O outro capítulo 25 Franklin

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 6401 palavras
Data: 02/02/2022 19:44:38
Última revisão: 02/02/2022 23:14:12

Capítulo 25

Leandro observava sorrindo Vanessa adormecida na sua cama. Ele sentia o coração aquecido e uma leveza não sentida há tempos. O fato de Vanessa finalmente ter descoberto a verdade era como ter tirado um peso dos seus ombros.

A menina o procurou em seu emprego. Estava desesperada. Vanessa passou longos minutos chorando em seus braços e pedindo perdão.

Valéria o autorizou sair um pouco antes do fim do expediente, para que fosse para casa e conversasse mais a vontade com a filha.

Júlio ligou diversas vezes para ela, e Vanessa se recusava a atender.

_ Eu não quero mais falar com ele. Estou tão revoltada! Não me deixe voltar para a casa, pai! Por favor! Eu não quero mais ver o Júlio.

Leandro ouvia essas palavras feliz. Vanessa desejar ficar ao seu lado facilitava muito para que obtesse a guarda da menina.

_ Vanessa, você sabe o quanto eu quero muito que você viva comigo. Muito mesmo, meu amor. Mas, no momento o Júlio é quem tem a sua guarda.

_ Mas você também é meu pai! Você também tem direito.

_ Sim..._ Leandro sorriu, mordendo o lábio inferior. Finalmente poderia contar do seu apartamento para Vanessa._ Filha, lembra do carro que o Júlio havia me dado?

_ O BMW?

_ Sim. Então, eu o vendi e comprei um apartamento pra mim. Não é nada luxuoso como a cobertura do Júlio, mas é o meu cantinho. Durante esse tempo que estou passando aqui na casa da Val, estou economizando dinheiro e comprando alguns móveis. Semana que vem vou me mudar.

Leandro se decepcionou ao perceber que Vanessa não o olhava com a mesma empolgação que ele estava.

_ Pai, isso não é justo! O meu pai Júlio gastou muito dinheiro com aquele putinho de quinta categoria. E você, que é marido dele, sair desse casamento sem nada, depois de todo sofrimento! Você merece muito mais que um simples apartamento popular.

_ Vanessa, eu já te expliquei sobre a minha situação com o Júlio.

_ Eu sei do tal acordo pré nupcial de vocês e blablabla...a parada é que mesmo que você não tenha direito judicialmente, você tem direito moral. É uma questão de honra.

_ Não se preocupe com isso. Eu estou conseguindo viver muito bem sem o Júlio. Voltando ao assunto, eu quero que você venha viver comigo. Mas eu não queria travar uma briga judicial com o Júlio. Eu tava pensando em fazer um acordo. Ter uma conversa amigável com ele e decidir o que for melhor para você. Mas o Júlio me chantageou. Disse que só vou poder te ver se eu voltar para ele e isso está totalmente fora de questão.

_ Eu vou conversar com ele. Eu confesso que apesar de tudo, gostaria muito que vocês voltassem. Eu adoraria ter a minha família de volta. Eu amo vocês dois. Mas, nunca mais vou te pedir isso. Hoje, eu sei o quanto você sofreu nesse casamento e eu não quero que seja infeliz. Quero muito ficar com você, mas também não quero ficar sem..._ Vanessa abaixou a cabeça para chorar._ como eu posso gostar dele, depois de tudo que ele fez?

Leandro a abraçou.

_ Não se sinta mal por isso. Júlio é o seu pai. O amor que sente por ele é muito forte. Eu sei que ele também te ama. O fim foi do meu casamento e não da relação de vocês.

_ O que vai acontecer agora, pai?

_ Eu e Júlio já te envolvemos demais nos nossos problemas. Vou tentar uma conversa amigável, propor uma guarda compartilhada. Agora, eu quero que se acalme. Você ainda não comeu, né?

_ Não. Eu não consegui almoçar e olhar para aquele homem asqueroso.

_ Então, tome um banho, que eu vou preparar algo para que possa comer.

_ Você não sabe cozinhar.

_ Eu aprendi fazer umas coisinhas. Não sou nenhum chefe, mas sei me virar.

_ Eu gostaria de trocar de roupas. Estou me sentindo suja neste uniforme. Mas não quero ir pra casa pegar roupa e...

_ Eu vou ligar para a Valéria e vê se ela te empresta alguma coisa para vestir.

Novamente o celular de Vanessa toca.

_ É ele de novo.

_ Me dê. Eu vou atender.

_ Não! Ele vai querer que eu volte para casa.

_ Deixe eu atender. Ele deve estar preocupado.

Vanessa o entregou o smartphone.

_ Filha, onde você está?

_ Ela está comigo, Júlio.

Júlio se sentiu aliviado ao saber que a filha estava segura.

_ Ainda bem! Eu estava apavorado. Temi muito que algo de ruim tivesse acontecido com ela._ Júlio sabia que Vanessa estava na casa de Valéria, ele havia rastreado o aparelho celular da filha. Mas estava preocupado por não saber se ela estava bem.

_ Ela vai dormir comigo hoje. Está muito abalada para voltar pra casa._ A voz de Leandro era séria e dura. Ouvir a voz de Júlio ao telefone era um insuportável sacrifício.

_ Tudo bem. Deixe ela ficar contigo o tempo que precisar. Vocês estão bem?

_ A Vanessa está bem.

_ Amanhã ela tem aula.

_ Não se preocupe. Eu vou levá-la ao colégio.

_ Ok, então. Obrigado por cuidar da nossa filha. Qualquer coisa que precisar, me ligue.

