Confusão no Circo - Comeram as Trapezistas

Um conto erótico de Causos do Cowboy
Categoria: Heterossexual
Contém 7201 palavras
Data: 19/08/2022 17:06:36
Última revisão: 26/08/2022 12:12:39

Boa tarde meu povo...

Eu adorava ouvir as histórias do meu pai, tio e avô, meus heróis.

Contavam de um Brasil diferente, a forma como as pessoas se tratavam.

Sem dúvida alguma, havia mais educação, cordialidade e respeito.

Mantendo a tradição de meus antepassados, me tornei dono de terras, bois e tropas.

Sou uma cria daqueles bandeirantes paulistas modernos, que lutaram bravamente para levar o alimento, no caso dos meus familiares, a proteína de boa qualidade aos pratos paulistas, mineiros, matogrossenses, goianos, paranaenses e só Deus para dizer onde mais ia parar a carne dos bois que meu velho avô engordava em seus arrendamentos e fazenda.

A Fazenda que citei acima, local onde nasci nos anos 60, chegando ao mundo pelas mãos de uma velha parteira, também descendente de italianos. Era uma nona bem "vecchia".

Esta boa senhora que foi a primeira a colocar seus cansados olhos azuis em mim.

Meu pediatra era um índio que trabalhava para meu pai, o amistoso Miguel, ou para os mais chegados, o "xamigo" Miguelito.

Fazenda onde a pastagem era quase toda formada em capim colonião, boa para gado e tropas, rio de águas claras e limpas, natureza exuberante.

Agora que estou ficando mais velho, em determinados momentos quando me sento em um banco de madeira feito com as tábuas de uma araucária, com uma caneca de café bem feito na mão, um cigarro queimando no canto da boca, fecho meus olhos e me pego recordando das histórias e causos que eu ouvia quando criança.

Isso foi em meados dos anos 70, meu avô ainda era vivo, e gostava de contar como era esse mundão nas décadas de 20, 30 e 40...

De quando omitiu para o recrutador do Exército no ano de 1943, dizendo que não era casado, só para realizar um sonho… o de servir a Pátria que o havia acolhido quando ainda estava na barriga de sua mãe vindos da Sicília com seus pais e uma irmã.

Ele e minha nona fugiram ainda novos, pois o pai da minha nona era um "paduano" severo, não aceitava a união daquela "ragazza bionda molto bella" com um rapaz pobre, ou como diziam, um "povero".

Casaram às presas, sendo a união realizada de maneira informal por um padre amigo do tio da minha nona.

Acabaram indo morar com o "zio" (tio) da nona, que adorava meu avô.

O tio da nona não teve filhos, e havia acabado com os cafezais, transformando as terras que havia comprado do governo em invernadas.

E dali em diante, meus antepassados largaram as enxadas, foices e machados, aprendendo o ofício de lidar com bois e tropas.

Eita tempo véio aquele...

Este tio cuidou da minha nona e do meu pai que tinha um ano, no período que meu avô passou treinando no 2°Batalhão de Caçadores, e depois lutando nos campos italianos.

Naquela época, o rapaz servia o Glorioso Exército de Caxias aos 21 anos. Exército que também fiz parte por um curto período em minha juventude, assim como meu pai e tio.

Foi sorteado, treinado, engajado e no seguinte ano, próximo à sua baixa, uma grande surpresa. Em agosto de 1944 Getúlio Vargas e o Ministério da Guerra enviaram nossa Força Expedicionária Brasileira aos campos italianos.

Nossos rapazes integraram o V Exército Americano, chegando na região da Tarquinia, e no fim do conflito, lutaram muito para romper a tal linha Gótica.

Os "Tedeschi" tiveram uma surpresa com nossos valorosos Pracinhas, que em sua maioria eram jovens caipiras, acostumados com a lida dura nos sertões brasileiros, sendo no cabo da enxada ou no lombo de cavalos.

Meu nono contava que tinha um sargento que antes da guerra era domador, e sempre gritava durante um ataque há alguma patrulha nazista:

--Prega o aço neles, cambada… mete chumbo…

Meu nono prendia a respiração, fazia o sinal da cruz, colocava o crucifixo de ouro, presente da minha avó, entre os lábios, fechava o olho esquerdo e com a alça de mira alinhada, fazia fumaça com seu potente e confiável rifle M1 Garand - calibre 762.

E a Cobra Fumou com a FEB, enquanto a FAB sentou a Pua!

Quantas vezes ouvi aquelas histórias estando sentado ao lado do meu avô, enquanto o velho fumava um cigarrão de palha bebendo um café meio amargo… olhar perdido, longos suspiros, tremores e por vezes, lágrimas corriam grossas dos seus olhos.

Mas confesso que gostava mesmo de ouvir as histórias do meu pai e tio.

Quanto aprontaram aqueles dois!

A poucas semanas contei em umas das minhas histórias, onde detalho como eram as festas juninas da minha época de rapaz nos anos 80.

Naquele meu "causo", relatei muito superficialmente como meu pai e tio se livraram de uma baita confusão que armaram com o dono de um circo que estava em turnê pelo oeste do meu amado Estado de São Paulo no ano de 1962.

A notícia havia corrido, e souberam através de um caixeiro viajante que vendia fazendas de tecidos e aviamentos de costura para as mulheres das inúmeras colônias daquela região, que o "GRAN CIRCO" estava na vila com lona armada e tudo, até leão na jaula tinham!

Calcule a empolgação da rapaziada naquele rincão perdido do Brasil!

Meu pai e tio eram dois mocinhos, cheios de vida, trabalhadores até dizer chega. Assim como meu avô, os dois viviam pelo mundo levando ou buscando bois pantaneiros.

