Eu sabia que as revelações de Anne me derrubariam, mas mesmo assim, quis ouvi-la e já me adiantei:
-Pode dizer, que por pura vingança, você se rebaixou e transou com um qualquer.
Anne nunca teve receio de eu ser agressivo, pois em todos esses anos, nunca dei motivo, abomino violência contra a mulher, no máximo eu era mal-humorado, talvez por isso e também por estar sedenta por sua vingança, ela se sentou calmamente no outro sofá e me disse:
-Bem, transar mesmo, chegar aos finalmente ainda não foi dessa vez, mas tenho algumas novidades...
-Diga! Você ia se encontrar com um dos muitos amigos da Cris e só chegou às duas e meia.
-Pois é, mas nem foi com ele. Nós fomos a uma boate, a Cris me apresentou o tal cara, Bruno, o nome dele, mas apesar de bonito não deu liga, o papo, meio marrento e sem conteúdo, não iria ficar sem ter curtido a pessoa. Acho que ele se tocou e decidiu ir literalmente para a pista atrás de alguma presa. Quando já estava desanimada, notei um cara me olhando, estava com mais dois amigos e vi que era muito bonito. Um tempo depois, Cris e o cara que estava com ela foram dançar e esse rapaz veio falar comigo, 31 anos, alto, se chamava Renan. Ficamos um bom tempo conversando e para encurtar, gostei dele, tomamos umas duas batidas, depois dançamos algumas músicas até que já altas horas, rolou um beijo.
-Tá, mas encurta essa parte e conta logo o que fizeram.
-Nós fomos para o estacionamento, onde ficamos no carro dele, nos beijando. Foi gostoso, sabia? Depois de tanto tempo, ficar com um cara diferente, perfumado, gostoso. Ele é médico, muito gentil e tentou me convencer a irmos a um motel ou para o apartamento dele, mas expliquei que era casada e aquela era minha primeira vez, por isso queria ir devagar. Parece que o fato de eu ser casada de aliança no dedo e tudo, o motivou mais ainda, voltamos a nos beijar e ele começou a alisar meus seios, o clima foi ficando quente e eu excitada, o cara beijava bem demais e sem perceber, algumas coisas começaram a rolar. Ele deslizou a mão pelas minhas pernas e pouco depois começou a me tocar suavemente com os dedos por cima da calcinha, abri minhas pernas como que dando sinal verde para suas investidas. A única coisa que me preocupava ali era alguém ver, pois havia carros estacionados para todos os cantos, mas a mão dele estava me deixando doida e quando ele fez menção de tirar minha calcinha, eu ainda ajudei levantando um pouco meu quadril. Foi uma loucura o jeito que os dedos dele me exploraram, não só tocando meu clitóris, mas me invadido, dois, depois três que entravam e saíam cada vez mais molhados. Apesar do espaço apertado, o Renan arrumou um jeito e começou a me chupar, não digo que ele chupa melhor que você, pois verdade seja dita, você tem um dom especial para o sexo oral, mas o meu doutor não fazia feio e me chupou maravilhosamente, me esqueci de onde estávamos e comecei a berrar até chegar ao orgasmo na boca gostosa dele. Pouco depois, foi minha vez de retribuir, coloquei o pau dele para fora e antes que você pergunte se era maior ou menor que o seu, era do mesmo tamanho, rosado e todo depilado. Foi curioso também voltar a chupar um pau diferente depois de vários anos, fiz o melhor boquete possível, enquanto o safado deslizava a mão pela minha bunda, até que senti que ele iria gozar, mas não quis que fosse em minha boca, tirei-o e passei a punhetá-lo com força até vê-lo esguichar um monte de porra que respingou em minha mão, na barriga dele e até um pouco em meu cabelo, o cara ficou roxo de tanto tesão. E foi isso...Não sei se você já considera que isso é um chifre ou só mesmo quando eu der, mas fato é que depois que cheguei em casa, até me arrependi de não ter ido ao motel, certeza que valeria a pena, mas não tem problema, trocamos o Whats e na próxima vai rolar tudo e com muito mais calma.
Ouvi tudo aquilo chocado não só pela história em si, mas pela perversidade de Anne, ela sempre fora doce e delicada, mas agora agia como uma pessoa cruel. Não estranharia se quando descobriu que fui infiel, minha esposa chorasse, brigasse e exigisse a separação, mas aquilo era algo surreal. Fiquei calado e vendo que eu não diria nada, Anne estranhou e disse:
-Não vai perguntar mais nada? Brigar? Me xingar?
