Costumo dizer que não fui adotado pela escuridão, pois eu nasci dentro dela; no meu mundo não há cor, apenas escuridão e solidão. É claro que tenho familiares queridos, amigos e colegas de trabalho; estudei, me formei e hoje sou microempresário, mas mesmo com tudo isso vivo na escuridão …, e o que é pior, na solidão …, sou cego! …, detesto a palavra “deficiente”, porque ela não me define pois não tenho limitações; posso ir onde quiser e fazer o que quiser …, mas não posso fugir da solidão. Meu nome não tem muita importância, então conheçam-me apenas por “Neto” e saibam da experiência que mudou minha vida.
Trabalhei muito e por um bom tempo até ser alcançado pelo estresse e por indícios de um processo depressivo e me vi obrigado a deixar tudo de lado e buscar um pouco de paz e descanso. Como minha empresa é uma “fintech” colaborativa, deixei tudo nas mãos de meus associados cuja capacidade profissional e o comprometimento são muito acima da média e procurei um destino para relaxar …, é claro que não importava onde, pois tudo continuaria a ser escuridão e também solidão …, mas pelo menos, eu poderia recarregar minhas baterias e voltar a ativa o mais breve possível.
Logo eu estava sentindo a brisa fria e úmida das montanhas e o ar limpo enchendo meus pulmões causando uma deliciosa sensação de bem-estar. Me instalara em uma bucólica pousada incrustada no meio de uma pequena cordilheira montanhosa onde o único telefone que funcionava era o operado por satélite e o som das vozes era sempre tranquilo e aprazível; eu curtia o local e a deliciosa sensação de paz interior, mesmo convivendo com minha escuridão e solidão pessoais. “Oi! Meu nome é Viviane! Se o senhor precisar de alguma coisa é só pedir!”, ecoou a voz suave e aveludada próxima de mim.
Pude sentir o aroma de jasmim que Viviane exalava assim como percebia no timbre de sua voz algo mais que amável. Um pequeno choque elétrico percorreu minha pele quando ela pousou sua mão sobre a minha, impactando todo o meu corpo. “Sou a subgerente da pousada e fiquei sabendo de sua chegada por uma amiga comum …, a Célia que o senhor conhece!”, respondeu ela com o mesmo tom, porém com uma ponta de alegria quando lhe perguntei de nos conhecíamos. Célia é minha associada mais antiga e com quem costumo trocar confidências …, ela me conhece melhor que ninguém.
-Já que você disse isso, Viviane, creio que preciso de uma coisa! – respondi ao seu primeiro questionamento com um tom amável.
-É só o senhor pedir; estou aqui para ajudá-lo no que for necessário – devolveu ela mantendo sua mão sobre a minha.
-Bom, então agora são duas coisas – prossegui no mesmo tom – A primeira é que pare de me chamar de “senhor” …, e a segunda é saber se você poderia jantar comigo hoje?
-Er …, senhor …, quero dizer …, como posso chamá-lo? – retrucou ela um tanto desconfortável já que fez menção de tirar sua mão sobre a minha.
-Pode me chamar de Neto …, apenas Neto – respondi com a mesma naturalidade – E quanto ao jantar o que você me diz?
-Puxa! Isso é bem complicado! – respondeu ela com tom hesitante – Não se trata de algo de acordo com a política do local …, mas, quer saber? Seria um prazer jantar com você, Neto!
E foi um jantar maravilhoso! Viviane era uma companhia estimulante dotada de alegria, descontração e sensualidade no tom que imprimia a cada palavra proferida. “Não, eu não sou compromissada …, sabe …, é algo difícil …, uma longa história!”, respondeu ela quando quis saber de sua vida sentimental. O timbre de sua voz ecoava como música para meus ouvidos reverberando em outros sentidos como também em outras partes do corpo …, Viviane me excitava! Por isso mesmo decidi insistir no assunto relativo a sua vida sentimental.
-Bom, se você não se importar em ouvir as lamúrias de uma mulher! – prosseguiu ela quando lhe respondi que gostava de longas histórias – Fui noiva de um homem que eu supunha ser tão apaixonado por mim como eu era por ele …, mas não fomos muito longe …, descobri que ele tinha outra …, ou melhor, outras! Isso acabou comigo! Ele era tudo de bom! Tanto na cama como fora dela! …, infelizmente não teve jeito …, e assim o noivado acabou! E com ele uma parte de mim!
-E depois disso? Fim! Acabou? – perguntei em tom enfático ansiando por entender a razão de uma frustração tão profunda – Seu mundo limitou-se apenas ao que sentiu por esse homem?
Viviane emudeceu sem motivo, deixando-me transtornado com a possibilidade de tê-la magoado; instintivamente levei minha mão ao seu rosto e senti uma lágrima escorrer em meu dedo. Fui tomado por um arrependimento devastador carregado de culpa. Respeitei seu silêncio mesmo tomado por um ímpeto de tomá-la em meus braços e cobri-la de beijos e carinhos.
