Liberais & Apaixonados 20. Crise.

Um conto erótico de San e Jen
Categoria: Heterossexual
Contém 3784 palavras
Data: 23/05/2022 17:00:17

Continuando…

San ainda com vocês.

7 de janeiro de 2022.

Confesso a vocês, que aquela foi uma das piores semanas do meu casamento. Jen e eu estávamos estranhos um com o outro. Não era bom e nem ruim, era apenas estranho. Eu, ainda magoado pela forma que ela havia me tratado no dia primeiro, na virada do ano, e ela, introspectiva, calada, sempre avaliando e escolhendo as palavras quando se dirigia a mim. Eu sentia que a Jen estava diferente, com receio de me falar alguma coisa. Nós sempre fomos tão amigos, grudados, parceiros. Não era uma situação que eu estava acostumado. Minha esposa nunca teve problemas em se abrir comigo.

No sábado anterior, logo após aquela situação que aconteceu quando eu saía do banheiro, vendo que eu não estava feliz ou curtindo, não demorou nem meia hora para a Jen pedir para irmos embora. Ela tinha notado que eu não estava à vontade.

Os dias seguintes foram de afastamento entre nós. Mas a Jen quando não estava trabalhando ou cuidando do nosso filho, estava sempre no celular com as novas amigas. Eu me sentia isolado dentro da minha própria casa. Não conversar com ela era uma coisa que me angustiava. Sempre consultamos um ao outro em qualquer situação. Eu me sentia infeliz e chateado. Minha melhor amiga não se fazia disponível e nem deixava eu me aproximar.

Por sorte, eu havia conhecido, em trocas de mensagens online, um sujeito muito experiente, profundo conhecedor da vida liberal e que foi de grande ajuda para que eu compreendesse o que estava errado nas minhas atitudes. Confiando nele, expus certas dúvidas e situações e ele foi sincero nas respostas. Eu passara pelos treze primeiros anos de casamento e relação liberal, sem nunca ter sido, realmente, colocado à prova. A predileção da Jen por se relacionar apenas com mulheres, me fez criar uma falsa sensação de que as coisas nunca iriam mudar. E era confortável para mim. Os conselhos recebidos e principalmente, a forma que ele encontrou de me mostrar onde eu estava errando, foram determinantes para as minhas atitudes futuras.

Naquela semana, eu até cheguei a abusar um pouco do tempo dele e me recordo de uma fala que me fez repensar todas as minhas atitudes. Após um sincero desabafo feito por mim, ele me mandou a seguinte mensagem:

"Vou falar o que eu penso: Sexo é sexo, uma brincadeira, um jogo, um prazer. Nada contra ser feito entre amigos que se respeitam e se gostam.

Não deve se misturar com o sentimento do gostar que existe entre um casal.

Acho que vocês estão entre amigos e podem confiar. Assim, se for da vontade de vocês, vai rolar.

Eu sou sempre à favor do prazer. A vida liberal é boa de ser vivida enquanto se é jovem, com boa aparência e com capacidade para vivenciar tudo.

Mas eu acho que devem dar o tempo certo para acontecer. A tendência da gente é acelerar, forçar a barra. Isso não é bom pois nem todos estão no mesmo ritmo.

A única recomendação, deixe rolar naturalmente. No começo dá um frio na barriga, um buraco no estômago, e um certo medo do desconhecido, quando sabemos que nossa esposa vai ficar com outro macho. Mas depois isso se supera e a gente se acostuma. Afinal, o gostar de um casal também passa por permitir ao parceiro ou à parceira umas experiências diferentes."

Se essa alma iluminada não tivesse surgido em um momento tão delicado pelo qual passava o meu casamento, talvez Jen e eu nem estivéssemos mais juntos. Eu por teimosia e ela com total razão de se sentir traída e desrespeitada. Ela sempre foi generosa comigo e era minha obrigação fazer igual.

