Augusto saiu de casa e passou três dias na fazenda do primo. Lá ele acabou não resistindo a beleza madura e a sedução de Fátima. Mas, como sabemos, as pessoas são o que são e não mudam de um dia para o outro.
Continuando…
Parte 9: Deixa eu dizer que te amo, deixa eu cuidar de você…
Três dias atrás:
Augusto se foi e Sheila, mesmo triste e abatida, sabendo que precisava dar espaço e tempo a ele, não conseguiu sair da cama durante o resto daquele dia. O remorso e a tristeza a corroíam por dentro. Não podia culpá-lo por nada. Era dela e somente dela, a culpa por tudo o que estava acontecendo. Sua mente confusa e machucada estava perdida. Com muito custo, no começo da noite, ela levantou da cama e abriu o guarda-roupa. Embaixo dos edredons e cobertores, havia uma pequena caixa de sapato. Ela pegou a caixa e voltou para cama. Outra vez, o choro veio forte. Aquela caixa de sapato não era apenas um objeto comum. Para Sheila, aquela era a verdadeira caixa de Pandora. Ali dentro estava a sua maior dor. Guardada ao alcance das mãos e jamais esquecida.
Durante três horas, ela chorou e encarou a caixa. As lembranças começaram a bombardeá-la:
"Sheila grogue, semiconsciente, deitada em um leito de hospital. Augusto, arrasado ao seu lado, tentando se fazer de forte e buscando explicações com os médicos e enfermeiras. Ele segurou forte um dos médicos pelo colarinho e quando parecia que ele iria socá-lo, Augusto desabou, sendo abraçado pelo doutor."
As lembranças de Sheila passavam como um filme em sua mente:
"Dois dias depois, clinicamente estável, ela acordou com Augusto sentado ao seu lado, com a cabeça sobre a mão dela. Ele dormia. Sheila acariciou os cabelos dele e Augusto despertou. Sheila ainda estava aérea e sem saber muito bem o que estava acontecendo. Ela levou a mão à barriga e não sentiu mais o seu bebê se mexendo dentro dela:
- Cadê o nosso filho?
Augusto pegou em suas mãos e olhou, profundamente triste, nos olhos da esposa:
- Ele se foi.
Sheila entrou em choque. Não chorou, não reagiu… ela somente virou a cabeça para o lado oposto de Augusto e simplesmente se desligou da realidade, entrando em modo vegetativo."
Após várias horas daqueles pensamentos que lhe cortavam a alma, Sheila abriu a caixa. Dentro dela, uma imagem de ultrassom, um par de sapatos de bebê azul, feitos de lã e um registro de óbito: natimorto. Causa da morte: desconhecida. Autópsia: inconclusiva. O choro voltou ainda mais forte. Sheila, exausta, se deixou dominar pelos pensamentos sombrios.
Enquanto Sheila sofria pelas suas escolhas e pelo trágico passado, Andréa entrou aflita na emergência da pequena Santa Casa da cidade:
- Renato Soares, onde posso encontrá-lo?
A recepcionista, desconfiada, barrou a sua entrada:
- Só familiares, Senhora!
Andréa, nervosa, puxou da bolsa o crachá profissional da Santa Casa:
- Eu sou a nova clínica geral da cidade. Em breve, darei consultas aqui também.
A atendente, mais do que depressa, conferiu as fichas dos pacientes que deram entrada:
- Desculpe, Doutora! Leito quatro.
Andréa se orientou no espaço, afinal, emergências tem um protocolo rígido e todas são praticamente iguais. Ela localizou o leito e caminhou até ele. Ela respirou fundo e abriu a cortina que separava os pacientes. Renato estava em um estado lastimável. Um hematoma muito acentuado no seio maxilar esquerdo e um corte profundo no queixo que já estava sendo suturado por um residente.