_ Tudo bem.

_Leandro, posso te pedir um favor?

_ Diga.

_ Quando a Vanessa esfriar a cabeça e você também, podemos conversar?

_ Depende do conteúdo da conversa, só falo com você se o assunto for somente sobre a nossa filha.

_ Claro.

_ Tenho que desligar.

_ Tudo bem. Beijos.

Leandro encerrou a ligação sem se despedir. A voz gentil de Júlio não o convenceu. Sentiu-se enojado, num incomodo terrível.

_Ele falou de boa?

_ Sim. Agora vamos esquecer tudo isso e jantar?

_ Tô morrendo de fome.

Leandro preparou o jantar com muito carinho, enquanto Vanessa tomava banho. Valéria chegou em seguida, emprestou um dos seus pijamas para a menina.

Com os nervos acalmados, a fome de Vanessa roncava em seu estômago. Ela comia com gosto o prato colorido preparado pelo pai: arroz branquinho e fresco, feijão preto, frango grelhado e saladas de beterraba e alface com tomate e palmito.

_ Hum! Que saudade de comer uma comidinha assim! Tá tudo tão gostoso! Eu não aguentava mais pizzas e lasanhas.

_ Eu fiquei sabendo que você descuidou da alimentação e não gostei nada disso.

_ Tá comendo com vontade mesmo, hein garota. Logo você que vivia reclamando das comidas saudáveis que o seu pai te fazia comer.

_ Reclamava mesmo. Mas eu não sabia que gostava tanto. Aliás, pai, você tá cozinhando muito bem. Onde aprendeu? Não vai me dizer que foi com o puto cozinheiro?

_ Não foi com ele. Hoje em dia é muito fácil aprender a cozinhar. Há vários vídeos ensinando no YouTube. E vamos combinar em não falar mais sobre essa pessoa. Deixar isso no passado.

_ Tá certo. Não vou mais falar naquele desgraçado._ Vanessa sorriu, segurando, carinhosamente a mão do pai.

Enquanto Vanessa adormecia em sua cama, abraçando um dos travesseiros, Leandro a observava sentado na poltrona, que ficava em frente a cama.

Valéria entrou no quarto e parou ao seu lado com os braços cruzados.

_ Ela é tão linda, amiga! A minha menininha cresceu muito._ Leandro suspirou sorrindo._ Estou tão feliz que ela não me odeia mais. Que sabe da verdade! Finalmente vou poder ter uma boa relação com a minha princesa.

_ Eu só queria ter virado uma mosca para ver como foi a treta dela com o Júlio._ Valéria gargalhando._ Mas você sabe que só isso não garante que você consiga obter a guarda dela. A Vanessa pode estar puta com o Júlio, mas não é ela que decide com quem vai ficar. Isso acabe ao juiz.

_ Eu sei disso. É por esse motivo que não quero travar uma briga judicial com o Júlio. Com as influências que ele tem, será causa perdida na certa.

_ E o que você pretende fazer?

_ Jogar com as cartas que tenho em mãos.

Valéria o olhou de um jeito interrogativo.

_ Júlio usava a Vanessa para me coagir. Mas agora ele não pode mais fazer isso. Mas eu conheço aquela praga. Ele vai tentar reatar o nosso casamento de outro modo. Vai se fazer de arrependido, querer se mostrar o bom homem que ele não é. Na cabeça suja do Júlio, eu ainda sou aquele otário que caía na lábia dele.

_ Tá. Até aí eu entendi. Mas o que você pretende fazer com tudo isso?

_ Me aproveitar da situação._ Leandro sorriu, arqueando a sobrancelha.

....

_ Vanessa, nós já conversamos sobre isso.

_ Mas eu não quero ir, pai!

_ Eu também gostaria muito que você ficasse aqui, mas o Júlio tem a sua guarda. E você já aproveitou por dois dias.

_ Você fala de um jeito como se não quisesse que eu ficasse.

_ Ah, não seja injusta, filha. Você sabe que o que mais quero é ficar com você. Mas tenho que acertar as coisas com o seu pai de um jeito civilizado.

_ Será que ele vai topar? Vive mentindo.

_ E além disso, eu preciso resolver tudo sobre a minha mudança.

_ Eu vou te ajudar.

Leandro sorriu e a abraçou.

Mais cedo, havia ligado para Júlio e disse que levaria Vanessa de volta para a casa no início da noite.

_ Ótimo! Estou morrendo de saudades dela. Leandro, eu sei que as coisas não estão nada boas entre nós. Eu vacilei muito. Mas precisamos nos acertar pelo bem da Vanessa. Eu gostaria muito de jantar com você. Não entenda como um encontro...prometo que não estou me aproveitando da situação para tentar te reconquistar. Eu só quero conversar sobre a nossa filha. O jantar pode ser na nossa casa mesmo. Algo simples, em família.

_ Tudo bem.

Júlio comemorava do outro lado da linha, dando socos no ar, sorrindo. Mentiu quando disse que não tinha a intenção de reconquistar Leandro, mas prometeu a si mesmo que seria discreto.

Júlio aguardava ansioso pela chegada do marido e da filha. Como ainda estava sem empregada, encomendou um jantar num restaurante espanhol. Arrumou a mesa de forma despretensiosa e os recebeu vestido com roupas informais (bermuda caqui, camisa Polo branca e calçando chinelos da marca Louis Vuitton). Quis demonstrar que não tinha intenção de impressionar, como se fosse algo casual do dia a dia.