Nessa época, ainda estávamos vivendo as restrições de liberdade impostas pela pandemia. Eu ainda não estava trabalhando, mas a Jen, sim. Naquela sexta-feira, por volta das onze e meia da manhã, recebi uma ligação do Henrique me convidando para sair. Primeiro, estranhei. Mas eu precisava sair um pouco de casa, distrair a mente. Meu filho estava na casa dos avós e Jen só chegaria no começo da noite. Coloquei uma bermuda simples, camiseta e tênis e fui ao seu encontro. Estava com vontade de beber e por isso, pedi um Uber.

O bar que marcamos para nos encontrar, era um estabelecimento famoso na cidade e frequentado pelos mais abastados. Eu já começava a ficar preocupado de novo. Henrique percebeu o meu desconforto e disse que não era para eu me preocupar com as despesas. Almoçamos ali mesmo, um pintado na brasa com um molho tártaro maravilhoso e arroz à piemontesa. Cerveja Antarctica original de garrafa sempre gelada e impecável, pois fazia muito calor.

Henrique, assim como eu, é um homem direto e me deixando surpreso, logo entrou no assunto:

- Helena me disse que você está com dificuldades para trabalhar durante a pandemia. É verdade?

Eu não estava gostando daquela conversa. O que mais fere o orgulho de um homem que sempre trabalhou, é os outros acharem que ele precisa de caridade. Apesar das dificuldades, eu possuía economias que me deixavam tranquilo, pelo menos, por mais alguns meses. Ele percebeu que aquele assunto me incomodava e se explicou:

- Você não precisa se sentir traído pela Jen. Não partiu dela. Ela não nos pediu e nem insinuou nada. É uma ideia da Helena. Ela está precisando de pessoas da sua área e gostaria da sua ajuda.

Eu avaliei a situação. Eu realmente precisava voltar a trabalhar. Não só pelo dinheiro, mas também, pela necessidade de ser produtivo. Henrique viu em meu momento de reflexão, a abertura que precisava para esclarecer:

- O convênio médico do hospital está precisando de profissionais freelancers. A verdade é que você seria de muita ajuda para a Helena nesse momento. O que acha?

Eu realmente precisava e não queria deixar a oportunidade passar. Eu disse:

- Tudo bem! Mas como seria isso?

Henrique pegou o telefone e fez uma ligação. Após falar alguns minutos, me passou o celular. Eu conversei por quase meia hora com o pessoal do plano de saúde e combinamos uma reunião para falar sobre a parceria na próxima segunda-feira de manhã. A primeira coisa em que pensei, estando feliz, foi ligar para a Jen e contar a novidade. Foi só então que eu lembrei que não estávamos falando nada além do essencial. Não poder dividir aquele momento de alento com ela me deixou muito chateado. Aquilo precisava ser resolvido.

Eu estava feliz por poder voltar a trabalhar, mas quem parecia realmente satisfeito, era o Henrique. Senti naquele momento que ele é um desses caras que gostam genuinamente de ajudar os outros. Sentem prazer em fazer esse tipo de coisa. Mas eu ainda achava que tinha alguma coisa errada. Acostumado com o mundo cheio de interesseiros, eu me via desconfiado. Que aquela ajuda não seria de graça.

Ficamos mais algum tempo por lá e logo depois, Henrique me pediu para acompanhá-lo para outro local. Nem me deixou ver a conta do almoço e muito menos, se importou com o meu protesto. Eu começava a achar aquilo tudo muito estranho. Pessoas que eu mal conheço se dispondo a ajudar de tal forma e sem segundas intenções? E ainda pagando contas em ambientes requintados sem nenhuma preocupação? Desconfiado que sou, comecei a me fechar um pouco mais.

O local seguinte que ele me levou era um estande de tiro. Ali eu já começava a ficar um pouco apavorado. Eu pensei: "Puta que pariu! Esse cara ainda anda armado?" Henrique percebeu novamente o meu desconforto e me mostrou uma carteira funcional da sua profissão. Ele disse:

- Relaxa! Isso é necessário para o meu trabalho. Dou aulas aqui duas vezes na semana. Hoje você será meu aluno.

Eu tentei, um pouco sem jeito, argumentar:

- Eu não tenho a mínima noção de como se usa uma arma. Só sei o que eu vi em filmes.