Vendo que o rapaz fazia um péssimo trabalho, ela pediu para ele se retirar e ele a encarou. Dessa vez, ela já se adiantou e mostrou o crachá. O residente se assustou:
- Desculpe, Doutora! O paciente é todo seu.
Andréa olhou para Renato, mas ele abaixou a cabeça. Achando que ela não sabia o que ele aprontou, tentou se fazer de vítima:
- Vocês aprontam e sou eu que levo a pior.
Andréa apertou o ponto com mais força do que o necessário e ele reclamou. Ela disse:
- Você é um coitado, né? Não gravou o que aconteceu e nem usou o vídeo para chantagear a Sheila? Pelo jeito, ela achou melhor encarar a fúria do Augusto do que ceder às suas investidas. Você é o único culpado da sua ruína.
Antes que ele pudesse retrucar, Andréa voltou à carga:
- O que diabos passou pela sua cabeça?
Renato estava derrotado, não queria continuar aquela conversa. Assim que Andréa terminou de dar os pontos e fez o curativo, ele se levantou e saiu. Andréa não entendeu nada, mas preferiu lhe dar liberdade de escolha. Sabia onde encontrá-lo. Ela pegou o celular com a intenção de ligar para Sheila. Estava preocupada. Apesar dos dez anos de distância, tinha a certeza de que Augusto jamais lhe machucaria. O telefone chamou por diversas vezes sem resposta. Sua preocupação aumentou.
Saiu da emergência, entrou no carro e foi para a casa de Sheila e Augusto. No caminho, tentou mais uma vez o contato telefônico. Ainda sem resposta. Estacionou em frente à casa deles e bateu na porta. Novamente, ninguém atendeu. Esperou por mais de cinco minutos, sempre batendo e chamando alto. Nada.
Resolveu dar a volta na casa. O portão lateral, provavelmente, estaria aberto, assim como a porta da cozinha. Coisas do interior. Passou pelo portão, deu a volta na casa e acertou: A porta da cozinha estava mesmo aberta.
A casa estava na penumbra. Andréa tateou a parede e, ao tentar acender a luz, derrubou uma panela. O estrondo no chão, ecoou pela casa silenciosa.
No quarto, Sheila se assustou, mas um sentimento bom invadiu o seu peito. Só poderia ser Augusto. Ele era o único que entrava pela parte de trás da casa. Era um hábito constante. Geralmente estava com as botas sujas de lama e não queria ouvir as reclamações de Sheila.
Ela levantou rapidamente e correu para a cozinha na intenção de se desculpar outra vez, pedir perdão novamente… toda a esperança que sentiu, foi substituída por ódio. Ali estava a causadora dos seus problemas. A primeira vontade de Sheila foi partir para cima dela, mas Andréa era maior e provavelmente mais forte. Ela disse:
- Satisfeitos? Podem comemorar. O plano de vocês deu certo. Augusto saiu de casa. Agora sai daqui ou eu vou chamar a polícia. Fora!
Andréa vendo o que ela carregava nas mãos, estranhou:
- Quem está grávida?
Sheila, confusa, não entendeu:
- Está maluca? Além de vadia, é doida?
Andréa a deixou sem chão:
- De quem são esses sapatinhos de bebê?
Sheila olhou para as próprias mãos e a dor das lembranças veio novamente, lancinante. Ela caiu de joelhos, mais uma vez em prantos. Andréa, sem saber o que fazer, se ajoelhou à sua frente e a abraçou. Naquele instante, deduziu que a dor dela deveria ser imensa. Sheila, desnorteada e sozinha, aceitou o seu abraço caridoso.
Se Sheila encontrava um pouco de conforto no abraço de Andréa, Renato se sentia completamente humilhado. Além de apanhar, Andréa ainda havia esfregado o erro grosseiro na cara dele. Abriu o notebook e olhou demoradamente para o vídeo das duas. O celular top de linha havia gravado quase que de forma profissional. As imagens eram claras e em alta definição. Agora que Augusto sabia de tudo, seus planos haviam perdido o sentido.