E foi em uma tarde de sábado, os dois sem ter nada melhor para fazer, resolveram pegar os cavalos e dar um giro na vila.

Me contaram que minha finada avó estava torrando café, e meu avô, sentado ao lado do fogão à lenha ouvindo um velho rádio Zenith.

Diziam que se abrissem todas as pilhas daquele trambolho, era possível fazer uma bacia das grandes com todas as chapinhas das baterias.

Engraçado que meu avô não dava dinheiro aos dois, ele quem controlava as finanças da família, e quando queriam uns trocos "por fora", pegavam cavalos dos vizinhos para amansar.

Naquela época o que não faltava era cavalo, burro ou mula precisando doma. Eram os carros da época!

Ou criavam coragem e pediam para meu avô, que sempre fazia um sermão de mais ou menos umas duas horas, falando que eles "queriam", não precisavam… mas no fim, acabava dando uns caraminguás aos dois.

Meu tio contava aquilo revirando os olhos!

Meu pai achava meu avô um homem seguro, que havia visto o pior do ser humano durante a guerra, a miséria, e por isso tinha medo de gastar dinheiro com coisas que julgava serem desnecessárias.

Isso na opinião do meu avô.

Meu pai e tio queriam uma grana para farrear, beber umas pingas, pagar por uma moça fogosa em casa de vadiagem.

E era merecido, afinal os dois eram esforçados demais!

Mas naquele sábado, os dois molecotes saíram da fazenda carregando nos bolsos de suas guaiacas boiadeiras o dinheiro que ganharam, assim como os demais peões da comitiva, por suas diárias pelas velhas estradas boiadeiras, debaixo de sol e chuva, comendo poeira e bebendo água de lagoa ou morna da moringa.

Saíram em passos lentos com suas montarias, ainda era cedo, e os dois não tinham pressa nenhuma àquela altura de suas jovens vidas.

Os dois estavam trajados com as roupas típicas dos antigos boiadeiros paulistas. A indumentária era composta por camisa de manga comprida, lenço no pescoço, chapéu de abas largas Ramenzoni pêlo de lebre, calça bombacho, mesmo sendo paulistas, aquela era a calça utilizada pelos boiadeiros da época.

Calçados nos pés com suas botas de cano longo feitas em vaqueta preta. Estas peças sempre eram bem lustradas para ocasiões como aquela.

Na cintura, cinta de couro e a guaiaca por cima de tudo.

Na guaiaca se levava o dinheiro, punhal ou faca e geralmente havia um coldre na lateral para os revólveres.

Meu avô não deixava os dois saírem sozinhos portando armas de fogo, só quando estavam com o velho. Principalmente meu tio, que era meio lambão.

Levaram naquela tarde seus punhais em níquel com cabo trabalhado em prata.

E faziam aquele mesmo caminho que fiz tantas e tantas vezes ao longo de minha juventude, indo atrás das pererecas!

Contavam que o movimento era grande pelas velhas estradas boiadeiras. Muitas famílias em suas carroças, charretes ou carroções estavam indo para a vila. Era dia de missa, e logo após os sermões do velho pároco que rezava em latim e de costas para a boa gente católica da região, todos iriam para o circo.

Vez por outra passava um caminhão FNM ou Chevrolet Brasil fazendo a poeira vermelha tapar a visão.

Meu tio sempre xingava:

--Spoooorca miseeeeeria… má vaffancuuuulo… spooorco… figlio de un cane… aquiiii óhh - e "dava" uma banana ao motorista.

Naquela época meu tio era conhecido, não por sua beleza ou porte físico, mas por seu temperamento nada amigável. Sem falar no costume feio de olhar para tudo que era mulher que passava por ele.

Parecia um cavalo inteiro, fogoso…

O tio contava que meu pai era o mais paquerado pelas mocinhas da região, e volta e meia aparecia alguma família na fazenda, com desculpa de "visitar" meus avós, levando suas desajeitadas filhas na intenção de arranjar um casamento com meu pai.

Meu tio era mal falado, e volta e meia corria algum boato que haviam flagrado ele pulando a janela de alguma dona casada. Isso quando ele era moleque!

O danado do Branco era muito crescido para a idade, e por uma boa genética, nascemos possuidores de "grossi cazzi". Kkkkkkkkk

Gastaram mais de hora para chegar à vila, e assim que alcançaram o perímetro urbano, mataram a sede de suas montarias no bebedouro municipal, e foram subindo para o centro onde ficava a velha praça da Matriz.

Como havia festa, os Jeep 's da Força Pública (Polícia Militar) estavam de ronda.

Meu pai contava que eram muitas mocinhas lindas circulando no "Futi" (footing) da praça.

Era o passeio dos jovens entre as alamedas das pracinhas, e naquela época e região, os rapazes diziam que o "Futi" estava bom pelo número de donzelas circulando (confesso que vim saber disso, e do nome correto, depois de velho).

A maioria das casas e estabelecimentos comerciais eram feitos em madeira, e o oeste paulista foi uma região muito rica na matéria prima.

Assim que desmontaram amarraram seus cavalos em um dos muitos "poleiros" que existiam pelas ruas e à frente dos empórios.

Apesar de novos, gostavam de beber uma pinga.

O local preferido da boiadeirada era uma grande venda de Secos-e- Molhados.

Entraram arrastando as esporas, e pediram uma garrafa e uns pedaços de linguiça frita e dois maços de Continental.

O proprietário era um velho espanhol que possuía um filho da idade do meu tio, e três filhas, todas lindas.

Meu pai falava que as moças pareciam bonecas de louça.

Eram brancas com pintinhas nas bochechas, lábios vermelhos na cor de um morango maduro.

Este filho do espanhol gostava muito do meu pai e tio, e volta e meia aparecia na fazenda.