_ Boa noite!_ cumprimentou Júlio da soleira da porta.

Vanessa entrou em casa sem respondê-lo. Estava com a cara amarrada e foi direto em direção às escadas.

_ Querida, eu sei que você está com raiva de mim. Mas não pode ficar com raiva de estômago vazio. Venha jantar conosco.

_ Eu estou sem fome._ Vanessa respondeu de um jeito seco, antes de subir as escadas. Na verdade, ela já havia jantado na casa de Valéria. Leandro pediu a filha que os deixassem a sós no jantar, para que pudesse conversar melhor com Júlio.

_ É...pelo visto ela não vai me perdoar tão cedo.

_ Você vai precisar ter paciência com ela.

_ Vai ser difícil. Vanessa brava fica insuportável.

_ Pra você vê o que tive que aguentar.

_ Eu sinto muito.

Júlio o olhou paralisado por um momento. Observava Leandro vestido como uma calça social preta, camisa e paletó de mesma cor. Cheirava ao seu perfume favorito, o que o deixou inebriado.

_ Você fica tão lindo quando se veste assim!

Leandro deu um sorriso singelo e abaixou a cabeça, fingindo gostar do elogio de Júlio. Ele sabia que o advogado o gostava de vê-lo vestido daquela forma. Mordeu os lábios inferior, aflorando a imaginação de Júlio para pensamento libidinosos.

_ Bom, já que a Vanessa não quer jantar, eu quero. Vamos?

_ Claro._ Leandro respondeu, fazendo um sinal positivo com a cabeça.

Na sala de jantar, Júlio retirou o prato de Vanessa da mesa. No fundo estava feliz pela ausência da filha, assim poderia ficar mais a vontade com Leandro.

Ao destampar o cloche prateado, Júlio sorriu revelando a bela paella, que exalava um aroma que agucava o desejo dos presentes.

_ Como estou sem empregada, encomendei um dos seus jantares favoritos.

_ Acertou em cheio._ Leandro respondeu sorrindo, tentando parecer simpático.

Serviram-se em silêncio. Júlio vibrou de felicidade ao ver Leandro mastigando com os olhos fechados, gemendo de satisfação.

_ Huuum! Muito bom!

_ Estoy contento que la paella cae bien, cariño. (Estou feliz que tenha gostado da paella, querido)

_ Sí. Esta muy exquisita. (Sim. Está muito saborosa).

_ Essa paella me faz lembrar da primeira vez que estivemos na Espanha. Foi incrível! Eu aprendi tanto contigo. Ainda me lembro nitidamente dos seus olhos brilhando quando admirava as obras de arte de Picasso e Gaudi nos museus que visitávamos. Eu todo ignorante, aprendendo muito contigo, el profesor más guapo del mundo.

_ Você foi nunca foi ignorante, Júlio. Tanto é que sempre tirava as notas mais altas durante a sua vida acadêmica.

_ Mas nunca fui tão culto quanto você. Naquela época, eu nem sabia as diferenças entre Cubismo e Dadaísmo. Para mim, era tudo rabisco. Foi você quem me explicou sobre as vanguardas e as influências que elas tiveram na primeira fase do modernismo brasileiro. Foi com você aprendi a apreciar a literatura, pinturas e esculturas eruditas. Aquela viagem foi inesquecível. Estávamos no início do nosso casamento.

_ Foi a nossa primeira viagem para o exterior. Foi maravilhosa mesmo.

_ Sim. A nossa história estava nas primeiras páginas em branco. Tínhamos tantos planos! Como pude ser tão imbecil de te perder?_ Júlio perguntou com os olhos umidecidos, repousando a mão sobre a de Leandro, que a retirou rápidamente._ E na época, o meu espanhol era péssimo! Leandro, lembra daquele mico que paguei quando eu disse para aquela recepcionista que queria ligar para a minha tia? Ela me olhou com os olhos arregalados.

Ambos gargalharam.

_ Você ficou vermelho e me pedia desculpas a mulher. E eu ali, sem entender o que havia feito de errado. Na minha ignorância, eu nem imaginava que ligar em espanhol é o mesmo que foder em português...na época você me disse que era um hétero alguma coisa.

_ Heterosemantico.

_ Isso. Você é tão inteligente. Não sei o que mais lindo em você o cérebro ou o externo...acho que são os dois.

Leandro quis revirar os olhos, incomodado com as cantadas baratas de Júlio. Mas sempre dava um singelo sorriso, pensava que no final o sacrifício de aturar Júlio, valeria a pena.

_ As viagens são ótimas para aprendizagens práticas. Lembra daquela vez que estivemos na Índia? Quando fui pedir informação a um homem e toquei no ombro dele? O cara pulou feito peixe fora d'água. Foi aí que aprendi que não se deve tocar nas pessoas em alguns países orientais._Leandro recordou, com a intenção de prosseguir a conversa num clima agradável.

Passaram boa parte da conversa relembrando dos momentos felizes que viveram nas viagens. Gargalhavam como velhos amigos, recordando do melhor da vida.

Júlio sentiu a chama da esperança se acender dentro dele. Seus olhos brilhavam fitando os lábios de Leandro se moverem enquanto falava. Desejou aquela boca com volupia. Tomar Leandro para si, amarem na cama que antes fora o ninho de amor do casal.

_ O que aconteceu conosco, hein querido? Que vacilo eu dei em perder um homem como você? Por que fui deixar o Abner entrar em nossas vidas?

Leandro não conseguiu mais disfarçar o incomodo. Seu sorriso se apagou.