Se levantou e foi até à cristaleira que Andréa havia comprado em uma loja de móveis antigos. Um marceneiro habilidoso transformara aquele belo móvel do século dezoito em um lindo bar rústico. As portas haviam sido retiradas e as laterais transformadas em porta-copos. Era realmente um belo móvel. O mogno castanho escuro tinha um lindo tom avermelhado. Por fim, Renato decidiu por vodca. Não estava preocupado em degustar a bebida, só precisava relaxar e anestesiar um pouco a dor que os analgésicos não conseguiam.
Foram várias doses seguidas e a mistura com os remédios estava começando a fazer efeito. Ele não estava mais pensando claramente. Em um arroubo de insanidade, criou um perfil em um site de vídeos eróticos e fez o upload. Minutos depois, apagou no sofá.
Alheia ao movimento irracional que Renato havia feito, Andréa, após consolar Sheila por mais de quinze minutos, abraçadas e ajoelhadas no chão da cozinha, se levantou e puxou Sheila pelas mãos. Sem forças para reagir, ela apenas se deixou levantar. Andréa acariciou o seu rosto e disse:
- Você contou para ele, né?
Sheila apenas balançou a cabeça confirmando. Andréa continuou:
- Me diga o que eu posso fazer para lhe ajudar. Eu faço qualquer coisa para provar que eu não queria destruir a sua vida.
Sheila levantou a cabeça e a encarou:
- Me diz a verdade. O que você queria de mim?
Andréa não tinha mais motivos para mentir. Ela confessou:
- No começo, eu realmente queria dar uma lição em você. No passado, você não foi correta comigo, me roubou o Augusto de forma desleal.
Nesse momento, Sheila a interrompeu:
- Que idiota eu fui. Ele me avisou. Mesmo assim eu me deixei seduzir.
Andréa resolveu colocar tudo para fora de uma vez:
- O problema é que ao rever Augusto, eu não vi mais sentido em continuar. Não havia mais sentimento, desejo de vingança… E depois do que aconteceu, você despertou em mim um sentimento novo.
Sheila olhava para ela de olhos arregalados. Ela pensou: "Isso é uma confissão? Essa mulher está mesmo louca. Foi bom, sim. Mas eu amo o Augusto e quero o meu marido de volta." Andréa continuou:
- Depois que eu vi você entregue naquele dia, na piscina, eu só queria lhe dar prazer e mostrar um pouco das coisas que eu aprendi nesse tempo vivendo fora. Você mexeu comigo, me fez reavaliar a minha volta e os meus planos.
Sheila não ia cair nas artimanhas dela outra vez:
- E o que você espera que eu diga? Ou melhor, o que você espera de mim?
Andréa foi honesta:
- Eu não espero nada. Eu só quero ajudar a consertar esse erro. Me deixa ajudar, mostrar que eu posso ser uma amiga confiável. Por favor, deixa eu me redimir com você. Posso?
Sheila não sabia mais no que acreditar, mas ainda era uma mulher sem muita maldade. No fundo, ela queria ter alguém que pudesse ajudar. Queria muito confiar em Andréa. Sua única amiga era Maria e mesmo assim, era mais por causa da relação entre Augusto e Oscar. Nunca teve alguém próximo só para ela e sabia que se fosse preciso escolher, Maria ficaria ao lado de Augusto. Ela disse:
- Vou lhe dar apenas uma chance. Não brinque comigo outra vez, eu não aguentaria.
Andréa sorriu e a abraçou, sabendo que sua chance se devia mais pelo medo da solidão do que por confiança. Cabia a ela agora, mostrar que estava sendo sincera. Ela brincou:
- Acho que você precisa de um banho. Já comeu? Eu estou faminta. Quer que eu peça uma pizza?