Henrique me olhava divertido. Eu tentei jogar um verde:

- Você é desses armamentistas que acha que tudo se resolve na bala?

Henrique, sério, me respondeu:

- Pelo contrário. Acho que temos questões mais urgentes no Brasil. Precisamos de uma polícia mais preparada pelo poder público. Inteligência mais eficiente e principalmente que o estado cumpra com retidão o seu papel.

Eu já começava a achar que ele fugia da minha pergunta. Mas ele, após uma breve reflexão, concluiu:

- Não sou a favor da posse de armas para cidadãos comuns. A arma não tem culpa, mas ela acaba virando uma ferramenta maldita na mão de pessoas despreparadas.

Eu gostei do que ele falou. Tínhamos bastante coisas em comum além da origem árabe. Mas confesso que não tenho vontade de repetir aquela aula. Por tudo o que os meus ancestrais sofreram e sofrem até hoje. Sou de origem Palestina, não me senti confortável com aquilo nas mãos.

Após a saída dos alunos regulares, Henrique entrou no assunto principal e agora sim, a conversa tinha a ver com essas novas amizades que minha esposa e porque não eu, estávamos fazendo. Ele disse:

- Helena já me avisou que está afim de ficar com a Jen. Ela e Mariana já estão fazendo planos para que isso aconteça.

Essa era uma situação que eu já estava de acordo. Não havia motivos para eu me sentir chateado ou frustrado com aquilo. Mas a seguir, veio a porrada:

- Helena me pediu para avaliar a possibilidade de eu também ficar com a Jen. Você e sua esposa já conversaram sobre esse assunto? Se estão preparados para dar esse passo?

Eu, realmente, ainda não estava preparado para aquilo. Senti meu estômago embrulhar e fiquei até um pouco zonzo com aquelas palavras. Acho até que a minha pressão baixou de repente. Praticamente, me joguei no banco que havia atrás de mim. Henrique, muito astuto, percebeu que algo não estava certo:

- Tudo bem, cara? Você está pálido.

Tentei me fazer de forte e disfarçar o que sentia:

- Tranquilo! Só não esperava essa situação entre você e a Jen.

Henrique, um pouco surpreso, perguntou:

- Achei que você sabia. Pelo que Helena me disse, vocês não são novatos nesse meio.

Tentei recuperar um pouco o controle da situação:

- Novatos, não! Mas Jen com outro homem é uma situação nova. Eu já disse isso a você.

Ele tentou se justificar:

- Achei que você estava ciente de tudo. Eu não gosto de coisas mal explicadas. E sinceramente, mesmo sua mulher sendo linda, vejo agora que você não está preparado para isso.

Eu precisava tentar recuperar um pouco do controle da situação. Resolvi ser honesto:

- Eu sabia que esse dia iria chegar. Eu só preciso me acostumar com a ideia. Acho que eu me acomodei demais com o fato da Jen ser bissexual e sempre escolher estar com mulheres. Isso não tem a ver com vocês. É uma coisa que eu e ela precisamos conversar e combinar o que é melhor para os dois.

Henrique me olhava agora com um pouco mais de respeito, viu que eu não era um ingênuo e que tampouco estava me fazendo de vítima da situação. Por fim e para encerrar de vez aquele dia, ele disse:

- Eu não vou avançar mais nessa história até que você e a Jen se resolvam. Mas eu não vou interferir entre ela e as garotas. O que você me diz?

Eu concordei:

- Você tem razão. Deixa elas se divertirem. Afinal, esse é o motivo principal de estarmos hoje aqui conversando.

Henrique saiu e foi limpar o campo de tiro. Era obrigatório entregar limpo para o próximo instrutor. Me disse que em cerca de quinze minutos estaria de volta e ele me deixaria em casa. Já passavam das dezenove horas e Jen já deveria ter chegado do serviço. Uma conversa franca e definitiva entre eu e ela era necessária e não podia mais esperar. O tempo esperando Henrique limpar o campo me fez voltar ao passado.

.

Maio de 2009.

Me lembrei do nosso antigo apartamento, onde essa história toda de vida liberal começou. Onde Lívia havia me mamado gostoso e me largado sozinho no banheiro.

