Eu e Rodrigo somos amigos desde tempos nos quais sou capaz de identificar a origem. Morávamos na mesma rua, estudamos no mesmo colégio e mesmo a faculdade e a vida adulta não nos afastaram.
Éramos como azeite e vinagre, juntos formavamos um bom tempero, mas não nos misturavamos. Nunca ficamos, sequer beijamos um ao outro, por duas questões basicas:
Primeiro, Rodrigo era hétero, segundo, tinhamos linhas de pensamento bem distintas sobre relacionamento. Eu era um bon vivant, não estava interessado em relacionamento e sempre me entediei fácil das pessoas para tentar nutrir alguma coisa duradoura. Já Rodrigo era um romântico incurável, daqueles cuja vida injusta o fez quebrar mais a cara que qualquer outra pessoa que eu conheça.
Não vou mentir que uma ou duas vezes minha mente pecaminosa tenha pensado em uma brincadeira saudável entre dois amigos com Rodrigo. Era um cara boa pinta além de uma pessoa, numa melhor palavra capaz de resumir, do bem.
Mas nunca desenvolvi essa idéia. Pois diferente de mim, Rodrigo só investia em uma relação se ali enxergasse algum futuro. Para levar ele para a cama, teria de fazer ele acreditar que aquilo seria mais que um sexo casual. E eu nunca enganei ninguém para obter uma transa e não começaria com ele.
Podem me chamar de fatalista. Mas eu nunca enxerguei muito futuro em nenhum dos relacionamentos de Rodrigo. Ele era intenso demais e eu nunca observei a mesma disposição em nenhuma das suas namoradas. Acho que os tempos tinham realmente mudado e as mulheres, de um modo geral, não queriam mais romance. E eu não podia culpar elas por isso.
Como bom amigo, eu tentava alertar. Falar minha nada humilde opinião sobre as potencialidades de seus relacionamentos. Mais de uma vez brigamos por isso e eu, ofendido, pois só estava tentando ajudar, decidia me recolher e esperar. Para então poder dizer o tão guardado "eu avisei" quando tudo desmoronasse. Mas quando a hora enfim chegava, eu não tinha mais coragem. Não, vendo como ele ficava.
Com o tempo, parei de me meter em suas escolhas amorosas, pois sabia que esse era ele. E que ele precisaria sim quebrar a cara muitas e muitas vezes até enfim encontrar a pessoa certa. Só esperava que algo sobrasse dele para a tal pessoa, depois de tantos golpes.
Mas de fato, nenhum término foi tão desvastador quanto o com Paula. Pois neste, até mesmo eu enxergava futuro. Estavam até noivos e Rodrigo já tinha até mesmo dado entrada na papelada da casa que iriam morar juntos.
Porém, tudo mudou quando Paula recebeu uma proposta de emprego em outro país e rompeu a relação.
- Essas coisas não se têm como prever - tentei relativizar, quando Rodrigo foi até minha casa inconsolável - e realmente você precisa entender que era uma oportunidade única na vida. As vezes somos forçados a fazer escolhas.
- Não é isso que me incomoda, Fábio. Acontece que essa proposta já existia há três meses. Três meses. E ela nunca me falou. Eu pedi ela em noivado tem dois e ela aceitou mesmo sabendo que, se pintase, ela iria embora sem pensar duas vezes.
- As vezes ela estava em dúvidas - tentei ainda, mas a verdade era que não sabia mais o que dizer. Pois aquele episódio, diferente dos demais, me causou real comoção por Rodrigo e raiva de sua ex, diferente de todas as anteriores onde julguei que o único culpado pela desilusão fosse meu amigo.
Normalmente seu ritual de purificação consistia em chorar alguns dias, prometer que nunca mais seria trouxa e então seguir a vida solteiro por uns três meses até achar o novo amor da vida. Contudo, aquele parecia ter sido um golpe realmente pesado em sua vida, pois não vi Rodrigo chorar um dia sequer. Em compensação, cada vez que o encontrava, parecia acabado de vir de um enterro.
Então, na segunda semana de luto profundo, decidi tomar uma atitude. Apareci em seu apartamento sem avisar numa sexta a noite e lhe dei o ultimato.
- Se arruma. Vamos sair.
Ele apenas ergueu a vista, deitado em sua fossa no sofá da sala, e respondeu.
- Amanhã trabalho de manhã?
- Que horas?