Anos depois o velho faleceu e o amigo deles vendeu tudo, comprou terras e tornou-se boiadeiro. Eu tive um enrosco com uma das filhas dele e uma sobrinha.

Eram lindas!!!

Assim que falaram com o velho caixeiro (balconista) do empório, o homem gritou ao filho, que chegou apressado para falar com os amigos, logo após, mandou as filhas entrarem em casa.

Diziam que ele sempre fazia aquilo quando meu tio dava as caras por lá!

E ficaram os três conversando, meu tio e pai com os copos nas mãos bebendo uma pinga, mastigando o petisco, analisando tudo e todos, quer dizer, TODAS.

Estava quase escurecendo, quando as precárias luzes do entorno na velha matriz foram acessas.

Poucos lugares tinham energia elétrica naquela época, sendo que a bendita criação de Benjamin Franklin e Thomas Edison chegou em Presidente Prudente e região no final dos anos 50.

Naquele dia, além de toda euforia e muitas moças bonitas das boas famílias cafeicultoras do lugar, viram alguns veículos diferentes circulando pelas ruas de terra da vila.

Meu tio contou que ficou admirado com um belo "Simca Chambord " saia e blusa, com aquela pintura típica da época em que se pintavam o teto ou capota de uma cor e o restante do chassis de outra.

Aquele que viram era vermelho e branco, lindo demais.

Também viram um Aero-Willys preto que estava à frente da comitiva, estando no banco de passageiros um sujeito que classificaram como engraçado.

Era branco demais, parecia que usava maquiagem no rosto, um bigodinho fino que destoava do formato redondo da cara do homem. Meu tio disse que parecia um "cachaço" (porco macho).

Completava a figura uma costeleta grossa, lábios estreitos, olhos fundos e um nariz de batata.

O que virou piada no meio da peonada que bebia na porta do empório, e acompanhava atenta aquele desfile de máquinas modernas fumacentas em quatro rodas, foi quando uma leve brisa que entrava pela janela do carro em movimento, atingiu a vasta cabeleira preta do homem que balançou de forma estranha, para cima e para baixo, e logo algum gaiato por perto comentou em tom jocoso:

--O homim tá usando peruca, credo em cruz que coisa feia!

Foi só risada por parte da caipirada!

E assim que o homem "engraçado" passou, todos ficaram em silêncio.

No Simca vermelho se encontravam duas belas mocinhas, muito lindas segundo meu pai e tio.

Ambas muito branquinhas, baixinhas, sendo uma delas ainda mais baixa que a outra, cabelos pretos bem penteados e presos com um coque acima da cabeça. Segundo os dois, nunca haviam visto cabelos tão brilhantes.

Assim que o carro preto matou a carreira, estacionou um pouco mais adiante das portas do empório, o homem engraçado da peruca desceu e foi caminhando até o carrão vermelho onde estavam as duas lindas.

Assim que o carro com as belezuras estacionou, a poucos passos de onde estavam meus jovens heróis, o homenzinho trajado em um fraque correu abrir a porta para as duas gatas.

Meu pai e tio quando iam para a vila, sempre comprava cigarros brancos (maços de cigarro ou carteira de cigarros), e assim que avistaram as duas lindezas desembarcando da máquina, bateram a mão no bolso, pegaram os cigarros, acenderam tragando comprido.

Eles riam contando a cena que fizeram como um reflexo espelhado.

Ficaram de boca aberta, assim como todos que estavam por perto.

O homem falava com um sotaque castelhano, e assim que desembarcou as duas, pediu licença ao povo que cercou a porta da venda do espanhol, as conduzindo ao interior da venda.

As duas ao cruzarem com meu pai e tio, ficaram visivelmente atraídas pelos dois jovens boiadeiros.

Destaco que ambos eram muito bonitos, altos, e sem falsa modéstia, destacavam-se dos demais rapazes da região.

As mocinhas estavam com vestidos pretos bem colados ao corpo, sandálias de salto e usavam luvas nas mãos.

A que ficou parada no meu tio, usava muitos colares e pulseiras de ouro, brincos de pedras. Pareciam ser ricas as moças!

Assim que o homem estranho conseguiu entrar no empório, foi direto ao espanhol e entregou ao homem uma folha de papel. Depois vieram saber pelo amigo que aquilo era uma lista de compras.

O homem era proprietário do tal Gran Circo, e precisou buscar mantimentos para os trabalhadores do espetáculo itinerante.

Meu pai falava que o homem parecia educado, muito cortês no trato com as moças e o velho espanhol.

Em certo momento, com toda a caipirada escorada nos batentes das portas do comércio, o homem "peruquento" se virou, bateu palmas, estufou o peito, gesticulou as mãos fazendo um anúncio:

--"Están todos invitados para el espectáculo de logo más… tragam sus amigos y familias… tiene payasos y domadores de bestias y leones, el magnífico mago… el hombre más fuerte del mundo… la mujer barbuda… las gemas trapecistas más hermosas del todo continente…"

Meus heróis tinham muito contato com boiadeiros das regiões do pantanal matogrossense, e conheciam alguns peões paraguaios, por isso não era novidade aquele sotaque e a linguagem. Mas na ocasião, tiveram meio que traduzir o que aquele homem estava falando.

Alguns quase mijaram de rir ao saber que tinha uma mulher barbuda no circo. Alguns mais matutos se benziam em cruz!

Mas era tudo que precisava para aguçar a curiosidade do povo, sendo aquele o merchandising da época!

As duas moças que seguiam logo atrás do patrão, não paravam de olhar para os dois, e me conhecendo, posso imaginar como os dois ficaram assanhados.

No término da propaganda, entrou esbarrando no meio do povo um sujeito grande, mal encarado, medindo uns 2 metros, barba aparada no rosto, vestido em um terno preto.