Esperei um pouco antes de sair. Ouvi Lívia e Laura se despedindo da Jen e só então fui ao encontro dela. Minha intenção era chegar e logo dizer o que havia acontecido, mas não foi necessário. Jen, ao me ver, se jogou em meus braços e me deu um beijo quente, molhado, de muito tesão. Ela disse:

- E aí, a safada te pegou de jeito? Gostou do meu presente?

Mesmo não duvidando mais de nada, meu alívio foi enorme:

- Eu estava preocupado, mas sabia que Lívia não faria aquilo sem a sua autorização. Gostei muito do presente. Quanto ele vai me custar?

Jen sorriu para mim, me deu outro beijo muito gostoso e disse:

- Não vai custar nada. A não ser que tu não queiras o resto do presente. Aí, eu terei que curtir esse presente sozinha… - E fez aquela cara de safada que ela sabe que eu adoro.

Eu a agarrei e caímos juntos no sofá e começamos um amasso muito sacana. Jen por cima, se esfregando toda em mim. Apalpei aquela bunda maravilhosa, dei uns tapinhas bem leves e já começava a tirar a sua blusa, quando ela se levantou, ajeitou a roupa e disse:

- Calma! Agora não. Guarde essa vontade para daqui a pouco. Hoje nós vamos brincar a três. Vou tomar banho e me preparar.

Antes que ela saísse, eu ainda tinha uma dúvida:

- E essa Laura? Acho que essa garota é mais safada do que você e a Lívia juntas…

Nesse momento, Jen não conseguiu segurar a língua e desabafou:

- Eu vi como ela ficou te comendo com os olhos na hora que eu estava preparando o jantar. Lívia me disse que ela não veio para cá só por causa dos estudos, não! Lívia e eu ainda não conseguimos conversar a sós, Laura está sempre em cima, mas parece que ela aprontou um bocado lá em Sergipe. A tia da Lívia estava com medo dela pegar uma barriga por lá.

Eu olhava para a Jen muito surpreso. Ela não parava de falar:

- E digo mais, se ela está achando que vai brincar no meu parquinho, ela está muito enganada. Vai ter que me provar que é de confiança para eu autorizar.

Eu não estava entendendo nada:

- Que porra de parquinho é esse?

Jen deu uma risada gostosa, agarrou com cuidado no meu pau e disse:

- Olha aqui o meu parquinho. Essa delícia de parquinho. Adoro sentar nesse brinquedo. - E me deu mais um beijo gostoso.

Eu não resisti:

- Mas a Lívia pode? Até já caiu de boca no parquinho…

Jen, novamente com aquela cara de safada, respondeu:

- Lívia já garantiu o ingresso. Me chupou gostoso mais cedo enquanto a Laura tomava banho.

Jen nem me deu tempo de responder e saiu correndo, entrando e trancando a porta do banheiro. Eu ainda gritei:

- Ah, sua filha da mãe! O presente foi um suborno, então? - Ela fingiu que não ouviu.

Eu fiquei ali, ainda mais excitado, imaginando a cena das duas se pegando mais cedo. Lívia chupando a minha Jen e eu me colocando de voyeur na cena. Que delícia! De tão excitado, meu pau chegava a latejar. Ainda não eram nem dezenove horas e eu fiquei jogado no sofá e imaginando o que aquela noite prometia. Acabei cochilando pelo cansaço da nova função no trabalho exercida durante o dia.

.

7 de janeiro de 2022.

Fui tirado das minhas lembranças ao ouvir Henrique me chamando para ir embora. Ele disse:

- O que aconteceu? Você estava aí parado olhando para o nada.

Eu desconversei:

- Nada de importante. Estava aqui lembrando de algumas coisas que preciso resolver. Vamos?

Henrique me deu dois tapinhas camarada nas costas e fomos caminhando juntos até o estacionamento. Entramos no carro e ele deu um comando de voz para a central multimídia:

- Tocar playlist um.

