Moro nesse condomínio há 5 meses, ele é composto de duas torres com apartamentos dos dois lados, cada andar tem 4 apartamentos, dois voltados pra um lado e dois para outro. Os prédios estão mais pertos um do outro do que que deveriam estar, de modo que da varanda dos apartamentos é possível ver tranquilamente a sala/cozinha do apartamento da outra torre em frente.
Sempre que possível passo um tempo na varanda, seja ouvindo música, ou tomando uma cerveja e apreciando a vista. Moro no último andar, no apartamento 1803 Torre B, virado para a outra torre. No tempo que estou aqui, ninguém ocupou o apartamento na outra torre virado para mim, o 1803 Torre A. o apartamento ao lado desse, 1804, é habitado por um casal de idosos- ela tem varias plantas na varanda, onde passa boa parte das manhã cuidando, o seu esposo assim como eu, gosta de ficar na varanda sentado na parte da tarde lendo livros. Os apartamentos do 17º andar que são virados para mim são habitados por dois jovens casais, o 1703 tem uma filha que passa as tardes jogando vídeo game na sala, já o 1704 devido ao ângulo não consigo ver bem, mas sei que eles têm um gato que gosta de tomar sal na varanda no início da manhã.
Ontem, sexta feira, estava na varanda com uma lata de cerveja na mão, vendo o pôr do sol e ouvindo uma música. De repente um movimento no apartamento em frente ao meu, que estava vazio há 5 meses me chamou a atenção. A entrada dos apartamentos são todos na sala, no mesmo cômodo que fica a varanda, após entrar, à direita, tem a cozinha separada por uma parede e a esquerda tem um corredor que leva aos quartos e banheiros, então quem está de frente para a varanda, como eu estava, consegue ver quem entra no apt pela frente. Quando a porta se abriu, duas pessoas com um uniforme azul entraram, um foi direto pra cozinha enquanto o outro atravessou a sala e veio para a varanda, olhou para os vizinhos a sua esquerda, pra mim, percorreu os olhos pela vista da cidade e tomou a direção dos quartos, enquanto ele andava pelo apartamento ele acendia todas as luzes, então era possível acompanhar o percurso que ele fazia. O parceiro dele que estava na cozinha fez basicamente o mesmo percurso, e saíram desligando todas as luzes enquanto um deles fazia uma ligação. Fiquei intrigado me questionando se finalmente minha paz seria interrompida e eu teria um vizinho de frente. Cogitei que se esse fosse o caso, eu teria que mudar alguns hábitos e ri comigo mesmo. Geralmente durmo sem roupas, e as vezes quando me dá sede, saio do quarto nu e vou para cozinho pegar uma água, para isso eu preciso passar pela sala e a varanda, então meu possível vizinho da frente teria toda a visão desse desfile. Me divirto com essa ideia, mas volto minha atenção para a música e cerveja e não penso mais nisso. Depois de algumas cervejas lá pelas 19, decido tomar um banho e sair pra jantar com alguns amigos. Volto para casa lá pelas duas da manhã e vou direto pro meu quarto já bêbado, tiro todas as minha roupas no banheiro mesmo, tomo um banho rápido, e vou direto pra cama onde durmo rapidamente.
