A viagem estava no fim e depois de mais de quarenta minutos, o motorista estacionava em frente à sua casa. Sheila sorriu feliz ao ver a velha picape de Augusto estacionada na garagem, no seu devido lugar. Olhou também para as janelas da casa que estavam abertas e reconheceu a silhueta do marido em pé na sala, olhando para a televisão.
O medo voltou forte. A angústia e a ansiedade lhe invadiam. Foi quando seus olhares se cruzaram…
Continuando…
Parte 16: voltando a viver.
Seis anos antes:
Cada pessoa tem a sua própria forma de lidar com o luto. Alguns, como Augusto, precisam ser fortes e seguir em frente o mais rápido possível. Precisam ser o apoio das pessoas que amam. Outros, como Sheila, tendo uma base forte de sustentação, acabam se entregando à dor e ao sofrimento.
Já faziam cinco anos que Sheila e Augusto haviam perdido o seu filho. Sheila até dava sinais de melhora. Mas as pessoas já não tinham mais paciência e não entendiam o porquê, após tantos anos, ela ainda sofria e não voltava a viver.
Aquela era uma tarde especial, e mesmo que Augusto tenha dito que entenderia uma eventual ausência dela em sua formatura, ela estava decidida a fazer essa surpresa para o marido. Ele já havia saído e nem imaginava os planos dela.
Com muito custo, ela se levantou da cama e escolheu a roupa. Um vestido preto, formal e mais fechado e uma sandália de salto médio. Tomou um banho caprichado, se policiando para não desanimar e conseguir concluir o seu objetivo. Se enxugou e arrumou os cabelos em um coque elegante e que realçava os seus traços delicados. Ao se olhar no espelho, se sentiu pavorosa. As olheiras davam uma imagem cadavérica ao rosto bem mais magro. Ela havia perdido sete quilos durante os últimos meses, totalizando dezesseis nos últimos cinco anos.
Teve vontade de desistir, mas pensou que a paciência de Augusto estava no limite e se não começasse a reagir, o fim do casamento seria iminente. Conseguiu disfarçar cinco anos de sofrimento com uma camada pesada de maquiagem. Apesar de muito artificial, estava bonita de novo. Primeira etapa vencida.
Ao colocar o vestido, que no passado tinha um caimento perfeito, agora sentia que faltava corpo para preencher os espaços. Mesmo assim, estava elegante e usou um cinto fino para ajustar o vestido ao corpo. Assim, dava a impressão de que o vestido era para ser usado daquela forma, um pouco mais folgado e complementado pelo adereço. Gostou do resultado final. Calçou a sandália e ligou para a central de táxi. Em poucos minutos estava a caminho da formatura do marido.
Ao chegar, a primeira pessoa que avistou foi Maria. A amiga ficou radiante com a sua presença. Grudou no braço dela e caminharam juntas para o auditório da faculdade, local de entrega dos canudos comemorativos. Maria era esperta e evitou qualquer assunto que pudesse recordar a dor:
- Você está linda, prima! Augusto vai ficar muito feliz por vê-la aqui. Eu estava com saudade.
Sheila, ainda um pouco retraída, tentou brincar:
- Você sabe onde eu moro. Pode me visitar quando quiser.
Maria não tinha uma resposta pronta, mas preferiu concordar:
- Verdade! A vida na fazenda é corrida. Sempre que vejo a picape de Augusto chegando, imagino que você vai estar com ele. Sinto falta de você.
Sheila preferiu acalmá-la:
- Eu estou tentando, prima! Estou lutando com todas as minhas forças.
Maria a abraçou e fez um carinho em seu rosto. Sempre achou Sheila a mulher mais bonita de toda a cidade e sempre se sentia excitada ao seu lado. Mas ainda tinha uma enorme vergonha em admitir os seus conflitos. Vivia escondendo uma parte de quem realmente era. As duas caminharam até os formandos que se encontravam aglomerados em uma rodinha.
Augusto, de costas para elas, sentiu dois toques delicados em seu ombro. Ao se virar, a surpresa e a felicidade foram imensas. Não resistiu e abraçou forte a esposa, suspendendo Sheila no ar e dando giros com ela nos braços. O sorriso dela foi inevitável. Enlaçou o pescoço de Augusto e o beijo foi intenso e demorado. Todos admiravam a alegria do casal, poucos sabiam o que aquele momento significava para Augusto.