Este começou distribuir papeletas com a propaganda do circo, e avisou que dariam um ingresso para cada cinco gatos ou dois cachorros que fossem levados ao circo, ou negociavam burros e cavalos velhos, na pior das hipóteses machucados.

Isso mesmo que imaginaram!

Assim me contavam meus velhos, que antigamente os proprietários de circo alimentavam suas feras, leões e tigres, com carne de cachorro ou gatos, burros ou cavalos, quase não gastavam dinheiro comprando carne bovina para os bichos carnívoros.

Eu sei, é uma judiação!

Diziam que a cada circo que passava na região, a molecada com menos recursos financeiros faziam a limpa nos vira-latas da região.

E feito o trabalho de anunciar o espetáculo, entregar a lista de mantimentos para os trabalhadores do circo ao espanhol, o da peruca foi saindo distribuindo sorrisos, sendo seguido pelas duas belezinhas.

Meu pai e tio ficaram de boca aberta, admirados com a duas. Nem quando meu avô levou os dois em um "rendezvous" bem frequentado e caro, viram moças como aquelas. Kkkkkkk

O amigo deles também ficou de queixo caído, e fez graça com os dois, dizendo que tinha certeza que iria rever as duas assim que seu pai mandasse entregar as compras e encomendas feitas pelo dono do circo no dia seguinte.

Meus heróis se entreolharam, começaram a coçar a testa, sentindo que as duas seriam alvo da paquera de todos os rapazes da região.

Ambos riam demais quando lembravam o ocorrido, por vezes dizendo que jamais deveriam ter ido "caçar sarna" com as protegidas do "peruca"!

Regulava um pouco mais das 19:00 hs quando pagaram a despesa na venda, pegaram mais uma carteira de cigarros cada um e foram para a entrada da cidade.

Naquela época, onde só havia uma máquina beneficiadora de grãos no lugar, o circo se instalava por ali, na minha, aquele era o local onde o circular deixava os viajantes em um ponto de ônibus feito em cimento.

O povo seguiu em procissão.

Era família com aquela fileira de filhos, casais, moças e rapazes em bandos, moleques com gatos dentro de sacos, que iam gritando e rosnando, fazendo aquele barulho, pressentindo que o fim estava próximo e seria na barriga de um leão!

Assim que chegaram, amarraram os cavalos em uma velha paineira onde os tropeiros e boiadeiros faziam pouso com suas comitivas.

Caçaram um lugar na fila da bilheteria, esperando a vez de comprar os ingressos para o espetáculo.

Contaram que os "panos" do circo eram listrados em vermelho e amarelo.

Ao lado da bilheteria tinha uma grande barraca de pipoca e amendoim torrado.

E foram entrando, subiram pelas arquibancadas feitas de tábuas, indo os dois parar no alto do lugar.

Não tardou o lugar se viu lotado, não cabendo nem um bode.

Outra coisa engraçada que me contavam, foi um momento que ouviram um tremendo rugido, e o barulho de alguma coisa trombando contra o ferro.

Devia ser um leão se debatendo dentro da jaula.

Meu pai e tio riam de chorar ao lembrar que uma mocinha, conhecida deles, desmaiou duas fileiras para baixo de onde estavam, tamanho o susto causado pelos rugidos furiosos do grande felino.

Não tardou e o homem da peruca apareceu com uma cartola na cabeça, um bastão na mão, gritando e gesticulando muito com seu "respeitável público", anunciando que o espetáculo ia começar.

Logo apareceram palhaços correndo e tropeçando uns nos outros, e logo arrumaram uma briga entre eles, e foi tapa, chutes nas bundas, baldes d'água… o povo faltava mijar de tanto rir. Meus heróis adoravam os palhaços!

Momento de surpresa quando o mágico encantou a todos tirando pombas de uma cartola, fazendo sair flores de suas mangas, e com uma leve explosão seguida por um fumaceiro, fez aparecer um coelho em cima de uma mesinha.

O circo quase vem abaixo na salva de palmas e gritos daquela caipirada toda.

Momentos tensos quando espalharam querosene na areia em volta do picadeiro, atearam fogo e de trás dos panos apareceu um homem magro bem alto, vestido com roupas marrom e um chapeu esquisito na cabeça, trazendo nas mãos um chicote.

Era o domador de feras das longínquas terras africanas!

Ouvia-se uma agulha dentro do circo, ninguém dava um pio, olhos arregalados. A única coisa que se ouviu naqueles momentos, era o mastigar acelerado de pipocas e unhas.

Não tardou, empurraram uma carroça gaiola na beira do picadeiro, abriram a porta da jaula, e de dentro saltou um baita gatão com uma juba meio preta, era o temido leão africano devorador de homens.

Também pudera o povo se cagar nos circos… faziam uma propaganda das mais terríveis para a população! Kkkkkk

Meu pai reparou que havia dois homens ao lado da jaula, vestidos igual ao domador, com roupas e colete estilo caçador, nas mãos carregavam rifles. Meu tio falava que era para atirar no leão, caso o bicho ficasse fora de controle.

E assim que o bicho saltou no meio da areia do picadeiro, o homem estalou o chicote, fazendo o gatão se sentar.

Foi um "Óhhh" de surpresa por parte de todos!

E logo chegou uns tipos de banquetas, e o homem fez o leão subir e descer daquilo umas tantas vezes. No fim do show com o gatão, acenderam um arco de fogo, e o bicho saltou por dentro do aro em chamas, e na carreira seguinte foi sozinho para a carroça-jaula.

Nova onda de gritos eufóricos!

Meu pai e tio se acabavam rindo quando lembravam daquela cena, pois na hora que o leão pulou na jaula, fez aquele barulho ao trombar nas grades, soltando rosnados furiosos.

