Novamente gostaria de agradecer aqui a todos que sempre me ajudam nesse conto, Max, Bia, Vania e principalmente a minha esposa Joana e a querida Julia que nesse e no próximo capítulo forneceu interessantes ideias para melhorar o conteúdo.
Continuando...
Após um silêncio ela voltou a falar:
- Agora deixa eu começar as inúmeras perguntas que eu tenho a ti e que sei que tu tem também, por que se fechou para o amor depois que a Carla lhe deixou?
Eu respondi na hora:
- Não sei. Perdi você por culpa minha, me relacionei com ela, achava que amava mas hoje vejo que era tesão, aí ela me deixou.
Após uma pausa para tomar um gole do meu cappuccino continuei:
- Eu era novo demais. Ficou difícil para mim aceitar tudo o que houve. Eu fui preso tu sabia? Acharam que eu tinha sumido com a Carla.
Ela com olhos arregalados evitou falar e eu continuei:
- Na cadeia quase fui torturado para confessar um crime que não cometi. Eu estava muito abalado. Preferi focar em minha empresa que crescia muito. Eu amava sexo. Você lembra, contigo era frequente.
Ela me perguntou:
- E com ela não?
Logo respondi:
- Com Carla era diariamente. O único lugar que éramos um casal era na cama, ali nos entendíamos.
Após um breve silêncio continuei:
- Eu era muito ativo, não podia ficar sem sexo, mas não queria mais amar.
Ela me perguntou:
- Você ainda me amava?
Respondi de pronto a ela:
- Sentia algo, achava que amava Carla. Mas eu não entendia, eu via você com Carlos e tinha ciúme.
Após mais um gole de cappuccino continuei:
- Quando soube do casamento quase enlouqueci. Com relação a Carla, tinha muita atração por ela, não conseguia entender muito sabe? Eu confesso que fiquei quase 20 anos para saber se amava você ou ela.
Ela me pediu:
- Como isso, me explique melhor.
Eu lhe respondi:
- Não tem explicação. Eu via você, tinha ciúmes, me sentia culpado por deixar você livre, tinha sentimento de perda. Carla eu olhava e ficava louco! Era aquele tesão forte e incontrolável.
Ela me pediu:
- E depois que ela se foi?
Respondi:
- Ficou uma grande mágoa, um sentimento de culpa por ter deixado você livre e de saber que Carla partiu e não pude fazer nada.
Ela ouvindo atentamente me pediu:
- E agora sabe quem você ama?
Eu logo respondi:
- Conversei muito com o Dr. Armando, frequentamos o mesmo centro espírita, e ele me falou que o meu relacionamento com Carla era coisa de outras vidas, mas que aqui não era para ser.
Ela ouvia atentamente, continuei:
- Ele passou a me fazer enxergar que eu sentia um grande carinho e tesão por Carla, mas que quem eu realmente amava era você.
Ela depois de um tempo me disse:
- Sabe que é difícil entender, não duvido de seus sentimentos, ainda assim é difícil de compreender.
Continuei e disse:
- Eu te amei tanto que te deixei livre. Essa foi a grande prova de amor que eu dei. Perdi você fazendo isso mas deixei você livre.
Ela sorrindo logo me respondeu:
- Tem certeza de que me perdeu? Essa noite mostrou que não.
Após um silêncio agora meu ela continuou:
- Deixa eu te explicar Pedro eu fui muito feliz com Carlos. Tínhamos problemas, ele tinha ciúme de ti. Contudo ele nunca se passou comigo.
Eu passei agora a escutar atentamente:
- Era um ótimo marido e um excelente pai. Nunca me deixou faltar nada, nem na cama e nem fora dela. Desde aquela vez eu nunca deixei de te amar.
Logo a cortei e perguntei:
- Por que casou com ele?
Ela continuou e me disse:
- Ele era de família boa, são católicos fervorosos. Minha família gostou dele, nunca fez objeção ao nosso relacionamento, mas com ele era diferente, éramos do mesmo nível social como tu colocava, e a pressão que a família exercia sobre ele e sobre mim era grande.
Ela continuou:
- Mesmo não amando ele na mesma intensidade que lhe amava eu vou te confessar, eu acertei na escolha. Me casei com um bom homem que me deu o maior tesouro da minha vida que é o meu filho.
Com os olhos arregalados continuei prestando atenção nela que continuou:
- Se eu disser aqui para ti Pedro que em algum momento eu pensei em largar o meu marido e ir atrás de ti eu estou mentindo. Eu te amava sim, entretanto não era justo fazer aquilo com o Carlos, até porque você estava com Carla na época e logo que ela sumiu eu engravidei.