A alegria demonstrada por Augusto, foi o combustível para a explosão final de Sheila. A cerimônia a fez chorar, orgulhosa do marido. A festa então, foi um momento de união entre o casal. Ao lado dos primos, Oscar e Maria, os dois dançaram, namoraram, se curtiram, voltaram a fazer planos e chegaram em casa sem conseguir se desgrudar.
Augusto estava em estado de êxtase. Sheila voltava a ser um pouco mais como antes. Augusto entrou em casa a carregando como recém-casados. Entrou direto para o quarto e a depositou com muito carinho sobre a cama. Se ajoelhou a foi retirando com cuidado a sua sandália e massageando os seus pés. Os dois dançaram bastante naquela noite e ela merecia esse afago. Começou a beijar suas pernas e foi subindo em direção a coxa. Sheila, sabendo que estava muito magra e achando que não estava à altura do marido, pediu:
- Por favor, apague a luz.
Augusto entendeu o pedido, mas preferiu tentar ajudar a esposa:
- Por que? Eu gosto de admirar você. Você é linda!
Sheila protestou:
- Amor, eu não estou linda no momento. Meu corpo não é mais o mesmo.
Para Augusto, ela sempre estaria linda. Ele lhe deu um beijo muito gostoso e foi aos poucos a livrando do vestido. Sheila tentava se manter abraçada a ele, evitando que ele a olhasse por inteiro. Augusto segurou em seus braços e foi se afastando devagar. Ela tremia, com medo do que ele pudesse falar. Inteligente, Augusto nada disse, apenas a olhou com ternura e mostrou a ela sua ereção que começava a se fazer plena. Sheila sorriu e se sentiu desejada. Saber que o marido ainda se excitava por ela, era o incentivo final para a saída daquela depressão que devastou a sua vida nos últimos cinco anos.
Em momento nenhum Augusto pensou em se separar dela ou sentiu vontade de desistir. Sempre a amou e esperaria o tempo que fosse necessário para sua recuperação. Esse fantasma só existia na cabeça de Sheila. Pelo menos, serviu para que ela desse um pequeno passo no desejo de se recuperar, junto às atitudes de Augusto, o caminho para uma recuperação total estava pavimentado.
Augusto a abraçou forte e a retirou da cama. Ela trançou as pernas e agarrou forte em seu pescoço. Foram assim para o banheiro, se beijando e colidindo contra tudo que estava no caminho. Ele a colocou sentada na bancada da pia e ligou o chuveiro. Voltou a abraçá-la e a trouxe para dentro do box.
Os dois se lavaram e se esfregaram um no outro. Augusto, sempre a elogiando, tentava mostrar o quanto aquela era uma situação temporária:
- Eu já estava ficando louco. Como eu a desejei durante todo esse tempo.
Sheila se agarrava mais forte a ele:
- Me desculpe, amor! Eu não encontrava forças para reagir. Obrigado por ter sido tão paciente e por ter esperando por mim.
Ele dava beijos carinhosos e entendia o que ela dizia:
- Eu esperaria por você o tempo que fosse necessário. Mas também, eu sofro ao ver você desse jeito. Por mais que eu me faça forte, isso me destrói por dentro.
Ela não conseguiu segurar as lágrimas e fez uma promessa:
- Eu prometo a você que a partir de agora as coisas vão mudar. Amanhã mesmo eu vou a faculdade destrancar minha matrícula. Você merece ter sua esposa de volta, mas…
O pranto veio forte, mas Augusto deixou que ela colocasse tudo para fora. Aquela conversa, o modo como Sheila estava se abrindo, dava a Augusto a sensação de que ao falar, ela estava pronta para seguir em frente. Sheila conseguiu segurar o choro e concluir a fala:
- Mas é que dói demais… eu sinto que falta um pedaço de mim.
Augusto a abraçou com todo o seu amor, as lágrimas também lhe escapavam:
- Essa dor também está em mim. Não pense que eu não sofri. Mas eu precisava ser forte por você. De tanto ser forte, acabei me acostumando. Só que eu sinto falta dos dois. Nós perdemos o nosso filho e eu também perdi você no processo.
Aquelas palavras tocaram fundo em Sheila. Um pavor enorme lhe invadiu o peito. Só agora se dava conta do risco que corria. Foi negligente e esqueceu que o marido também sofria, mas diferente dela, sofreu sozinho e calado. Ela teve apoio, espaço, tempo… Augusto precisou engolir tudo a seco e ainda cuidar dela. Se sentia muito culpada. Olhou no fundo dos olhos do marido e disse:
- Você me perdoa? Eu acabei me fechando tanto que esqueci o quanto você também sofria. - Ela o abraçou ainda mais apertado. - Eu vou voltar a viver. Por você, por nós dois.