-Me perdoe, Viviane se fui por demais invasivo – disse eu quebrando o silêncio que pesava entre nós – Foi apenas um arroubo tolo e apaixonado por alguém que tocou-me profundamente!
-Como assim? Nós apenas jantamos juntos! – interveio ela com tom surpreso – Você sentiu algo mais por mim apenas com esse pouco tempo que tivemos?
-Viviane, preciso que compreenda uma coisa – respondi com tom sentimental e verdadeiro – Meu mundo é muitas vezes vazio e solitário …, aprendi a conviver com a escuridão e também com a solidão …, no instante que ouvi sua voz, algo dentro de mim reagiu …, pode parecer estranho, mas foi como um lampejo em sua voz …, em seu odor de jasmim …
-Neto, isso é a coisa mais incomum e também mais linda que ouvi nos últimos tempos! – interrompeu Viviane com tom afetuoso – Fiquei tocada por você …, mas acho que por hoje precisamos dar um tempo …, você não acha?
Com aquelas palavras operando como um balde de água fria, aquiesci com a sugestão e saímos do restaurante da pousada. Viviane ofereceu-se para me levar até meu chalé, mas declinei com gentileza inventando uma desculpa, pois na verdade eu estava frustrado com tudo que acontecera entre nós. Deitado na cama nu após um banho quente fiquei a imaginar como fora idiota em abrir meus sentimentos para ela daquele jeito …, afinal, quem acreditaria nessa história de desejo a primeira vista …, irônico e um pouco patético!
Depois do café da manhã, fiquei na beira da piscina ouvindo um áudio livro e sentindo o calor do sol banhando meu corpo. Nem por um minuto pensei em procurar por Viviane, já que ainda amargava a desastrosa experiência da noite anterior. “Oi, Neto! Bom dia! Como passou a noite?” ecoou a doce voz dela em meus ouvidos como uma doce e suave música que tomava conta de mim.
Queria te convidar para um passeio comigo! – sugeriu ela assim que devolvi o cumprimento matinal – Isto é …, se você ainda quiser a minha companhia?
-Viviane, mesmo com o acontecimento de ontem …, tua companhia é o que eu mais quero! – respondi em tom enfático.
Em questão de minutos estávamos dentro de um jipe da pousada com ela ao volante; creio que rodamos por uns vinte minutos até ela estacionar, avisando que faríamos o resto do trajeto a pé; caminhamos por algum lugar bem arborizado onde eu podia inspirar ar frio e fresco, uma brisa passageira que era rompida por momentos em que o calor do sol marcava sua presença. “Chegamos! Esta é uma pequena cabana de propriedade dos donos da pousada e que não faz parte do roteiro de visitas monitoradas …, pensei que poderíamos ficar mais à vontade aqui, o que você acha?”, disse ela com tom sugestivo.
-Qualquer lugar com você é adorável! – respondi sem titubeios.
Assim que entramos, Viviane me conduziu pelo ambiente até chegarmos ao pé de uma cama que esbarrei com a perna; ela me enlaçou com seus braços e colou seus lábios aos meus enquanto pedia por um beijo que aconteceu em pleno frenesi; a troca salivar instigada pelo embate incessante de nossas línguas repercutiu nas repetidas carícias corporais limitadas ainda por nossas roupas, mas que não escondiam suas reais intenções. E foi Viviane que tomou a iniciativa de ajudar-me a ficar nu e quando isso aconteceu o toque quente e aveludado de sua mão em meu peito subindo e descendo até o ventre e chegando ao meu membro tomado por uma rigidez impressionante fazia-me delirar e suspirar profundamente.
A seguir coube a ela pousar suas mãos sobre as minhas orientando como deveria proceder para deixá-la nua; ao tirar sua blusa, Viviane pousou minhas mãos sobre suas mamas permitindo que eu sentisse sua firmeza e textura de uma maciez deliciosa até chegar aos mamilos intumescidos cujo formato proeminente e hirto com largas aureolas causaram-me uma sensação delirante que fazia todo o meu corpo vibrar. Com gestos carinhosos, ela conduziu minha boca até eles pedindo que eu os saboreasse o que fiz com imensa avidez e dedicação, não demorando em arrancar gritinhos e suspiros de minha parceira.
Queria eu prolongar a carícia em suas suculentas tetas, porém Viviane tinha outras pretensões, fazendo que eu a ajudasse a despir-se por inteiro e levando-me com ela para a cama onde nos deitamos já abraçados com ela tendo meu membro em suas mãos e eu dedilhando sua gruta lisinha e roliça chegando a meter o dedo em seu interior provocando um primeiro orgasmo que ela comemorou com suspiros em meu ouvido.
