Na noite de São Paulo, uso um nome fictício, inclusive, até a idade eu costumo mentir. Por alguma razão, os clientes preferem os mais novinhos. Tenho 25 anos, mas consigo passar tranquilamente por alguém de 20. A mentira faz parte da rotina de GP, afinal, até os sentimentos que projeto nos meus clientes são ilusões.
Frio do caralho! O corpo treme devido aos 10 graus que marcam nos termômetros. Sopro ar quente em minhas mãos para espantar o maldito frio. Todo ano, penso em folgar nos meses de inverno, porém, não é uma opção viável, uma vez que as contas não param de chegar no fim do mês.
A Izzy me pede para usar aplicativos, mas, dessa forma, posso pegar um cliente estranho. E não preciso de mais confusão na minha vida. Na rua, tenho o tempo necessário para analisar a pessoa, então, posso fugir ou barganhar um preço melhor.
Uma buzina chama a minha atenção. Respiro fundo e sigo na direção do SUV 4x4 preto. O vidro do lado do passageiro baixa e tenho o primeiro vislumbre do cliente. Um homem na faixa dos 40, cabelos pretos, um cavanhaque e vestido de maneira formal, talvez, trabalhe em algum escritório da região.
— Faz de tudo? — ele perguntou, com as mãos sob o volante, enquanto coçava o cavanhaque.
— Sou ativo. São R$ 120, a hora. — falei, encostado na janela e aproveitando o vento quente que saia do sistema de ar-condicionado do veículo.
— Entra.
No caminho para o motel, o homem elogia a minha beleza e afirma que eu não tinha cara de Garoto de Programa. Porra, desde quando existe um perfil para ser GP? Em um sinal, ele aproveita para tirar a gravata azul turquesa e a lança para o banco de trás. Depois, acho que menos nervoso, o cliente pega na minha coxa e faz uma massagem.
— Você já deve estar acostumado com isso, né? — ele perguntou, sem tirar os olhos do trânsito.
— Um pouco. É o meu trabalho. — expliquei com as mãos abertas na frente da entrada de ar quente.
— Eu sei, mas eu digo, esse silêncio antes de entrar no motel.
— Se quiser conversar. Como se chama? — perguntei, no intuito de iniciar uma conversa interessante, e agradecendo aos deuses pelo ar quente.
— Klaus. E você?
— Alejandro. — menti, assumindo a minha persona profissional.
— Você é novo. Deve ter uns 20 anos, acertei?
— Sim. — menti, de novo. — Miserável. — pensei, agora agradecendo pela minha genética, alguma coisa boa aquele filho da puta tinha que ter me dado. — Obrigado, pai. — falei baixinho.
— Ah, vamos em um motel em Santo André, viu. — avisou Klaus.
— Cacete! — exclamei. — Vai dar uns 40 minutos para chegar. Não tem como ir mais perto? — barganhei, afinal, o serviço tinha mal começado.
— Eu pago o dobro. Realmente, preciso de uma companhia hoje. Por favor.
Caralho. Sou um coração fraco mesmo. Se fosse outro GP, com certeza, teria pulado do carro no primeiro sinal vermelho, mas como já expliquei, eu sigo o fluxo.
Liberdade, Mooca, Vila Prudente e São Caetano do Sul. O GPS indica o direcionamento e dispara os nomes dos locais por onde passamos. Nessa trajetória, percebo que a cidade de SP não dorme nunca. Bares, baladas, lanchonetes e milhares de pessoas curtindo a madrugada.
Por sorte, o trânsito flui com tranquilidade e, em alguns momentos, Klaus não obedece os comandos do GPS, acaba optando por outro caminho, talvez, um mais curto, porque chegamos antes do tempo estipulado.
— Bom dia, senhor. — deseja uma voz mecanizada saindo de uma caixa de som.
— Bom dia. Eu queria a suíte Cancun, por favor. — pediu Klaus com o cotovelo encostado na porta.
Estacionamos na parte inferior do quarto e uma pequena escada circular nos mostra o caminho a seguir. O Klaus para em frente ao primeiro degrau e aponta para cima. Deve ser o tipo engomadinho que abre a porta para as mulheres. #destesto.
Subo os degraus com a sensação que o Klaus me analisa. Daria tudo para saber o que se passa na cabeça das pessoas. Será que ele está gostando do produto? Eu devo agir de forma mais máscula? Ou ser mais gentil (credo)?
Puta que pariu! Que suíte linda. O piso é de madeira, digo, madeira mesmo e não aquela imitação de madeira que colocam nos motéis meia boca. O quarto é espaçoso e conta com cama, uma mesa de jantar para quatro pessoas (hello, suruba), um sistema de som, espelhos para todos os lados e, claro, uma imensa banheira. Tudo isso no mesmo espaço, que é GIGANTE!