O beijo foi tão intenso e cheio de amor, que todas as dúvidas de Sheila foram dissipadas. Os corpos se esfregando deixavam os dois com muito tesão. Um sentimento urgente, uma necessidade de ser possuída percorria como uma corrente elétrica todas as terminações nervosas do seu corpo. Se ajoelhou em frente ao marido e segurou com vontade no pênis que começava a ganhar dureza e volume. Ela também estava morrendo de saudade. Ele acariciou seus cabelos e sorriu para ela, não acreditando que depois de muito tempo, fariam amor.
Sheila o punhetava de leve e já sentia que o membro estava pronto para sua boca. Deu um beijo na cabeça do pau e entendeu o quanto aquilo lhe fazia falta. Pensou: “Como pude ficar tanto tempo sem isto?” Levou a mão até ás bolas e acariciou com cuidado, fazendo o pau latejar em sua mão e não conseguiu se segurar, enfiou o cacete na boca e mamou com muita vontade, Passava a língua pela extensão e voltava a sugar a cabeça, enfiando o máximo que conseguia na boca. Augusto não acreditava:
- Caralho! Que delícia, amor! Que saudade dessa boquinha.
Quanto mais sentia aquele pau pulsando em sua boca, mais ela encontrava forças para vencer o desespero que ainda teimava em desafiar a sua capacidade de recuperação. Augusto percebeu que às vezes ela perdia um pouco do ritmo e resolveu assumir a situação, a fez se levantar e deu um beijo tão apaixonado em sua boca, que fez com que as pernas dela tremessem. Mostrou a ela o quanto ele a desejava e o quanto sentia falta da vida de marido e mulher.
Ele não lhe deu espaço para fraquejar e a pegou novamente no colo, nem se dando ao trabalho de se enxugar. Sheila sentiu-se protegida e amada. Ele caminhou com cuidado de volta ao quarto e já posicionou Sheila na cama, se enfiando entre suas pernas. Sabia o quanto ela gostava de gozar em sua boca e nem deu tempo para que ela pensasse em nada, se ajoelhou à sua frente, entre suas pernas, e passou a chupar aquela boceta da qual sentia uma falta imensa. Sua língua serpenteava ágil tentando dar o máximo de prazer e fazendo com que ela se lembrasse de todos os momentos de satisfação entre os dois. Ver o marido sendo também o seu homem novamente e não apenas a sua muleta emocional, a fez se sentir fêmea e desejar ser possuída.
Uma sugada mais forte no grelo foi o suficiente para liberar toda a tensão acumulada nela:
- Ai, amor! Aahhhhh…. Que saudade…. Não para! Vou gozar….
Augusto aumentou os movimentos e sua língua explorava cada centímetro da mucosa vaginal sensível, maximizando o prazer de Sheila, que explodiu em êxtase:
- Caralho! Aahhhhh…. Tô gozando…. Isso… Hummm….
Augusto sabia que apenas uma gozada não era suficiente, mas ficou surpreso com o pedido de Sheila:
- Me fode, agora! Vem. Eu quero você, amor!
Augusto subiu beijando seu corpo e se deliciou nos seios, sugando os biquinhos entumecidos e arrancando mais gemidos:
- Ahhhh… mete em mim… Ahhhhh… vem agora!
Ter a certeza da vontade de Sheila, renovou as esperanças e superou todo o medo de Augusto pelo futuro do seu casamento. Ele esfregava carinhosamente o pau na bocetinha melada e não parava de sugar com delicadeza os seios da esposa. Sem precisar usar as mãos, o pau foi encontrando o lugar certo e abrindo caminho entre os lábios da xaninha:
- Ahhhhh… assim, amor… Hummm…
Sheila cravava as unhas nas costas dele, o que forçava Augusto a aumentar a força da penetração, enterrando o pau bem fundo dentro dela:
- Que saudade! Ahhhhh…. Me fode com força… ahhh…
Ele começou a estocar com ritmo, já sentindo que não demoraria a gozar. Dessa vez, queria tentar prolongar o momento, dando a Sheila uma transa mais completa. Estava acostumado a fazê-la gozar duas ou três vezes na sua língua e depois acabava gozando rápido na penetração. Ia tentar ao máximo se segurar e dar o quanto conseguisse de prazer a ela. Precisava tentar trazê-la de volta de vez. Por mais que fosse paciente, o medo era que Sheila não se recuperasse mais. A noite estava mostrando que aqueles cinco anos já estavam sendo superados e que no futuro poderiam voltar a ser felizes.
