Capítulo 34
_ Que merda está acontecendo aqui?
_ Que boca suja para um advogado tão chique!_ disse Irene debochada.
_ Saia já dá minha cadeira! Eu vou chamar a segurança.
Júlio tinha a intenção de sair da sala, chegou a dar uns passos, mas foi detido por Luciano, que pôs a mão na porta e o olhou como quem diz "não se atreva a dar um passo."
Júlio não estava disposto a recuar. Aquilo era insolência demais para ele suportar. No entanto, paralisou ao ouvir o som da gravação que vinha do celular que Irene erguia na mão. Olhou para Luciano assustado e decepcionado, se dando conta que foi vítima de um golpe.
_ Eu tenho uma bomba na minha mão. Vai querer mesmo chamar a segurança, Júlio? Saiba que essa bomba pode pôr toda a sua vida abaixo.
_ O que vocês querem?
Júlio percebeu o que estava acontecendo ali, sabia que seria vítima de extorsão. Tentou ao máximo conter o ódio que sentia por Luciano. "Eu confiei nesse veadinho filho da puta! Eu vou acabar com ele."
Odiou estar nas mãos daqueles dois. Ele devia manter esses acordos em total sigilo. Pessoas importantes estavam envolvidas, e que poderiam acabar com a sua vida literalmente, caso os esquemas viesse a público.
Júlio respirou fundo, tentando se manter equilibrado. Sentou na cadeira que ficava em frente a sua mesa.
Quase nunca se arrependia de comer um cara, sempre teve orgulho dos seus prazeres sexuais. Mas, se corroía de arrependimento por ter se envolvido com Abner e Luciano, principalmente Luciano.
_ Muito bem. Vamos conversar com calma.
_ Claro que vamos, Júlio. E nem adianta mandar os seus seguranças atacarem a mim e ao meu filho. Se nós não chegarmos em casa ilesos, ou nos acontecer alguma coisa, a cópia da nossa gravação vai chegar á imprensa. E isso não seria nada bom pra você.
_ Nem para mim e nem para muita gente.
_ Os poderosos sempre escapam, Júlio. Esses grandes empresários, juízes, desembargadores e políticos na certa vão se dar bem. Já você...vai perder a liberdade, a carteirinha da OAB, o seu escritório vai á falência...e quiçá, a própria vida.
_ Quanto você quer?
Irene levantou da cadeira e caminhou altiva.
_ Dinheiro...sempre dinheiro. Júlio, você se lembra de mim? Lembra que há anos eu estive na sua casa, implorando por ajuda financeira, porque eu e o meu filho estávamos com dificuldade financeira, porque o pai do Luciano te deixou tudo que tinha e nos deixou na merda?
_ Irene?!_ Júlio ficou surpreso ao reconhece-la, sentindo um tremor percorrendo o seu corpo e o coração bater acelerado.
_ Olha, filho, ele lembrou o meu nome.
_ Irene, eu sinto muito pelo modo como te tratei. Eu posso recompensar. Podemos chegar algum acordo e...
_ Você adora humilhar as pessoas! Trata a todos com menos dinheiro que você como se fossemos lixos!
_ Irene, eu...
_ Cale a boca, que eu não terminei de falar!_Irene gritou socando a mesa._ Agora sou eu quem estou por cima! Você é um verme arrogante! Usou e abusou do meu filho e permitiu que a vagabunda da sua filha o tratasse mal.
_ Eu sinto muito por isso.
_ Sente nada!_ mais gritos_ Não sente, porque você nunca se desculpou com ele, nem comigo e nem com ninguém que você maltratou!
"Eu quero tudo o que você roubou do meu filho. Aquela herança era para ser dele! Eu quero uma bela casa no nosso nome, meu e de Luciano, quero uma mesada no valor de trinta mil reais! E quero que diminua a carga horária do meu filho e triplica o salário dele!"
_ Tudo bem. Nós preparamos um contrato e te dou tudo que quiser. Em troca você me dar as gravações e...
Irene interrompeu Júlio dando uma gargalhada.
_ Meu amor, eu nunca vou te dar essa gravação. Você vai ficar pra sempre comendo nas mãos da mamãezinha aqui._ Irene afirmou esticando as mãos._ Eu sou uma mulher muito boa, e você deu sorte por isso. Eu poderia ter sido rancorosa levando toda essa sujeira a público e acabando com a sua vida. Mas não sou vingativa. Não tenho a intenção de prejudicar a corrupção do sistema judiciário brasileiro. Vejo isso como tradição nacional, e eu sou uma mulher muito patriota. Acho que as tradições devem ser respeitadas. Com a minha proposta, todos nós saímos ganhando. Você tem alguma objeção, doutor Júlio Medeiros?
_ Não...nenhuma. Estou totalmente de acordo com as suas exigências, Irene.
_ Mas...eu ainda não acabei. A humilhação que a sua filha fez ao meu filho não ficará barato. A vaca da sua filha precisa de uma lição.
_ Irene, eu compreendo muito a sua raiva. Eu, como pai, sei que nos dói muito quando alguém ofende os nossos filhos. Mas podemos deixar a Vanessa fora disso. Ela é só uma criança. Eu prometo que ela nunca mais irá fazer nada contra o Luciano.
_ Ah, mas não vai fazer mesmo. Essa menina vai ter que tratar Luciano como um rei. Aliás, eu soube da festa de aniversário dela. Pois bem, o Luciano será convidado. Eu exijo isso e quero ir também.
_ Ótimo. Será um prazer e...
_ Júlio, deixe de ser ridículo. Você fica patético nesse papel de puxa saco...o Luciano irá sim. Com a cabeça erguida e de mãos dadas contigo. Você o apresentará a todos como o seu namorado principalmente para o seu ex marido, o Leandro.
Júlio e Luciano a olharam espantados e Irene sorria.
Os acordos foram fechados. Além de todas essas exigências, Irene ordenou que uma transferência de um valor simbólico fosse feito para a sua conta bancária no mesmo instante.
Assim que mãe e filho saíram da sala, Júlio esbravejou gritando de ódio. Ordenou a presença imediata de Rubens e narrou ao amigo todo o acontecido.
Rubens se viu ainda mais apavorado que chefe. Se Júlio diante de todos os envolvidos nos esquemas de corrupção era peixe pequeno, ele se considerava um camarão sem o seu cardume.
_ Mas isso é uma tragédia, Júlio! Nós estamos ferradas! Você precisa dar um jeito nisso.
_ É o que vou fazer. Mas tenho que ser cauteloso. Preciso descobrir quem está aliado a eles. Se for para eliminar, que sejam todos de uma vez. Assim não sobra ninguém para levar a gravação a público ou me chantagear depois que eu acabar com esses dois.
Júlio andava de um lado para o outro, com um copo de uísque na mão e a outra na cintura. Seu rosto estava vermelho de ódio.
Num ataque de fúria, atirou o copo contra a parede, gritando:
_ Que merdaaaaaaaa! Porraaaaa!
_ E se você pedisse ajuda ao juiz Fer...
_ Você ficou maluco, Rubens?! Eu não posso pedir ajuda a ninguém. Isso não pode vazar daqui! Se alguém ficar sabendo, eles podem mandar me matar! Eu tenho que resolver isso sem a ajuda deles.
_ É... você tem razão. Que merda! Bixa desgraçada essa tal de Luciano. Sonsa! Com aquela carinha de boy inocente... É uma cobra.