_ Eu não quero mais falar nessa pessoa. Ele é uma página arrancada do livro da minha vida.

Júlio amou ouvir aquilo e saber que o rival não estava mais entre eles.

_ Claro. Me desculpe. Nunca mais vamos tocar nesse maldito nome. Amor, eu sinto tanto a sua falta. Eu errei muito... Você não merecia, mas apesar de tudo que passamos o meu amor por você só aumenta.

_ Você prometeu que...

_ Eu não posso viver sem você. Você é a luz da minha vida, é a alma desta casa. Coração, sem você nada aqui funciona. E só de pensar que sempre fui um idiota e nunca te valorizei.

_ Eu sinto falta desta casa. Aqui era o meu cantinho. Eu cuidava de tudo com tanto carinho. Eu sinto falta da nossa família...da vida antes das brigas.

_ Leandro, você pode ter tudo de volta. Meu bem, quando há amor, tudo pode se regenerar.

_ Não sei...eu...eu não sei se... Júlio, você me magoou muito. Eu até queria voltar a confiar em você. O que tivemos não foi algo banal. Você foi o meu primeiro homem, namorado, marido...construimos uma família, realizamos sonhos. Me dói muito saber que tudo isso se acabou. O nosso casamento era uma planta tão linda. Mas nós não regamos e ele está seco, com as folhas amareladas e tomado por pragas.

_ Mas podemos restaurar. Regar, remediar. O amor salva tudo.

_ Eu sei... é que você me afastou da Vanessa. Puxa, eu não quero ficar sem a minha filha. Eu a amo demais. Você a colocou contra mim!

_ Eu não vou mais te impedir de ver a Vanessa. E nunca mais vou falar mal de você pra ela.

_ Eu gostaria muito de confiar em você, mas eu não consigo.

_ Eu juro.

_ Só palavras não bastam. Eu quero confiar em você, mas preciso ter certeza que mudou, que está sendo sincero.

_ Me peça qualquer prova de amor, que te dou. Qualquer coisa.

_ Eu quero a guarda da Vanessa. De papel passado. Algo feito diante do juiz. Não precisa ser integral. Quero compartilhada.

_ Tudo bem. Vou falar com o pessoal do escritório e veremos isso o mais rápido possível. Mas você pode vir vê-la quando quiser, antes mesmo da audiência de acordo.

_ Ela poderá dormir em minha casa?

_ Claro! Falando nisso, creio que não será muito confortável ela ir á casa da Valéria com frequência. Não que eu tenha algo contra a Val, mas é que a Vanessa pode tirar a sua privacidade. Nós ficamos casados por tanto tempo, seria justo se você me permitisse te presentear com um apartamento ou uma casa.

_ Obrigado, mas eu já providenciei um apartamento pra mim. Fica localizado num local seguro, é um condomínio familiar.

_ Ah, que bom.

O jantar terminou pacífico. Eles se despediram com um abraço, que Júlio fez questão que fosse longo e apertado.

Acompanhou Leandro até o estacionamento. Olhava para o carro indo embora com esperança de reconquistar o seu grande amor.

No carro, Leandro gargalhava, orgulhoso da sua atuação.

_ Porraaaaaaa! Eu conseguiiiiiiii!_ gritava alegre.

Valéria gargalhava, batendo nas pernas. Estava adorando ouvir como Júlio foi enganado.

_ Aaaaah! Tão metido a esperto e foi feito de palhaço. Adooooroooo!

_ Amiga, você tinha que ver ele jogando aquelas cantadas irritantes pra cima de mim. Uó!_ Leandro disse revirando os olhos para cima._ Homem falso! Veio com a mesma ladainha de sempre. Mentindo que vai mudar e blablabla...eu lá, me fazendo de bobo, mas por dentro tava louco para vomitar. O Júlio é tão previsível, que ele disse exatamente as coisas que achei que iria dizer. Como um dia eu pude gostar daquele insuportável? Eu tenho horror a aquele homem. Aí só de pensar nele, me dá uma sensação ruim.

_ E só de pensar que um dia você o amou.

_Sabe, Val? Antes eu tinha certeza que amava o Júlio...mas hoje, depois de tudo, eu cheguei a conclusão que aquilo não era amor, era dependência emocional. Júlio, até então, era o único homem que tive na vida. Eu não tinha com quem comparar. Acho que era por isso que eu achava que o amava.

_ Isso é verdade. Mas e o Abner? Você se apaixonou por ele. Ainda sente alguma coisa pelo safado?

_ Eu nunca me apaixonei pelo Abner. Eu me apaixonei pelo Dimitri, que me dói pensar que nunca existiu. Não passou de uma criação do Abner para me machucar.

_ Esse cara é doente. Mas voltando a falar da chatinha, você sabe muito bem que aquela garota é uma patricinha, acostumada com luxo. Você acha que ela vai gostar de viver num apartamento simples como o seu? Eu não quero estragar a sua alegria, mas temos que ser realistas.

_ Eu tô ligado, mulher. Por que você acha que eu propus guarda compartilhada? Assim a eu não privo a Vanessa da vida que ela está acostumada. Se isso acontecesse, o Júlio viraria o jogo com facilidade. Bastaria um convite para almoçar na cobertura e balançar o cartão de crédito.

_ Olhaaaa o meu bebê tá ficando espertinho. Que delícia!

Valéria se jogou em cima dele, na cama e o encheu de cócegas, provocando gargalhadas.

...

