Liberais & Apaixonados 15. Beijo roubado

Um conto erótico de San e Jen
Categoria: Heterossexual
Contém 2232 palavras
Data: 21/03/2022 14:44:41
Última revisão: 21/03/2022 15:01:52

Continuando…

Após a minha decisão infantil de testar a Jen, as consequências começaram a cobrar o seu preço. Meu relacionamento recém começado, já experimentava a sua primeira crise. Só me restava pedir desculpas e deixar as coisas se acalmarem. Eu fiquei por mais de duas horas deitado na cama pensando em algo que me ajudasse a reverter a situação.

Ouvi alguém abrir a porta e logo depois, passos pelo corredor em direção ao quarto. Era a Jen que voltava ainda com a decepção estampada em seu rosto. Ela se sentou na beirada da cama, de costas para mim.

- Me desculpa. Eu fui idiota. - foi a única coisa que consegui dizer.

Jen ainda ficou algum tempo calada e de cabeça baixa. Eu preferi não tentar nada. Não sei se era a hora adequada para abraçá-la ou coisa do tipo.

Jen nesse momento, poderia ter aproveitado a situação para me colocar contra a parede ou até mesmo me acusar de inúmeras coisas. Mas, para a minha surpresa, suas palavras a seguir foram o completo oposto do que eu poderia imaginar. Ela disse:

- Eu sei que eu dei motivos para tu não confiar em mim. Eu sumi da sua vida por um ano e me comportei mal na última vez que saímos com a Lívia. Mas, no tempo que estamos aqui juntos, eu ainda não consegui demonstrar o quanto eu te amo? Tu vai continuar carregando essa desconfiança?

Eu fiquei completamente sem palavras. Depois de toda a infantilidade da minha parte, Jen ainda conseguia arrumar uma forma de defender as minhas atitudes. Eu não ia deixar de assumir a responsabilidade:

- Você não fez nada de errado. O idiota fui eu. Acabei desconfiando de coisas sem sentido. Mesmo você tendo conversado comigo e me explicado o que pretendia. Se você deixar, prometo fazer o meu melhor para reconquistar a sua confiança.

Jen ainda estava de costas, mas pelo menos, não estava mais de cabeça baixa. Parecia avaliar a situação. Mas, eu não tinha como avaliar as suas feições. Ela disse:

- Tu ainda quer sair?

Jen mudou o assunto de repente e eu estranhei a mudança repentina na conversa. Eu disse:

- Faço o que a maioria achar melhor. Se você quiser, eu vou.

Jen debochou:

- Sério? Se você quiser, eu vou… - ela falou com aquela vozinha fina de imitação.

Eu não sabia se ela estava falando para descontrair ou se era impaciência. Preferi ficar na minha. Jen se levantou e saiu do quarto novamente. A conversa tinha me deixado confuso: Começou tensa, passou pela Jen tentando assumir uma culpa que ela não tinha e terminou com deboche. Eu não estava entendendo nada.

Logo depois meu tio entra no quarto e diz:

- Vai se arrumar. Vamos sair em meia hora.

Ele já ia saindo, quando virou para trás e rindo, disse:

- Meia hora, até parece… Esqueci que tem duas mulheres que ainda precisam se arrumar.

Me levantei e fui até a cozinha tomar uma água. Pelo barulho do chuveiro, tio Omar tomava banho. Não havia mais ninguém na casa. Me aproximei da porta e perguntei:

- As meninas foram se arrumar no apartamento da Lívia?

Meu tio só respondeu um sim abafado pelo barulho da água. Voltei ao quarto e me vesti, pois havia tomado banho há pouco tempo. Como a noite estava quente, optei por bermuda, camiseta e tênis. Tio Omar apareceu minutos depois também já vestido. Mas, em vez da bermuda, calça jeans. Sentamos na sala esperando as meninas e abrimos mais uma cerveja. Ele começou a falar:

- Estranho te ver assim todo crescido e senhor da sua vida. Ainda me lembro daquele pivete chateado pela eterna má fase do nosso Botafogo.

Eu impliquei com ele:

- Uma hora é preciso sair do ninho. Mesmo não sendo fácil. Mas tenho que dizer, vocês me protegeram demais. Minha mãe é o oposto, ela deixa eu quebrar a cara para aprender.

Meu tio, sorridente, disse:

- Eram as ordens do seu pai. O general mandava e a gente obedecia.

Nós dois rimos muito. Ele, agora mais sério, entrou no assunto que eu esperava. Ele disse:

- Você precisa cuidar bem dessa menina. Ela entregou a vida a você. Ela estava lá embaixo sentada no balanço chorando e se sentindo culpada pela situação criada por você e pela Lívia.

Eu fui honesto:

- Ela fez a mesma coisa no quarto. Mas eu não deixei que ela pensasse assim. Ela não tem culpa da minha estupidez.

Meu tio pensou por alguns segundos e depois me aconselhou:

- Você já tem a resposta que queria. E agora?