Acordo já pela manhã, com uma ressaca pesada e morrendo de sede, já passei dos 30 então meu corpo não aguenta essas bebedeiras como antigamente, busco meu celular na cabeceira e vejo que ainda são seis horas, hoje não trabalho e não tenho compromissos então cambaleando decido ir buscar uma agua e voltar a dormir, como sempre fiz desde que me mudei pra cá, vou sem roupa, passo direto pra cozinha e vou a geladeira buscar o que beber, pego uma garrafa e enquanto sirvo o copo a lembrança do movimento no apartamento em frente volta a minha cabeça, decido ir na sala, ainda com o copo em mãos ver se tem alguma novidade no meu vizinho da frente, no momento que entro na sala vindo da cozinha olhando para varanda meu coração gela e eu levo um pequeno susto, ali, na varanda em frente, com uma cigarro na mão estava um homem, com um sorriso sincero no rosto ele estava olhando diretamente para mim, paro e rapidamente retorno para a cozinha. Ele com certeza deve ter me visto passando pra cozinha nu e estava esperando meu retorno com o sorriso. rio da situação, porque agora estava preso na cozinha tendo que passar pela sala para retornar ao me quarto e sem ter com que me cobrir. Na cozinha pego um pano de prato, faço o máximo possível para cobrir como posso minhas partes intimas e atravesso a sala bem rápido, olho pra varanda em frente a ponto de ver que agora ele ainda estava rindo da minha situação. Que belo presente de boas vindas, eu penso enquanto volto pro quarto e tento voltar a dormir. Na cama, já mais calmo, tento juntar o que eu vi dele: ele deve ter por volta dos seus 50, cabelo grisalho e estava de óculos. Ele definitivamente era um homem grande, em todos os termos da palavra, pela altura do parapeito da varanda ele deve ter por volta dos seus 1,90, estava sem camisa então deu pra perceber que ele é um pouco gordo, ele é bem branco e acredito que vi uma camada de pelos grisalhos no seu peito e braço, me dou conta que ao tentar forçar a minha mente em lembrar dele começo a me excitar, ele é do tipo de cara que eu curto, homens mais maduros e grisalhos, começo a fantasiar vendo ele pelado no apartamento, encontros furtivos nas escadas de incêndio do prédio, fantasio eu batendo na porta dele nesse exato momento pergunto se gostou do que viu, antes de dormir bato uma punheta pensando no meu novo vizinho.
Acordo por volta de meio dia com fome e decido pedir uma comida nesses aplicativos, agora com roupa e de banho tomado volto a varanda para ver se meu vizinho está por lá. Nada feito, a casa aparentemente está vazia, mas uma coisa eu percebo, a sala já está toda mobiliada. Mudanças aos sábados são permitidas até meio dia, então ele deve ter acordado cedo para não perder tempo. Ele tem uma mesa redonda com dois lugares perto da porta de entrada, na sala uma tv bem grande em um hacker em frente ao sofá de dois lugares, no chão da sala um tapete bem sóbrio, na varanda um conjunto de mesas e cadeiras com um cinzeiro e uma lata de redbull sobre a mesa. Sinto um mix de alivio e decepção por ele não estar lá, não sei como irei reagir a vergonha de ontem mas quero vê-lo para observar com mais calma. Estou preso nesse pensamento quando o interfone toca anunciando que minha comida chegou. Procuro meus óculos de sol e carteira que sempre deixo perto da saída e saio do meu apartamento em direção ao elevador. Aqui, cada torre tem dois elevadores, os elevadores podem levar a garagem, o terrio ou a área de lazer, esses três espaços são comuns para as duas torres. Então ao sair em qualquer um desses espaços você tem acesso aos dois elevadores da outra torre. Lá embaixo no térreo me dirijo a saída onde geralmente os entregadores ficam, desde a pandemia eles não são mais liberados de subir, chego no portão e informo meu nome, pago meu almoço e recebo. Aqui de baixo consigo ver a parte interior das torres, levanto meus olhos me perguntando se meu vizinho estivesse na varanda mas nada feito, quando volto em direção ao hall em direção ao meu elevador, meu coração gela por um segundo, meu vizinho está saindo da administração do prédio que fica nesse andar um pouco mais a frente perto dos elevadores, eu continuo indo nessa direção. Conforme eu me aproximo o vizinho termina a conversa com o sindico dizendo alguma coisa sobre documentos de compra e venda que ele dará entrada assim que possível. O sindico se despede dele da porta da varanda, no momento em que ele me enxerga por sobre os ombros do meu vizinho já bem próximo dele fala:
- Boa tarde, Jorge. Esse aqui é o novo morador do apartamento na sua frente, o 1803, seu Gilberto.
Meu vizinho que agora eu sabia que se chamava Gilberto, vira em minha direção e com um sorriso bem aberto responde:
- Opa, prazer te conhecer meu jovem.
- Prazer todo meu. Respondo enquanto aperto suas mãos ainda com vergonha do que aconteceu.
Pessoalmente pude confirmar que ele é bem alto, eu tenho um 1,85 e ele é maior do que eu. O cabelo grisalho bem penteado para trás junto com sua barba impecavelmente feita, dar um charme especial para ele. Atrás das grossas armações de óculos que ele usa, dois olhos bem verdes me fitam divertidamente. Nos despedimos do sindico e ele caminha ao meu lado em direção aos elevadores.
Eu estava com um pouco de vergonha da situação sem saber se me desculpava sobre ontem quando ele comenta colocando a mão em meu ombro.