A esposa do prefeito passou mal, sendo necessário levar a pudica senhora embora do local.

Alguns gaiatos gritavam enquanto os puxa-sacos acudiam a senhora, que saiu carregada pelos meios igual a um saco de batatas, esbarrando no povo enquanto abriam caminho:

--"Num aperta muito que a véia peida"...

E tudo era farra e festa!

Outro momento de muita graça, foi quando o fortão apareceu e começou levantar uns pesos. A caipirada da roça gritava:

--Queria vê essa corage toda pra carpir 10 "taião" (talhões) de café… ou doido, vai cagá na "carça"...

Caipira é bicho dos diabos!

A mulher barbuda causou espanto pela feiura, tamanho dos peitos e por engolir espadas!

Tinha mãe que tapava os olhos dos filhos menores.

E para finalizar a noite, momento esperado pelos rapazes e outros, as belas trapezistas.

Assim que entraram no picadeiro, tochas foram acesas por tudo que era canto do lugar.

As moças eram lindas e estavam vestidas com roupas, que segundo meu pai e tio, pareciam maiôs de banho cheio de uns brilhos e um sapatinho baixo calçando os pezinhos das baixinhas.

E torce e contorce, levantavam o pé na altura da cabeça, davam cambalhotas paradas no lugar…

Segundo eles, as duas pareciam umas diabas feitas em borracha.

E por fim, subiram uma escada de corda, e de um tabladinho lá nas alturas, ficaram penduradas em uns "balanços", uma de cada lado, e às vezes trocavam de lado, fazendo meus velhos, que eram bem jovens na ocasião, perderem o fôlego, temendo que alguma delas caísse daquele poleiro.

Eles haviam estado em outros circos, mas nenhum como aquele!

E quando terminou o espetáculo, o da peruca reapareceu, agradeceu a todos pela presença, dizendo que estariam na cidade até o próximo final de semana.

Meu tio e pai foram se levantando, povo todo comentando sobre as atrações do circo. Pelo avançado da hora, que passava das dez da noite, os dois foram voltando para a fazenda.

No trajeto foram acompanhados por alguns conhecidos que regulavam a idade com eles. Parecia uma romaria de cavaleiros por aquelas estradas boiadeiras esquecidas do velho oeste paulista.

O assunto era um só: AS MOÇAS DO CIRCO!

Chegaram na fazenda quase meia noite.

Meu avô sempre estava acordado esperando pelos dois.

No outro dia contaram as novidades, tudo que haviam visto no circo...

Meu avô vendo a alegria dos dois, já decretou que poderiam ir no outro sábado.

Meu tio e pai faltaram dar piruetas de tanta alegria.

E trabalharam felizes a semana inteira, naquela lida de olhar boi, conferir cercas, eventualmente tendo que laçar e curar à base de creolina algum animal com bicheira… repassando cavalos recém domados.

Quando chegou o sábado, estavam para explodir com vontade de rever as duas baixinhas lindas!

Se lavaram na velha banheira com muita água quente e sabonete Senador, passaram água de colônia no rosto, colarinho e lenço.

Minha avó havia engomado a roupa dos dois, parecia que estavam indo se casar!

Saíram de casa muito antes do horário, tudo para evitar o movimento na estrada. Não queriam chegar muito empoeirados na vila, e naquela euforia toda, não levaram nem um canivete! Vão assuntando o causo...

Apareceram trotando com seus bons cavalos, devia ser umas 11:00hs.

As ruas da vila estavam movimentadas, caminhões Chevrolet Brasil carregando cargas, sacarias de grãos, toras de madeira, as jardineiras (antigos coletivos) lotadas de viajantes…

Assim que esbarraram os cavalos na porta do velho empório do espanhol, o amigo e filho do proprietário veio correndo contar as novidades.

E antes de pisarem no chão batido da rua sem pavimentação, ouviram do amigo que havia ido três vezes ao circo levar os mantimentos para o povo. Ele fazia aquele serviço de "ifood" da roça com auxílio de um cavalão branco que meu avô havia vendido ao pai dele, que puxava uma carroça de madeira em dois eixos que cabia muita coisa.

E falou que viu as moças somente em uma das vezes que esteve por lá. E como povo do interior é bom de prosa e faz amizade fácil, soube através de um dos palhaços que quase todos os dias ia na venda do espanhol tomar uns goles, que uma das trapezistas, a mais baixinha das duas, era "cacho" (caso, amante) do dono do circo, e a outra estava quase no papo. Também relatou que ambas eram primas, nascidas no Rio Grande do Sul.

Se entreolharam meio desanimados, pensando que não teriam chance nem de paquerar as duas.

Meu tio ficou indignado, e quando lembrava naquilo, mesmo décadas depois falava que não se conformava. Uma boneca daquelas com um velho ensebado, que usava peruca!

E entraram na venda, pediram a pinga, cigarros, linguiça frita com pão…

Após o lanche, resolveram dar um giro pela praça.

Deixaram os cavalos por ali mesmo, e foram caminhando.

Quando chegaram no entorno da igreja, que ficava a uns 300 metros de onde haviam deixado os cavalos, qual não foi a surpresa dos dois. As primas trapezistas!

As duas caminhavam tranquilas pelo local, acima das duas, sombrinhas para evitar o sol quente da região, e quando deram de cara com os dois, se encolheram ombro a ombro e ficaram sorrindo para os dois.

Meu tio era todo falador, safadinho e boca suja, mas travou na hora. Meu pai não deixava ele esquecer.

Meu pai sendo o irmão mais velho tomou a iniciativa.

Retirou o chapéu da cabeça, deu um cutucão no meu tio que o acompanhou no ato, estenderam as mãos para as moças e as comprimentaram de maneira educada.