- Tenho de estar as 10h.
- Ótimo. Seu trabalho é aqui perto. Vai dar pra descansar. E mesmo que não desse, acredita mesmo que uma noite de sono perdida conseguiria piorar essa sua cara? Anda.
O estado de espírito de meu amigo estava tão abalado que ele sequer era capaz de sentir a acidez de minhas piadas inteligentes.
- O tempo está ruim - tentou argumentar - e eu também não quero, Fábio. Obrigado.
- Pois estou pedindo sua companhia para sair. Vai me negar isso? - Já que a imposição não funcionou, tentei apelar para a cilpya, mesmo sem esperança.
- Aposto que vai se divertir bem melhor sem mim.
Aquilo não podia ser negado, mas eu não desisti. Respirei fundo e resolvi usar uma cartada final.
- Pois bem, você pediu isso. Lembra do segundo ano do ensino médio? Que você e a Suely fizeram merda e ela achava que estava gravida? Lembra quem foi que comprou o teste de gravidez, pois os dois tinham vergonha de ir na Farmácia - e enfatizei com meu melhor tom teatral - E mais. Ainda lembra de quando sua mãe achou o maldito teste na sua lixeira e eu assimi a culpa. Pois por alguma razão havia me batido uma enorme curiosidade a respeito do resultado que daria em um viado?
E o encarei, tentando não rir da lembrança daquele dia.
- Você me disse, abre aspas, estou te devendo. - concluí meu inquérito.
- Isso faz mais de 10 anos - rebateu.
- E eu nunca cobrei - lembrei - E estou fazendo agora. Então se arruma e em uma hora eu te busco. Se não for, você vai perder o melhor amigo também. E aí de você se não chorar, no mínimo, umas três semanas por mim, já que já gastou tanta lágrima com ex namoradas.
Saí e bai a porta, mais para efeito dramático mesmo.
Pelo menos, havia funcionado. Quando cheguei o encontrei de banho tomado, perfumado e pronto pra sair. A cara continuava parecendo ue ia a um mausoléu, mas um problema de cada vez
Saimos e fomos a um bar com pista de dança que eu conhecia muito bem. Chegamos pouco antes da chuva cair pesada e ao olhar o letreiro, ele pareceu um pouco aliviado
- Gostou? - perguntei, quando estacionei o carro
- Fico feliz que, pelo menos, você não vai ficar me empurrando mulheres.
- Eu não contaria com isso, amigão - rebati - pois tem muita mulher hetero que frequenta ali. Mesmo não vindo atrás de azaração, bastam algumas horas vendo homens bonitos se pegando pra bater o desejo. E se descobrirem que tem um macho heterossexual disponível, vão avançar igual chacais na carniça - e completei em tom de confidencia - fato esse que vou explanar assim que entrarmos.
Não o deixei reclamar e saí do carro e fui andando. Chegamos e fomos atendidos pela Samantha, minha bartender favorita
- Samantha, o que você recomenda pra um macho heterossexual, viril e com o coração partido?
Ela sorrriu vendo Rodrigo se encolher.
- Praticamente tudo aqui - e foi preparando um de seus drinks de espontânea criatividade.
- Você não está ajudando - ele me cutucou.
- Estou apenas brincando - dei um passo atrás - quero que você relaxe apenas. Esqueça por alguns segundos tudo o que deixou em casa. Bebe. Relaxa. Conversa comigo se quiser. E se rolar de uma dessas mulheres lhe interessar, me cutuca primeiro só pra eu te avisar se é mulher mesmo, beleza ? - e pisquei o olho
Pela primeira vez, vi o que parecia um ensaio de um sorriso brotar de seu rosto. Só aquilo já me valeria a noite. Mas eu queria mais.
Para não deixar ele ainda mais sem graça, não fiz mais nenhuma investida em termos de lhe empurrar uma garota. Na verdade, contar a Samantha já foi o bastante, que tratou de espalhar a boa nova para possíveis interessadas. Rodrigo, cara bonito como era, atraiu algumas, que vinham ao bar, perto onde estávamos e de vez em quando lhe lançavam olhares. Mas meu amigo de fato ainda não estava afim.
- Posso te fazer uma pergunta indiscreta, amigo? - resolvi arriscar.
- Quase tudo o que me pertunta é indiscreto, Fábio - rebateu.
- Vou deixar essa passar - me fiz de ofendido - a pergunta é: você já fez sexo casual?