Augusto se segurava do jeito que podia e tentava com todas as forças esperar o gozo de Sheila. Se concentrou e estocou com determinação, sugando os seios e aumentando o prazer dela. Para a sua sorte, os gemidos aumentaram:
- Assim, amor! Mais forte que eu vou gozar… Ahhhhh…
Ele manteve o movimento acelerado e ela pedia:
- Continua… hummmm…. Tô gozando…. Aahhhhhh….
Sheila gozou pela segunda vez, a primeira sendo penetrada por Augusto, que satisfeito e sem conseguir resistir, também não se conteve mais:
- Eu te amo! Aaahhhh…. Que saudade de você, mulher…. Aaahhhhh….
Os gemidos se misturavam:
- Eu também amo você demais! Aahhhhh…. Eu estou de volta para você, amor…. Aahhhhh…
Com a respiração pesada e a mente mais leve, os dois deitaram lado a lado, abraçados, namorando e se reencontrando. Foi uma noite de cura e redenção. Marido e mulher, macho e fêmea outra vez.
Dessa noite em diante, muita coisa se transformou. Sheila voltou à faculdade e se formou poucos anos depois, logo sendo aprovada em um concurso estadual. Augusto começou a trabalhar, formou a sua clientela rapidamente e passou a ser um dos veterinários mais requisitados da região. A vida dos dois seguia feliz e até já faziam planos de tentar uma nova gravidez, pois de acordo com os exames, nada físico impossibilitava uma nova gestação. Sheila era uma mulher jovem e saudável. E ela havia voltado à plenitude de sua beleza sensual e naturalmente sedutora.
Augusto foi tirado de suas memórias ao perceber um carro diferente, um sedã preto chique, muito diferente dos carros que costumavam rodar por sua pequena cidade. Olhou para o relógio de parede e percebeu que poderia ser Sheila chegando. Pela mensagem que ela enviou mais cedo, a hora estava bem próxima.
Seu coração acelerou ao vê-la sair do carro. Desde o dia em que ele saíra de casa, era a primeira vez que iriam se encontrar. Uma mistura de sentimentos o invadiu: saudade, dor, ansiedade, tristeza, confusão… precisava saber tudo, por mais doloroso que fosse, era necessário. Somente a verdade poderia dar uma visão completa sobre os próximos passos. Fora traído, mas precisava entender os motivos. Será que a vontade de estar com outra mulher já existia nela, ou fora seduzida por Andréa? Se Sheila dissesse que ainda o amava, como acreditar nesse amor? E ainda precisava ser honesto também, era um homem casado e também havia sido infiel. Até que ponto ele fora manipulado pelo primo Óscar, Fátima e Maria? Ou, no fundo, tinha curiosidade na recém descoberta situação dos primos? Ele reconhecia, Fátima havia mexido com ele. Será que Andréa teria feito o mesmo com Sheila? De todas as suas dúvidas, uma coisa ele tinha certeza: amava Sheila com todo o seu coração, mas não se achava pronto para perdoá-la. Ele se sentia ainda muito inseguro. Um dia talvez. Naquele momento precisava da verdade. Só saber a verdade seria capaz de diminuir um pouco a humilhação que sentia. Entendendo, quem sabe pudesse seguir em frente. Perdoar? Não conseguia achar em seu coração uma forma de fazer.
Tentou disfarçar e fingir que assistia televisão em pé na sala, sem se dar conta da chegada dela, mas foi traído por uma olhada quase automática, involuntária e seus olhares se cruzaram. O sorriso de Sheila para ele também foi automático, mas não correspondido. Ela sentiu que apesar de querer conversar e resolver a vida dos dois, ele ainda estava machucado. Sabia que precisava aceitar os termos dele e que não iria se fazer de ofendida ou de vítima. Estava naquela situação por ter feito escolhas erradas e somente poderia culpar a si mesma.
O motorista lhe entregou as duas malas, se despediu e ela foi caminhando devagar em direção a porta de entrada, pensando no que poderia dizer ou como seria recebida. Ouviu o carro arrancar e agora precisava assumir os erros e confrontar o seu destino. Se encheu de coragem, pois estava ali a pedido dele, e abriu a porta. Colocou as duas malas para dentro e só então resolveu entrar e encarar Augusto. Ele a olhava sério e nenhum dos dois falava qualquer coisa. Ficaram se encarando e tentando adivinhar o que o outro estava pensando por alguns segundos intermináveis. Foi Augusto quem quebrou o gelo:
- Está com fome?