Meu pai contava que ficaram em silêncio por alguns segundos, e quem tomou a iniciativa foi a mais baixinha, que olhou meu tio, e puxou assunto.

E assim iniciaram aquele papo entre jovens.

E já que a pequenina havia escolhido meu tio, meu pai deu-se por satisfeito com a outra, que era igualmente linda.

E deram voltas e mais voltas no entorno da velha matriz.

Estava calor, meu pai se ofereceu para buscar umas guaranás.

Deixou meu tio cuidando das duas enquanto correu até a venda do espanhol.

Nisso o povo todo olhando a cena, e se iniciava o falatório dos linguarudos:

--Os irmãos boiadeiros estão com as duas do circo…

Assim que meu pai chegou com as duas garrafinhas, todo sem jeito, sem saber como agir com moças viajadas, recebeu um beijo no rosto da moça que "estava" com ele, e um elogio por ser tão atencioso.

Meu velho disse que ficou sem ar com aquilo!

E continuaram falando de suas vidas.

As moças contaram do dia-dia no circo, dos treinos, das viagens, da saudade da família…

Os dois contaram de suas jovens vidas boiadeiras, que moravam não muito longe da vila… mentiram suas idades, afinal as duas eram bem mais velhas!

Passava do meio dia, e o sol estava de rachar.

A moça baixinha que gostou do tio, perguntou se havia algum outro lugar para passear, um rio, ou cachoeira…

Cachoeira não, responderam, mas rios e lagoas era o que mais se encontrava na região.

A baixinha sapeca olhando para os lados, se virou no banco da ponta da praça onde estavam, e não encontrando o que procurava pergunta para os dois:

--Teria algum carro de aluguel para nos levar até esse rio?

Meus heróis acharam graça, conheciam "carro-de-aluguel", ou táxi, mas ali não tinha aquilo não.

Meu tio ainda fez graça, falando que a única coisa que tinha por ali, era a jardineira, e esta só apareceria no outro dia.

As moças fizeram carinha triste, insatisfeitas, mas foi meu pai quem arranjou a solução:

--Ara meu irmão, nois leva elas de cavalo, na garupa!

E quis saber se elas topariam ir até o rio montadas nas garupas de seus cavalos.

As duas sendo gaúchas aceitaram o convite.

Só a baixinha que meu tio estava querendo teve um breve momento de lucidez. Comentou que o "patrão" não gostaria de saber que as duas estavam de "passeio" com dois rapazes.

Aquela altura dos fatos, nem queriam saber que o dono do circo estava comendo essa ou aquela…

A mais baixinha deu de ombros, nem quis saber de nada, só pediu para saírem dali, estava incomodada com todos que passavam olhando com caras desconfiadas para eles.

Por sugestão do meu jovem pai, encontrariam as duas a meio caminho do circo.

De lá, iam desviar o caminho, seguindo até o rio.

Tudo combinado, as duas saíram caminhando com suas sombrinhas coloridas abertas acima da cabeça, tranquilas, como se nada tivesse acontecendo ou para acontecer.

Foram ligeiros para pegar seus cavalos, nem falaram nada ao amigo que ficou parado na porta do empório vendo os dois saltarem nos arreios, riscarem as montarias nas esporas, fazendo voar cascalho e poeira subir no carreirão.

Os dois conheciam até os buracos de tatu da região, cortaram volta pela rua de cima, onde havia uma oficina de carroças e arados de um amigo do meu avô.

Chegaram no local muito antes das duas.

Ali era o início da vila, não havia quase casas no local, só um velho barracão de uma antiga serraria da região.

E uns 20 minutos depois, avistam as duas chegando apressadas, rindo muito.

Meu tio contou que estava com a rola quase escapando de dentro da ceroula, tamanho era a vontade de pegar a baixinha. Kkkkkkkk

E foi as duas encostarem nos cavalos, já foram alçadas, pegaram garupa, e dali saíram em meia rédea, apressados…

Meu pai sempre lembrava que as moças estavam de saia, tecido mole, e quando foram subir as pequenas em suas garupas, conseguiram ver suas roupas de baixo. Kkkkkkkk

Deram a volta no barracão, e seguiram cortando caminho pelo matagal onde era o pasto de uma antiga fazenda, que naquela ocasião estava sendo loteada e vendida para o povo que chegava às dúzias pela região.

Logo que alcançaram outra velha estrada boiadeira, entraram por um cafezal e seguiram um bom trecho, até chegarem na velha ponte.

Do outro lado era uma fazenda de gado leiteiro, e havia uma porteira à beira do caminho. Ninguém usava cadeado na época, não precisava, então entraram com as moças, e seguiram até um capão onde a mata era alta, e bem na beira d'água, a areia era branquinha, formando uma prainha de água doce.

O lugar era perfeito para uns malhos escondidos.

Meu tio já contava que a baixinha dele foi agarrada igual um carrapato em sua cintura, e vez por outra alisava seu cacetão na lateral da calça, rindo debochada comentava o quanto o mocinho devia ser todo "GRANDÃO".

Quando chegaram em local mais adequado, entraram um pouco na borda da mata, para evitar algum curioso, saltaram dos cavalos, na sequência desceram suas gatinhas baixinhas e partiram pros "pégas".

Depois disso, cada um contava sua história e o que havia acontecido.

Meu pai ficou por ali com a moça dele, que saltou nos seus braços e beijando meu velho como uma doida. Segundo ele, treparam em pé mesmo. A moça era ágil, tinha uma flexibilidade fora do comum, e estando presa no alto pelos braços fortes do pai, pernas em volta de sua cintura, conseguiu abrir e baixar a calça do safado.