- O quê? - mesmo esperando qualquer pergunta vindo de mim, essa o pegou desprevenido.
- Digo. Qual foi o seu tempo recorde ficando com uma garota sem ficar pensando em quantos filhos vão ter juntos?
- Está divertido me zoar?
- Sempre é um prazer. Mas nesse caso, quero fazer você encarar um fato. Nada mais.
- Eu sei o que vai dizer. Que eu sou intenso demais. Que me apego demais. Que sou carente e acabo me fodendo...
- Rodrigo, Rodrigo - o interrompi - apesar de você serem as palavras mais sabias que ouço sairem de sua boca nos ultimos dias, não é essa minha intenção. O que eu quero dizer é pra você olhar a sua volta e perceber uma coisa: as mulheres se interessam por você, meu filho. Isso significa que não há a necessidade de você se esforçar tanto para manter um relacionamento. Se for de interesse da garota, ela também fará esforço para ficar junto de você.
E continuei antes que ele tivesse tempo para me interromper
- Você tem que parar de se esforçar tanto. Você não é do tipo causal, beleza, entendo. Não concordo, mas entendo. Você não precisa parar de procurar uma companheira para a vida. Só estou dizendo que você tem que aprender a soltar a pessoa se os primeiros sinais indicam que ela não está tão afim assim. Para de dar murro em ponta de faca. Não é porque você saiu uma vez que você tenha de se casar. Se rolar, ótimo, se não, deixe ir. Melhor largar logo do que investir tempo em algo sem futuro.
Ele ficou quieto, e terminou o drink que Samantha havia preparado
- Talvez esteja certo. - admitiu por fim.
- Agora que superamos esse estágio - e me voltei para o bar - Samantha, mais dois desses por favor.
- Cuidado ai, você quem veio dirigindo - alertou.
- Relaxa - e mostrei para ele minha água - os dois são para você.
- E qual seu plano? Me embebedar para que eu caia nos braço de uma desconhecida?
- Olha, isso seria um bônus - considerei - mas não. Meu foco é em fazer você se soltar a desabafar
E estendi um dos copos. Ele pegou e me olhou interrogativo.
- Cada um de nós lida com as decepções de uma maneira. Uns compram coisas caras e inúteis, outros adotam pets. Se fosse comigo eu pularia nos braços do primeiro gostoso que achasse como um canguru. Mas você, caro Rodrigo, você é dos que precisam desabafar. E sim, chorar também. Então, se eu precisar usar todo o produto oriundo de todas as videiras da Itália ou dos campos de cevada da Rússia, pra tirar isso de você, pode apostar que farei isso
Ele me olhou e me presenteou com uma tentativa de sorriso.
- Isso não vai funcionar - e bebeu um gole
Bastaram mais dois remédios receitados por Samantha e uma hora e meia depois eu levava para casa uma versão bêbada e chorona de Rodrigo.
Aceitei minha tarefa de levar aquela caixa de som recheada de reclamações em resignação. Antes de mim, ele havia alugado o ouvido de minha querida bartender, que por trabalhar em um bar gay, tinha mais experiência em ouvir homens carentes e inconsoláveis que a maioria dos psicoterapeutas do mundo.
Não gostava de ver ele assim, mas aquilo ainda era melhor do que o buraco negro e silencioso em que havia se transforado nos últimos dias.
- Sabe o que me irrita? É ter me enganado. Eu entendo a oportunidade, eu entendo que a carreira é importante pra ela. O que eu não entendo é porque ela aceitou o noivado se sabia que não ia pa frente. Cara, podia ter me poupado. Terminado logo. Eu ia entender.
Eu discordava de sua argumentação. Como conhecia Rodrigo, acreditava piamente que ele lutaria por aquela relação mesmo que sua ex tivesse declarado aos 7 ventos que pretendia seguir sua vocação de se vender para marinheiros na Praça Mauá. Mas não ia confronta-lo, já que,pelo menos,ele estava conseguindo colocar aquela mágoa pra fora.
Assim, limitei-me a concordar.
- Eh, meu amigo. As pessoas realmente não dão valor - dei corda, enquanto prestava atenção na curva. A chuva tinha deixado a pista bem escorregadia.