Sheila abaixou a cabeça e sorriu:
- Sim! Foi uma longa viagem.
Augusto foi à cozinha e Sheila o seguiu. Ele abriu o forno e retirou uma embalagem de pizza que ainda estava quentinha. Colocou na mesa e retirou a tampa. Mais um sorriso de Sheila: metade calabresa com cebola, a preferida de Augusto, e metade portuguesa, a preferida dela:
- Chegou agora a pouco, minutos antes de você. Ainda está quente.
Enquanto Augusto foi à geladeira buscar refrigerante, Sheila pegou dois pratos e talheres no armário. Os dois se sentaram e começaram a comer. Augusto se concentrava na pizza e Sheila não conseguia parar de olhá-lo, de rabo de olho e esperando que ele dissesse alguma coisa. Ele sempre achou que conhecia a esposa muito bem, mas os acontecimentos recentes o faziam duvidar de qualquer pensamento. Uma certeza ele tinha: Sheila não falaria até ser perguntada. Mas uma coisa parecia estranha, ela sempre foi de comer pouco e já estava no seu quarto e último pedaço e parecia ter vontade de comer mais. Ele ofereceu:
- Pode ficar com o meu, estou cheio.
Ela não hesitou, estava mesmo faminta. Ele voltou a perguntar:
- Posso saber por onde você andou?
Sheila tinha acabado de colocar um pedaço de pizza na boca. Mastigou um pouco mais rápido e engoliu:
- Fomos a Angra dos Reis.
Augusto a olhava, parecendo querer saber mais. Ela completou:
- Um lugar lindo.
Ele achou que devia falar:
- Espero não ter atrapalhado seus planos.
Sheila sentiu um pouco de raiva e mágoa em sua voz e preferiu se adiantar:
- Nossa vida é mais importante. Eu trocaria qualquer coisa pela chance de estar com você e poder tentar me redimir ou pelo menos explicar.
Augusto foi rápido:
- Eis a sua chance. Se explique.
Sheila não sabia por onde começar. Olhava aflita para Augusto. Resolveu deixar que ele escolhesse a ordem da conversa, o que ele quisesse saber, ela falaria. Ela disse:
- Pergunte e eu esclareço.
Ele foi direto, tentando mostrar a ela que não estava ali sem saber do que falava:
- Eu aprendi um pouco na sua ausência, comecei a entender melhor coisas que eu desconhecia completamente. Pergunto honestamente: Já existia essa vontade em você ou você acabou sendo seduzida pela Andréa?
Foi inevitável para ela lembrar de sua infância e começo da adolescência. Da forma mais verdadeira que conseguia, ela disse:
- A curiosidade sempre existiu, mas Andréa foi a primeira a me testar. Me desculpe se o que eu disser vier a magoar você, mas eu não quero mais mentir. Sinto que lhe devo apenas a verdade.
Vendo que Augusto se mantinha calmo e interessado, Sheila continuou:
- Você até hoje foi o único homem da minha vida, mas desde pequena, sexo era um assunto comum. A vida no circo era mais liberal, as pessoas falavam abertamente e não tinham problemas em ensinar aos mais novos. Era até uma forma de nos proteger. Sabendo o que esperar, estaríamos preparados.
Augusto não tinha a intenção de interromper, mas precisava falar:
- Eu fui um amante muito ruim?
A verdade é que Sheila não tinha resposta, mas tentou se explicar:
- E como eu poderia comparar? Até naquele momento só existiu você. Não vou negar que perdemos um tempo enorme com os meus problemas…
Augusto se sentiu obrigado a interromper:
- Nossos problemas? Você sempre me teve ao seu lado e eu nunca (te) cobrei nada.
Ela voltou a falar:
- Me desculpe! Você sempre foi um ótimo marido. Fui eu que vacilei. Me deixei enganar e agora estou pagando o preço pelas minhas escolhas. Eu entendo a sua raiva e a sua mágoa. Nem sei o que eu faria se estivesse no seu lugar, se os papéis fossem invertidos… acho que eu não conseguiria lidar com isso.
