Amor em Tempos de Apocalipse - CAP 16: CRIS, LUTA!

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 2281 palavras
Data: 26/05/2022 21:20:07

Descemos e caímos no meio de uma briga. Os soldados da IBDT e os cidadãos da Vila de São Jorge se uniram para dar fim à criação de novos monstros. Eu nem conseguia acreditar que os meus dois mundos se colidiram e resolveram cooperar um com o outro. Sério, eu estaria emocionado se não fosse a luta.

O Cris nem espera por mim e entra na briga. Ele usa todos os truques que ensinei nos últimos meses. É uma sensação indescritível ver que o meu garotinho está crescendo. Ele ajuda o pai, enquanto eu luto ao lado de Eric, que teve problema com um grupo de mortos-vivos. Nesses momentos, os inimigos podem batalhar lado a lado.

A luta é justa. Pelo menos, não tem nenhum monstro gigante em cima de nós. Corro o máximo que eu posso para ajudar os soldados que tem dificuldade. Em menos de 30 minutos, o "campo de batalha" está limpo e sem nenhum zumbi para dar trabalho. Respiro fundo e vejo alguém nos observando do prédio.

— Acho que ainda tem mortos-vivos no prédio. — corro em direção ao edifício.

— Ei, Soares. Vamos recordar os velhos tempos? — pergunta Beatriz me seguindo.

Beatriz e eu, nos conhecemos nas instalações da IBDT. Fomos treinados durante muitos anos e não pudemos aproveitar a vida. No fundo, somos dois desajustados que procuram o seu próprio lugar neste mundo. Levamos um susto com o interior do prédio. Tudo é limpo e organizado. Realmente, aparenta ser um laboratório de pesquisa com os seus computadores e aparatos tecnológicos. Assim como a torre, a energia aqui é oriunda de placas solares.

Vamos para o último andar. Lá parece ser o escritório do Dr. Hoff. Existem quadros e fotografias espalhadas por todas as partes. Com a arma em punho, vamos olhando sala por sala. Enfim, chegamos em uma espécie de galpão cheio de caixas de madeira. Alguém começa a aplaudir e eu preparo um contra-ataque.

— Apareça ou vamos abrir fogo! — grita Beatriz que segurava uma escopeta prateada.

— Ora, ora. — um zumbi pula na nossa frente. — É assim que você trata os velhos amigos, Bea?

Eu não conseguia acreditar. Quer dizer, os meus olhos enxergavam, mas não havia uma conexão com o meu cérebro. O Adam está bem na minha frente. Sua pele parece ter sido arrancada do corpo, mas a voz é do meu amigo. Olho para Beatriz na busca de uma confirmação, entretanto, quando o zumbi fala pela segunda vez tenho certeza de que se trata do meu velho amigo.

— Adam, o que aconteceu com você? — questiono, sem tirar o dedo do gatilho.

— A evolução aconteceu comigo, meu amigo. Depois que vocês me deixaram para morrer, o Dr. Hoff foi misericordioso e injetou o patógeno em mim. Ele acreditou no meu trabalho, Arthur. — Adam estava andando de um lado para o outro e gesticulava com as mãos.

— Eu não te abandonei, Adam. Tivemos que sair e...

— Dá na mesma. Os zumbis cortaram a minha carne e vocês nem tentaram nada. Se não fosse pela ajuda do Dr. Hoff eu ainda estaria morto. — afirma Adam.

— Eu tentei! — grito, na esperança de conseguir o seu perdão. — Droga, as coisas estavam uma bagunça, Adam. Eu sofri muito, irmão.

— Você tem a audácia de me chamar de irmão? — ele questiona, antes de avançar em cima de mim e segurar meu pescoço com força. — Olha para mim, Adam. Eu pareço um irmão para ti?

— Eu sinto muito, Adam. — lamento, enquanto era engasgado por ele.

Com uma força sobre humana, o Adam me lançou contra as caixas de madeira. Depois, partiu para cima de Beatriz, que resistiu o máximo que pode, mas também não conseguiu nem encostar no Adam. Após nos derrubar, o meu amigo afirmou que aquele prédio ruiria em minutos. Uma equipe de soldados entrou e nos flagrou naquela situação horrível.

— Levam a Beatriz! — ordenei, levantando e ficando na frente do Adam para dar tempo da fuga de Beatriz. — Adam, o que você está fazendo?

— Eu quero vingança, Arthur. Eu quero que todos paguem pelo meu sofrimento. — garante Adam mostrando os seus músculos, que estavam todos expostos e exalavam um odor pútrefo. — Eu posso até cair, mas vou levar esse lugar comigo!

— Como assim? — questiono, apontando a arma para ele.

— 10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1. Boa sorte! — Adam deseja, antes de várias explosões ecoarem pelo prédio e o chão se desfazer.