Eu mesmo um pouco chateado com as palavras, mas reconhecendo o valor de Mayara devido a sua sinceridade lhe falei:
- Fica tranquila, eu entendo perfeitamente sua situação e sua postura no caso.
Ela logo me respondeu:
- Nessa vida nossas escolhas e decisões nos levam a caminhos que muitas vezes não conseguimos entender. Você como espírita deve entender melhor que eu sobre isso.
Respondendo a ela disse:
- Com certeza. Eu também te respeitei, deixei você livre. Hoje vejo que errei, mas foi a decisão que eu tomei na época e temos que ser responsáveis por ela.
Ela me respondeu:
- Não se culpe, você não errou não. Você fez mais que certo.
Balancei a cabeça negativamente, ela agarrou as minhas mãos e continuou:
- Acha que hoje estaríamos aqui se tu não tivesse feito aquilo? Carla era apaixonada por ti, ia dar em cima de você mesmo com a gente se relacionando a distância, não íamos poder nos ver. Iriamos matar o que sentíamos de amor em pouco tempo.
Mayara tinha razão, era isso mesmo. Estranhei ela falar aquilo de Carla e pedi como ela sabia disso, logo ela me respondeu:
- Amigas em comum Pedro. No dia que terminamos já existiam urubus em volta. Carla lhe conheceu no restaurante. Desde aquele dia muitos questionamentos vinham até mim.
Interrompendo a questionei:
- É sério isso?
Ela respondeu:
- Sim. Algumas pessoas falaram que ela lhe deu maior mole. Chegaram a te chamar de frouxo por você não ter feito nada. Me senti orgulhosa disso e na hora falei que o frouxo era melhor que muitos naquela cidade.
Após uma pausa ela continuou:
- De fato você tomou uma sábia decisão. Dolorosa sim, para mim inclusive. Mas foi importante para aquele momento. Estamos aqui hoje não estamos?
Falei a ela:
- Verdade. Você tem toda a razão. Aqui é o momento, estamos aqui, firmes, fortes, unidos, mais do que nunca.
Via o brilho de paixão nos seus olhos e pedi a ela:
- Nada vai nos separar. Vamos fazer um juramento de amor eterno o que acha?
Ela riu e disse:
- Não! Vamos viver Pedro. 18 anos se passaram e aqui estamos. Juntos, unidos, fortes, firmes, tudo isso que tu disse. Agora Pedro, vamos viver o agora. O amanhã a Deus pertence!
Nos beijamos e na sequência ela disse:
- Você sabe que não será tão fácil. Tem meu filho, a família de Carlos. Temos muitos desafios e você tem Carla. O que fará se ela aparecer?
Na hora respondi:
- Não sei. Sinceramente não sei. Eu aprendi e hoje entendo que tenho que perdoar ela por isso, de certa forma ela fez o que eu fiz com você. Mas a mágoa que ficou foi grande.
Ela sorriu e continuei:
- Quanto a nós, esperamos 20 anos e hoje eu digo para ti que espero mais 20 se for necessário.
Mayara sorriu para mim e disse:
- Não vamos exagerar, não precisa esperar tanto tempo assim.
Passamos um dia maravilhoso, como casal apaixonado.
Fomos no parque unipraias (ponto turístico de BC), passamos um dia super agradável. Durante esse dia preferimos nos conhecer novamente. Já tínhamos falado bastante do passado. Esse assunto voltaria em pauta em breve, mas por hora já tinha sido suficiente.
Falamos de nossos gostos, ela reafirmou a preferência pelo pop rock. Disse que tinha acostumado a comer peixes e frutos do mar depois que veio morar no litoral. Eu falei um pouco mais sobre a minha rotina de trabalho, treinos, dieta, festas, etc.
Falamos naturalmente de nossas profissões. Tentei transmitir a ela inicialmente como foi que cresci, clientes e projetos que executei e ganhei notoriedade. Ela me falou sobre as construções e sua paixão pelos prédios altos.
Ao entrar no bondinho, ficamos abraçados e curtindo a vista da linda cidade. Quando chegamos bem no alto da estação pudemos ver as belezas naturais do local. Mayara naquele instante me perguntou:
- E aqui já trouxe alguma mulher?
Respondi na mesma hora:
- Nunca. Era mais no apartamento mesmo.
Ela ficou em silêncio, esboçou o famoso hum e tornou a falar em seguida:
- Você melhorou muito na cama Pedro, agora notei que você gosta muito da cama. Nunca pensou em locais inusitados?