Sheila sorriu pela primeira vez naquele dia. Estava se apegando a qualquer gesto de caridade, mas não ia se entregar totalmente igual fez no começo. Dessa vez, iria com calma e Andréa precisaria se esforçar para conquistar a sua confiança. Sheila, no fundo, de jovem arrojada que ela fora, depois do trauma com a perda do filho, se tornara com o tempo, uma mulher carente e com tendência submissa. Precisava que alguém estivesse sempre no comando. E Augusto era o responsável por tal mudança. Essa era uma característica de Augusto, ele sempre foi dominante. Em qualquer situação. Não era uma dominação forçada, era muito natural. Ele simplesmente era assim. Atraía a admiração de todos.
Os dois dias seguintes foram difíceis e dolorosos para Sheila. A todo instante, ela pegava o celular e digitava longas mensagens para Augusto. Depois lia o que escreveu e via que suas palavras o deixariam mais irritado. Depois apagava tudo e jogava o celular na cama ou no sofá, dependendo de onde estava. Precisava ser forte e dar o espaço e tempo que ele necessitava.
Andréa lhe deu um atestado de sete dias. Assim, ela poderia colocar a cabeça em ordem, longe dos olhares curiosos de todos. A escola seria um péssimo lugar para ela durante aquela semana. A notícia da surra de Augusto em Renato, já estava na boca do povo e as teorias eram variadas. A mais comentada, lógico, era que Sheila o havia traído com Renato. E como nenhum dos três fora visto na cidade durante os últimos dias, a teoria ganhou força. Os boatos pareciam fogo em mato seco, se alastraram rapidamente. No quarto dia, duas situações complicariam ainda mais a vida de Augusto, Sheila e Andréa.
Sheila acordou muito indisposta naquela manhã de terça-feira. Sentia náusea e fadiga. Conseguiu, com esforço, se levantar da cama e com muito custo segurou a vontade de vomitar até conseguir chegar ao vaso sanitário. Para complicar, sentia os seios muito sensíveis e levemente inchados. Permaneceu ali, estática e passando mal por quase meia hora. Já havia sentido aquilo antes, dez anos atrás, para ser exata. Um sentimento de terror começou a invadir o seu peito. Ela pensou: "por favor, Senhor! De novo, não! Eu não posso passar por isso outra vez."
Enquanto Sheila lamentava a novidade trazida pelo novo dia, Andréa entrava na UBS de cabeça erguida. Mesmo triste por Sheila e se sentindo culpada pelo que ela estava passando, tinha a certeza que iria conseguir ajudá-la e talvez, até reconciliar os dois. Devia isso a ela e faria tudo ao seu alcance para provar que merecia uma nova chance.
Estranhou quando começou a perceber os olhares da maioria das pessoas. Não eram olhares de admiração. Uns eram de deboche, outros eram de condenação e ainda, havia os de repulsa. Notou à sua frente, bem próximo a ela, uma enfermeira que olhava para o celular e em seguida a encarava sem esconder o quanto estava vermelha. Era a pessoa mais tímida dali. Andréa deu mais dois passos e tomou o celular da sua mão. Ela tentou protestar, mas as palavras não saíam.
Andréa olhou para a tela e na hora soube o porquê de tantos olhares. Um único pensamento veio a sua cabeça: "por que Renato? Eu vou matar você." Olhou para as pessoas e se sentiu diminuindo aos poucos. Logo começou a pensar na família, na sua vida profissional e principalmente, em Sheila. Mal sabia que no momento, aquele era só mais um dos problemas à frente.
Andou apressada e de cabeça baixa pelo corredor, tentando não olhar para ninguém. Só parou e respirou, quando se viu protegida dos olhares alheios na primeira sala de consulta que achou. Entrou e trancou a porta. Nem sabia se ela seria usada por alguém. Só queria encontrar um refúgio seguro e se livrar daqueles olhares maldosos de cidade pequena. Pegou o celular e ligou para Renato. Com certeza, aquilo era obra dele. Já pensava em procurar um advogado e processá-lo, ir na delegacia prestar uma queixa…, mas se lembrou de onde estava. Não estava mais no Rio de Janeiro e protegida pelo anonimato de ser uma entre milhões. Agora estava de volta ao interior. Além de conhecida, era respeitada. Sua vida e sua reputação estavam em jogo.