Leandro tentava, inutilmente, conter o sorriso. Fora bem sucedido no que planejara. Finalmente tinha em mãos o documento que registrava a guarda compartilhada de Vanessa.

Como a cobertura se localizava próxima ao colégio onde Vanessa estudava, ficou firmado que ela passaria os dias úteis com Júlio e os fins de semana e feriados com ele.

Abraçou a filha tendo os olhos umidecidos de tanta felicidade. Envolveu os abraços na menina e beijava-lhe a face, molhando-a com suas lágrimas emotivas.

_ Temos que comemorar. Vamos almoçar juntos, meu amor?

_ Claro, pai. _ Vanessa concordou. Ficou feliz com o convite, pois a fome castigava o seu estômago.

Valéria também estava presente no fórum. Encontrou-os do lado externo. Ela não fazia questão nenhuma de fingir que tolerava a presença de Júlio.

_ Júlio, como hoje ainda é segunda-feira, você me permite passar o dia com a minha filha? Eu a levo para casa no final do dia.

_ Claro. Fique á vontade._ Júlio disse com sorriso simpático e um olhar apaixonado. Olhava para Leandro como se fosse um contemplador diante de uma obra de arte do período clássico, o que incomodava Leandro._ Eu tenho que voltar para o escritório. Tenho um monte de coisas pendentes para resolver. Mas, podíamos combinar de jantarmos juntos... nós três. É claro.

_ Hum! Júlio, não vai rolar. Eu vou tá muito ocupado.

_ Mas eu não disse o dia.

_ Não importante o dia, pra sair com você, eu vou estar ocupado. Vamos, querida.

O fora de Leandro e a gargalhada de Valéria deixaram Júlio estupefato.

Ficou parado por alguns segundos, boquiaberto observando Leandro, Vanessa e Valéria se afastarem, chegando a conclusão que foi usado por Leandro, para que esse pudesse conseguir obter o que desejava.

Sentia a raiva arder a face e o medo de não conseguir reconquista-lo ganhou ainda mais força.

Ezequiel nunca escondeu a sua atração por Leandro. Desde que esse começou a trabalhar na empresa de Valéria, se mostrava sempre solícito. Tinha toda a paciência possível para tirar todas as dúvidas de Leandro. Procurava agrada-lo com elogios e trufas para a sobremesa.

Ezequiel não era um homem de extrema beleza. Mas também não podia ser classificado como feio. Era alto, corpo jovial, expressão simpática, cabelos escuros e lisos e um sorriso cativante. Os dois pedaços de céu que trazia no olhar o fazia se destacar e despertar o interesse de todos os homens que levou para a cama.

Leandro percebera desde sempre o interesse do jovem, mas se desviava das investidas de Ezequiel da forma mais pacífica possível, algo que Valéria não aprovava.

_ Bijuzinho, ele é bonitinho. Pare de fazer cu doce! Eu, hein. Você precisa se divertir.

_ Ih, amiga, nem pensar. Estou dando um tempo de macho. Só me trouxeram problemas.

_ Porque você é bobo e se apaixona. Como diz a grande filósofa contemporanea Tati quebra barraco, "homem é pra sentar e não se apaixonar. É por isso que sofre."

Por sugestão de Vanessa, o local escolhido para almoçar foi uma churrascaria.

_ Por mim, seria algo mais leve. Um bom sushi estaria ótimo.

_ Eu concordo com a chatinha. Sou mil vezes um bom churrasco.

Valéria havia feito a reserva para garantir que tivessem uma mesa a disposição deles.

Para a sua surpresa, Leandro avistou Ezequiel sentado á mesa deles. Ao avista-los, Ezequiel acenou sorrindo.

_ O que que você aprontou, Valéria?_ Leandro perguntou entre os dentes, enquanto sorria para Ezequiel e sorria de volta.

_ Não aprontei nada. Apenas quis dar um tempero especial nesse almoço.

_ Você me paga.

Valéria piscou o olho para Leandro, mandando beijos.

_ Quem é ele, papai?

_ O crush do seu pai.

Leandro a olhou com repressão. O ciúme fez com que Vanessa fechasse a cara para Ezequiel.

Mesmo não confortável com a situação, Leandro se aproximou da mesa e cumprimentou o colega e o apresentou a Vanessa, que deu "oi" seco, com a cara amarrada.

Ezequiel não se aproveitou da situação para dar em cima de Leandro. Procurou ser o mais discreto possível, pois achava que Leandro não se sentiria bem recebendo uma cantada na frente da filha adolescente.

A conversa entre eles fluia normalmente. Com risadas e lembranças dos bons momentos no trabalho. O almoço estava muito agradável para Leandro.

No entanto, o belo dia ensolarado foi dominado por nuvens negras tempestuosas, quando Leandro avistou Abner entrando na churrascaria.

O encontro dos seus olhares ocorreu como um choque. Ficaram parados se olhando por alguns segundos.

_ Abner! Abner!_ gritou uma jovem, numa mesa com outros jovens sentados ao redor.

Era o grupo de amigos do curso de gastronomia. O grupo resolveu matar a saudade marcando um almoço na churrascaria, que por coincidencia, foi a mesma que Leandro estava.

Vanessa arregalou os olhos sem nenhuma intenção de esconder o seu descontentamento.

_ Que filho da puta! Como ele se atreve a aparecer aqui?

_ Calma, filha. Comportar-se. Estamos em público.

Abner acenou para Leandro, que desviou o olhar como resposta.

_ É só ignorar o cafageste. Finge que aquela coisa não existe._ aconselhou Valéria, que também não gostou nada da presença de Abner na churrascaria.