- sabe, estava pensando aqui, acho que a primeira vez que antes vejo alguém nu pra só depois conhecer. Geralmente é ao contrário. E ri gostosamente.
Ensaio um pedido de desculpa enquanto ele insiste que esse tipo de coisa acontece
- é como dizem, se você não tem um vizinho pelado, então você provavelmente é o vizinho pelado. Sempre com um sorriso nos olhos.
Já tinha chegado no meu elevador e eu estava hipnotizado por aquele homem quando criei coragem e disse:
- Nesse caso eu preferia que fosse o contrário.
- Como assim ao contrário ? Ele pergunta já acionando o elevador dele.
Criando coragem eu afirmo:
- Preferiria ver o vizinho pelado a ser o vizinho pelado.
A expressão no rosto dele muda instantaneamente, ele corre rapidamente os olhos pelo meu corpo e responde já com o sorriso de volto no rosto.
- boa, muito bem. Prazer em te conhecer vizinho, a gente se vê por ai.
Assim que ele concluiu o elevador dele chegou, ele saiu ainda se divertindo com a situação e entrou.
O meu demorou mais um pouquinho e logo chegou, entrei rapidamente e já apertei o botão para a porta fechar. Quem sabe ele não é do tipo de cara que já chega em casa do trabalho tirando a camisa? não queria perder essa cena. Mas infelizmente o universo conspirou contra mim, o elevador foi parado 3 vezes na subida para o meu andar, em duas delas após eu informar que estava subindo os moradores do 6º e do 15º disseram que queriam descer e não entraram, mas a mala que mora abaixo do meu apartamento mesmo querendo descer, me segurou por uns 2 minutos pedindo para eu maneirar no som na varanda que estava tendo crises de enxaqueca e etc. pontuei que ia fazer o possível e já encerrei a conversa.
Entrei correndo em casa mas só pra dar de cara com o apartamento dele vazio, não tinha sinal dele, então provavelmente já tinha entrado pro quarto. Fiquei ainda mais puto com a vizinha de baixo e comecei a pensar qual seria a melhor playlist para prejudicar ainda mais a enxaqueca dela. Peguei um prato e talheres na mesa, coloquei um copo de refrigerante e me sentei virado para varanda enquanto almoçava. Passou pouco mais de vinte minutos e recebo uma notificação no meu celular: era uma mensagem no grupo do condomínio. Entro no grupo já imaginando que a megera estaria fazendo alguma denúncia passiva agressiva sobre som no condomínio mas para minha supresa era o sindico adicionando mais um membro, o nome do membro me deixou bem feliz – Gilberto. Cliquei correndo no contato dele e adicionei, a foto do perfil dele, para minha decepção, era a do escudo do flamengo e o status era o padrão do whats, então sem nenhuma informação útil por aqui, mas pelo menos eu já tinha o contato dele. Abri a conversa e fiquei por 2 minutos analisando se seria uma boa ou não mandar uma mensagem, mas achei melhor não. Voltei pro grupo e mandei um seja bem vindo, junto com uns smiles, me arrependi instantaneamente de enviar a mensagem mas agora já era, não poderia apagar porque seria pior. Nos próximo 20 minutos fico olhando se ele já leu a mensagem no grupo, sem retorno. A comida já estava esfriando quando eu decido que já estou ficando obcecado e deixo o celular na mesa virado para baixo e volto a comer. Quando estava quase acabando, o celular vibra. Quase me engasgando pego o celular e vejo que tem uma resposta de Gilberto no meu inbox, meu coração gela de vez e sobe um frio na barriga, a mensagem diz apenas.
- obrigado pelas boas vindas, meu jovem...
Enquanto estava levantando trezentas e dezessete teorias sobre o que aqueles três pontos querem dizer, vejo meu vizinho saindo do corredor em direção a sala do seu apartamento. Ele vestia apenas um daqueles shorts de seda que usamos pra dormir, agora que conseguia ver seu corpo todo percebi o quanto é forte, apesar de ser gordo, seus braços e pernas eram fortes o que no geral dá pra ele um conjunto delicioso. Ele veio andando com o celular na mão e um maço de cigarro na outra, encostou na varanda, colocou o celular na parte de dentro do parapeito, acendeu o cigarro, deu um trago e acenou com braço para mim. Respondi rapidamente quase derrubando o meu prato no caminho, que o fez rir um pouco. Me levanto e vou pra minha varanda. Pego meu celular e decido brincar com ele.