Demorei mais um tempo, minha cabeça estava rodando, eu estava despedaçado:
-Eu estraguei tudo, sei disso, fiz merda, mas se ainda havia chance da gente consertar nosso casamento, agora tenho certeza que não e nem falo só por você ter ficado com esse médico, mas pelo ódio que você está sentindo de mim. Não será mais necessário dar prosseguimento à sua vingança, amanhã vou atrás de um advogado e recomendo que você também procure um, assim daqui para frente, se tiver que sair com outro, saia não pelo plus de se vingar de mim, mas porque está realmente querendo, vamos nos divorciar de uma maneira amigável.
Anne ficou visivelmente confusa e assustada, certamente, ela imaginava que ao me contar o que fez, eu iria pular como um gorila pela sala quebrando todos os móveis, que a xingaria de todos os nomes numa crise louca de ciúme ou choraria feito um bebê, mas a resignação com que aceitei os fatos, assumi minha culpa e tomei uma decisão, a deixou desnorteada.
Resolvi sair, mas não tinha com quem desabafar, contar isso mesmo que fosse para o meu amigo mais próximo, seria deveras vergonhoso, então sai rodando sem rumo pela cidade. Era um domingo de sol, mas eu via tudo cinza. Voltei à tarde e encontrei Anne na varanda nos fundos, com cara de quem tinha chorado. Não trocamos nenhuma palavra no resto do dia.
No dia seguinte, cheio de tarefas e reuniões, não tive tempo para pensar em procurar um advogado. Quando cheguei em casa já à noite, Anne estava tranquila preparando o jantar. Novamente não nos falamos e assim foi por uns quatro dias, onde só trocamos bom dia e boa noite, nem eu nem ela fomos atrás dos advogados, era como na Guerra Fria, onde os dois lados estão super armados, mas ambos com receio de dar o primeiro tiro.
Entretanto, a cada dia, mais triste eu ficava com a possibilidade de nos separarmos, eu amava Anne demais e antes de tudo isso começar, além do tesão, ela trazia uma paz com o seu jeito de falar e de me ouvir ou mesmo com a sua simples presença no ambiente que eu necessitava, perde-la estava sendo foda demais. Também imaginava se depois do sábado em que teve aquele encontro com o tal médico, eles voltaram a se ver, eu sabia que à noite não, pois ela não saiu, mas como trabalhava, poderiam ter marcado à tarde.
Na sexta-feira, estranhei que ela não foi para o seu “happy hour” com a puta da Cris, aliás, a safada estava eufórica com a minha derrocada. Eu seguia meio anestesiado e nessa noite, deixei um filme rolando, mas para a falar a verdade nem sabia do que era, apenas me larguei no sofá. Anne apareceu em um determinado momento com um babby doll preto extremamente ousado, que deixava a polpa do bumbum de fora e era transparente, até estranhei porque estava um frio danado. Começou a procurar algo na rack e depois na estante ficando ora de costas para mim ora quase mostrando os seios, àquela hora da noite, achei até que fosse para me provocar, mostrar o que eu tinha perdido, verdade ou não, o fato é que me fez despertar da minha melancolia para uma vontade grande de agarrá-la, mas não tive tal ousadia. Após um bom tempo, ela encontrou o que estava procurando (pilhas para o controle remoto da TV do quarto) e subiu.
Decidi ir dormir, mas devido ao frio, tive que ir pegar um edredom mais grosso, bati na porta do agora quarto dela e avisei o que iria fazer. Entrei, e comecei a procurar um, Anne se levantou reclamando:
-Deixa que pego porque tá na parte de cima e você vai derrubar tudo.
-Não, pode deixar.
Não adiantou, Anne veio e se posicionou entre mim e o guarda-roupas tentando alcançar a parte de cima, sem querer ou por querer, ela acabou roçando seu bumbum em mim duas vezes, o que fez meu pau endurecer, na terceira roçada que deu, já com o edredom nos braços, ela sentiu meu pau duro e se arrepiou. Sem pensar, a segurei forte pela cintura encaixando meu volume em sua bunda e soltei um gemido selvagem, ela abaixou a cabeça e fechou os olhos gemendo baixo, porém voltei à realidade e saí rapidamente do quarto depois de pegar o edredom das mãos dela.
Talvez tivesse rolado uma transa selvagem como a última, mas poderia ser mais uma parte do jogo de Anne para me castigar, por isso, acho que fiz o melhor.
No outro dia, Anne decidiu encerrar o cessar e voltou a me bombardear:
-Queria te avisar que hoje vou me encontrar com o Renam, só espero que você não faça show antes nem depois.