O ambiente foi invadido pelos acordes melodiosos do solo acústico de always somewhere do Scorpions. Relaxei e curti o som. Até nisso éramos muito parecidos:

Always somewhere

(Sempre em outro lugar)

Miss you where I've been

(Sinto sua falta onde eu estive)

I'll be back to love you again

(Eu estarei de volta pra te amar de novo)

Another morning, another place

(Outra manhã, outro lugar)

The only day off is far away

(O único dia de folga está longe)

But every city has seen me in the end

(Mas toda cidade presenciou meu final)

And brings me to you again

(E daí volto a você de novo)

Em menos de vinte minutos e após uma pequena seleção de músicas, que passou por sultans of swing do Dire Straits até Parachute woman dos Rolling Stones, Henrique me deixou em casa. Convidei-o para entrar um pouco, por cortesia, mas ela preferiu deixar para outra hora.

Nesse momento, antes de entrar em casa, tive uma ideia: no dia seguinte, um sábado, ia convidá-los para um churrasco em casa. O pretexto seria agradecer a ajuda com o lance do plano de saúde. Mal sabia eu, que teria ainda mais motivos para realmente fazer aquele churrasco.

Entrei em casa e fui à cozinha preparar um sanduíche. Ao passar pela sala, ouvi o chuveiro ligado e Jen cantarolando. Minha vontade era entrar no banheiro e resolver de uma vez a situação, perguntar que história era aquela da Helena estar querendo que ela e o Henrique ficassem juntos. Eu não tinha a intenção de cobrar alguma coisa ou fazê-la se sentir mal. O que me deixava chateado era a falta de cumplicidade. Eu sempre embarquei em todas as suas fantasias. Mesmo esse lance de estar com outras mulheres, tudo isso sempre veio dela. Por que o silêncio agora? Medo da minha reação? Para mim, Jen sempre foi a única. Eu abriria mão de qualquer liberdade ou sexo casual para ficar somente com ela.

Eu precisava ser mais racional. Por causa da Jen, e com ela, eu tivera a oportunidade de noites maravilhosas de sexo com outras mulheres. Naquele momento lembrei dos conselhos do meu amigo e conselheiro experiente e resolvi conversar de coração aberto e sem cobranças e ciúmes que afastariam ainda mais a minha Jen. Eu precisava ser inteligente e medir as palavras para não afastá-la ainda mais. Eu seria sensato e ouviria com atenção tudo o que ela quisesse falar. O importante era a Jen ser honesta e me incluir nos planos e nas decisões. Isso é um casamento e tudo deve ser decidido pelos dois. Se ela tivesse, realmente, vontade de ter aquela experiência e se achava que aquelas eram as pessoas certas, eu teria que respeitar. Se essa fosse a vontade dela, eu ia entender e dar o melhor de mim para que ela passasse por esse processo com o meu apoio. Assim como ela fez comigo no começo, sendo honesta e cúmplice.

"Sexo é apenas sexo, não arranca pedaço e não estraga o amor verdadeiro. Quem ama de verdade, não sufoca e dá ao outro, no mínimo, aquilo que já recebeu."

Eu repetia essas palavras em pensamento, treinando minha mente para aceitar o que para mim parecia inevitável. Os sinais estavam todos lá e eu já havia percebido desde a primeira vez.

Peguei algumas fatias de pão de forma e outras de queijo e presunto. Montei o lanche e levei a sanduicheira. Enquanto esperava, me sentei na mesa da cozinha e fiquei com a cabeça abaixada, encostada no tampo da mesa. Estava perdido em meus pensamentos, quando a Jen entrou:

- Onde você estava? Custava mandar uma mensagem? Fiquei preocupada.

Era a hora de testar as reações dela. Mas nada de ideias estúpidas, apenas a verdade:

- Saí com o Henrique. Ele disse que precisava conversar e que queria me conhecer melhor. Foi uma tarde interessante. Diria até, reveladora.

Como eu esperava, Jen parecia incomodada com a informação. E curiosa:

- E falaram sobre o que?