- belo shorts, ein ?
Ele percebe a mensagem no celular, põe o cigarro na boca e abaixa o braço para pegar o celular. Ao ver a mensagem ri divertidamente.
Se afasta um pouco da varanda para que eu possa vê-lo por completo, e ajusta um pouco o short para cima, o que dá a clara certeza de que aquele short era sua única peça de roupa, mesmo de longe consegui ver a rola marcada. Ele volta para perto da varanda e responde a mensagem.
- que bom que gostou. E continua:
-Bela vista daqui, ein ? não tão legal quanto a de mais cedo quando sol estava nascendo mais ainda assim legal.
Vejo a mensagem no celular e acho divertida essa situação de falarmos por celular estando tão perto um do outro.
- pois pra mim a vista agora está quase perfeita.
- quase ? ele pergunta já quase finalizando o cigarro.
- isso.
- e o que falta para estar perfeito ? e manda uma carinha com um sorriso no canto.
Antes de eu responder ele manda mensagem informando que vai dormir, uma vez que acordou bem cedo para a mudança e a gente conversa a noite.
Fiquei triste dele ter interrompido o flerte que estávamos tendo mas decidi não forçar, só disse bom descanso. Ele então dá uma piscada e um sorriso para mim, acaba de fumar seu cigarro, coloca o resto no cinzeiro e vira as costas para mim enquanto entra na sala indo em direção ao quarto, para no meio da sala, quase chegando no corredor, ainda de costas, e para minha surpresa e alegria, tranquilamente retira os shorts ficando completamente nu e segue seu caminho, ainda de costas e antes de entrar pelo corredor, ele olha de canto de olho como que para eu ter certeza de que o show era pra mim e some no corredor.
A visão daquele corpo nu, ainda que na penumbra do corredor foi como eletricidade no meu corpo e percebo o quão louco eu estou de tesão naquele homem. Mando uma mensagem para o celular dele.
- Maldade, ein ?
- você não viu nada ! ele responde e não fica mais online o resto da tarde.
Lá pelas 16 horas uns amigos chamam para pegar o pôr do sol no rio, jogar conversa hora, mas recuso sumariamente, a desculpa era que estava de ressaca da bebida de ontem, mas a realidade é que não conseguia tirar os olhos da varanda em frente. Tentei colocar uma serie, mas sempre ficava levantando pra ver ser tinha algum movimento por lá, desisti e fui pra varando ler um livro, mas sempre desviava a atenção, a imagem de Gilberto era como adesivo muito forte que sempre que eu tentava tirar acabava grudando em outro canto. Lá pelas 18, percebo movimento no apartamento vizinho, a luz do quarto se acende, não é possível ver nada por lá devido a cortina, mas meu coração já dispara ao perceber que ele se levantou. Pouco tempo depois a luz do quarto se apaga e é a vez da do banheiro ser ligada. Começo a imaginar aquele corpo todo molhado, o sabonete passando pelos cabelos do peito, a mão dele ensaboando as coxas fortes, passando a mão naquela rola... o simples fato de imaginar que ele está tomando banho me deixa doido. Continua nessa obsessão de acompanhar os passos de Gilberto pelas luzes enquanto a luz do banheiro se apaga e a do segundo quarto se acende, deduzo que ele deve ter feito esse quarto de closet, então nesse momento está escolhendo a roupa que quer vestir. Pouco tempo depois a luz também se apaga e a do quarto que ele estava dormindo volta a ficar acesa, mas rapidamente se apaga. Meu coração dispara, provavelmente agora ele vai pra sala ou cozinha. Minha lógica foi certeira, ele aparece na sala, usando uma bermuda jeans e camisa polo branca, fico alegre imaginando que assim como na outra vez ele viria pra varanda me dar um oi, porém para minha tristeza ele passa direta da sala para porta e sai, nem sequer um olhar para o lado de cá. Me sinto um completo idiota, passei a tarde toda esperando ele aparecer para isso ? tento colocar alguma razão na minha paranoia, afinal o que eu esperava ? que só porque batemos um papo de 5 minutos agora ele era obrigado a me dar satisfação e vir atender meu desejo na varanda ? olho para o térreo para ver se ele vai sair a pé. Mas o tempo passa e ele não aparece, a saída da garagem é subterrânea pela lateral do prédio, de onde estou tenho visão, vejo dois carros saírem quase que ao mesmo tempo, uma pick up branca e um sedan preto, algo me diz que ele tem mais cara de pick up, então assumo que aquele era ele. Me sinto um pouco besta por ter esperado alguma coisa esse sábado a tarde e decido sair também, talvez o pessoal ainda esteja no rio tomando uma cerveja, decido ir pra lá para pensar em alguma outra coisa.