O celular chamou inúmeras vezes sem resposta. Olhou o site e mandou um e-mail pedindo a exclusão do conteúdo. Até obteve resposta, mas a sua vontade não foi atendida. Somente uma ordem judicial, ou se tratando de menores, poderia fazer o conteúdo ser excluído. Ligou para Sheila e também não obteve resposta. Ficou preocupada. Era hora de ser forte. Saiu da pequena salinha e caminhou até a recepção, novamente de cabeça erguida. Disse a atendente que não atenderia mais naquele dia. Entrou no carro e foi ao encontro de Sheila. Estava muito preocupada em como ela receberia a notícia.
A fofoca e a maldade se alastravam naquela pequena cidade, mas no campo, as coisas deveriam ser diferentes. Deveriam, mas não eram. A tecnologia estava em todo lugar.
Maria recebeu uma notificação no WhatsApp, no grupo das esposas dos membros da cooperativa. Não se falava em outra coisa, somente naquele vídeo que já havia se espalhado por toda a cidade. Ela leu a legenda do vídeo: “a médica e a professorinha”. Abriu o vídeo e assistiu estarrecida a tudo e com um tesão danado. Andréa dava uma aula de como chupar uma boceta e fazer uma mulher gozar nos dedos e na língua de outra. Na mesma hora se lembrou de Fátima. Não recriminou Sheila pelo ato em si, mas sim, pelas mentiras e pela traição a Augusto. Talvez, se ela conseguisse fazer Oscar conversar com o primo e explicar a ele o que já faziam há meses, que havia provocado um bem enorme ao casal, poderia, quem sabe, ajudar o casal em crise. Tinha a certeza que eles ainda se amavam. E além disso, Maria sabia, Augusto já não era mais o santo da história. Sheila errara e ele desgostoso pagou na mesma moeda. Dois errados não fazem um certo. Maria, extremamente excitada com o que assistiu no vídeo, se lembrou da primeira vez que se entregou à Fátima. Seus pensamentos voltaram no tempo:
"Depois de confessar à Fátima sobre a fase ruim do casamento e dizer que depois que ela chegou, Oscar estava mais disposto na cama, Maria sentiu a necessidade contar a ela, que talvez, esse novo desejo no marido, fosse por sua causa. Mesmo temendo pelo futuro de seu relacionamento, preferiu confiar em Fátima e contar sobre uma curiosidade e um desejo que sempre tivera, desde a adolescência, quando as duas ainda eram inocentes. Ela disse:
- Sei que o que irei pedir, pode fazer você estranhar, mas sei da sua vida anterior e eu preciso de ajuda. Vejo meu marido babando por você e sei que em algum momento, ele não irá mais resistir. Sei também, que você jamais faria qualquer coisa para me magoar.
Fátima, experiente, se adiantou:
- Pense bem, amiga! Você está entrando por um caminho sem volta.
Maria estava decidida:
- Eu venho pensando há semanas. Prefiro ter a sua cumplicidade do que estragar a nossa amizade e o meu casamento.
A conversa sobre aqueles assuntos tão íntimos foi rolando e não demorou para que a Fátima confessasse que era bissexual e desde a adolescência sentia uma forte atração por Maria. No primeiro momento, aquilo a assustou e Maria acabou abandonando a conversa. Mas o motivo não era a falta de vontade, pois assim como Fátima, Maria também tinha esse sentimento dentro dela. Na verdade, ela ainda não sabia como lidar com aquele tipo de sentimento. Após uma longa reflexão e sem poder negar o desejo, ela foi ao encontro de Fátima novamente. Foi naquele momento que Fátima a recebeu de forma muito acolhedora, e ela beijou outra mulher pela primeira vez. Foi uma sensação muito boa, prazerosa, as duas ficaram muito excitadas.