- Essa sua obsessão por se vingar de mim com tanta rapidez, vai acabar se voltando contra você mesma. Ontem, você se esfregou em mim, se insinuou e só não rolou uma transa porque eu não quis, agora diz que vai transar com outro como se fosse uma Cris da vida, você não é assim.
-Eu não me esfreguei coisa nenhuma! Estava te ajudando porque você iria pegar o edredom e derrubar um monte de coisas junto. Sobre o Renam, ele está a semana toda me mandando mensagens, refleti muito não por sua causa, mas se eu estava disposta mesmo e concluí que sim, é um cara bonito, já rolou quase tudo, não devo mais satisfações a você e o mais importante, eu quero, então vou jantar com ele e depois vamos para o apartamento dele.
Ouvir aquelas palavras e ainda num tom ácido foi uma das experiências mais doloridas da minha vida, mas engoli minha tristeza e disse:
-Ótimo! Curta sua noite.
No final de tarde e começo de noite, Anne se aprontou demoradamente, até que desceu com um lindo vestido preto do mesmo modelo do vermelho da semana passada, meia fina também preta, salto alto, batom vermelho. Fechou a bolsa quando passou por mim e disse sem me olhar:
-Talvez eu volte só amanhã.
Deixando meu orgulho de lado, tentei uma última cartada:
-Eu te amo, Anne. Vamos recomeçar. Esquece essa vingança.
-Você me ama e transou com outra, eu te amo e vou transar com outro, não sei por que tanto drama, vamos tratar isso com naturalidade. Tchau
Nada respondi, mas senti um forte aperto no peito, ali nossa vida ganharia novos contornos. Comecei a beber umas taças de vinho e por volta das 22h30, recebo uma mensagem dela no WhatsApp, na verdade eram duas fotos, uma dela em pé abraçada ao tal médico na frente do restaurante, um cara alto e boa pinta e outra dos dois dando um selinho, alguém havia tirado as fotos. Em seguida, ela me mandou o seguinte áudio: “Assim como fui obrigada a ver as fotos suas aos beijos com outra dentro do carro, veja eu com meu amante, mas fique tranquilo, não mandarei fotos nossas na cama, porque não sou vulgar a esse ponto. Estou indo agora ao apartamento dele e vou dar muito!”
Fiquei um bom tempo rodando pela casa sem saber o que fazer. Depois, fui pesquisar na internet alguns apartamentos para alugar, minha intenção era a de não ficar mais sob o mesmo teto que ela. Sabia que a culpa era minha, mas aquela situação tinha se tornado absurda. Lembrei-me que Guga, um amigo meu, estava tentando alugar há tempos um de seus apês e decidi que no dia seguinte iria ligar para ele.
Anne não chegou a dormir fora, mas só regressou às 3h da manhã. Vi que apesar de arrumada, o cabelos estava um pouco desalinhados, ela tirou os sapatos com a maior naturalidade, foi à cozinha e depois subiu para o quarto, fechei a porta do meu antes que ela me visse.
Não consegui pregar o olho, mas Anne dormiu até às 10h, porém antes que ela viesse me contar sobre sua noite maravilhosa, passei a conversar com Guga e pelo jeito, ele estava desesperado para alugar o apartamento, tanto que se ofereceu para me mostrar aquela hora mesmo.
O apartamento era bom não ótimo, mas como já estava parcialmente mobiliado, me quebraria um galhão já que queria sair de casa sem ter que ficar em hotel. Acertei com ele e por sermos amigos, o mesmo permitiu que eu fosse na segunda para lá.
Cheguei em casa e avisei Anne que no dia seguinte sairia de casa e depois disso, com calma, discutiríamos sobre a separação. No jogo de xadrez que aquilo tinha virado, ela se surpreendeu com a minha jogada e não conseguiu esconder o baque:
-Mas você vai para onde? Não disse nada antes.
-O local não importa, só quero que você adiante seu lado e arrume um advogado para resolvermos isso de maneira civilizada.
-Ontem, você disse que me amava e hoje já decidiu que não ama mais?
Nessa hora, senti raiva, mas preferi apenas balançar a cabeça negativamente como quem diz “Ainda tenho que ouvir isso”.
Arrumei uma parte das minhas coisas, já bem tarde a ouvi chorando, me senti mal, mas era o melhor a ser feito, eu também estava despedaçado.
Entretanto, mesmo saindo de casa, nossos caminhos se cruzariam mais rápido do que eu esperava e novas reviravoltas estavam prestes a ocorrer.
Aos que gostaram, agradeço se puderem deixar um comentário, em breve mandarei o próximo capítulo.
Contato: laelocara@gmail.com