Eu olhei para ela um pouco debochado. Percebi que ela começava a ficar impaciente. Se a Helena queria ver ela e o Henrique juntos, não tinha como a Jen não saber disso. Ela havia de ter concordado, é lógico! Joguei verde:

- Muitas coisas. Trabalho, família, o trabalho que eles acham que eu preciso, a insistência da Helena…

Jen me interrompeu e se fez de inocente:

- Não estou entendendo.

Cansei daquele jogo infantil e parei de palhaçada. Fui direto:

- Como eles sabiam que eu não estava trabalhando? E o mais importante, por que a Helena quer tanto que você e o Henrique fiquem juntos?

Jen parecia acuada. Em vez de responder, tentou sair da cozinha. Eu, calmo e com o tom de voz baixo, mas cansado de não conseguir mais me comunicar com a minha esposa, disse:

- Você pode até não querer responder, mas saiba que se a sua intenção for realmente fugir do assunto, como vem fazendo a semana inteira, eu vou sair de casa até você resolver ser honesta comigo. Eu não quero, mas vou.

Jen me olhou realmente assustada. Eu jamais a ameacei de tal forma. Já passamos por crises antes, mas eu nunca cheguei a cogitar que iria ficar afastado dela. Acho que ela nunca imaginou tal situação. Ela, com os olhos marejados, tentou argumentar:

- Não há motivo para tudo isso. Por que você está agindo assim? Você nunca disse que ia sair de casa antes.

Eu olhei sério para ela:

- E você sempre me disse que eu seria o primeiro a saber de tudo. Achei que era um acordo sem prazo de validade. Essa semana está provando o contrário.

Jen estava mesmo sentindo a pressão. Eu insisti:

- Eu só quero que você seja honesta. Você já pensou que eu só quero a chance de me preparar? Quando eu disse que você não podia fazer qualquer coisa? Você é a minha esposa, não uma propriedade. Eu te amo e vou apoiar a sua decisão.

Jen, com medo de eu ir embora, pois eu não faço ameaças sem sentido, explodiu e despejou tudo de uma vez:

- E o que você queria que eu dissesse? Que eu senti tesão pelo Henrique? Que pela primeira vez eu me sinto atraída por outro homem? É isso que você quer ouvir?

Enquanto ela falava, eu ia me aproximando:

- Você acha que é fácil eu falar isso? Acha que eu não sinto que estou traindo você? Como eu falo para o homem que eu amo que eu estou com tesão em outro? E que esse tesão, vem do fato dele ser tão parecido com você em tudo. Como eu digo para você que eu estou morrendo de medo de tudo isso?

Eu a abracei forte. Ela começou a chorar sentida.

Continua…

Contato: max.alharbi07@gmail.com

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Comentários

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Este conto foi pesado demais,crise entre no relacionamento de San e Jan por ela ter atração por outro, foi barra para o San ela a ama permite as aventuras dela com outras mais agora incluiria outro,vai ser duro mais resolva tudo numa boa,sem neuras mais que acabe tudo bem para os dois,bjs

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E acho que se amizade com anos continuar ela vai botar problema pós mentir pra ela não e nada de mais

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Tem coisas que fica no mistério os telefonemas que recebi e do do filho do psicólogo

As flores no apartamento da Bia ele e o mais legal como sabia onde ela estava a Bia o tempo todo chamando para voltar coisa estranha

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Max, vcs deveriam pensar (e muito) em transformar esses contos/capítulos em livro! Cada episódio é uma agonia gostosa pra próxima parte e tenho certeza que série sucesso de venda. Eu com certeza seria uma das primeiras a comprar. Um abraço

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Nathy26, essa história ainda vai longe. Estamos no primeiro ano do casamento ainda e as descobertas sobre a vida liberal.

Apesar de gostar da ideia, ainda preciso amadurecer mais como escritor.

Obrigado por sua leitura.

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Lendo os comentários me ocorreu contar uma coisa: Eu tive um avô que era uma figura, muito sábio, divertido, e brincalhão. Ele dizia uma coisa que eu sempre me lembro quando vejo excesso de exposição desnecessária. Ele falava: "Macaco que muito pula é aquele que leva o tiro". - Dispois não falem que eu não avisei. 😂😂😂😂

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Eu não posso entrar na treta. Seria puro spoiler da história.