***

15 ANOS ANTES

Os jovens podem ser cruéis. Eles sempre pegam no pé do mais fraco. Tive que lutar muito para me firmar no esquadrão. Aos 15 anos, me tornei uma das promessas do esquadrão. A Beatriz, o Adam e eu, nos tornamos os recrutas mais jovens a participarem de missões. Ou seja, a nossa vida era fora da curva.

Certa vez, nós fomos enviados para Porto Alegre para recuperar dados de um prédio do governo. Foram três dias acampando ao relento. Por sorte, a temperatura nos ajudou e não passamos frio. Eu lembro que o Adam sempre foi brincalhão e esperançoso.

— Ei, vocês dois. — ele chamou nossa atenção. — Acham que um dia essa epidemia vai acabar?

— Espero que sim. Eu só queria uma vida normal. — responde Beatriz, que estava dentro do saco de dormir.

— Eu também. Quero encontrar um lugar para chamar de meu. — respondo, apesar do treinamento militar ainda éramos jovens e sonhadores.

— Não sei o que o futuro nos reserva, mas quero ser amigo de vocês para sempre. — Adam corre e deita em cima de nós.

***

ATUALMENTE

Acordo aos poucos. A explosão criou uma cratera e caímos em uma espécie de porão cheio de galões de gasolina. Existe uma saída subterrânea neste lugar. Eles utilizavam o rio que corta a região como uma trajeto. Levanto, olho em volta e percebo que é um píer secreto. Não tem como subir, por isso, pego a lanterna e busco uma outra forma de chegar à superfície.

É difícil equilibrar a lanterna e a arma. Mas preciso continuar e encontrar o Adam. Não demora muito e meu melhor amigo aparece. Ele está entrando em um dos barcos que está no píer. Cara, a equipe que criou este lugar merece todas as parabenizações do mundo. Contei três barcos de pequeno porte ancorados. Dou um tiro para chamar a atenção dele. O barulho ecoa para todos os lados.

— Adam, precisamos conversar. — grito, na esperança dele me ouvir.

— Porra, você não desiste mesmo, não é? — Adam questiona, saindo do barco e correndo na minha direção.

Consigo desviar do primeiro ataque. Eu não tenho a intenção de machucar o Adam. Só quero acalmá-lo para que juntos possamos encontrar uma saída para o vírus em seu corpo. Deve existir um jeito de trazê-lo de volta. Porém, ele não colabora e ataca de todas as maneiras possíveis.

Deixo a arma de lado e parto para a porrada. O problema é que recebemos o mesmo tipo de treinamento, então, conseguimos adivinhar um o ataque do outro.

— Pelo amor de Deus, eu não quero te machucar! Para! — peço, tentando desviar de suas investidas.

— Você não pode me machucar, Arthur. Eu sou superior a você. — ele se concentra nos meus movimentos e consegue agarrar o meu pescoço.

Porra. Ele é forte. Suas mãos tem uma textura diferente. Deve ser o efeito do vírus. Eu relaxo o corpo para ganhar tempo. Bato em suas mãos, mas elas são firmes no propósito, no caso, me enforcar. Estou quase perdendo os sentidos, quando escuto um: "Atrás de ti, seu imbecil". Essa não, Cristian.

O meu namorado lança uma flecha que acerta as costas de Adam. Ele uiva de dor e retira o objeto de imediato. Puto da Vida, o Adam me joga na direção de Cristian, que consegue desviar e não recebe um impacto.

— Você está bem? — questiona Cristian me ajudando a ficar em pé.

— Tô. — respondo. — Você não deveria estar aqui.

De repente, o Adam começa a farejar o ar. Seus olhos tem um brilho avermelhado, totalmente diferente dos seus olhos humanos. Com um sorriso nos lábios. O meu amigo aponta na direção do Cristian.

— Porque você tem o cheiro dele? — quis saber o Adam, andando de um lado para o outro, como um animal enjaulado.

— Ele é meu namorado, mas o deixe fora disso. — respondo, agora segurando a arma e pronto para atirar.

— Espera. — pede Cristian, parecendo completamente confuso. — Esse é o Adam. — fazendo uma careta. — Caraca.

— Olha, o namoradinho me conhece. — Adam diz de maneira irônica. — O seu namorado me contou que me deixou para morrer? A pessoa que se dizia o meu melhor amigo me deixou nesta situação.

— Calma, lá. O Arthur quase morreu também. Você não foi o único prejudicado naquela missão, Adam. — Cristian me defendo, mas eu sabia que o meu melhor amigo não habitava mais aquele corpo.

O Adam dá uma risada e parte para cima de nós. Somos dois, mas apanhamos bastante. Infelizmente, os reflexos do Cristian ainda são lentos. Ele tem dificuldade para acompanhar a luta, mas o Adam está insaciável em cima de nós. Levo um soco na costela, o Cris leva um nas costas.

Vamos nos defendendo da maneira que dá. Na verdade, somos uma bagunça e podemos morrer a qualquer instante. Em um ponto, o Cristian fica estressado e consegue bloquear um golpe do Adam, que olha para o meu namorado com uma expressão de surpresa.