_ Ligue para o detetive e mande que a equipe dele fique na cola da casa do Luciano...que sejam discretos.
_ Você sabe o endereço do Luciano?
_ Procure no RH, caralho!
_ Tudo bem.
_ Vá agora, Rubens!_ Júlio ordenou gritando.
...
Irene chegou em casa sorridente. Luciano entrou depositando as inúmeras sacolas no sofá da sala.
Antes de irem para a casa, eles passaram no shopping e compraram roupas, sapatos, bolsas e acessórios. Em seguida, foram ao supermercado.
_ Eu me senti uma madame pagando tudo isso no débito._ Irene disse orgulhosa, levantando uma blusa social masculina que retirou de uma das sacolas._ Filho, você vai ficar lindo com essa blusinha.
_ Mãe, que loucura foi aquela de exigir ir á festa da Vanessa e querer que Júlio me apresente como namorado? Eu não quero nada com aquele homem!
_ E não é para querer mesmo. Trata-se de um namoro de fachada.
_ Então, o que você quer com tudo isso?
_ Vingança, meu filho.
_ Eu não entendo.
_ Luciano, o que o Júlio mais quer é voltar para o ex e mima aquela filha dele, nunca contrariando as vontades dela. Pense bem, se Leandro souber que Júlio está namorando, as chances de reatar serão muito menores, o que deixaria Júlio com muito ódio. Já a escrota ficaria possessa e Júlio terá que aturar os chiliques dela.
_ Ah... não sei não. Tenho medo de...
_ Deixe de ser medroso, Luciano! Aja como um homem! E além disso, vai ser divertido curtir festa de rico...estou pensando em ir com esse vestido...o que você acha?
Irene ergueu um vestido brilhoso vermelho como um laço no ombro totalmente chamativo.
_ Achei muito "cheguei."
_ Então, está perfeito! Quero causar nessa festa. Sabe que tenho muita curiosidade de conhecer o tal do Leandro e o Abner também. Abner principalmente.
_ Por quê, mãe?
_ Ora porque! Foi o homem que enganou o Júlio! Ele era amante do crápula e o traiu com o próprio marido dele. E ainda tirou uma grana do otário._ Irene gargalhou._ Esse homem é um gênio... você deveria aprender com ele.
Vanessa se recusou esperar até sexta-feira para contar para Leandro o que vira em casa. Assim que Júlio saiu para ir trabalhar, ela pegou um táxi, indo direto para a livraria.
Leandro estranhou vendo a filha retornar. Imaginou que algo ruim havia acontecido.
Vanessa entrou como um furacão e despejou tudo em cima do pai. Estava tão nervosa, que nem cumprimentou Patrícia.
_ Vanessa, eu não acredito que você fez uma coisa dessas! Você não pode maltratar as pessoas desse jeito._ repreendeu Leandro.
_ Você ainda defende aquele cara?! Você deveria estar com ódio dele!
_ E por quê? Ele não me fez nenhum mal.
_ Ele transou com o seu marido e na sua cama!
_ Júlio não é mais o meu marido, e aquela não é mais a minha cama. Vanessa, você não tem o direito de humilhar as pessoas! Eu não te eduquei dessa forma!
_ Você tá maluco, isso sim.
_ A casa é do Júlio e ele tem o direito de namorar quem ele quiser. Cabe a você ser educada. Eu fico pasmo o quanto o Júlio te mima. Foi surreal ele ter permitido que você maltratasse o rapaz. Sério, tenho até pena do cara.
_ Pena! Você tem pena?! Ele é o amante do seu marido! E Júlio é seu marido sim! Vocês não estão divorciados. E além do mais, eu moro lá. Você não acha que é estranho eu chegar casa e dar de cara com um qualquer?
_ Você poderia ter chamado o Júlio num canto e dito o quanto se sente mal por isso. Mas não pode maltratar ninguém. Você deve ir até ao escritório do seu pai e pedir desculpas a esse rapaz.
Vanessa gargalhou com ironia.
_ Eu não estou brincando, Vanessa! Já estou farto desse seu jeito de patricinha arrogante! Eu sempre tentei de pôr na linha, mas o Júlio sempre estragava tudo te mimando, aí deu no que deu. Você vai lá agora comigo e vai pedir desculpas para o Luciano.
_ Quem vai me obrigar?
_ Eu vou.
_ Nem morta!
_ Ou você vai, ou não terá festa de aniversário.
Vanessa gargalhou mais uma vez e ergueu a sobrancelha.
_ Você não pode impedir que a festa aconteça. Ela não será feita com o seu dinheiro...que aliás, do jeito que você está na merda, nem um bolinho de padaria pode me dar.
_ Aí que você se engana, mocinha. A sua festa está marcada para um sábado, dia em que você está sob a minha custódia. Eu tenho direito legal de te impedir de ir.
Vanessa mudou a expressão de deboche para susto. Os olhos lacrimejaram.
_ Você não pode fazer isso.
_ Posso sim. Então, o que você prefere? Ir comigo lá no escritório do seu pai e se desculpar com o Luciano, ou não comparecer a própria festa de aniversário?
_ Eu te odeiooooo! Te odeiooooo!
Vanessa entrou na empresa acompanhada de Leandro. Estava com a cara amarrada e os braços cruzados. Ela sentia tanta raiva, que não conseguia conter o choro.
Ambos foram recebidos com simpatia pela recepcionista. Apesar de ficar curiosa percebendo a insatisfação de Vanessa, a mulher se conteve, sorrindo simpática.
_ Boa tarde, dona Vanessa e seu Leandro. Eu já vou notificar ao doutor Júlio a presença dos senhores.
_ Boa tarde, Sabrina. Tudo bom?
_ Tudo, seu Leandro. E o senhor?
_ Tudo ótimo. Então, é que desta vez não viemos falar com o doutor Júlio. Nem precisa avisar que estamos aqui. Afinal, ele pode estar ocupado. Eu só gostaria de te pedir um favor de solicitar que o secretário dele, o Luciano, pudesse vir aqui conversar conosco. Claro que só se ele puder, eu não quero atrapalhar.
_ Claro. Eu vou até lá em cima pedir para que ele desça. Só um segundinho. Enquanto aguardam, os senhores desejam alguma coisa? Café, água, suco...?
_ Eu desejo um copo de veneno.
Leandro deu um olhar repressivo para Vanessa e a recepcionista a olhava curiosa.
_ Com licença._ disse a recepcionista, antes de se retirar.
_ Pai, pelo amor de Deus, não me faça passar por essa humilhação, por favor?
_ Agora a ateiazinha está apelando para deus?
_ Pai, pare de debochar de mim! Você não pode fazer isso comigo! Não é justo! Eu vou ser a futura dona desta empresa. Não posso me rebaixar para um simples empregadinho. Eu faço qualquer coisa que você quiser, menos isso. Por favor, pai!
_ Eu sempre odiei esse comportamento elitista dos meus pais e estou muito decepcionado de ver como a minha filha se comporta da mesma maneira. Você não é melhor que ninguém, Vanessa. Todas as pessoas merecem respeito, classe social não te dar o direito de pisar em ninguém.
_ Você é uma pessoa horrível, pai!
A recepcionista encontrou uma colega no corredor e sorriu por poder dividir a fofoca.
_ Meninaaaa, você não sabem quem está aí.