😂😂😂😂

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Essa treta não vai rolar. 😂😂😂

Todas as minhas respostas seriam spoilers e o Max pediria o divórcio. 😂😂😂

Escolha outro conto que a gente faz esse embate.

😘

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No meus manuais de combate a Vampiros, diz que em última instância somente uma estaca de madeira santa cravada no coração põe fim ao mal. Tem horas que nem bala de prata, resma de cebola e alho, água benta e crucifixo não resolvem. No final desta história eu desvendo este enigma, OK: Me lembrem para eu não esquecer.

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O seguinte ela fez um acordo

Pode mudar pode mas ficar planejando com a esposa do cara se o marido participar não achei legal

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Não digo que e regra mas esses relatos sempre assim dos liberais faz o acordo depois quebra o combinado e vem com desculpas esfarrapada neo e o sexo a mentira ela já combinou a transa sem o parceiro e fato

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Max quero parabeniza-lo por mais um episódio e gostaria de dar minha opinião em alguns pontos desse capítulo se me permite e espero não ser mau interpretado por nenhum dos envolvidos.

1 No inicio do capitulo você expos que ficou isolado enquanto a Jen ficava trocando figurinhas com as novas amigas e isso não foi nem um pouco legal da parte dela.

2 Ainda no começo você diz que a Jen se sentiu desrespeitada e traída, em nenhum momento vi desrespeito seu no capítulo anterior, só uma pessoa em conflito com si mesmo o que é natural, mas se teve desrespeito peço que refresque a minha memoria.

3 referente ao encontro com o Henrique hoje pode ser que vocês são grandes amigos o que seria ótimo mas acredito que as conversas da Jen com as meninas mesmo que sem querer acho que ela possa ter comentado sobre problemas financeiros devido a pandemia e comentado a vontade de se relacionar com o Henrique e com isso ele te levando pra almoçar bancando tudo mostrando que tinha condições financeiras e te oferecendo ate um trabalho por fora sei lá achei um tanto arrogante.

4 Por eu não ser desse mundo liberal me veio uma duvida que preciso te perguntar, é normal um homem dizer que quer transar com a mulher do outro, não sei se a forma que perguntei foi a correta mas acho que você me entendeu.

5 na questão dele dizer que não iria mais tocar no assunto pra mim não significa nada, pra mim provavelmente a Jen tenha dito pra esposa dele que ela queria ter relações com ele e o próprio também gostaria disso ele poderia muito bem com a ajuda da esposa forçar um pouco a barra não que teria resultado mas poderia tentar.

6 quando você voltou pra casa e ela estava cantarolando no chuveiro e depois perguntando onde você estava eu fico me perguntando será que ela não fazia ideia de onde você estava mesmo?

E pra finalizar vou colocar exatamente o que você escreveu (Eu só quero que você seja honesta. Você já pensou que eu só quero a chance de me preparar? Quando eu disse que você não podia fazer qualquer coisa? Você é a minha esposa, não uma propriedade. Eu te amo e vou apoiar a sua decisão.)

Quando você diz propriedade da a entender que um casal monogâmico um é propriedade do outro o que não é verdade é só a forma que duas pessoas decidem viver e ser felizes, como casais liberais são felizes da forma que vivem e seria muito errado dizer que quem tem um relacionamento liberar são dois sem vergonhas.

Por ultimo eu sempre imaginei que você só entrou nesse tipo de relação por causa da Jen, sempre achei que só ela te bastasse mas imagino que quando se relaciona com uma pessoa bissexual é mais natural estar em um relacionamento aberto, acho que se um homem ou uma mulher é bi mais cedo ou mais tarde ela vai sentir a necessidade de se relacionar com uma pessoa do mesmo sexo e se o seu companheiro(a) está disposto a fazer parte desse desejo é muito mais prazeroso.

Desculpe se fui desrespeitoso com vocês, essa nunca foi minha intenção, só queria expor minha opinião.

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Entendi as suas dúvidas, querido! E não me senti ofendido.

Vou responder a 2: não foi a Jen que se sentiu traída ou desrespeitada. Esse foi um pensamento do San.