Ezequiel não entendia o que estava acontecendo ali, mas não quis ser indiscreto de perguntar.

Abner se direcionou á mesa dos amigos. Cumprimentou-os e tentou interagir no assunto. Porém não conseguia manter a atenção nos amigos. Observava Leandro sentado ao lado de um homem, o qual ele não conhecia. "Será que Leandro está com esse pulha? Eu não acredito que perdi o grande amor da minha vida."

Abner sentia o coração pesar de tristeza e isso refletia no seu olhar direcionado a Leandro.

Além disso, era para ele dolorido demais Leandro agir como se não o conhecesse. Esse se mantinha atencioso aos que estavam ao seu redor, conversando e sorrindo como estava antes de Abner chegar.

Sentindo-se um pouco mais á vontade, Ezequiel encostou as costas na cadeira e esticou o braço até a cadeira de Leandro.

Imediatamente, Abner arregalou os olhos, vendo intimidades demais na atitude de Ezequiel. A raiva gritava dentro dele, louca para se libertar e atacar o homem que estava ao lado do seu grande amor.

Todavia, teve que domar o ódio interno para não piorar ainda mais a sua situação com Leandro.

O encontro do almoço se estendeu por toda a tarde. Valéria convidou Ezequiel para passar a tarde com eles em seu apartamento, jogando jogos de tabuleiro. O que deixou Vanessa muito revoltada.

A menina passou a tarde trancada no quarto que Leandro estava hospedado. Jogou um pouco de vídeo game no notebook do pai e adormeceu em seguida.

Ao fim da tarde, Ezequiel anunciou a sua partida. Propositalmente, Valéria sugeriu que Leandro o acompanhasse até o estacionamento do prédio.

_ Eu amei a nossa tarde. Foi tudo perfeito. Leandro, você tem o poder de transformar qualquer ambiente numa festa.

_ Eu?_ Leandro perguntou gargalhando._ Logo eu que sou a pessoa mais apagada que conheço!

_ De apagado você não tem nada. A sua luz é singular e fascinante._ Ezequiel disse mordendo os lábios, olhando para Leandro de um jeito que o deixou desconcertado.

_ Ezequiel, eu agradeço muito pelos elogios e pela forma gentil que me trata. Eu gostei muito da nossa tarde e amo a sua amizade. Ela é muito importante para mim. Mas, nós somos adultos e... Enfim, eu sei que você tem interesse em mim e fico muito lisonjeado por isso. Não como uma forma de vaidade, e sim pela honra de ter o carinho de um homem admirável.

"Mas, eu estou numa fase de reconstrução. Eu vivi durante muitos anos num relacionamento abusivo e saí dele muito quebrado. Para piorar, sofri uma baita desilusão amorosa, que deixou o meu coração em cacos. No momento, eu preciso de um tempo para mim. Para ficar sozinho e refletir sobre a minha vida, pôr as coisas em ordem na minha vida e cabeça. Quero me dedicar a cuidar da minha filha e me reconstruir... sabe? Quero poder cuidar de mim. Você consegue me entender?"

_ Claro! Eu compreendo sim. Não vou negar que sinto uma puta atração por ti. Mas gosto muito da sua amizade e não quero te forçar a nada. Eu nunca vivi um relacionamento abusivo, não faço ideia do que você passou, mas imagino que não foi nada fácil. Conheço várias pessoas que passaram por isso e que me contaram que o pós relacionamento é foda...tipo deixa sequelas.

_ São feridas que vão cicatrizar um dia, mas por enquanto estão abertas e precisam ser tratadas.

_ Claro! Você tá certíssimo. Eu prometo que não vou fazer o chato de dar em cima de você.

_ Obrigado.

_ Mas continuamos amigos?

_ Lógico, seu bobo.

Leandro o abraçou carinhosamente.

_ Desculpe a minha indiscrição, mas estou me comendo de curiosidades. Mas você responde se quiser. Aquele cara que nos olhava na churrascaria era algum conhecido seu?

Leandro respirou fundo antes de responder:

_ Sim. Eu tive um caso com ele. Mas você não se importa se eu não entrar em detalhes? Pensar e falar nele dói.

_ Tudo bem.

Despediram-se trocando beijos no rosto e deram um abraço apertado.

Leandro estava aliviado por ter finalmente falado com Ezequiel e assim cortado qualquer tipo de esperanças que o rapaz pudesse ter.

Mal entrou no apartamento e Valéria já perguntou empolgada:

_ E aí? Como é o tamanho do pau do Ezequiel?

_ Eu não gostei do que você aprontou. Espero que não faça Isso novamente. Coitado do menino.

_ Iiih, se tá azeda desse jeito é porque não rolou nada.

_ E nem vai rolar.

_ Por que não? A presença do Abner mexeu com você? Deixa de ser trouxa, Leandro.

_ Eu não sou mais trouxa. E isso não tem nada a ver com o Abner. Eu já falei mil vezes que quero e preciso ficar sozinho. Valéria, eu tenho outras prioridades na vida que não são machos. A minha cabeça não tá legal. Eu levei um tombo feio da vida e preciso reunir forças para me recuperar. Não quero fazer nem o Ezequiel e nem ninguém de bengala. E exijo que você respeite isso.

_ Iiiih, que nervosinho! Tá bom... tá bom! Não vou mais colocar o Ezequiel na sua.

_ Nem ele e nem ninguém.

_ Ok. Prometo._ Valéria sorriu e envolveu os braços no ombro de Leandro._ Me desculpe? Eu só queria te ver feliz.