_ Quem, Sabrina?
_ O seu Leandro, o companheiro do doutor Júlio!
_ Mulher, será que vai ter barraco de novo? Da última vez que ele esteve aqui, teve o maior bafafá com o doutor Júlio.
_ Desta vez será pior. Ele vem para falar com o Luciano.
A colega ficou sem palavras, pondo a mão na boca aberta.
_ Meu Deus, Sabrina! Marido e amante! Vai sair briga!
_ Na certa. Ainda bem que dessa vez, o barraco acontecerá lá na recepção, assim vou poder assistir tudo de camarote.
Luciano recebeu a notícia com desconfiança. Suspeitava que Vanessa havia se queixado com Leandro, e esse com ciúmes de Júlio o procurou para tirar satisfações.
No entanto, Luciano não estava disposto a abaixar a cabeça para ninguém. Por mais que soubesse que Júlio era louco por Leandro, Luciano tinha certeza que não tinha nada a perder, afinal tinha o chefe nas mãos.
Chegou até a recepção acompanhado da recepcionista, que não conseguia disfarçar a feição de curiosidade.
Luciano manteve a seriedade e a cabeça erguida, em pensamento, se armava de palavras grosseiras caso Leandro o atacasse.
O que o deixou surpreso foi ver o sorriso simpático de Leandro. O mesmo não podia se dizer de Vanessa, que o olhava com os olhos vermelhos de tanto chorar e a cara amarrada, cruzando os braços.
_ Boa tarde. Desculpe incomodá-lo. Eu me chamo Leandro e sou o outro pai da Vanessa. Muito prazer em conhecê-lo, Luciano.
Mesmo desconfiado, Luciano esticou a mão para corresponder o cumprimento de Leandro.
_ Eu tomei conhecimento do que aconteceu com você e a minha filha. Eu sinto muito pela forma rude que ela o tratou e peço minhas sinceras desculpas.
Luciano se viu espantado com a atitude de Leandro. Esperava tudo vindo dele, gritos, insultos e até agressões, mas nunca um pedido de desculpas.
_ A Vanessa também deseja se desculpar...
_ Desejo nada! Você tá me obrigando!
Leandro a olhou de um jeito repreendedor e retomou a palavra:
_ Reconheço que não foi uma atitude adequada vindo da minha filha. Ela já foi repreendida, e no que depender de mim, nada disso acontecerá novamente. Agora, peça desculpas, Vanessa.
_ Me desculpa?_ Vanessa perguntou olhando para baixo, com aspereza. O ódio a corroía por dentro.
Luciano sorriu, se sentindo vitorioso. Adorou a sensação de ver a menina derrotada.
_ Muito bem. Obrigado, Leandro, por vir até aqui e fazer a Vanessa se desculpar. Realmente foi uma situação muito desagradável. Eu não mereço passar por aquilo novamente.
_ Você está coberto de razão. No que depender de mim, a Vanessa vai se comportar melhor.
_ Assim espero. Creio que é melhor para todos nós que tenhamos uma boa convivência._ Luciano ergueu a sobrancelha e sorriu. Viu naquela situação uma oportunidade perfeita para dar a grande notícia._ Afinal, agora somos uma família, eu, como o novo namorado do Júlio, farei o possível para que não ocorra nenhuma confusão quando eu estiver na cobertura.
Vanessa arregalou os olhos surpresa. Suspirou com raiva e gritou:
_ Mas que porra é essa?!
_ Vanessa!_ repreendeu Leandro.
_ Sim, querida. Eu e o seu pai estamos namorando. Inclusive, fui convidado por ele para ir na sua festa de aniversário. Espero que você não se incomode, Leandro.
_ Não! De jeito nenhum!_ Leandro não conseguiu conter o sorriso. Acreditava que, finalmente, Júlio o havia esquecido e o deixaria em paz. Desejou pular de alegria.
_ Nuncaaaa! Nunca!
Vanessa entrou no elevador como um furacão, sem dar tempo que Leandro a alcançasse. Ele pensou em ir atrás da filha para tentar conte-la. No entanto, decidiu não ir e aguardar no estacionamento, caso a menina o ligasse pedindo ajuda. O motivo disso era que desejava evitar um confronto com Júlio, tinha medo que o ex marido manipulasse a situação contra ele. Por mais que isso pareça um absurdo, para Leandro fazia total sentido. Ele estava traumatizado por ter passado por isso durante muitos anos.
Vanessa invadiu a sala de Júlio sem nenhuma cerimônia. Ignorou todos que estavam presentes, gritando exigindo uma explicação pelo que Luciano acabara de revelar.
Júlio odiou Luciano ainda mais. "Era para eu ter contado pra ela, porra!" Foi o que pensou, antes de prometer assim mesmo que pesaria muito a mão sobre a vingança no secretário.
Com raiva, exigiu que todos se retirassem da sua sala e fechou a porta com brutalidade. Vanessa gritava chorando, dizendo que não aceitava aquela situação.
_ Eu só posso estar vivendo num inferno mesmo! Primeiro eu encontro aquele desgraçado na nossa casa, depois o meu pai me obriga a pedir desculpas pra ele, e agora eu fico sabendo que vocês estão namorando?! O que foi que eu fiz para merecer isso?!
_ Meu amor, se acalme!_ Júlio estendeu para a filha um copo de plástico com água gelada que havia retirado do filtro. Com ódio, Vanessa atirou o copo no chão.
_ Eu não quero porra de água nenhuma! Eu quero a minha família de volta! Do jeito que era antes.
Percebendo que a filha desabava em lágrimas, Júlio a abraçou e beijou o auto da sua cabeça.
_ Meu amor, eu sinto muito por tudo isso. Mas a minha vida tem que continuar.
_ Mas você disse que amava o meu pai e que ia lutar por ele! Eu tive esperanças viu? Você me enganou._ Vanessa apertou os braços de Júlio, abraçando mais forte.
_ Meu bem, eu amo o Leandro. Mas ele não me quer mais. Não há nada que eu possa fazer para reverter essa situação. Eu não quero ficar sozinho. Aconteceu de ser o Luciano.
Vanessa se afastou e sentou na cadeira. Júlio retirou da gaveta um lencinho de papel e enxugou as lágrimas da filha, o que foi em vão, já que ela não parava de chorar.
_ Isso não é justo! Eu odeio esse cara! Você não tinha o direito de convidá-lo para a minha festa de aniversário! A festa é minha, caralho! Eu não quero ele lá.
Júlio revirou os olhos para cima e respirou fundo. Compartilhava do mesmo desejo que a filha. Além de não querer que Luciano fosse á festa, também não o queria por perto, mas não havia nada do que ele pudesse fazer para evitar.
_ Filha, o Luciano irá sim a
á festa. Ele é o meu namorado. Mas você não precisa ficar perto dele... não precisa nem falar com ele.
Vanessa arregalou os olhos e disse entre os dentes:
_ Eu não quero que ele vá!
_ Mas ele vai!
_ Ou o quê? Vai cortar a minha mesada e cartão de crédito? Vai me expulsar de casa e dar as minhas calcinhas pra ele? Ou vai transformar a nossa casa num puteiro e vai convidar o Abner para a festinha de vocês?
_ Já chega, Vanessa!_ Júlio gritou, perdendo a paciência_Você não é mais uma criança! Tem que aceitar e ponto! Eu estou pagando por essa festa e Luciano irá sim! Fim de papo!