Sempre a frente com as iniciativas, Viviane cobriu-me com seu corpo de tal forma que sua gruta estivesse ao alcance de minha boca da mesma maneira que a dela pudesse desfrutar do meu membro, onde acabamos por iniciar um inebriante meia nove que logo redundou em uma sucessão de orgasmos que sacudiam o corpo de minha parceira que celebrava com gemidos as vezes sufocados por ter meu membro ocupando sua boquinha.
Eu me sentia no paraíso saboreando aquela vagina quente e lambuzada que vertia líquido em minha boca permitindo que eu apreciasse o seu sabor agridoce retribuindo com mais orgasmos que a deixavam alucinada. Viviane esmerava-se em desfrutar do meu membro, ora lambendo, ora chupando e ora prendendo a glande entre os lábios levemente apertados enquanto me masturbava com ritmo cadenciado, retendo sempre que percebia que eu pudesse atingir o clímax antes do tempo.
Viviane parecia não ter pressa alguma, denunciando que sentia-se plena em minha companhia assim como explorava todas as possibilidades que se descortinavam para ambos; e foi assim que ela cessou o oral mútuo, girando seu corpo sobre o meu e cuidando de manter meu membro apontado para sua gruta enquanto ela descia sobre ele gingando o corpo com extrema habilidade até senti-lo preenchendo-a profundamente. Viviane começou a me cavalgar de uma maneira tão eloquente que eu sentia cada centímetro da minha pele vivenciar a sensação dos seus movimentos. “Toma, mama as minhas tetas! Adoro tua boca nelas!”, sussurrou ela ao inclinar-se sobre mim permitindo que eu as saboreasse por completo.
Naquela posição ela movimentava cintura e pélvis para cima e para baixo numa espécie de movimento “bate-estacas” fazendo o membro ser engolido e cuspido o mais profundamente possível, redundando em mais uma sucessão de gozadas caudalosas que sacudiam o corpo da fêmea dominada pela excitação de pertencer e entregar-se a um macho. Todavia todo aquele assédio delirante logo tratou de cobrar seu preço provocando-me contrações involuntárias e espasmos até que avisei-a que meu clímax se avizinhava. “Goze! Por favor! Quero sentir teu leite aquecendo minhas entranhas saudosas!”, murmurou ela em meu ouvido ao mesmo tempo em que acelerava seus movimentos, culminando em um gozo profuso com jatos de sêmen saltando para dentro do corpo de Viviane.
Estávamos suados e exaustos e Viviane permaneceu sobre mim beijando meu rosto enquanto fazíamos confidências de paixão. Pouco depois convidou-me ela para um banho que aceitei de pronto; com a água morna escorrendo sobre nossos corpos abraçados eu ainda saboreava seus mamilos durinhos enquanto ela esfregava seu regaço em meu membro em um gestual provocador, que não tardou em produzir resultados entusiasmados. “Vem, agora te quero aqui!”, disse ela dando-me as costas e esfregando suas nádegas em mim. Viviane ergue uma das pernas e empinou o lindo traseiro incumbindo-se de abrir o rego chamando-me para o doce embate.
Bastou uma estocada mais contundente para que meu intruso abrisse caminho laceando o pequeno orifício que viu-se forçado a recebê-lo em seu interior; arremeti com cuidado até senti-lo inteiramente dentro de minha parceira que gingou me chamando para o bom combate, que desenvolveu-se em um ritmo intenso e delirante com ela valendo-se de um carinhoso dedilhado em sua vagina para ampliar ainda mais o prazer que desfrutava e que me permitia ainda ter suas mamas em minhas mãos apertando-as e beliscando seus mamilos. E o nosso arroubo anal somente encontrou seu ápice quando não havia mais energia em nossos corpos molhados, ao mesmo tempo em que eu gozava ejaculando com profusão em seu interior.
Era quase noite quando retornamos para a pousada desfrutando de um delicioso e farto jantar com direito a vinho e sobremesa. Dias depois avisei Viviane que minhas férias haviam chegado ao fim e que teria que retornar ao trabalho; não lhe confessei que também retornava para meu mundo solitário e vazio, pois não queria forçá-la a fazer escolhas para as quais eu acreditava não estar preparada. Foi uma despedida sem palavras apenas com beijos salpicados com suas lágrimas e carícias de mãos trêmulas e inseguras. De volta para a minha realidade, contei a Célia tudo que acontecera entre eu e sua amiga e ela confidenciou-me que já sabia de tudo, pois ambas também era muito íntimas. Conformei-me e segui com minha vida, muito embora tivesse o anseio quase incontrolável de correr atrás de Viviane. “Não consigo mais viver sem você, Neto! Quero ir ao teu encontro …, e ficar ao teu lado …, você me quer?”, disse Viviane ao telefone assim que atendi. Dias depois fiz questão de ir ao seu encontro e trazê-la para junto de mim concluindo a viagem que mudou definitivamente a minha vida! Hoje ainda sou filho da escuridão, mas não mais refém da solidão.