Eu não consigo acreditar na porra da magnitude deste lugar. Tenho vontade de tirar fotos, mas preciso manter a pose de Bad Boy. Tenho certeza que a Izzy ia adorar esse quarto. Pegaria várias referências para a nossa futura casa.
— Alejandro! — Klaus me chama pelo "nome", umas três vezes, antes de eu me tocar que sou o Alejandro.
— Oi. — respondi saindo do meu estado de transe.
— Eu vou tomar uma ducha. Tem uma piscina lá fora. Esse quarto é bem maneiro. Fica a vontade. — ele disse, pegando uma das toalhas em cima da cama e indo em direção ao banheiro.
— Puta que pariu. — sussurrei, pegando o celular no bolso e tirando várias fotos. — Toda referência é bem-vinda. — pensei.
Dou dois passos e fico de queixo no chão. Na área externa do quarto, pasmem — uma piscina. Ok, uma piscina de pequeno porte, parte em alvenaria e com um vidro transparente.
Vou aproveitar. Tiro minhas roupas e coloco em cima de dois puffs rosas. No Pará, eu morava em uma cidade costeira, ainda pequeno acompanhava minha avó que vendia frutos do mar nas praias. Eu era um verdadeiro "camarãozinho", assim que ela me chamava.
Mergulho de uma vez e levanto água para todos os lados. Lá embaixo, o silêncio reina e a vida parece mais simples. Através do vidro, percebo que o Klaus se aproxima trazendo consigo duas taças e uma garrafa de champanhe.
Emerjo e ele senta à beira da piscina, colocando os pés dentro da água, que estava em uma temperatura perfeita. De maneira habilidosa, ele abre o champanhe e enche as duas taças. Com um único pulo, sento ao lado do Klaus.
— Um brinde. — disse Klaus, erguendo uma taça e entregando a outra.
— Um brinde. — toquei a minha taça na dele e bebi o espumante.
Conversamos um pouco, então, tomo a iniciativa e o beijo no pescoço. O corpo do Klaus treme todo. Ele é um cara presença, tá vendo, por isso gosto de encontrar clientes à moda antiga.
O Klaus é inteiro, porém, faz mais o estilo da Izzy do que o meu, só que eu queria curtir aquela noite. Quem sabe transar dentro da piscina?
Outra surpresa? O corpo de Klaus cheio de tatuagens, algumas estavam com uma cor estranha, um verde musgo, acho que pelo efeito do tempo. Ficamos sentados na beira, porém, conforme os beijos evoluem vamos deitando no chão molhado.
Colocamos as taças de lado (para evitar acidentes) e fico por cima do Klaus. Então, abro as suas pernas e o meu pau fica roçando no cú dele. Conforme os beijos se intensificaram, ele geme alto, principalmente, quando beijo sua orelha.
— Eu quero te comer na piscina, minha puta. — falei com tom sexy, aproveitando que estava beijando sua orelha.
— Nunca... nunca... — balbuciou Klaus, entre um gemido e outro.
— Precisa experimentar as coisas, baby. — disse, ficando em pé e oferecendo a mão para ele.
Pulamos os dois na piscina. Nos encontramos embaixo da água e nos beijamos. Ok. Foi um beijo horrível e desconfortável, nunca mais faço algo parecido de novo. Quando emergimos, peço para ele chupar o meu pau debaixo da água.
Sem pensar duas vezes, o Klaus mergulha e, caralho, C-A-R-A-L-H-O! A sensação é completamente diferente de tudo que já vivenciei nesses últimos anos como GP. Infelizmente, ele não aguenta e emerge.
Eu ri, porque os seus cabelos molhados caem em cima dos olhos. Pego o preservativo, encapo o meu pau e o posiciono em uma das beiras da piscina. Que coisa mais horrível. Não, meter na água não é legal, pelo menos, com preservativo.
— Puta que pariu. — esbravejei. — Não vai dar certo. Vamos para o quarto?
— Sim. Quero você todo dentro de mim. — pediu o safadinho.
Nos enxugamos e seguimos para o quarto. Com uma certa violência, jogo o Klaus na cama e, tenho certeza, o puto adora. O coloco de quatro na cama e peço para que ele empine o bumbum.
Com a mão direita, dou um tapa forte, o estalo ecoa pelo quarto. Abro a sua bunda com as duas mãos e passo a língua em seu ânus. O Klaus aperta os lençóis e geme alto. Durante a pegação, percebo que ele é um cara cheio de pontos fracos, como o pescoço, a orelha e os peitos.
A minha língua está incansável. Lambe e penetra esse cuzinho sedento por pau. Com a mão direita, aproveito para masturbá-lo. Eu sou muito bom nessa porra!!!
— Não para! Não para! — ele começou a gritar.