_ Esta é a sua última palavra?
_ Sim!
Vanessa levantou e enxugou as lágrimas. Olhou com ódio e prometeu:
_ Você vai me pagar por isso.
A menina se retirou, e Júlio foi atrás. Tentou alcança-la para tentar obter uma conversa mais amigável, mas Vanessa estava decidida a partir.
Júlio se sentiu aliviado ao vê-la entrar no carro com Leandro. A menina chorou todo o percurso até o apartamento.
....
Quando chegaram ao apartamento de Leandro, encontraram Valéria sentada na sala, digitando no celular.
Vanessa foi direto para o quarto, batendo a porta.
_ O que deu nela?_perguntou Valéria.
Leandro se certificou que a porta do quarto da filha estava fechada e desfez a cara séria de fachada. Deu três pulinhos de alegria, sorrindo.
_ Amigaaaaaa, o Júlio tá namorando!
_ O quê?!_ gritou Valéria.
_ Fala baixo! A Vanessa já surtou por causa disso.
_ Mas isso só pode ser mentira! Vai ver que é mais alguma armação daquele carcamano.
_ Não é, mulher! Eu conheci o boy! E pelo jeito é oficial! Júlio até o convidou para a festa de aniversário de Vanessa!
_ Eu tô pretérita! Puta que pa-riu! Puta que pa-riu! Como ele é?
_ Tudo o que Júlio gosta, do mesmo estilo dos homens com quem costumava me trair: jovem, bonito, bem vestido... e me pareceu educado. Tomara que dê certo e eu finalmente tenha paz!
_ Bijuzinho, essa história está muito mal contada. Tem caroço de baixo desse angu.
_ E você sempre tem que jogar um balde de água fria em tudo! Me deixe ser feliz!
_ Meu Bijuzinho, você sabe muito bem que por mim, você seria o homem mais feliz deste mundo, mas quando se trata do carcamano temos que ficar com os dois pés atrás. Eu não sei porque, mas sinto que tem algo errado aí.
_ Se tem ou não tem, não me interessa, o que quero é viver em paz.
_ E esse tal de Luciano, vai á festa?
_ O que tudo indica que sim. Você acredita que Júlio até contrariou Vanessa impondo a presença do namorado?! É por isso que ela está chateada desse jeito.
Valéria bateu com as costas de uma mão na palma da outra.
_ Tô dizendo, homem! Tem coisa errada aí. Desde quando Júlio contrária a chatinha?! Ele sempre mimou essa menina!
_ Pelo visto essa festa será um circo em chamas. Infelizmente terei de estar lá. Você vai comigo, né amiga?
_ Lógico! E você acha que eu ia ser boba de perder essa novela?!
.....
A data do aniversário de Vanessa se aproximava. Aconteceria na última semana antes das férias escolares. Seria numa quinta-feira e a festa ocorreria num sábado.
O mau humor da menina estava insuportável para Júlio. Para qualquer pergunta, Vanessa tinha uma resposta grosseira e dava um jeito de incluir o nome de Luciano para fazer algum comentário ofensivo. As portas da casa foram as que mais sofreram com o mau gênio de Vanessa, sendo sempre fechadas com brutalidade.
Para tentar amenizar a situação, Júlio a permitiu que comprasse o que quisesse.
_ Então, vou querer um vestido novo, para que eu possa usar na minha festa.
_ Uh, é! Mas você já não havia comprado um vestido pra isso?!
_ Sim. Mas mudei de ideia.
_ Tudo bem. Você é quem sabe._ Júlio consentiu sem fazer a mínima ideia que se arrependeria depois._ Meu amor, o que você acha de jantarmos no seu restaurante favorito no dia do seu aniversário? Para que a data em si não passe em branco.
_ Pra quê?! Pra você levar o seu amante?
Júlio revirou os olhos para cima, tentando reunir todo o resto paciência que tinha.
_ Não, meu bem. O Luciano não será convidado. Podemos fazer uma reserva só para a família e seus amigos íntimos. Você pode convidar o seu pai e aquela sua nova amiga, que é vizinha dele...ou até mesmo a Marcinha.
Vanessa gostou da ideia de comemorar com os dois pais como fazia antes. Aceitou de primera.
No dia seguinte, empolgada, ao sair do colégio, pediu que a sua motorista particular a levasse á livraria. Anunciou o convite a Leandro muito feliz.
No entanto, Leandro não gostou da ideia de dividir a mesma mesa de jantar com Júlio. A memória do almoço de Páscoa o deixou entristecido. Ele tinha como meta ter o menor contato com Júlio possível.
_ Filha, eu não acho uma boa ideia.
_ Por que não, pai?
_ Porque eu não quero uma proximidade maior com o Júlio.
_ Não é sobre ele! É sobre mim! É o meu aniversário!_ Vanessa gritou._ Vai deixar de comemorar o aniversário da sua filha por egoísmo?
_ Não é egoísmo, Vanessa. Eu não vou deixar de comemorar o seu aniversário! Essa é a data mais importante da minha vida! Em algum lugar, alguém deu a luz ao maior amor da minha vida, que o destino me presenteou depois.
"Só que você precisa entender que tudo o que vivi com o Júlio me faz muito mal. Eu estou num processo de superação que está sendo muito doloroso para mim. Por isso é importante manter um afastamento."
_ E eu? Como fico?
_ Eu estava pensando em dividir o dia com ele. Como você está em semana de provas, sempre sai mais cedo e vem para cá para eu te ajudar a estudar. Podíamos almoçar juntos e passar a tarde. No começo da noite, Júlio te busca e vocês vão jantarem.
_ Mas eu queria que fosse com os dois juntos!
_ Vanessa, você vai fazer deze6 anos, é quase uma mulher, já está na idade de ser compreensiva. Por favor, querida. Eu prometo que vou fazer de tudo para termos o melhor almoço de aniversário.
_ Tá bom... fazer o quê, né?
_ Obrigado._ Leandro sorriu e a beijou no rosto.
Enfim chegamos na quinta-feira. Vanessa foi acordada por Júlio com beijos, abraços e uma bela bandeja de café da manhã na cama.
_ Feliz aniversário, meu amor! Que você tenha uma vida longa e feliz!
Eles se abraçaram por alguns segundos. Vanessa agradecia e, naquele momento, não sentia nenhum tipo de rancor pelo pai. Esquecera de tudo, era só os dois e o afeto que os unia.
_ Obrigada, pai. Tanto a você quanto ao Leandro por terem me adotado. Eu não sou muito de falar sobre isso, mas eu fico imaginando o quão ruim poderia ter sido a minha vida se vocês não tivessem me resgatado de um lar, onde eu não era amada e fui rejeitada.
_ Quem deve agradecer sou eu. Foi através de você que pude conhecer um dos maiores amores do mundo, a paternidade. Olha que nunca me imaginei vivendo isso. Por mais que eu conquistei muitas coisas na vida, foi me tornar o seu pai o que me fez sentir mais completo.
Vanessa se sentiu tomada de amor e o abraçou.
_ Eu só queria que o meu outro pai estivesse aqui também.
_ Eu também._ Júlio respondeu tentando manter nos olhos as lágrimas que se formavam.