Augusto gelou por dentro. Ele também precisava confessar. Sabia que no momento em que contasse a verdade, o jogo estaria empatado. Mesmo que apenas tivesse devolvido na mesma moeda e que as ações de Sheila o tivessem levado a revidar, as coisas ditas por Renato eram verdadeiras. Ele precisava confessar:
- No dia que você me contou, eu não consegui acreditar. E o pior foi encontrar Renato no caminho. Foi nele que descontei as minhas frustrações. Se o pessoal não tivesse me tirado de cima dele, eu não sei como poderia ter acabado…
Sheila mudou de cadeira, se sentando ao lado do marido e pegando em sua mão. Augusto não se afastou e até gostou de senti-la outra vez. Ela disse:
- Eu sei que fiz você sofrer, mas eu jamais me renderia a uma chantagem daquele canalha. E eu preciso contar o que eu descobri. Por favor, apenas me ouça. Tenho certeza que você irá entender.
- É sobre a Andréa, né? Tem certeza que é a melhor hora para falar sobre isso?
Sheila insistiu:
- Andréa foi apenas um fantoche na mão de Renato. Lá em Angra, nós fomos até à casa da Aline, uma pessoa muito importante do passado de Andréa. Ela me contou tudo e fez Andréa confessar na minha frente. Andréa é a maior vítima do Renato.
Vendo Augusto confuso, Sheila contou a ele tudo o que havia acontecido em Angra dos Reis. Tudo o que havia descoberto e como Andréa foi manipulada. Contou o plano de Renato para influenciá-la e como ela foi uma presa fácil nas mãos dele. Augusto sabia que Sheila falava a verdade e se surpreendeu com o que ela disse a seguir:
- Eu tomei a decisão de denunciar o Renato. Andréa vai depor a meu favor e contar toda a verdade à polícia. Você me pediu aquele dia e eu estou disposta a fazer com que ele pague por tudo.
Augusto disse:
- Esse problema já está resolvido. Alencar já deu um jeito na situação e o vídeo até já foi retirado do site. Renato não é idiota de voltar a aparecer.
Sheila não estava segura:
- Não subestime o Renato, ele não é mais aquele garoto que a gente conheceu. Não sei se existe mais alguma bondade nele. Acho que só sobrou a obsessão.
Vendo que Augusto parecia mais calmo, Sheila também acabou relaxando. Mas ele ainda tinha muitas dúvidas:
- Falar que eu não a amo mais seria mentira. E também, a dúvida e o medo de ser traído outra vez me fariam ser um homem paranoico.
Sheila sabia que aquela era uma situação possível:
- Eu entendo. Queria que você ouvisse o que eu tinha a dizer e disse que aceitaria a sua escolha. Não vou negar e nem dizer que tudo foi culpa da Andréa, que eu fui apenas uma inocente. Eu sou uma mulher adulta e responsável pelos meus atos. Eu jamais vou deixar de amar você, mas preciso respeitar o seu tempo e esperar que você encontre uma forma de me perdoar. Você dedicou a sua vida adulta a mim e o meu pagamento foi uma traição. Espero que um dia você me perdoe.
Augusto voltava a reconhecer sua esposa. A mulher com quem se casou e que sempre foi honesta com ele. Ele precisava fazer o mesmo:
- Eu também preciso me desculpar. A verdade é que eu fui negligente, me acomodei no nosso casamento e não supri as suas necessidades…
Nesse momento, Sheila tentou minimizar a responsabilidade dele:
- Não diga isso! Você não merecia o que eu fiz a você.
Augusto estava com a consciência pesada, se sentindo um hipócrita e não conseguia esquecer as palavras de Renato. Ele confessou:
- Por mais que você tenha começado, eu fiz pior. Poderia dizer que estava revoltado, furioso, desesperado…, mas eu fiz o mesmo. Não resisti e paguei a sua traição com outra…
Mesmo que não tivesse o direito de exigir nada ou se sentir enganada, a dor no peito de Sheila foi excruciante. Parecia que seu coração estava sendo arrancado do peito. A dor era lancinante e ela nem podia reclamar. Sentiu uma dor forte na barriga, uma dor intensa que irradiava diretamente do seu útero. Levou a mão à região e ao tentar levantar, sentiu outra pontada forte na barriga. Augusto se assustou:
- O que foi? O que aconteceu?
Sheila, desesperada, tentou alertá-lo, falando com a voz quase inaudível pela dor:
- Eu estou grávida… acho que alguma coisa está errada… ah, Meu Deus! De novo, não!
Continua…
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