- Vocês gays sabem viver, sabe. Não ficam se apegando, aproveitam a vida
- Olha, devo te dizer que nem é assim. Você se surpreenderia como existem homens gays tão carentes quanto... - me corrigi a tempo - qualquer pessoa. Te digo mais, vários não sabem bem o que querem. Cansei de sair com caras que só queriam um lance casual e depois da primeira foda queriam me convidar pra conhecer suas mães.
- Sério? - riu-se.
- Aposte todo o álcool em seu fígado, meu amigo. Eu sou uma exceção.
- Mas então eu devia ser mais como você. Não esse burro, idiota, imbecil, que sou.
- É o álcool falando, amigão.
- Eu não estou bêbado.
- Claro que não. E Yo soy Don Juan Del Marco. He hecho el amor con más de mil mujeres.
Mas o estado de Rodrigo não o permitiam entender espanhol ou sarcasmo
- Mas me fala, o que você faz quando o cara gama?
- Essa parte é chata, sabe. Mas não tem o que fazer. Eu lembro que nosso lance é casual, que não quero tentar nada mais sério no momento e tudo mais. E quando a diplomacia não funciona, aí tenho de apelar para o bloqueio. Vantagens da tecnologia. - resumi.
Rodrigo concordava, como se estivesse tentando absorver aquele novo conhecimento, embora eu tivesse minhas dúvidas que conseguia manter o foco em alguma coisa.
- É cruel, mas justo - concordou por fim - não querer nada sério é um direito, pelo menos você não ilude ninguém. E não importa se vai machucar, pelo menos não vai brincar com os sentimentos dos outros.
- Olha você, tendo uma epifania - felicitei - Samantha tem que me dizer o que colocou naquela taça...
- Mas é... É isso... Com certeza - começou a falar sozinho.
- Mas talvez eu tenha de ajustar a dose - competei meu raciocínio, olhando preocupado para ele.
- É a melhor coisa a se fazer... Óbvio.
Como ele continuava concordando consigo mesmo, decidi interromper seu momento.
- Oh Dalai Lama, me diz, posso participar de sua sabedoria ou prefere que eu o deixe a sós com seu amiguinho imaginário?
- Já sei o que eu tenho de fazer pra aprender. Eu e você, devemos transar, Fábio. - continuou, como se a conversa tivesse seguindo um fluxo natural
- O que? - Nem eu estava preparado para tamanho absurdo e foi uma felicidade a estrada estar praticamente deserta, pois evitou uma possível colisão.
- É isso - continuou cheio de convicção. - Com quem melhor eu aprenderia? É perfeito. Olha veym, você é meu amigo. É passivo, então eu não corro riscos - e riu sozinho, antes de continuar - você não se apaixona por ninguém e eu, não sendo gay, não acredito que corra risco de gamar em você. Pelo menos posso dizer que não vou ficar pensando em quantos filhos vamos ter, né?
E me cutucou com o cotovelo para saber se eu tinha pescado a piada. E eu começava a me arrepender de ter tentado trazer luz para aquela alma e me perguntava como fazer para lançar Rodrigo de volta ao abismo de escuridão de onde estava.
- É verdade - me limitei a dizer, agradecendo estarmos chegando.
- E na pior das hipóteses, se eu me apaixonar por você, sei que você vai esmagar meu coração logo ao invés de ficar me cozinhando por anos.
E riu de novo. Pelo menos eu estava servindo para isso. Então suspirei e aceitei o monstro de minha própria criação.
Estacionei bem em frente a seu apartamento, para que entrasse sem se molhar muito.
- Então, consegue ir sozinho ou precisa de ajuda?
- Eu não to bêbado - foi tudo o que disse, fazendo sinal de pouco caso.
Então, após uns 10 minutos vendo Rodrigo brigar para soltar o cinto de segurança, esperei, tentando entender porque ele contornava o carro e atravessava a rua no meio da chuva.
Abaixei o vidro e o chamei.
- Seu retardado. Pra onde você está indo? - gritei - seu apartamento é pra lá.
Rodrigo se limitou a rir, como se eu estivesse falando algum absurdo.
- Ah minha santa Anitta - praguejei e estacionei rapidamente o carro e fui atrás dele antes que pegasse a primeira condução para outra cidade.
Chegamos enfim ao seu apartamento. Abri a chave depois de o ver brigar com a fechadura e entramos. Estávamos ensopados.
- Acho que eu preciso deitar um pouco - anunciou
- Nem pensar. Quer pegar um resfriado - ralhei com ele - Anda, tira a roupa e já pro chuveiro.