A excitação que Maria sentia, não era a mesma que sentia pelo seu homem, o amor da sua vida, mas era um sentimento de gratificação, de empoderamento, de se permitir o prazer com uma mulher, algo que na sua educação moralista, sempre foi considerado proibido e condenável. Mas ela estava ali, trocando beijos e carícias com uma pessoa de quem gostava muito, que admirava, que tinha uma beleza e uma sensualidade femininas que ela achava linda, e até sentia forte atração. O cheiro feminino da amiga despertava nela uma lascívia incontrolável, a respiração ofegante delas, era ainda mais contagiante, aumentava o desejo e a entrega. Maria naquele momento ainda não tinha consciência de ser bissexual, como depois veio a entender, não percebia direito o que era aquilo e como aquela entrega era extremamente gratificante para ela. Fátima sabia como tocar, onde tocar, que carícia fazer, e os beijos se tornaram mais intensos. E isso fez com que ela se deixasse levar pela amiga, desfrutando daquele contato de pele quente, de toques sutis e de beijos avassaladores.
- O que é isso amiga? Que delícia...
- Relaxa, se desligue, me deixe ensinar a você coisas que só nós sabemos como é bom.
Fátima a deitou na cama, abriu as suas pernas, levantou a saia que ela vestia, puxou sua calcinha de lado e tocou a sua bocetinha com dedos hábeis, suavemente, despertando em Maria uma volúpia enorme. Vendo que Maria estava entregue aos seus toques, Fátima começou a chupá-la. Ela nunca havia recebido uma chupada tão gostosa. A língua de Fátima levava Maria às nuvens. Ela estava sentindo muito tesão, um sentimento novo e muito gratificante. Fátima era hábil e sabia como fazer. Em poucos minutos, Maria gozou em sua boca, um gozo forte, intenso, novo e especial. Maria adorou a nova experiência. Fátima novamente beijou Maria…
Um toque sonoro de notificação no celular interrompeu suas lembranças…
Assim como Maria, lá no campo, há quilômetros dali, na cidade, Andréa chegava à casa de Sheila com a mesma intenção de ajudar a ela e ao marido. Novamente bateu na porta e ninguém atendeu. Ao tentar dar a volta, dessa vez o portão lateral estava trancado. Quando pensava em ir embora e talvez voltar mais tarde, Sheila, muito abalada e chorando, abriu a porta. Andréa se assustou ao vê-la em tão mau estado. No dia anterior, quando a deixou dormindo, ela estava mais animada. Achou que ela já sabia da circulação do vídeo nas redes sociais. Ela perguntou:
- Você já viu?
Sheila não entendeu:
- Viu o que?
Andrea teve a certeza de que ela ainda não sabia de nada. Se não foi o vídeo, o que a deixou dessa forma? Ela, curiosa, perguntou:
- Por que essa cara? Você estava melhor ontem.
Sheila, sem ninguém para desabafar, disse:
- Acho que estou grávida.
Andréa sentiu um alento de esperança. Ela não conhecia a história da primeira gravidez de Sheila e todo o trauma que ela gerou. Talvez, aquela fosse uma ótima notícia. Com certeza, Augusto não poderia mais ignorar a esposa, estando ela grávida.
Continua…
É PROIBIDO CÓPIA, REPRODUÇÃO OU QUALQUER USO DESTE CONTO SEM AUTORIZAÇÃO – DIREITOS RESERVADOS – PROIBIDA A REPRODUÇÃO EM OUTROS BLOGS OU SITES. PUBLICAÇÃO EXCLUSIVA NA CASA DOS CONTOS ERÓTICOS.