E com pouca coisa, meu velho que era novo, "descascou" a saia da moça, afastou a calçola da baixinha, espetando o "guatambú" até onde o mangote pode alcançar.

A gauchinha mordeu tanto o peito e pescoço dele, que parecia uma cachorra raivosa.

E encostado em uma árvore passou um bom tempo fudendo a trapezista safadinha.

Já o meu tio, aquele animal desde que nasceu, "arrastou" a moça para perto da areia, deixou a malvada peladinha. Segundo ele, beijou da xereca ao rabo da baixinha, que tinha um tufo de pêlos pretos, que mais parecia uma taturana crescida.

Tinha uns peitos pequeninos, que cabia na boca.

O Tio deu uma mordida tão forte em um dos mamilos da gata, que até meu pai e a moça que estava com ele ouviram o berro da outra pedindo calma pro Brancão!

Estava com tanto tesão, que quando sacou a vara, a moça olhou assustada, pediu calma, falando que um daqueles nunca tinha visto na vida.

Mas foi tarde demais, meu tio deitou em cima da moça, segurou as pernas flexíveis da baixinha bem aberta, encostou a ferramenta e socou com vontade.

Disse que no início ela estava até gostando da coisa, mas quando viu que o rapaz depois de esporrar igual um cavalo, umas três vezes em um espaço curto de tempo, mantendo o cacete duro e ainda mais grosso, "viu a viola em cacos". Kkkkkkk

Foi um forfé dos diabos na beira daquele rio, meu povo!

Meu pai tinha terminado o "serviço", a baixinha dele estava escorada na árvore se recuperando da sessão de vara grossa, quando ouviram a moça pedindo para meu tio acabar logo, que estava doendo muito sua xana, que estava rasgando ela no meio… e nada do tio gozar!

Segundo meu pai levou tempo pro tio acabar com a trepada, e quando o fez, urrava feito um bicho, pior que o leão do circo.

Quando meu tio chegou com a baixinha dele, a moça estava, segundo ele, igual um "chapéu véio", nem de longe lembrava a graciosa artista do circo.

Deram muita risada de tudo aquilo, e ficaram namorando mais um pouco. Antes de voltarem para a vila, a moça do tio e a outra foram molhar o rosto, limpar as pernas de tudo que escorria delas em muita quantidade.

Meus heróis estavam felizes, fumavam tranquilos, eram homens feitos, sacudidos…

Saíram daquele lugar, segundo meu pai contava, regulava às 16:00hs.

Ainda era cedo, e as duas só se apresentariam depois das 20:00hs, daria tempo de sobra.

O problema apareceu quando foram colocar as moças na garupa.

A moça que meu tio empurrou "os bofes", sentiu uma dor terrível, seguida de uma cólica.

A outra, que estava na garupa do pai, sugeriu parar, descer e ir caminhando e que não participasse do show. A moça disse que não, que o "fulano", dono do circo a mataria se ela não apresentasse aquela noite.

Meu tio disse que daria uma surra nele se o sujeito encostasse em um fio de cabelo dela.

Ela agradeceu, e arrematou falando:

--Vocês não sabem de nada… e de uma certa forma, ele se acha meu dono!

A outra limitou-se a dizer:

--É bem isso que ela disse, nos deixem perto do circo e não apareçam por lá, por favor… depois de amanhã nós já vamos embora!

Seguiram devagar, a moça gemia de dor a cada solavanco mais brusco do cavalo que meu tio e ela montavam.

Gastaram mais de hora até chegarem na velha serraria, mas por insistência do meu pai, foram até próximo ao circo.

Chegaram a uns 100 metros, não havia ninguém na frente da bilheteria, só se ouvia barulho de ferramentas vindos da parte de trás, onde estavam os carros, caminhões e caminhonetes.

Bolearam as pernas dos arreios, saltaram no chão e auxiliaram as moças a descer.

Com as duas no chão, a mocinha baixinha sentiu dificuldade no caminhar, e uma dor nas costas.

A outra ainda comentou que ela devia ter dado um "jeito" na coluna.

Não restando outra opção, meu tio a pegou no colo, e sob protestos da outra, sabendo que aquilo daria confusão, passaram pela entrada logo após a bilheteria.

E quando chegaram do lado de dentro, deram de cara com o dono do circo e da peruca.

O homem estava acompanhado por alguns dos funcionários, que vieram apressados saber do que se tratava.

Um moreno forte, da altura do meu tio se adiantou, tirou a moça dos braços dele, e junto com todos quis saber do que se tratava.

A que estava na vara do meu pai começou a explicação, inventou que estavam voltando para o circo depois do passeio, e por conta do sol forte, aceitaram aquela "carona" a cavalo...

O dono do circo, de olhos arregalados, mais pálido que nunca, foi apalpando a moça que estava no colo do moreno, cheirou os cabelos da moça, alisou suas pernas, como se "vistoriando" sua jovem amante.

Em um surto de ódio gritou:

--PERRA PUUUUUUUUUTA...

E falou um monte, e foi gritando a todos do local e pouca coisa de tempo, meu pai e tio se viram cercados pelos funcionários do circo.

E tudo que é ruim pode piorar um pouco mais…

O dono do circo com lágrimas nos olhos perguntou a moça o que aquele rapaz (meu tio) havia feito à ela.

A baixinha mesmo sentindo dor nas costas e na bucetinha, sorrindo disse:

--Me fez feliz, seu porco!

A outra falou para meu pai tirar meu tio dali, que a coisa ia ficar feia. E ficou!

O dono do circo gritando feito louco, ofereceu um mês de ordenado a quem lhe desse os "bagos" do meu tio em uma bandeja.

Meu pai pegou meu tio pelo braço, mas era tarde.

Estavam cercados pelos funcionários gananciosos do circo.