Ele riu, tampando a boca como quem esconde um segredo
- O que foi, agora?
- Você quer me ver pelado - e riu mais - coloquei ideias na sua cabeça, pode falar.
E ria como se estivesse em um show de comédia. Fechei os olhos e contei até dez.
- Amigo, eu sei que você tá alegre, mas eu prefiro que pelo menos por alguns segundos você volte a ser o Rodrigo responsável. Amanhã você trabalha, esqueceu?
- Ta bom, ta bom - falou, ficando sério por uma fração de segundo - mas me promete - e num movimento rápido, apertou meu pau e meu saco com uma pegada firma - Que não vai ficar de pau duro.
- Filho da... - segurei a vontade de bater com a cabeça dele na parede e subjuguei a dor da pegada.
Fui o enxotando igual um cão vadio e ele rindo até o banheiro. O sentei no vaso e ajudei a se despir.
- Acho que você está ficando de pau duro mesmo - comentou, meio abobalhado e tentando segurar meu volume de novo
Eu afastei minha pélvis o máximo que pude e lhe dei vários tapas na mão. Não precisava que suas suspeitas se transformassem em confirmação.
Ao final, consegui o jogar de cuecas no chuveiro e liguei. A água quente foi o milagre de que eu precisava. Bastou a ducha lhe atingir para o sentir amolecer e relaxar, me fornecendo um sorriso e um olhar perdido de agradecido.
- Vou na cozinha buscar algo pra ajudar na ressaca - anunciei - fica aí e tenta não se aforgar na poça - e virei o chuveiro na sua direção. Na parede onde ele se escorou e tentava se manter de pé.
Rodrigo apenas levantou os dois polegares em resposta e eu saí praguejando .
- Que merda fui arrumar pra minha vida? - falei comigo mesmo repetidas vezes enquanto ia pra cozinha e vasculhava a geladeira. Achei uma soda que iria a calhar. Coloquei em um copo de plástico e levei.
Chegando no banheiro, o encontrei sentado no chão, imóvel e meu coração se encheu de medo e esperança que estivesse morto.
- Rodrigo - chamei e ele ergueu a cabeça num sobresalto.
Seu estado era lamentável e eu acabei me compadecendo de novo, imaginando comigo mesmo que, se esse fosse o preço para se amar alguém, eu sinceramente preferia nunca o pagar.
O ajudei a levantar e o enrolei em uma toalha, então, sentado na privada, sequei sua cabeça enquanto ele tomava a soda.
- Eu sou um idiota - queixou-se consigo mesmo
- Não seja tão duro consigo mesmo - e enxuguei seu rosto - você é um romântico. Não existem muitos como você.
- Se existissem, a raça humana estava condenada.
Eu tive de segurar para não rir. Apesar de ser a primeira piada com graça que tinha contado nos últimos dias.
Então, Rodrigo abraçou minha cintura como uma criança cansada.
- Eh, agora definitivamente eu virei sua mãe - comentei em desistência - devo estar cacura, mesmo. - sorri.
Mas a verdade é que o incômodo já havia passado e o vendo tão triste, não consegui deixar de voltar a sentir empatia por seu estado. Pelo menos, até ele falar a próxima merda.
- Fábio, posso te fazer uma pergunta? Indiscreta?
- Depois de todas as que te fiz nesses anos que somos amigos, acho que não seria justos negar isso a você.
- Você colocou silicone na bunda, não é? - e apertou minhas nádegas.
- O que? Como se atreve?
- Tô pra te perguntar isso tem um tempão, você não tinha essa bunda nos tempos de colégio.
Ele cutucava com a ponta dos dedos como uma criança averigua o cadáver de uma animal
- Isso, meu amor, foi obra de muito spping e agachamento, pra você ficar acusando de silicone - bufei. - e dá pra parar de cucutar minha bunda.
Ele riu e me olhou de novo com aquele sorriso abobalhado.
- Ta ficando de pau duro?
- Não brinque com forças que desconhece - alertei.
Ao fim, escovou os dentes tirou a cueca molhada e o level enrolado na toalha, atirando-o na cama. Estava prestes a comemorar o fim daquela caótica noite quando, antes de cair deitado, ele agarrou meus braços e me puxou junto. Fazendo com que caísse por cima dele e me enrolasse entre seus braços e pernas. A toalha escorregou e seu corpo nu amassava o meu
- Vem, vamos dormir de conchinha - brincou, me abraçando e me imobilizando
- Pelo amor de Deus, criatura. Sossega - implorei.