_ Eu não preciso de homem para ser feliz. Tenho você._ Leandro disse dando um sorriso malicioso e foi em cheio com a mão na bunda de Valéria.

_ Uiii! Que delícia._ Valéria disse gargalhando e dando um selinho no amigo.

_ Ainda quer me fazer feliz?

_ Sempre.

_ Que tal me preparar um aquele cafezinho gostoso, que só essas mãozinhas de fadas sabem preparar?_ Leandro pediu fazendo beicinho.

_ É pra já, Bijuzinho.

Valéria entrou no quarto levando consigo uma caneca de café quente para Leandro. Flagrou o amigo admirando a filha adormecida com os braços cruzados.

_ Ela está tão linda dormindo. Dar até pena de acordar para levar pra casa.

_ Não acorde. Ligue para Júlio e diga que vai levá-la amanhã._ sugeriu Valéria, entregando a

Leandro a caneca.

_ É mesmo, né amiga. Não vou levar.

Júlio se preparava para encerrar o expediente quando recebeu uma mensagem de Leandro.

"Ela estava tão cansada que acabou adormecendo. Vou levá-la amanhã."

Ao mesmo tempo que Leandro foi firme e não pediu o consentimento de Júlio, ele enviou a foto de Vanessa adormecida para comover Júlio e esse não criar briga por isso.

O efeito foi certeiro. Júlio admirou a filha dormindo tranquila.

_ Tão linda a minha menina! Como a amo.

"Tudo bem, Leandro. Até amanhã 😘"

....

Por mais dolorida que a vida estivesse, Abner não queria se entregar á tristeza. Acreditava que precisava ter forças para reconquistar o amor de Leandro e isso o motivou a levantar da cama e sair de casa para dar um grande passo na sua vida.

Assinou com alegria o documento que estava diante de si naquela mesa. Apertou a mão do corretor com alegria por trilhar o caminho rumo á realização do seu sonho.

Saiu do escritório da imobiliária sorrindo, quase saltitante. Depois de Leandro e sua mãe, a gastronomia era o seu maior amor. Cozinhar, para ele, era sinônimo de vida.

Aproveitou o tempo livre para passear pelo shopping center. Olhar as vitrines ou assistir um filme no cinema o faria bem naquela tarde chuvosa.

_ Dimitri! Que bom te ver!_ disse a voz feminina, pondo a mão no ombro de Abner.

O cozinheiro a olhou assustado. Não gostou nada de dar de cara com o passado novamente.

Era Giovana, a melhor amiga de Laura. Foi apresentada a ele como Gil. E era a principal cúmplice do casal, facilitando os encontros adúlteros de Laura.

_ Oi, Gil. Como está?_ Abner perguntou a abraçando. Por mais que tentasse disfarçar, detestava estar ao lado de alguém ligada ao casal Franklin e Laura. O que ele mais queria na vida era enterrar aquela maldita história de uma vez por todas.

Além disso, sentiu medo de que Franklin soubesse do seu paradeiro. A imagem do homem mirando a arma para ele ainda o provocava calafrios e o perturbava a noite em forma de pesadelos.

_ Ah, estou ótima! Estou aproveitando uma temporada aqui no Rio de Janeiro. Veja, me casei._ Gil mostrou sorrindo a aliança de ouro que tinha nos dedos com as unhas pintadas de um vermelho brilhante.

Ela era uma bela morena de meia idade, cabelos longos e negros. Usava um vestido muito justo com estampa de onças e saltos altos. Tão extravagante quanto o seu perfume.

_ Eu finalmente consegui um marido rico! Já não aguentava mais aquela vida de proletariada. Gerenciar uma loja é muito difícil. Aturar patroa pior ainda. Agora vivo para mim.

_ Fico feliz por você.

_ E você, hein! Cada vez mais lindo! Parece um ator de cinema internacional. Ainda tá prestando serviços?_ O sorriso da mulher era audacioso, mordendo a ponta do dedo.

_ Não não. Me aposentei.

_ Sério?! Tão jovem! Com uma carreira promissora pela frente. Um dote delicioso e uma performance perfeita. Ah, que tristeza. Mas qual o motivo dessa aposentadoria precoce?

_ Eu me apaixonei.

_ Sério?! Quem é a sortuda?

_ O sortudo é o homem mais maravilhoso que já passou por esse mundo. Ele é incrível.

_ Ah, que bom pra ele. Desejo sinceras felicidades a vocês.

_ Obrigado. Desejo o mesmo pra ti.

_ Eu só lamento pela minha amiga. Tão jovem. E o Franklin? Coitado. Tão apaixonado pela mulher, que não aguentou a morte dela. Teve o mesmo destino. Coitado.

_ Como assim?!_Abner perguntou assustado.

_ Você não soube, menino? O Franklin se matou. O corpo dele foi encontrado na casa dele. Estava deitado na cama, e deu um tiro na própria cabeça. Na mesa de cabeceira, a polícia encontrou uma carta... você não soube?

_ Não... não fiquei sabendo.

Gil olhou para o relógio.

_ Ih, menino, deixa eu ir. Tô atrasada para a minha massagem. Foi muito bom te ver. Me adiciona no Facebook? Agora é @gilmatoso, sobrenome de casada._ disse Gil com orgulho, se despedindo de Abner com três beijos no rosto._ Mas, me adiciona mesmo. Eu vou dar um churrasco na lancha do meu marido. Aí você vai e leva o seu namorado.

_ Pode deixar.