Na escola, Vanessa foi recebida pelos amigos com uma salva de palmas e canção de feliz aniversário pelos colegas e o professor em sala, exceto por Melissa, que permaneceu com os braços cruzados e cara de amigos nenhum.
_ Amiga, você hoje terá que me aturar o dia inteiro._ anunciou Marcinha._ Os seus dois pais me convidaram. Um para o almoço e outro para o jantar.
_ Aaaaaaah que tudooooo, amigaaaaaa!_ Vanessa abraçou a amiga empolgada.
_ Eu pensei que o seu pai Leandro te levaria a um restaurante para almoçar, assim como o seu outro pai vai fazer com o jantar.
_ Eu também. Mas ele disse que está com pouco dinheiro porque está investindo tudo na livraria e não se sente seguro para gastar muito. Disse que cozinharia pra mim._ Vanessa fez uma cara de insatisfação.
_ Ah, não faça essa cara, que ele cozinha direitinho. Eu já almocei lá na sua segunda casa e gostei da comida dele.
_ É...ele se esforça. E eu tenho que fazer a atriz e mentir que tá tudo bem. Eu não quero que ele fique chateado.
...
Vanessa e Marcinha chegaram ao apartamento de Leandro juntas. No percurso, a menina mandou uma mensagem para o pai avisando que estava a caminho, e recebeu a seguinte mensagem:
Pai Leo ❤️: "Eu ainda estou na livraria. Podem me aguardar, que já já estou chegando."
Antes de ir ao apartamento, elas passaram no shopping para comprar os vestidos que usariam na festa.
As meninas entraram no local e Vanessa se surpreendeu com o que viu. Assustada, arregalou os olhos e pôs as mãos na boca.
No centro da sala, estava uma mesa forrada como uma toalha branca e um bolo de aniversário no centro. Em volta da mesa, balões dourados e branco trançados presos a um ao chão por uma corda, ao centro, colado na parede, dois balões de hélio dourados de números 16. Todos em volta batiam palmas cantando uma canção de feliz aniversário.
Vanessa pôs as mãos no queixo e deixou as lágrimas de emoção rolarem.
Leandro foi o primeiro a abraça-la. E Marcinha permaneceu sorrindo.
_ Você sabia de tudo, piranha?
Marcinha confirmou e as duas se abraçaram.
Leandro improvisou uma mini festinha na sua sala. Na mesa do cozinha havia alguns salgadinhos, docinhos, e minipizzas, os refrigerantes estavam na geladeira e ele disse a todos que poderiam ficar a vontade para pegá-los.
Como convidados, havia poucas pessoas. Além de Marcinha e a nova amiga de Vanessa, estavam Valéria, Patricia, Angela e Genaro.
Angela não teve vontade de ir e cruzar com o ex marido. Mas decidiu que passaria por cima desse incômodo por causa do filho e da neta, já que ela não tinha a intenção de ir á festa. Para ela já era ruim aturar Genaro, seria péssimo lidar com o ex marido e Júlio no mesmo ambiente.
Depois da troca de abraços de todos e a recepção dos presentes, a festinha aconteceu com conversas e risos.
_ Fico feliz que vocês vieram, vovó e vovô. É muita maturidade da parte de vocês passarem por cima de tudo em prol da boa convivência e por respeito a mim. Eu queria que os meus pais seguissem os seus exemplos.
Todos se olharam sem jeito, até que Valéria, para melhorar o clima, perguntou:
_ E aí, Vanessa? Tá empolgada com a festa?
_ Ah, muito, Val. Não vejo a hora que chegue sábado. Aliás vocês vão né?_ Vanessa perguntou aos avós.
Angela mentiu que iria para evitar que Vanessa ou Leandro insistissem. Já Genaro preferiu falar a verdade.
_ Ah, mas por que, vovô? Não vai me dizer que é por causa da sua mulher?
_ Não é isso, meu docinho. Essa é uma festa para jovens...e já não tenho mais fôlego para esse tipo de "badalação".
_ Ah, que pena, vovô.
Discretamente, Leandro convidou Valéria para ir até o seu quarto, dizendo que gostaria de lhe mostrar algo. Ao entrarem, ele trancou a porta.
_ O que foi? Comprou um vibrador?
Leandro a olhou arqueando uma das sobrancelhas e balançou a cabeça negativamente.
_ "Engraçadinha." Eu quero muito te pedir um favor.
_ Diga, minha vida.
_ Sabe, desde que os meus pais se separaram, eu tenho achado a minha mãe tão pra baixo e isso tá me incomodando muito. Não gosto de vê-la sofrer.
_ Claro que ela tá pra baixo, perdeu a mordomia para uma mulher que tem idade para ser filha dela. Mas ela deveria ficar feliz com isso, o seu pai nem no coro deve estar dando mais...e há muito tempo.
_ Dá pra você se lembrar que está falando dos meus pais?
_ Ah, esqueci que pais "não transam"._ debochou Valéria.
_ É sério, Val!
_ Tá. E o que você quer que eu faça?
_ Vocês são mulheres, podem gostar de saírem juntas...a minha mãe precisa se divertir um pouco.
_ Huuuum!
_ Não estou falando desse jeito! Ela é a minha mãe!
Quando eles retornaram á sala, as três adolescentes não estavam. Apenas o ex casal Toledo sentados em cada ponta do sofá e Patrícia no meio, todos num silêncio incomodo.
_ Angela, quer sair comigo para dar um rolê qualquer dia desses? Eu conheço um clube das mulheres que você vai ficar louca. É cada homem gostoso!
Todos a olharam com espanto. Genaro, devido ao assusto, começou a tossir.
_ Valéria!_ reprimiu Leandro.
_ Ah, nem vem fazer a puritana, veado. No outro dia nós fomos e a senhora adorou.
Leandro sentiu o rosto arder de vergonha por causa dos pais. Angela deixou um sorriso brotar no rosto e respondeu:
_ Claro, Valéria, vai ser um prazer.
_ Mãe?!
...
_ Meninas! Meninas!_ Leandro gritava batendo na porta do quarto de Vanessa.
_ Entre._ gritou Vanessa.
Leandro tinha a intenção de chama-las para cortar o bolo, mas não conseguiu falar ao ver Marcinha usando um vestido preto e brilhante. Todas as três sorriam com a cara de espanto dele.
_ O que achou do meu vestido, tio?_ Marcinha perguntou girando.
_ É perfeito! Tá incrível! O corte modela o corpo, o caimento transmite poder e sem contar que essa cor é perfeita!
_ Que bom que gostou, tio.
...
Após a canção de parabéns, Vanessa ofereceu a primeira fatia a Leandro. Agradeceu a todos pela presença e pela festa surpresa.
Uma hora depois, Júlio anunciou por mensagem que a aguardava em frente ao prédio.
Marcinha e Vanessa o contaram felizes sobre a festa surpresa. Júlio fingiu que se agradou com a notícia, mas no fundo, sentiu raiva por ter sido excluído do evento.
....
_ Você ainda não começou a se arrumar?!_ Júlio perguntou irritado. Já estava quase dando a hora da festa e Vanessa ainda estava vestida com short jeans desfiado e um blusão de mangas compridas de estampa de xadrez. Nos pés, usava um par de ALL star vermelhos.
A menina pegou uma mochila, que estava no sofá e pôs nas costas.
_ Eu vou me arrumar na casa da Marcinha.
_ Uh, é! Por quê?
_ Porque vou chegar na festa com ela.
