O ano de 2017 chegou com muita coisa boa na minha vida. A primeira delas foi que eu me sentia feliz de verdade agora que estava morando com o meu pai. E ele também estava e tinha motivo pra isso. Finalmente, depois de muita luta, sua situação começou a melhorar!
Por sugestão do nosso senhorio, o Seu Mário, o “ferro velho” que ele havia aberto junto com dois dos inquilinos do cortiço há um ano já era uma pequena cooperativa de materiais recicláveis, instalada no terreno ao lado do cortiço, também de propriedade do Seu Mário. A ideia deu tão certo que logo foi possível trazer mais colaboradores e até reformar o barracão quando eles conseguiram um convênio com a prefeitura para aquisição de um prensa. O ano passou voando e assim como trouxe coisas boas quando chegou, quando foi embora trouxe outras tantas...
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Meados de janeiro...
O cortiço, muitos anos antes, fora uma das muitas chácaras que deram início àquele bairro, e era formado por cinco casas, sendo que a primeira delas e que ficava na frente era a do senhorio. Era a casa mais antiga dali. As outras foram sendo construídas depois e cada uma tinha uma história particular, todas elas ligadas de alguma forma à família do Seu Mário. A casa do meu pai era a última, lá no fundo, ao lado do muro que dividia o terreno do cortiço com o do ferro velho. As outras três eram dispostas ao redor de um pé de laranja, bem antigo, cravado bem no centro do enorme quintal de terra. Pra chegar nessa parte tínhamos que atravessar o corredor lateral da casa do Seu Mário.
Logo depois vinha a casa do Pedro. Esse inquilino era um primo distante Seu Mário, apesar de eu achá-los muito parecidos, fisicamente falando. Ele tinha vindo da Bahia anos atrás pra trabalhar em São Paulo e tinha trabalhado na mesma firma que o meu pai, então os dois se conheciam de lá.
A casa vizinha da do Pedro estava vazia. Meses depois, pra nossa surpresa, quem a ocuparia seria um dos poucos parentes que o meu pai tinha em São Paulo e o único com o qual eu sempre me dei bem, mas que estava sem contato há algum tempo: meu primo Pablo que eu chamava de tio por ser quase da idade do meu pai.
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Normalmente, a maioria das noites de sábado eram sempre as mais agitadas. Era quando nossa casa virava uma filial do boteco da esquina: Pagode raiz tocando no rádio, alguns petiscos e muita, muita cerveja.
Os cheiros que impregnavam o ambiente eram uma mistura de cigarro, cerveja e, principalmente, o fedor de mijo que vinha do banheiro minúsculo ao lado do quarto. Também pudera! Quatro homens maduros que de “maduros” só tinham suas idades, “entortando o caneco”, noite à dentro... não podia ser diferente, né? [Risos]... À certa altura, as manchas de mijo eram perfeitamente visíveis nos calções velhos e surrados... os gritos eufóricos de “Truco! Truco! Truco!” e sons de murros sobre a mesinha varavam a madrugada!
Mas, naquele primeiro sábado do ano, dia 06 de janeiro, era tarde da noite, e meu pai e eu estávamos deitados cada um em uma rede que ele armou na porta de casa. Éramos só nós ali, pela primeira vez. O Seu Mário e Pedro estavam viajando pra casa de parentes. Na vizinhança também reinava uma quietude gostosa.
Meu pai e eu estávamos em silêncio. Por alguns minutos, não muito depois que deitamos, os únicos sons que se ouviam eram o do pagodinho que meu pai adora tocando no rádio e o do ruído do motor da geladeira velha que, de tempos em tempos, soltava um estalo.
— Bom que amanhã você não tem que lavar banheiro mijado, né?
— Nem banheiro nem short mijado, né pai?
[Risos]...
— Foda! [Risos]... Cê falando assim, o pai fica com vergonha...
— Oxi, por quê? Nada a ver... [Risos]... deixa de ser bobo!
— [Risos]...
[Silêncio]
— Filho?
— Hum?
— Não te vejo saindo... curtindo... cê anda meio quieto demais... o quê que tá pegando?
— Oxi, pai... nada, não... tô normal. Na minha, só isso.
— Sério, mesmo?
— Aham...
— Huuummmm...! Não tem nenhum molecão na área então? Cê tá soltinho, é? Ó que eu te pego, hein safado! [Risos]...
Ele riu sozinho. Eu congelei na rede. Não sentia nem meu corpo mais... Aquela foi a primeira vez que eu percebi algo diferente no ar... sei lá, talvez fosse coisa da minha cabeça, mas pra mim aquela brincadeira não foi só uma brincadeira inocente... foi uma brincadeira maliciosa! Mas o que me deixou introspectivo na verdade foi sentir o efeito maior e mais forte que a malícia contida no jeito que meu pai usou pra dizer aquelas palavras despertou no meu corpo, mais especificamente no meu cuzinho que piscava nervoso agora. Ele estava quieto também, mas na minha mente eu o ouvia repetindo aquele “ó que eu te pego, hein safado!” e aquele risinho safado bem pertinho do meu ouvido... quase dentro de mim!
— Tá doido, é? — me assustei quando sua voz grave soou me trazendo para a realidade.
— Ai, que susto pai!
[Risos]...
— Você que me assusta, aí com essa cara de besta olhando pro nada, pô! Tava pensando no quê?
— Ah! Nada não...
— Hum... Sei! [Risos]...
Eu precisava sair de perto do meu pai, senão era capaz de agarrá-lo ali mesmo.
— Vou no banheiro. Quer mais cerveja, eu pego!
— Traz aí meu cigarro também... Eita! Agora que eu lembrei, caralho... era pra eu ter ido comprar... Ué! Que hora que você saiu que eu não vi? — ele brincou quando entreguei um maço de Hollywood Vermelho fechado na mão dele.
— Tô soltinho, lembra não? [Risos]... Ai! — gritei por causa do tapa.
— Safado! [Risos]...
Quando voltei do banheiro trazendo a cerveja, ele não estava na rede. Olhando mais atentamente ao redor, avistei-o embaixo do pé de laranja, de perfil, o cigarro entre os lábios e segurando não um pinto, mas uma mangueira com a mão direita. Dava pra ver que ele a apertava com o intuito de prolongar a mijada porque os jatos eram expelidos aos poucos... Voltei pra minha rede sem tirar os olhos do meu pai. A luz da lua iluminando o local tornava aquela cena a coisa mais linda que eu já tinha visto até entao aos meus dezessete anos.
O volume que a rola dele fazia no calção enquanto ele caminhava de volta pra varanda me arrepiava inteiro! Mas o ápice foi quando ele parou bem na minha frente e pergunto, apontando na direção da rola:
— Molhou, será? Nem consegui ver...
— Não... tá sequinho... — Huuummm...! — não pude conter o gemido ao sentir a vontade de aspirar aquele cheiro gostoso assim que o senti penetrando minhas narinas.
— Tá fedidão?
— Tá não, tá gostoso. — quando vi já tinha falado, e agora não tinha mais volta. “Foda-se! — pensei comigo”.
Ele fez carinho bagunçando meu cabelo e voltou a se deitar em sua rede. Resolvi relaxar, também. “Bravo ele não ficou — pensei comigo de novo.”
[Continua...]