Gil se afastou com o seu andar rebolativo, digitando no smartphone.

Abner permaneceu parado por alguns segundos. Assimilando a informção que acabou de receber.

O ódio dominou casa célula do seu corpo. Respirava fúria quando ligou para Júlio.

_ Seu filho de uma puta! Desgraçado!_ gritava Abner._ Infeliz! Você havia dado cabo do Franklin e mentiu pra mim! Me obrigou a transar com você! Que nojo! Eu tô me sentindo sujo por ter sido tocado por um ser asqueroso como você! Mau caráter! Eu vou acabar com a tua raça, seu desgraçado!

Júlio encerrou a ligação antes que Abner esbravejasse mais alguma injúria contra ele.

Estava deitado em sua cama, usando apenas uma cueca samba canção assistindo um documentário sobre animais silvestres.

Sorriu olhando para o celular. O ódio de Abner o provocou alegria. Estava envaidecido por ter o enganado por tanto tempo.

Escutou batidas na madeira da porta.

_ Posso entrar, doutor Júlio?

_ Claro, Lucia.

_ Com licença. O porteiro interfonou dizendo que um tal de Luciano quer autorização para subir.

_ Pode deixar que suba.

_ Com licença._ disse a nova empregada antes de se retirar.

_ Luciano._ Júlio disse acariciando o próprio pau ereto.

Notas do autor.

Gente, a partir de agora, vou conduzir a história rumo ao final. No entanto, eu gostaria de saber a opinião de vcs sobre o casal Abner e Leandro. Respondem nos comentários "Na sua opinião, Abner merece reconquistar o amor de Leandro?"

PS: A partir dos próximos dois capítulos, vamos dar uma pausa para a narrativa dos tempos atuais e teremos um flashback, onde vcs saberão como foi o início da relação entre Leandro e Júlio, como a Vanessa chegou na vida deles, conhecer um pouco mais do passado do Júlio. Além disso, saberemos o grande segredo obscuro do advogado, que inclui o verdadeiro motivo dele ter herdado a fortuna do paciente que ele cuidava, quando era enfermeiro.

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Comentários

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Tbm sigo essa linha de pensamento. Até já conversei com o autor sobre isso no privado.

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E mais! O Abner apaixonou-se pelo Guilherme Sobral sem saber que este era o Leandro, marido do Júlio. Quando descobriu a verdadeira identidade do Guilherme, o Dimitri também não podia confessar ao Leandro que era o Abner, porque sabia que este nunca mais olharia para a cara dele. Depois de seduzido pelo Leandro, o Abner ficou encurralado até ser descoberto pelo Leandro e pelo Júlio. O Abner foi mais vítima do que algoz nesta história.

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Perdi este capítulo. Já estranhava a demora e pesquisei pelo nome do autor. Tive a surpresa agradável de ler mais este capítulo. Lógico que a história se aproxima do fim! Quer mesmo saber? Até acho que o Abner merece vingar na sua profissão e reconquistar o Leandro. Foi apenas mais uma vítima do Júlio em todos os sentidos. E no desespero do flagrante em que foi descoberto pelo Leandro e pelo Júlio até defendeu o Leandro da arma do Júlio colocando-se à frente dele para o proteger e levando um tiro que poderia ter posto fim à sua triste existência. Seria ainda mais saboroso percecionarmos a fúria do Júlio ao ver as suas duas vítimas unidas num relacionamento amoroso. Siga em frente!

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Arthur, duas coisas: fiquei preocupado porque percebi que sua postagem não está mais frequente, antes era de 4 em 4 dias ou no maximo 6. Aconteceu alguma coisa?

Depois, acho que abner não merece ficar com Leandro, pois ele sofreu muito, mas muito mesmo por causa do Abner. Coloca um personagem extra, passa algum tempo e Leandro encontra alguem que o respeite, que o encoraje, seja parceiro. Pois precisamos de luz sabe, de justiça, dê-nos isso, sua história é linda,guarde a positividade. Acho que Leandro não merece enguli esse sapo, ele pode se superar. Pense nisso, nem Abner nem Júlio. Gosto muito dos teus escritos, estou sempre aqui, na calada, te acompanhando. TMJ

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Olá, querido.obg por sempre acompanhar. As minhas postagens não estão sendo frequentes pq estou mais a escrita, escrevendo aos poucos, cuidando dos detalhes. O próximo capítulo mesmo está no forninho.

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Pelo visto esse conto vai ter o mesmo final que o outro. O Julio vai terminar bem de vida e sem nunca enfrentar a consequência de seus atos... A questão do Abner e do Leandro é algo que demandaria muito tempo. Tem magoa e ressentimento demais entre eles. Muitas lembranças ruins. Como um relacionamento se sustenta assim? Teria que ser algo bombástico pra que eles se apaixonassem de novo. Pra falar a verdade, aquilo que aconteceu na casa de praia é que deveria ser o verdadeiro clímax da história. Até agora eu achei bem forçado da sua parte você fazer o Julio escapar fácil de uma tentativa de homicídio! A história perde muita credibilidade quando coisas absurdas assim acontecem...

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Júlio merece ficar pobre e preso levando porrada eterno

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Eu não queria que o Julio terminasse bem, mas também não queria um final "novelesco" pra ele, tipo, ele preso ou morto. Teria que ser algo que fizesse sentido na história e que fosse relacionado as coisas ruins que ele fez. Existe inúmeras formas de fazer um personagem pagar pelos seus crimes sem ser clichê. Vamos ver o que o autor reserva pra ele.

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