_ Não, senhora. Você tem casa.
_ Qual é, pai? A Marcinha mora aqui no condomínio! E além do mais, você vai levar o seu amante e não quero dividir o carro com ele.
_ Bom, eu pensei em te levar primeiro e depois voltar para buscar o Luciano e a mãe dele.
_ Então, você não precisa fazer duas viagens. Pode ir tranquilo buscar o puto e a brega. Beijos e até lá.
Vanessa se despediu com um beijo no rosto.
_ Juízo, hein.
Cada vez que Irene comentava deslumbrada da boate Matrix, Júlio revirava os olhos, tomando um gole de uísque. Sentia uma vontade louca de esganar o pescoço daquela mulher tagarela. Seus olhos percorriam toda a boate a procura de Leandro, que estava sentado num banco do bar, ao lado de Valéria.
_ Amiga, você consegue vê a Vanessa? Há meia hora ela me disse que estava chegando, mas até agora nada.
Valéria procurou com os olhos. Ao olhar para outro lado, deu um gritinho com a mão na boca.
_ Olha! Olha!
_ É a Vanessa? Cadê ela?
_ Eu sei lá. Eu tô vendo o Júlio e o boy do lado. Ele deve ser o tal Luciano. Olhando daqui, parece ser bonito mesmo.
_ Ele é.
_ E aquela mulher com eles? Quem é?
_ Não sei. Mas o vestido dela é pavoroso, coitadinha.
_ Realmente, Bijuzinho, sem noção nenhuma.
Irene atraia muitos olhares devido ao seu vestido extravagante, de cor vermelha, justo no corpo, com decote canoa e um laço enorme em um dos ombros. O cabelo estava preso num coque e os saltas eram da mesma cor que o vestido.
_ Ele parece ser bonito mesmo. Só não pode ser visto pelo Abner, senão ele vai querer tirar do Júlio também._ Valéria sorriu com a brincadeira. Ao contrário de Leandro, que amarrou a cara.
_ Eu não gostei dessa brincadeira.
_ Uh, é, Leandro?! Por que não gostou? Por acaso você está com ciúmes do Abner?
_ Eu não estou com ciúmes dessa pessoa.
_ Então não tem problema nenhum se o Abner der uns pegas no novo namorado do Júlio.
_ Ah, deixa de ser ridícula, Valéria!
_ Leaaaandro, eu tô só de olho no seu pezinho. Vê se não vai cair na lábia do michê de novo.
_ Vamos parar com esse assunto? Está ficando muito desagradável.
Leandro virou para o barmam e pediu uma bebida, para se livrar do olhar desconfiado de Valéria.
_ Mãe, aquele é o Leandro._ Luciano disse ao pé do ouvido da mãe. Devido a música em alto som, Júlio não escutou.
Desde que Luciano havia contado que Leandro obrigou Vanessa a se desculpar com ele, Irene estava louca para conhecê-lo.
_ Hum! Júlio, Júlio!
_ O que foi, Irene?_ Júlio perguntou irritado.
_ Nos apresente ao Leandro.
_ Tá maluca?!
_ É falta de educação você não apresentar o seu ex marido a sua sogra. O Luciano já o conhece, porque Leandro sim parece ser uma pessoa educada e deu um jeito na sua filha, ao contrário de você, né.
_ Eu não vou te apresentar a ninguém! Sossega o facho, mulher!
Por mais que Júlio resistisse, Irene não cedeu e usou a chantagem para obter o que queria.
_ O que você ganha com isso, Irene?
_ Ganho você se mordendo de ódio. Quer coisa melhor do que isso?
Luciano sorriu com um dos cantos da boca por ver Júlio transpirando ódio.
_ Bijuzinho! Bijuzinho! Eles estão vindo pra cá!_ Valéria disse empolgada._ realmente o vestido dela é pavoroso.
_ Val, seja discreta e não comenta nada sobre isso com ela.
Irene se aproximou sorrindo com os braços abertos. Leandro arregalou os olhos, espantado com um abraço inesperado que recebeu.
_ Eu sou a Irene, sogra do Júlio.
Ouvir Irene dizer a palavra "sogra" fez com que Júlio a olhasse com fúria.
_ É um prazer conhecê-la. _ Leandro disse com gentileza.
_ Mas você é muito bonito! Muito mesmo! Duas coisas que você e o meu filho Luciano têm em comum, ambos são lindos e têm mau gosto pra homem._ Irene disse dando um leve tapinha no ombro de Leandro e gargalhou em seguida.
Valéria gargalhou no mesmo ritmo.
_ Essa é a mais pura verdade! Gostei de você._ disse Valéria.
_ Ah, eu também gostei de você.
Júlio se segurava para não explodir de ódio.
_ Me apresente a bela moça, Júlio.
Júlio não conseguia reagir, permanecendo com a cara amarrada. Leandro contraiu os lábios para não rir.
_ Já que Júlio não tem educação, eu me apresento. Eu sou Valéria, amiga do Leandro.
_ Esse é o meu filho Luciano, namorado do Júlio.
Luciano esticou a mão para cumprimentar Valéria e ela retribuiu.
_ Meus pêsames!
Luciano a olhou confuso, e Leandro um leve chute no calcanhar da amiga.
_ Aeeee! Digo, é um prazer conhecê-lo, Luciano. Há quanto tempo vocês começaram a namorar?
_ há alguns meses._ Luciano respondeu sem jeito.
Valéria e Irene começaram um assunto, logo em seguida, Beatriz, a prima de Leandro, também se aproximou e foi apresentada a Luciano e Irene. O que mais incomodava Júlio em toda aquela situação era que Leandro não demonstrava nenhum tipo de ciúmes por ele.
_ Aliás, Júlio, e a Vanessa? _ Leandro perguntou.
_ Olha ela ali._ disse Beatriz apontando o dedo para a entrada.
A mandou de Marcinha, o DJ parou a música e anunciou:
_ A rainha da festa acabou de chegar. Uma salva de palmas para ela.
Todos começaram a bater palmas.
_ Que porra é essa?!_ Exclamou Júlio, nada satisfeito com o que via.
Vanessa usava um belo vestido preto brilhoso. O comprimento ia até a metade das coxas grossas e o decote era V profundo, realçando os seus seios fartos e firmes. O modelo escolhido valorizava sua cintura fina.
A maquiagem era bem provocante. Seus belos olhos se destacavam em uma sombra esfumaçada e lápis preto e os cílios se tornaram maiores do que já eram devido à máscara que os curvaram para o alto. O batom vinho amaciava e deixava os seus lábios incrivelmente carnudos o que contrastava com o blush dourado nas maçãs do rosto.
Todo o figurino provocante era finalizado com um par de sandálias douradas de salto bem alto no entanto, a jovem sabia se equilibrar neles como uma verdadeira modelo de passarela.
Ela estava linda para aquele que era o seu momento.
Do alto das escadas da área vip da boate, Vanessa ajeitou sua postura, empinando os seios o quanto pôde e desceu tranquilamente os degraus com a mão apoiada no corrimão. O ruído dos saltos chamou a atenção dos convidados e ao notar a presença da jovem, o fotógrafo contratado para registrar todos os momentos daquela noite mirou com habilidade sua câmera profissional e diversas fotos com flashes em sua direção foram disparados.