Quem pensou um pouco agora, fui eu. E por um instante, achei que meu tio estava me sondando, cúmplice das duas. Eu respondi:

- Depois da nossa conversa hoje cedo e da sua história, eu já estava convencido a ceder. Depois da reação da Jen, então… só que agora tenho que esperar esse clima ruim passar e saber se Jen e eu vamos seguir em frente. Não sei nem se vamos continuar juntos.

Meu tio debochou:

- Porra! Continua um moleque… pelo amor de Deus… não aprendeu nada.

Eu estranhei, achei que a conversa estava sendo proveitosa. Eu perguntei:

- O que foi que eu fiz de errado agora?

Meu tio, aos risos, falou:

- A garota está lá se arrumando para sair com você. Deixa de ser trouxa e aproveita para desfazer esse clima ruim. Vou te dizer uma coisa, vê se aprende: a mulher precisa ser estimulada continuamente e não só na hora que lhe convém. Se você quer que a sua mulher faça amor com você a noite, precisa começar a excitá-la desde a hora que vocês acordam.

Eita porra! Como assim? Eu estava mais perdido do que cego em tiroteio. Tio Omar vendo minha expressão de quem não estava entendendo nada, se explicou:

- Um beijo de bom dia, um café fresquinho levado na cama, um carinho mais safado antes de saírem para trabalhar… aquele dia de trabalho excelente que você prefere não comentar, pois o dia dela foi péssimo e ela só quer desabafar e encontrar apoio em você. São as pequenas coisas, meu sobrinho. Sem as pequenas coisas, os grandes gestos se tornam apenas hipocrisia.

Eu pensava sobre os ensinamentos do tio Omar quando a Jen e a Lívia voltavam ao meu apartamento:

PUTA QUE PARIU! Jen estava espetacular: uma calça preta colada ao corpo e uma bota/salto de cano longo. A blusa era um pouco mais larga e de gola aberta e ficava caída, deixando à mostra um dos ombros. O cabelo estilo afro, cheio e volumoso, emoldurava o seu rosto, que para mim, era o mais lindo de todas as mulheres do mundo. Era um estilo meio rock, meio punk, mas sem exageros na maquiagem. Simplesmente, perfeita.

Lívia também estava muito bonita, também de calça preta colada e uma blusa mais justa com um salto alto nos pés, mas eu só tinha olhos para a minha Jen. Eu estava tão hipnotizado por ela que as palavras não saiam. Com muito custo eu disse:

- Você está linda.

Jen corou e me deu um sorriso tímido. Fiquei muito feliz. Mesmo que estivéssemos um pouco mais distante do que o normal, já era uma pequena vitória, aquele sorriso.

Tio Omar já foi nos apressando e empurrando todos em direção a porta. Como na vez anterior, fomos caminhando e conversando. Na verdade, os três foram conversando, eu preferi me manter mais calado, pois já tinha estourado a cota de bobagens do ano todo. Jen sempre me olhava de rabo de olho. Caminhamos por alguns minutos e ela veio e pegou na minha mão, entrelaçando os dedos. Mais uma pequena vitória. Logo chegamos ao local. Entramos e nos sentamos em uma mesa mais ao fundo, longe das caixas de som para podermos conversar melhor também.

Mesmo com a pouca comunicação, Jen fez questão de se sentar bem colada a minha cadeira. Eu comecei a tentar desfazer aquele clima ruim, colocando o braço estendido no encosto da cadeira dela e acariciando seu ombro desnudo do outro lado. Ela apenas me deu um sorriso lindo, aceitando a minha investida.

A noite quente foi regada a muita cerveja gelada para os homens e drinks para as meninas. Elas iam revezando no pedido: uma hora, caipiríssima de morango com vodka, depois uma de saquê e maracujá e assim por diante…

Eu precisava ir ao banheiro. Avisei a todos e saí. Jen novamente me deu um sorriso lindo. Fiz o que tinha ido fazer e quando ia saindo, esbarrei com uma ex ficante. Juliana estava muito bonita e já foi me abraçando e me dando dois beijinhos no rosto e dizendo:

- Oi, sumido! Por onde você tem andado? Nem na faculdade tenho te visto mais.

Olhei em direção à nossa mesa e a Jen vinha caminhando decidida em minha direção. Ela chegou antes que eu pudesse responder a Juliana e já foi pegando na minha mão e marcando o seu território. Eu rapidamente apresentei as duas:

- Ju, essa é a Jen, minha namorada.

Não falei mais nada para não me comprometer depois. Poderia ter dito que a Juliana era uma amiga da faculdade, mas estaria mentindo. Juliana foi uma das poucas garotas com quem eu saí mais de uma vez durante o ano. Se a Jen não tivesse voltado para a minha vida como um furacão, era bem provável que Juliana hoje fosse a minha namorada. Jen foi simpática, mas objetiva:

- Olá! Tudo bem? Vocês se conhecem de onde mesmo?