— Calma, bebezinho. — pedi parando, porque adoro boicotar a gozada alheia, mesmo sendo de um cliente. — Eu ainda vou te fazer gemer pra caralho. — anunciei, alcançado uma outra camisinha e encapando o meu pau.
Unto meus dedos com lubrificante e os introduzo em Klaus. Começo com um, apenas brincando e sentindo o cú dele contrair. Em seguida, coloco dois e aumento a velocidade do movimento. Isso é importante, principalmente, para relaxar e acostumar o ânus.
Indicador, médio, anelar e dedinho. Agora, são quatro dedos penetrando o cuzinho do Klaus. Eu não perco tempo e introduzo o meu pau. Preciso segurar na base para deixá-lo (meu pau) mais ereto e paro quando entra tudo. O Klaus solta um grito abafado (missão cumprida).
Sem pena. Meto com força naquele cuzinho. Pego em seus cabelos, que ainda estão molhados, e puxo contra mim. Ele não reage. Está entregue. Posso fazer o que quiser com esse putão. Enquanto o penetro, dou algumas palmadas em sua bunda que fica vermelha.
Nunca vi alguém aguentar o meu pau com tanta facilidade. E diferente dos outros, o cú dele é mais relaxado e quentinho. Socaria fácil nele todos os dias, mas continuo respeitando a regra de não me apaixonar, ainda mais por um cliente.
— Eu vou gozar! — avisou Kleber, que se masturbava intensamente.
— Aguenta só um minuto bebê! — gritei, segurando em sua cintura e aumentando a velocidade das estocadas. — Eu vou gozar, também. — E, não, dessa vez, não é mentira.
As minhas mãos seguram forte nas ancas do Klaus. O suor escorre por todo o meu corpo. Os gritos de prazer me deixam mais louco. De repente, um forte formigamento toma conta de mim e sinto os jatos de porra inundando o preservativo.
— Puta que pariu!!! — soltei, anunciando a gozada.
Engraçado que o cú do Klaus se contrai quando ele está gozando, me deu quase uma sensação de cócegas, mas consigo segurar o riso. Caímos os dois suados na cama, exaustos, mas felizes, eu, pelo menos, estava. Afinal, ganhei R$ 240 para comer um cara maneiro.
Tomamos um banho. E como já estou sem vergonha do Kleber. Peço para que ele tire algumas fotos minhas no quarto. Quero infernizar a vida da Izzy com sugestões de decoração. No caminho de volta, anoto o número dele com uma estrelinha ao lado. Estrelinhas são programas bons. Carinha triste são os que foram péssimos.
Chego em casa e encontro os dois bonitos (Miguel e Izzy) jogando uma partida de Mario Kart. Tiro o tênis e pulo entre eles. Realmente, a noite saiu melhor que a encomenda, porque ganhei dinheiro e agora estou em casa curtindo de boas. E claro, o principal, cheguei a tempo de ver Izzy sendo derrotada por um cara com a visão prejudicada.
— Puta que pariu, guei! — gritei rindo da cara de cú da Izzy.
— Culpa dessa princesa. — reclamou Izzy, culpando uma personagem que estava sendo controlada por ela.
— Verdade, Izzy. — disse Miguel, colocando o controle de lado. — Tá com fome, Stef? Guardei strogonoff para você.
— Estou faminto! Valeu, cara. — corri para a cozinha e comi o melhor strogonoff da terra.
Depois do jantar, entro no quarto, mas tropeço em alguma coisa e caio de cara no chão, quer dizer, quase, porque o objeto em questão suaviza o impacto.
Se trata de um colchão novo. O Miguel sai do banho e explica que havia comprado um colchão, porque não queria dar mais trabalho. Levantei, coloquei minhas coisas na mesa e fui pro banheiro.
***
Klaus:
(foto da bunda vermelha)
Obrigado. Quero em breve (de novo e de novo)
Alejandro:
Pode deixar. O seu pedido é uma ordem.
***
Após uma ducha demorada, volto para o quarto e escolho o pijama mais grosso que tenho, pois o frio continua intenso e desesperador. O Miguel já está no colchão, o coitado parece um sushi gigante, todo enrolado nas cobertas. Para me atualizar sobre os assuntos do dia, entro em um site de notícias.
***
"Frio mata quatro mendigos em SP"
"Qual a melhor sopa para se fazer no frio paulista?"
"Conheça o empresário Klaus Arnault, um dos homens mais ricos de São Paulo"
Puta que pariu. Na imagem, ao lado de Klaus está Miguel. A foto em questão é em uma das Joalherias Arnault. Os dois estão usando ternos bonitos e chamativos, mas o sorriso do Miguel está estranho. Seu olhar é melancólico.
***
— Fudeu! — gritei, fazendo o Miguel acordar assustado.
— O que foi? — Miguel questionou sentado na cama.
— Nada não. — respondi nervoso e, para variar, mentindo. — Está tudo bem. Está tudo bem.
***
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