Ao chegar no último degrau, ela se sentia triunfante. Parou em uma pose provocante com uma das mãos na cintura para que o fotógrafo fizesse o seu trabalho e também para que as mais diversas reações fossem causadas em todos os convidados.
Leandro também a olhou surpreso. Há dois dias, havia visto o vestido no corpo de Marcinha e acreditou que pertencesse a menina. Leandro fora sincero quando disse a Marcinha que havia gostado do vestido. No entanto, ao ver que era Vanessa quem o usava e a sensualidade que ele dava a sua garotinha, se sentiu enciumado. Para ele, era muito difícil aceitar que Vanessa estava crescendo, que era quase uma mulher e que nunca mais voltaria ser aquela menininha pequenina carregando a sua boneca favorita.
Júlio compartilhava do mesmo sentimento. Sentiu muita raiva de tudo e despejou em cima de Leandro.
_ Você tem merda na cabeça? Como deixou que ela comprasse um vestido desses?!
_ Eu?! Quem deu o dinheiro a ela foi você.
_ Dei sim, mas não para comprar esse vestido de puta! Ela comprou o vestido no dia que foi para a sua casa, cabia a você me notificar do que ela pretendia vestir e proibila-la de fazer isso!
_ Ih, tô vendo que essa festa vai ser melhor do que imaginei._ Irene cochichou no ouvido de Luciano.
_ Mas eu..._ Leandro parou por um instante e disse em seguida_ Quer saber de uma coisa? Eu não vou ficar me justificando pra você. E muito menos descer ao seu nível de bater boca contigo na frente de todo mundo. Eu sei muito bem o quão bom pai eu sou. Ao contrário de você, que não tem competência nenhuma para cuidar da nossa filha e me culpa por tudo. Passar bem, Júlio. Com licença, gente. Mas eu vou me retirar para poupa-los de uma situação desagradável.
_ É isso aí, Leandro. É assim que se fala.
_ Mãe!_ Reprimiu Luciano.
Leandro se afastou e Valéria foi atrás.
Beatriz permaneceu por perto, deu gole na bebida, permanecendo em silêncio.
Nervoso, Júlio não se conformou em esperar, e pegou Vanessa pelo braço, quando ela passou por eles acompanhada de Marcinha.
_ Que porra de vestido é esse?!
_ Gostou, pai? Se você quiser um modelo igual vai ficar querendo, porque este aqui é exclusividade._ Vanessa debochou sorrindo.
_ Você não me provoque! Depois da festa, nós vamos ter uma conversinha sobre isso. É ridículo apelar para indecência só pra chamar a atenção. Tá querendo o quê? Fazer propaganda do seu corpo pra venda?
_ Sério que diante de tudo isso é o meu vestido que é indecente? E não, papai. Este é só um belo vestido. Apesar de adorar a ideia de um cara pagar por mim, não usei o vestido com essa intenção. Se eu quisesse fazer isso, eu pedia umas dicas para o seu secretário, barra amante, barra sugar baby.
_ Ei, garota! Não fale assim do meu filho!
_ Deixa pra lá, mãe. Não vamos cair na provocação.
_ Ah, é? E como você quer que eu fale do seu filhinho? Porque um cara que desfila por aí com o patrão casado é o quê? E você, pai? Nem pense em querer me esculachar com esse falso moralismo. Você trouxe o seu amante para o mesmo ambiente em que o seu marido está.
_ Eu não sou amante do Júlio!
_ É sim! O meu pai é casado! Ca-sa-do! Logo você é marmita dele. Mas não é a única, garanto que deve dividir com outros putos como você e o Abner.
_ Vanessa, você está passando dos limites!
_ Eu sei que estou, pai. Estou arrasando na beleza com esse vestido que você pagou. Não é um máximo?
Vanessa entrelaçou o braço em Marcinha e as duas saíram rindo.
_ Amiga, você é do mal._ disse Marcinha, caindo na gargalhada.
_ Você ainda não viu nada._ Vanessa respondeu piscando o olho.
Beatriz se afastou inventando que precisava ir ao banheiro. Foi até Leandro e Valéria empolgada contando o ocorrido.
_ Gente! Foi uma situação embaraçosa! Ficou um climão.
_ Eu não gostei nada de ver a minha filha com aquele vestido, mas acho um absurdo essa atitude agressiva do Júlio.
_ Uh, é, Leandro! Você viu esse vestido no dia do aniversário de Vanessa e disse que era lindo._ disse Valéria.
_ Eu vi no corpo da Marcinha. Confesso que a sensualidade da Vanessa me assusta. Ela é só uma menina.
_ Falando em Júlio, ele arranjou namorado rápido, não é primo!_ comentou Beatriz._ Eu achei que isso demoraria muito para acontecer, já que Júlio sempre foi obcecado por você.
_ Eu estou achando tudo isso muito estranho. Mas Leandro está dizendo que estou louca.
_ Eu não vejo nada de estranho. Pra mim, é até bom. Assim o Júlio me dê o meu tão sonhando sossego.
_ Ah, Leandro. Abre o olho. Você não viu a forma como a Irene falou com ele?_ Valéria perguntou irritada por Leandro discorda dela._ Júlio jamais deixaria a Angela falar assim com ele. Tenho pra mim que tem chantagem no meio.
Vanessa e Marcinha se aproximaram e foram abraçadas e elogiadas por Valéria e Beatriz.
_ E você, pai? Não vai dizer nada? Ou vai me esculachar como o meu outro pai fez?
_ Eu não vou te esculachar. Não se preocupe que não vou te envergonhar na frente dos seus convidados. Mas, eu fiquei chateado por vocês terem mentido pra mim, dizendo que o vestido era da Marcinha.
_ Ah, desculpa, pai. Foi só uma brincadeira. E se eu dissesse que o vestido era meu, você não me deixaria usar.
_ Não deixaria mesmo. Você está linda, mas está muito sensual para a sua idade. Não é adequado.
_ Mas confessa que a sua filha está muito linda, não está?_ perguntou Vanessa, presunçosa.
_ Sim, meu bem. Você está linda.
Leandro a abraçou e beijou na testa. As meninas se afastaram, dizendo que iriam para a pista. Pedro chegou em seguida acompanhado de uns amigos.
_ Oi, sogrão! Você viu a Vane..._ ele interrompeu a fala ao pôr os olhos no decote de Valéria._ Gata, eu sei que essa não é uma festa junina, mas eu faço questão de abrir a minha barraca do beijo pra você.
_ Eu dispenso qualquer barraca que venha da sessão infantil.
Todos os meninos gritaram zoando Pedro.
_ Eu tenho dezoito anos, gata.
_ Sério? Perfeito. Já tem idade para ser processado por assédio sexual.
_ Uuuuuuiiiiii_ gritaram os meninos.
_ Deixa eu voltar para pista. Alguém aqui está de TPM._ Pedro se afastou irritado.
_ Onde já se viu?_ Exclamou Valéria.
_ Hum! Até que ele é bonitinho._ disse Beatriz.
_ É um pirralho.
_ Ah, mas eu curto um novinho. Eles são acostumados a pegar essas garotinhas e quando pegam mulheres como nós, experientes, gamam rapidinho.
_ Foi por isso que dispensei. Com uma sentada essas meninos já gamam e enchem o saco. Tô fora. Aprendi a lição.
Depois de algumas voltas, Pedro e os amigos conseguiram encontrar Vanessa e as amigas dançando na pista de dança da área vip.