Sem se intimidar, o Cristian me usa como um ponto de equilíbrio e chuta o rosto do Adam, que cai no chão como um saco de batatas. Eu dou um sorriso de satisfação, pois adoro ver o Cristian em ação.

Em posição de ataque. O Cristian troca suas flechas. Eu não tenho noção do que ele pretende fazer, mas eu não vou ir contra sua ideia. De uma maneira impressionante, o Adam se levanta do chão e parta para cima de nós. Só que pegamos o jeito da briga e damos trabalho para o monstro.

— Ei, Arthur. O teu namorado manda bem. — diz Adam, dando um sorriso. — Pena que vai morrer. — segurando pelo casaco do Cristian e o jogando para longe.

— Não! — eu grito, atirando repetidas vezes no Adam, que consegue desviar de alguns projéteis. — Filho da puta! — pego a faca e consigo decepar o seu braço esquerdo. — Nunca mais toque no meu namorado!

— Humanos são tão irracionais. — Adam diz, tirando a faca da minha mão e furando o meu ombro. — Foi um prazer te conhecer, meu amigo. — segurando a minha cabeça e abrindo a boca para morder o meu pescoço.

— Vai precisar de muito mais para derrubar um gay! — Cristian grita, antes de atirar uma flecha na cabeça de Adam, que cai de joelhos no chão. — Tua sorte que não foi uma expansiva. — Cristian cai para trás e senta no chão.

— Amor! — corro na direção dele e verifico se tudo está bem.

— Tô bem, amor. — garante Cris, então, o ajudo a levantar. — Vamos, vamos para casa. — ele se apoia em mim e andamos em direção a única saída.

Foi difícil, mas conseguimos. Restauramos a comunicação, salvamos a tripulação do Arcádia e acabamos com uma fábrica de infectados. Cara, eu ainda pensei que algo pudesse dar errado. Lamento ter dado pouco crédito para o Cristian, entretanto, ele fez o diferencial nesta missão.

Vamos caminhando devagar. Apanhamos para cacete, porém, aprendemos que juntos somos mais fortes. Eu preciso casar com esse homem. Ele precisa ser só meu. Agora, vou pensar apenas no nosso futuro.

— Atrás de ti, imbecil. — Adam nos surpreendeu, pegou o Cristian pela jaqueta e o lançou na direção da água. Antes de cair, o corpo dele bateu em uma viga de ferro. — E não é que eu curti essa frase. — comentou dando um sorriso.

— Filho da puta! — gritei a pleno pulmões, tirei o facão do coldre e desferi vários golpes contra o Adam, que não reagiu.

— Até uma próxima, amigo. — ele fechou os olhos aceitando o seu destino.

— Isso tem que acabar. Adeus, Adam. — desferi o último golpe em seu peito. Levantei emocionado, mas não tinha tempo. — Cristian. — corri em direção ao deck de madeira e pulei na água.

Não pensei em nada. Eu só queria o Cristian. Na água gelada, a visão ficou embaçada. A pouca claridade que entrava não ajudava em nada. Eu tateava no escuro em busca do meu namorado. Isso não pode acontecer. Eu preciso dele. Por favor, eu não quero perdê-lo. Eu estava no limite. Os meus pulmões não conseguiam fazer o trabalho deles. Eu precisava de ar.

Nadei no sentido contrário e esbarrei em algo. Era um corpo. Era o Cristian. Ele estava inerte na água gelada. O levei para cima em uma velocidade indescritível. Subi no deck da maneira que deu e o puxei. O Cristian parecia sereno. De repente, uma equipe chega. Entre eles, o Coronel Afonso e a enfermeira Lidiane.

— Meu filho! — exclamou o Coronel, ficando de joelhos ao lado do corpo de Cristian. — O que houve?

— Ele, ele. — eu estava em choque. Eu não conseguia formular uma frase.

— Se afasta. — ordena a enfermeira Lidiane, quase me empurrando para o lado. — Quanto tempo ele passou debaixo da água?

— Eu, eu, eu...

— Porra, Arthur. Se controla e me diz o tempo que ele passou debaixo da água! — ela grita me trazendo de volta para a realidade.

— Uns cinco minutos. Eu o achei rápido. Por favor, Lidiane. Faz alguma coisa. Eu estou te implorando. — me rendi e comecei a chorar.

Eu não poderia perder outra pessoa importante na minha vida. Quantas coisas boas eu perdi nos últimos anos? Meus pais, uma vida tranquila, o Adam e corria o risco de perder o Cristian. Eu quero gritar ou bater em algo, mas estava ali no chão. Eu era um fraco que não conseguia defender ninguém.

— Cristian, luta! — eu gritei e pude ouvir o meu clamor ecoando pelo prédio destruído. — Acorda, Cristian!

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Comentários

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Esse conto está cada vez melhor...

Esse amor entre eles está muito lindo e a força que um tem quando está com o outro, principalmente o Cristian, é perfeita...

Espero que o Cristian se recupere para que lês possam viver mais e mais esse amor...

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