Nem precisei falar, Juliana mesmo já se adiantou:

- Estudamos na mesma faculdade. - Juliana estava triste com a revelação de que eu estava namorando.

Tomei a frente da conversa e já fui me despedindo:

- Prazer te ver, Ju! Mas precisamos voltar à mesa. Estou com visitas de fora. Você entende, né?

Juliana só fez um sinal positivo com a cabeça e a Jen já saiu me puxando. Quando sentamos, meu tio e Lívia já nos olhavam preocupados. "Logo hoje essa praga aparece? Hoje não é o meu dia mesmo." Pensei. Jen já começou o interrogatório:

- Amiga é? Da faculdade?

Desta vez, eu não tinha feito nada de errado. Resolvi jogar limpo:

- Hoje sim. Apenas amiga.

Jen me olhou assustada:

- Então, antes era mais do que isso?

Eu assumi:

- Sim! Ficamos por um tempo.

Jen começava a se estressar de novo:

- E por que pararam?

Eu tentei descontrair:

- Porque um furacão chamado Jen voltou para a minha vida.

Pela primeira vez, eu dizia algo certo durante aquele dia. Jen sorriu, satisfeita com a resposta e repousou a cabeça no meu ombro, relaxando de vez. Tio Omar e Lívia nos olharam aliviados. Ele ainda sorriu para mim. Um sorriso cúmplice, de aprovação.

Começava a rodada das músicas animadas: forró, sertanejo universitário… tio Omar puxou a Lívia para dançar e eu aproveitei e fiz o mesmo com a Jen. Dançamos umas duas músicas e a Jen já voltava a ser aquela garota alegre e de sorriso fácil. Eu não resisti mais e a puxei para um beijo na boca. Até paramos de dançar e ficamos ali, nos beijando estáticos no meio da área de dança. Após o beijo, Jen disse ao meu ouvido:

- Gostei da sua atitude de falar a verdade sobre a garota da faculdade. Podemos deixar tudo o que aconteceu hoje para trás e recomeçar do zero? Eu também já pisei na bola e você me perdoou. Minha vez de fazer o mesmo.

Estava mesmo na hora de acabar com as picuinhas e recomeçar. Jen só esperava a minha concordância sobre o que ela disse. Mas eu fui mais além:

- Tudo bem! Mas ainda tem outra coisa para a gente resolver…

Jen me olhou surpresa e não interrompeu, só ficou aguardando. Eu continuei:

- Eu aceito o que você me propôs sobre o seu desejo de estar com outras mulheres.

Jen me corrigiu:

- Não eu, nós.

Eu concordei:

- Ok! Nós estarmos com outras mulheres. Depois de tudo o que o tio Omar me disse, não teria como ser de outra forma. Mas, eu tenho um pedido.

Jen me olhou ainda mais curiosa. Eu voltei a falar:

- Se algum dia esse desejo evoluir para algo além de mulheres, eu quero ser o primeiro a saber. Fale comigo antes e a gente conversa, ok?

- Eu prometo! E eu te amo muito. Jamais duvide disso. - Jen falou e me deu um beijo de tirar o fôlego.

Jen, visivelmente excitada pela minha concordância, já saiu em direção a Lívia e a puxou para o banheiro.

Ficamos eu e o tio Omar na mesa e aproveitamos para pedir uma porção de bolinho de bacalhau e mais cerveja. Ele disse:

- Pela cara, vocês voltaram às boas, né?

Eu contei tudo para ele, sem omitir nenhum detalhe. Ele só me fez um aviso:

- Se prepare! Do jeito que essas duas estão doidas para se pegar e agora que você concordou, eu acho que não passa dessa noite.

Eu já não estava mais preocupado com isso. Eu passei três meses pensando e me preparando psicologicamente para o momento. Eu disse:

- O que tiver que ser, será.

Mudamos de assunto enquanto esperávamos as duas, que demoraram mais do que o normal para voltar. E quando voltaram, estavam com cara de quem tinham aprontado. Jen se sentou ao meu lado e falou no meu ouvido, sem nenhuma cerimônia:

- Lívia me roubou um beijo no banheiro e eu deixei. Que delícia, amor!

Só de imaginar a cena, meu pau vibrou e um arrepio de excitação percorreu a minha espinha…

Continua…

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Comentários

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Ufa!

Finalmente. Agora quero ver dar conta desses dois furacões.

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Muito linda a história de vcs, carinho, atenção, compreensão, companheirismo,brigas e voltas a solução para um casamento dar certo,e ainda de tudo San do Omar botafoguense adoreiiiiii,bjs querido

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O conto metamorfose é interligado. Resolvi separar do original por causa do tema. Seria uma parte futura desse. Obrigado pelo elogio e pela leitura.

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Como disse a Bia, tá difícil acompanhar tanto escritor bom aqui na CDC. Você consegue colocar uma leveza no erotismo que torna tudo normal... 1000 procê.

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Tu só me impressiona amigo o que posso esperar mais, nota mil parabéns pelos contos maravilhosos.

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