Alguns sacaram facas, outros com porretes nas mãos.

Só restou meu pai e tio correrem para as arquibancadas e foi um tropel dos diabos.

Cercavam de lá e de cá, meu pai conseguiu tirar o porrete de um deles, e bateu em quem se atrevia a chegar perto. Meu tio dando chutes e coices, parecia um nelore.

Derrubaram uns 5 na paulada e chute, e logo chega um com um revólver. Quem teve juízo foi o domador, este não deixou um dos trabalhadores atirar no meu pai e tio, tomando a arma do homem.

E foi aquela confusão!

Meu tio arrancou uma tábua do assento, e girava no ar tentando acertar a cabeça de quem viesse.

E ficaram acuados no alto das arquibancadas.

Eram jovens, ágeis, e muito fortes!

Passaram mais de hora nessa confusão, até que começaram chegar os conhecidos do nosso lado.

Por muita sorte, um dos moleques que levavam gatos para os leões em troca de ingressos, viu quem estava no rolo, e voltou correndo para contar que os irmãos boiadeiros estavam cercados dentro do circo, e ia sair morte.

O molequinho chegou na venda do espanhol e de lá a notícia se esparramou.

Contaram que um já montou em uma Rural Willys, indo buscar meu avô na fazenda.

Nesse meio tempo chegaram alguns amigos do meu avô, outros que queriam ver a confusão...

Povo na portaria querendo entrar, os funcionários do circo tentando cercar a entrada…

Ninguém sabia dos praças da Polícia, e nessa hora, meu pai e tio estavam enfrentando o fortão que levantava peso.

Mas não foi páreo para os dois, que com uma paulada no joelho e outra no lombo, rolou arquibancada abaixo.

E quem tentava "entrar" nos dois, apanhava de forma sentida. Eram duas onças acuadas. Kkkkkk

Não acabou em morte aquilo tudo, por muita sorte ou alguma força sobrenatural do além.

Só foi possível entrar no circo a hora que meu velho avô chegou junto com a peonada da comitiva.

Para o azar daquele povo do circo, o cozinheiro da comitiva do meu avô estava junto, um tal Zico Marreta, um mulatão que parecia uma esteira de tão forte. (Ler Recordações de Um Passado Distante).

E o Zico foi abrindo a braçadas caminho, jogando os funcionários daquela arapuca iguais bonecos pelo ar. Meu tio contava rindo que foi o maior alívio da vida quando avistou o Zico entrando no lugar, arrastando um desacordado pelos colarinhos.

E logo encostou o Jeep da Polícia, e tiros foram disparados para o alto afim de afastar o povo…

Que confusão dos capeta, meu povo!

A peonada do meu avô armada até os dentes.

Meu nono com dois 38 na cintura, um na mão, uma "papo amarelo 44" pendurada nas costas, bolsos estudados de balas, cinturão de munição... sem falar no punhal.

O velho italiano bufava querendo saber quem é que ia matar os filhos dele.

E assim que tudo foi se acalmando, o dono do circo veio falar com meu avô, ele quem mandava no lugar... e ali quase que deu bosta.

Meu avô pegou o homem pelo colarinho, deu um soco na boca dele que quebrou dentes… e quem socorreu o corno ciumento foi o Zico.

A coisa só acalmou quando chegou o delegado.

Aí foi todo mundo parar na delegacia, até as duas mocinhas trapezistas!

Sei dizer que o dono do circo queria cobrar pelo prejuízo que meu tio havia causado à sua principal atração, pelas arquibancadas quebradas, assim como os braços e algumas pernas de seus ajudantes.

Meu avô queria matar o homem, por mandar seus jagunços surrar seus filhos…

Acabou que ficou cada um com seu prejuízo, e por muita sorte, meu avô não indiciou o ciumento dono do circo por oferecer dinheiro para castrar o coitado do meu tio. Kkkkkkkk

Quem ofereceu esta informação foi a moça que se esfregou com meu pai. Para esta e a outra, meu avô deu dinheiro e escolta segura para voltarem à capital.

E naquela noite mesmo desmontaram tudo, e o circo vazou de lá.

Este ocorrido no ano de 1962, lá no oeste paulista, rendeu um falatório dos infernos por muito tempo!

Eita tempo véio…

Que saudade de todos!

🐂 🐎

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Comentários

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Cavaleiro ainda anda por aí?

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Divertida, mas excessivamente longa. Não é sobre sexo. É uma obra literária

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Um bom ano. Aguardo mais histórias

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Oie.

Seu relato faz a gente imaginar que está assistindo um filme ou algo assim... é extenso mas fluído.

Sou sua seguidora agora é pretenso ler cada uma das suas histórias.

Convido o senhor a me seguir, por favor, se desejar, é deixar comentários nos meus textos, se lhe agradar.

Obrigada. Arigato. Gomawo.

Bxos.

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Muito obrigado pela visita moça! Sinta-se a vontade para ler os meus causo, fico muito agradecido...

Também ganhou mais um seguidor, e assim que possível, vou acompanhar os seus relatos.

Um beijo!

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O meu amigo, adianto que tem uns causos compridos, e nem sempre estão recheados de putarias.

Aqui no cdc, eu conto algumas das minhas andanças de quando era novo, cheio de vontade...

Fique à vontade, calce as botas, coloque um chapéu, traga um facão, e vamos pra lida... campear boi no mato e algumas bucetas kkkkkk

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Foto de perfil de Majases ♠️♥️♠️

Sempre uma boa leitura.

Adoramos os detalhes que nos enrriquecem culturalmente e incitam nossas libidinosas imaginações.

CRS 18.377

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Jasmim e Mario, sempre me alegra quando aparecem!

Muito obrigado pela visita e comentário.

Um beijo e abraços!

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