E o final: ele diz propriedade sem nenhuma conexão com monogamia.

O resto vai estar nas próximas partes. Qualquer resposta seria spoiler.

Forte abraço.

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Obrigado pela atenção, o jeito é aguardar o próximo capítulo pra ter minhas respostas.

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É né bebé, mamar na vaca cê num qué. Hahahaha só faltou pedir um tratado de vida liberal cadastrado nos ANAIS da história da vida liberal da Câmara Brasileira do Livro com prefácio do Macaco Simão! 😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂

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Olá Max Al-Harbi, que conto maravilhoso este. Esta história tem o peso da verdade, tem a força do sentimento, e a delicadeza das paixões que se assumem. Amei de coração. Todas as estrelas.

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Você é uma querida.

Esse amei de coração, segundo uma autora das boas, é o que busca verdadeiramente um autor.

Muito obrigado por sua leitura.

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caraca Max, jura que na melhor parte veio o continua.......

brincadeira, muito top mesmo, mostrando que todos os casais tem seus altos e baixos, parabéns meu amigo

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Opa, meu amigo! Obrigado pela leitura.

Sempre um prazer ver você por aqui.

Forte abraço!

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Neto esta parecendo comigo "reclamando" que quando o negocio vai esquentar aparece a palavra continua......

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Max mandei um parada para você no seu e-mail amigão um abração.

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Recebi, amigo!

Vou analisar com toda a dedicação que você sempre demonstra aos meus contos.

Forte abraço.

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Vai começar a escrever? Aguardo ansiosamente²

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Eu também. Mas eu só sei que foi assim.

Beijão Japinha linda.

😘

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Max definitivamente você é um sádico para com seus leitores. Essa palavra “ Continua… “ é muita covardia nesse momento do conto. 😩😩😩

Mais que bom, que finalmente mesmo através de “ameaça” SAN e JEN começaram a se comunicar sobre esse assunto de certa forma muito delicado para ambos. Mais um grande capítulo, cheio de aprendizagem do modo liberal de se relacionar. 🔝🔝🔝

PS: Não demore muito para o próximo capítulo deste. 🙏🏻🙏🏻🙏🏻

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O próximo agora é o das meninas. E depois teremos a segunda parte da segunda temporada do Fui traído, que já está abarrotado meu email de mensagens. 😂😂😂

Forte abraço.

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Obrigado, meu amigo!

Tenho tentado melhorar cada vez mais. De vez em quando eu dou uma saída do trilho, mas o mestre Leon vem e corrige.

Forte abraço. Amanhã estarei lá esperando. Faça uma boa viagem.

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Daqui a pouco a Jaque chega do serviço. Tenho certeza que ela está doida em uma treta para aliviar o dia cansativo.

😂😂😂🤛

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Max, adorei essa parte, ficar sabendo dos bastidores, esse presentinho que ganhou, UHHUUU, coisa boa, com pimenta é ainda melhor. Essa Jen é muito esperta, lá nos idos do passado já plantava jabuticaba no vosso quintal, a fruta demora a aparecer, mas quando nasce já vem grudada no pau! 😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂. Agora eu fiquei com inveja, eu aqui todo feliz com o meu Playground de condomínio e você ostentando logo um parquinho! Esses árabes são um caso sério! 😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂 Brincadeiras à parte, adorei o conto, muito bem estruturado e escrito. Deixou nóis aqui cheio de curiosidade pra saber o dispois... não demore. Senão meu playground de condomínio faz água....

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Elogio seu é sempre vitória para mim, mestre!

Forte abraço.

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Foto de perfil de Max Al-Harbi

Tá vendo? Se até no paraíso a serpente conseguiu entrar... Quem somos nós?

😂😂😂😂😂😂

Um abraço a todos aí, querida!

Sua Bia vem na sequência. Aguarde...

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Foto de perfil de Max Al-Harbi

Vou caprichar mais na sua participação, prometo!

Se bem que na próxima...

😈

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Foto de perfil de Leon-Medrado

Puxa, achou pouco... O Max está de más intenções. 😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂😂 Já fez pensando na segunda participação.

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