Encontro o pessoal ainda lá, e fico com eles até que lá pelas 20:00 quando recebo uma mensagem de Gilberto
- Cadê meu vizinho favorito que me deixou sozinho na varanda ?
Fico extremamente feliz com a mensagem, o que me faz me dar conta do quanto eu estou fudido, mas respondo imediatamente:
- sai pra tomar uma cerveja com uns amigos.
- poxa, nem me convidou ? ele responde e manda umas carinhas rindo.
Não sei se era piada ou não, mas decido ver até onde o papo dele vai.
- e você qual é o plano do sábado a noite ? pergunto.
- ele responde, ah, eu gosto muito de vinho, então provavelmente tomar um vinho e beliscar alguma coisa...
Aproveito a deixa, e faço a mesma provocação que ele:
- poxa, nem me convida ?
Ao que ele responde com uma foto da garrafa de vinho num balde de gelo, ao lado de duas taças na mesa da varanda dele com a mensagem:
- tava esperando meu vizinho favorito aparecer na varanda pra convidar.
Vejo a mensagem e não penso duas vezes ao responder.
- chego em 30 min. Precisa de alguma coisa da rua ?
- só de você mesmo... Ele responde com uma carinha de diabinho na frente.
Chamo meu melhor amigo de canto na roda, mostro a foto do vinho e falo, fê, no dia, que eu recusar um convite desses pode me internar. Paga minha parte da conta e me diz o valor que depois faço um pix. Ele dá uma risada e comenta que vai querer o relatório completo depois. Peço o uber, que não demora a chegar, entro animado pensando que a noite promete.
20 minutos depois chego no nosso prédio, e a dúvida me bate como uma porta, ir direto pro apartamento dele ou passar antes no meu pra tomar um banho. Decido que se de fato for rolar algo hoje, eu tenho que ir em casa antes. Pego o elevador rapidamente, entro em casa, olho pro vizinho e ele tá com o som ligado, ainda sentado na varanda, mas sem os vinhos, ele percebe a luz do meu apartamento ligada, levanta os braços como quem diz “o que você tá fazendo ?” e manda uma mensagem de áudio – “ei, tá no apartamento errado, a festa hoje é desse lado de cá” respondo apenas – chego ai em 10 min.
Em 10 minutos eu estava na porta dele, dava pra ouvir o som do corredor ao sair do elevador, primeiro lembro da minha vizinha chata, depois me dou conta que nunca estive nessa torre, para por fim me dá conta de que porque diabos eu to pensando nisso agora, minha obsessão do dia, estava do outro lado da porta, e eu pensando em vizinhas chatas, me aproximo da porta para bater quando de repente a porta abre e lá está ele- Gilberto, em toda sua imponência, ele tá com uma bermuda de tecida e uma camisa de malha verde que destacava bem seus olhos, pelos peitos e bracos alguns pelos escapavam da camisa. Estava sem óculos e cabelo e barba impecáveis. O perfume que eu sentia era amaderado, quando ele me cumprimentou com um abraço foi a primeira coisa que eu senti, era como se de repente você estivesse sido transportado para outro universo, aquele corpo todo lhe abraçando, o cheiro que agora de perto inebriava os sentidos, confesso que até a música que estava alta ficou distante, eu poderia morar naquele abraço.
- que bom que está aqui, meu jovem.
Eu agradeço e fico parado na sala observando aquele lugar que no ultimo dia era o foco de minha atenção. De repente minha atenção vai para o meu apartamento e a sensação é estranha imaginar que passei o dia todo querendo estar aqui e agora estou. Ele me convida para sentar:
- vamos para nossa varanda ? preparei a mesa pra gente.
Agradeço o convite e achei particularmente carinhoso ele tratar a varanda por nossa. Ainda em pé, ele enche nossas taças de vinho, se senta na minha frente, olha nos meus olhos e pergunta?
- e então, ao que iremos brindar ?
Continua...