Mas Rodrigo não pareica estar nesse mundo. Me beijava o pescoço com estalos altos, enquanto ria e eu podia jurar que ele estava ficando excitado. Mas seus olhos estavam fechados e ele parecia perdido entre o mundo real e dos sonhos.
- Me solta, por favor - pedi, mas estava difícil me desprender desse nó que seu corpo fez no meu.
Então, desistindo de lutar, apenas respirei e esperei que ele cansasse.
O que não precisou esperar muito. Foi só eu parar de lutar que ele relaxou e depois disso, logo seus braços afrouxaram.
- Rodrigo? - sussurrei.
Mas sua respiração pesada dizia que ele já havia partido.
Então, saí com cuidado e o sequei, pois como eu ainda não havia trocado de roupa, acabei o molhando quando me abraçou. Acabei confirmando minhas suspeitas e vi que seu órgão estava bem inchado, dormente, mas com um volume de dar inveja.
Acabei perdendo mais tempo do que deveria admirando e então dei dois tapas no próprio rosto para despertar e o cobri. Molhado como estava, achei melhor tomar logo um banho e tirar aquelas roupas. Mas para mim, seria um banho frio, pois precisava acalnar os ânimos lá embaixo.
Saindo, olhei e o vi ainda dormindo profundamente. A chuva não dava descanso, então achei melhor ficar por ali. Também porque tinha de garantir que ele acordasse na manhã seguinte ou seria culpa minha. Sequei o chão por onde andamos molhados e pus seu celular para carregar e despertar. Então, roubei uma de suas cuecas e fui deitar no quarto de hóspedes.
Ao deitar, não fazia idéia de quão cansado estava e logo relaxei. Mas não sei se dormi muito ou alguma coisa sequer, pois logo me pareceu ouvir uma voz vinda das profundezas do inferno.
- Fábio.. Fábio... Amigão, ta acordado?
Senti o odio voltar a crescer em meu interior
- Não. Estou tendo um pesadelo - falei sem abrir os olhos, ao que Rodrigo riu.
- Que bom que não te acordei. To sem sono. Vamos conversar. Fazer alguma coisa, sei lá.
- Você trabalha amanhã - lembrei, me virando pra ele, que estava agaixado no leito de minha cama como um garoto atentado.
- Eu sei, mas estou sem sono - protestou.
- Conte carneiros, leia um livro, faça o que quiser
E me virei de costas pra ele de novo e enfiei a cabeça no travesseiro. Ficou um silêncio após isso, que seria maravilhoso se antes não fosse suspeito.
Esperei, para ver se ele saía, mas ao que parecia, Rodrigo não tinha arredado o pé de onde estava.
Foi então que aconteceu.
Sua mão segurou minha cueca e deslizou um pouco, desnudando a bunda.
- O que você pensa que está fazendo? - rosnei sem me virar
- Você disse pra eu fazer o que quisesse - lembrou, com aquela voz que parecia que eu estava lidando com um adolescente.
- Retiro o que eu disse. Pode já... Ah caralho.
Dei um pulo da cama, pois ele tinha acabado de passar a língua no meu rego. Numa passada rápida, a lingua tinha percorrido toda a extensão e, quando tocou o orifício, me arrepiou da ponta dos cabelos aos pelos da perna.
Ele ria feliz e só então percebi como ele ficava bonito quando sorria com sinceridade. Senti a raiva iniciai se dissipar diante de seu rosto alegre e tentei a todo o custo a recuperar. E falei com a voz mais séria que consegui.
- Pode parando com isso.
- Por quê? - sorriu - Não gostou?
Eu gaguejei algo que deveria ter sido uma negativa.
- Sua bunda é lisinha - comentou - além de carnuda e macia.
- Fico lisonjeado, mas vamos deixar os elogios para uma outra ocasião.
- Ah vai, deixa eu fazer de novo. Só pra ver se fiz direito - tentou abrir minha bunda de novo.
Eu segurei sua testa. Ainda estava de costas pra ele, pois só não me virei de frente para proteger a minha retaguarda pois não queria que ele visse o quanto fiquei excitado.
Rodrigo fez força para vencer o bloqueio de minha mão e foi se aproximando
- Vai. Deixa. Rapidinho.