_ Caralho! Você tá um espetáculo, mulher!_ Pedro disse batendo palmas. Puxou Vanessa pela cintura e a beijou.
_ O aniversário é meu, mas quem vai ganhar o presente hoje é você, lindinho.
_ Uuuuuh! Finalmente, a Vanessa vai me dar hoje._ Pedro gritou para todos os amigos em volta, que gritaram comemorando.
Naquele momento, o DJ substituiu as músicas eletrônicas por funk, o que deixou os jovens muito mais animados.
Vanessa e as meninas começaram a rebolar na frente dos meninos, que dançavam roçando atrás delas.
_ A sua filha está bem saidinha hoje, hein Júlio. Depois sou que sou o imoral._ Luciano disse com uma mão apoiada no ombro de Júlio e o dedo indicador da outra mão apontando para Vanessa.
_ Isso já é demais!
Júlio se afastou de Luciano num rompante. Não estava mais disposto a aceitar aquele tipo de comportamento de Vanessa. Ou ela tomasse jeito, ou daria um fim a festa.
Foi até o DJ e o proibiu de tocar funk, o que causou protestos entre os jovens.
Em seguida, foi até Vanessa e a puxou pelo braço.
_ Acabou a palhaçada, Vanessa! Ou você se comporta, ou acabo com essa merda toda!
_ Você está pagando mico, pai!
_ Calma aí, sogrão.
Pedro arregalou os olhos assustado ao ver o olhar de fúria que recebeu de Júlio, que também ergueu o dedo indicador.
_ Moleque, acho melhor você vai baixar a bola e não me provocar, ou eu não respondo por mim.
_ Sim, senhor._ disse Pedro se afastando, e os amigos prendiam o riso.
Pai e filha começaram um bate boca que foi interrompido quando Júlio pôs os olhos numa mulher loira que entrava na boate. Ela usava um vestido muito justo no corpo escultural. Era de paetê prata. Tinha os cabelos loiros curtos até a nuca com uns cachos abertos nas pontas e usava uma bolsa de mão preta. Era de baixa estatura e os olhos eram de um azul celeste, indenticos aos de Vanessa.
_ Puta que pariu!_ Júlio exclamou, deixando a filha de lado e descendo da área vip, indo em direção á mulher. Ele não sabia definir se o que sentia era raiva ou medo...ou os dois ao mesmo tempo.
Vanessa voltou a dançar, acreditando que ele a deixaria em paz.
_ Porra Pedro, tu é doido mesmo. Eu com um sogro já me cago de medo, tu quer colar com uma mina que vai te dar dois sogros._ disse um dos amigos de Pedro.
Júlio se aproximou da mulher e os dois aparentavam uma discussão, o que chamou a atenção de Luciano e Irene; e de Valéria que estava mais afastada deles.
_ Quem é aquela mulher, Leandro?
_ Que mulher, Val?
_ A que está discutindo com Júlio.
_ Não faço ideia. Mas parece que a coisa tá feia ali.
Júlio e a mulher foram caminhando até um lado da boate. Entram numa porta, que dava acesso a um corredor.
_ Quer saber? Eu vou lá saber o que está acontecendo.
_ Ah, para Valéria! Deixa isso quieto. É problema dele.
Valéria entregou o seu copo a Leandro e saiu o ignorando.
Ela entrou pelo mesmo corredor que Júlio entrou acompanhado pela mulher misteriosa. Ao final dele havia uma porta de um escritório. Valéria tinha a intenção de ir até lá e ouvir toda a conversa por trás da porta. Mas foi barrada por segurança.
_ Me desculpe, senhora, mas ninguém tem permissão para entrar. O doutor pediu privacidade.
Valéria tentou argumentar, mas não obteve sucesso. Retornou para perto de Leandro.
_ E aí Sherlock Holmes intrometida, conseguiu descobrir quem é a loira misteriosa?
_ Você deveria fazer menos gracinhas e prestar mais atenção ao seu redor. É por isso que Júlio está sempre a um passo a frente para te prejudicar.
Enquanto isso, Irene também ficou intrigada com a cena e ordenou que Luciano fosse averiguar. Ele fez o mesmo trajeto que Valéria e também foi barrado pelo segurança.
_ Mas eu sou o namorado do Júlio!
_ Eu sinto muito, senhor. Mas são as ordens dele que devo cumprir. Esse é o meu trabalho.
_ Tudo bem. Eu entendo._ Luciano retirou uma nota de cem reais da carteira._ E prometo que serei o mais discreto possível. Ninguém nunca vai saber que consegui passar.
O segurança olhou para os lados para se certificar que ninguém os observava. Pegou o dinheiro e pôs no bolso.
_ Independente do que senhor ouvir, mesmo que eles estejam trepando, o senhor não deve fazer escândalos para não me foder.
_ Pode deixar._ Luciano disse piscando.
Alguns minutos depois, Luciano retornou para perto da mãe com uma expressão abatida de susto. Tomou um gole de uísque para se recompor.
_ E aí?_ perguntou Irene curiosa.
_ Bomba, mãe! Uma bomba!
_ Como assim, menino? O que aconteceu lá? Quem é aquela mulher?
_ Vamos a um lugar mais reservado para conversamos melhor.
....
Algumas horas depois, Júlio retornou para a festa muito sério. Não prestava atenção em nada do que ninguém o dizia. Rubens notou que o amigo estava perturbado, mas Júlio negou que alguma coisa estivesse acontecendo.
Depois do corte do bolo, Vanessa disse para Júlio que iria para a casa de Leandro. E a Leandro disse que iria para a casa de Júlio. Na verdade, a menina foi acompanhada de Pedro para o estacionamento e entraram no carro do rapaz, partindo em seguida.
Júlio ficou encarregado de levar Luciano e Irene de volta para a casa. No carro todos permaneceram silêncio. E Júlio não percebeu, só estava focado no que havia acontecido.
Antes de ir para a casa, parou num bar noturno e bebeu mais um pouco de uísque. Estava sentado á mesa solitário e pensativo.
Quando chegou em casa, o dia já havia amanhecido. A manhã se iniciava com recém nascidos raios de sol salpicando o céu alaranjado.
Foi direto para o quarto, xingando a vida e a todos que conhecia. Retirou as roupas, as deixando no chão do banheiro e se sentiu um pouco aliviado ao sentir as águas da ducha acariciar em seu corpo nu, o proporcionando uma sensação de conforto.
Após o banho, vestiu um short preto de pijama e se jogou na cama com a intenção de relaxar e tentar dormir. Quando estava quase pegando no sono, ouviu uma tosse masculina vindo do quarto de Vanessa.
_ Eu não acredito nisso! Eu não acredito!
Júlio levantou furioso e andou como um furacão em direção ao quarto de Vanessa, abrindo a porta com brutalidade. Seus olhos ficaram em chamas ao ver a filha e Pedro deitados nus na cama, abraçados.
_ Que caralha está acontecendo aquiiiiiii!_ os gritos de Júlio eram como um trovão destruidor. Os jovens despertaram assustados, cobrindo os corpos com o lençol.
Notas do autor: Galera, quero informar a vocês que recebi a ajuda de uma amiga e leitora Ana Luiza para a cena da chegada da Vanessa na festa. Muito obrigado, Ana.
Espero que tenham gostado. Vou fazer o possível para postar um capítulo por semana.