente? — quis saber Miguel, sem tirar os olhos da tela do celular.
— Limites, caralho. — soltei de forma automática, ficando vermelho e colocando o aparelho no bolso.
— Limites? Acabei de te assistir comendo uma pessoa. Acho que isso não é algo que existe entre nós. — Miguel comentou, tentando rir sem sucesso, o que me deixou feliz.
— Nada na vida é perfeito. E, sim, era um cliente, mas hoje estou de férias. Ganhei a porra de dois mil reais. Eu só quero descansar. — afirmei me jogando na cama e olhando para o teto de gesso. — Não te incomoda? — queria saber a visão dele da minha profissão
— O quê?
— O fato de eu ser GP?
— Ninguém é perfeito. — ele respondeu, finalmente, conseguindo abrir um sorriso. — Eu, por exemplo, sou virgem.
— Meu ovo! — exclamei, virando na direção dele com uma cara de cú.
— Sério. Sei lá, passei tantos anos tentando me moldar ao que meus pais desejavam. O sexo foi ficando em último plano. Fora que sempre havia um segurança a tiracolo. — contou Miguel, lembrando mais uma vez que ninguém é perfeito.
— Puritano. — brinquei dando um soquinho no joelho dele.
— Puto. — ele retrucou.
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