Acho que minha força de vontade não era tanta quando supus. Acabei deixando, enquanto tentava convencer a mim mesmo que só fazia aquilo para me livrar logo dele
Voltei a me deitar e mordi o lábio para não gemer. Mas tinha de admitir que foi só a lingua dele tocar meu ânus novamente que eu tive vontade de me contorcer todo.
Ele abria minhas nádegas e beijava meu cu de uma maneira tão suave que me deixou pegando fogo. Não havia pressa, nem afobação, só uma profunda técnica que deixava sua degustação muito prazerosa pra mim.
- E ai, já matou a curiosidade? - tentei parecer impaciente.
- Só mais um pouco - pediu
- Tá bom - me rendi quando a lingua entrou. Mordi o dedo para segurar a onda de êxtase.
Arrisquei uma olhada para trás, só para ver seu rosto em delírio, lambendo como se provasse uma fina iguaria.
Estava difícil não gemer.
Foi então que ele abriu os olhos e nos encaramos por um segundo. Não falamos nada. Num espasmo, apenas nos movemos. Eu fui para o meio da cama e Rodrigo pulou em cima de mim. Nos beijamos e ele foi montando por cima. Encaixe atrás de encaixe, nos conectamos como duas peças de um mesmo quebra cabeça. Ele coube perfeitamente entre minhas pernas enquanto seus braços passavam por trás dos meus ombros e prendiam minha cabeça. Eu segurei a dele também, nos forçando a olhar nos olhos um do outro.
Minhas pernas abracaram confortavelmente sua cintura e o plugue final foi o ponto final para nos conectar completamente.
Rodrigo penetrou, com estocadas simples e precisas. Ficamos olhando um para o outro, gemendo e deliciando com nossos halitos. Enquanto ele metia e eu o recebia
Hora ou outra nos beijavamos com sede, o único momento que nos permitiamos desviar o olhar
Sua boca tinha o gosto de soda e creme dental. Seu pau entrava e saia com facilidade. Meu corpo parecia se mexer sozinho e minhas nádegas relaxavam quando ele penetrava e depois enrijeciam, como que tentando prender seu órgão dentro de mim.
Ele meteu de forma intensa sem parar, cada hora mais forte e mais profundo. Eu não conseguia parar de gemer, delirando com aquele simples e potente sexo.
Nossos corpos colados apertavam meu órgão e eu sequer consegui controlar o gozo. Continuar a ser penetrado depois disso doeu, mas eu não queria largar. Não queria que ele parasse.
Foi quando Rodrigo urrou, penetrando o mais fundo que cnseguiu, senti ser invadido por uma profunda paz. Meus ouvidos ainda se deliciando com o som de seu orgasmo. Quando seu corpo caiu pesado sobre o meu, o abracei e envolvi, cheirando seu cabelo suado e apreciando o calor de seu corpo.
Rolamos para o lado e eu me virei em posição fetal, ainda recuperando o fôlego. Não tinha forças, tremia. Então, sequer lutei quando ele me puxou e me abraçou por trás, reivindicando a conchinja que havia me proposto horas atrás.
Me sentindo envolto e protegido, não pude impedir o cansasso de voltar. Dormi quase instantaneamente depois, ainda sem entender o que tinha acabado de acontecer
Continua...
***
Saudações, pessoal.
Estava sumido, mas com saudades. Acontece que além de
buscar inspiração, também estou ocupado trabalhando em outros projetos, tanto sob a assinatura de Fmendes quanto com meus titulos originais, que estou doido para divulgar para vocês.
Para os amantes dos contos eróticos, estou com um manuscrito em acabamento. Uma novela de uns 20 capitulos sob o titulo provisório de "Diários de caça". Meu maior trabalho no gênero desde Colégio Militar (ou Colégio Pracinhas, título em que o livro completo está disponível na Amazon).
Para os amantes de literatura fantástica, tenho o prazer de informar que possuo trabalhos no gênero também, assinando com meu nome original. Os quais em breve, como prometi anteriormente, vou anunciar aqui.
Espero que se deliciem com este pequeno trabalho em duas partes, como forma também de pedir desculpas pela ausência.
Um forte abraço e espero nos vermos em breve. Semana que vem, posto a continuação deste conto.
Caso queiram conhecer meus trabalhos publicados na amazon, segue o link abaixo:
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