O outro capítulo 41 A viagem de Leandro

Um conto erótico de Arthur Miguel
Categoria: Gay
Contém 7194 palavras
Data: 29/09/2022 19:42:41

Capítulo 41

_ Vanessa, não se atreva._Júlio ordenou em tom de ameaça. Olhava para a filha sentindo um misto de medo e ódio. Sentia vergonha de ser constrangido na frente dos convidados.

_ Eu me atrevo sim. Agora eu sei de tudo. Como eu pude me enganar contigo? Durante todo esse tempo você me fez acreditar que o meu pai Leandro era o problemático, mas você que era o problema.

Antes que Vanessa pudesse dizer mais alguma coisa, Júlio correu até a filha e a pegou pelo braço.

_ Já chega de showzinho, Vanessa. Já para o seu quarto!

_ Não vou não! Todo mundo aqui tem que saber que você não é esse homem amoroso que demonstra ser! Você é um traidor! Enquanto o seu marido ficava em casa sofrendo por sua causa, você estava na esbórnia com machos. No dia que o Pedro dormiu comigo, você me chamou de vagabunda! Mas a verdadeira vagabunda é você, já que você não é solteiro como eu!

Júlio sentiu o sangue esquentar nas veias, o ódio aumentava a mil. Sem pensar, ergueu a mão em direção ao rosto da filha.

_ Isso! Me bate! Assim só vai confirmar o que eu estou dizendo. Que você não vale nada!

Júlio desistiu no mesmo instante. Tentou conter ao máximo o ódio que sentia. Pegou a filha pela cintura e a arrastou para o quarto. Vanessa se contorcia, tentando resistir, gritava muito. Mas a força física de Júlio era superior a dela.

Ao entrar no quarto, Vanessa foi jogada na cama.

_ Você enlouqueceu, garota infernal? O que passou na sua cabeça para armar esse barraco todo na frente de todo mundo?! Tá querendo me enlouquecer, caralho?

_ Eu sei de tudo. Porra, eu sempre confiei em você! Como pode ser tão cruel?

_ Eu não sou cruel!

_ Não adianta mentir mais! O meu pai me contou tudo. Me disse o tipo homem tóxico que você é.

_ O Leandro está mentindo! Ele está com raiva de mim, porque tomei vergonha na cara e parei de correr atrás dele. Ele não se conforma que decidi seguir a minha vida com o Luciano.

_ Mentira! Eu conferi tá bom. Eu fui até o apartamento que você comprou para ficar de sem vergonhice com o Abner. Eu sei de tudo.

Sem saber o que dizer, Júlio decidiu por um fim na conversa.

_ Quer saber? Eu não tenho condições de continuar essa conversa.

Ele saiu do quarto, trancando a porta. Vanessa permaneceu no quarto gritando e socando a porta.

No corredor, Júlio topou com Rubens, que caminhava preocupado em sua direção.

_ Eu não aguento mais todo esse inferno! Eu vou pirar, Rubens! Vou acabar tendo um treco.

_ Calma, Júlio!

_ Como você quer que eu tenha calma? É Irene me ameaçando, Leandro ganhando dinheiro com aquela merda de livraria, é Vanessa me fazendo passar vergonha é Tamara saindo quinto dos infernos para me atormentar.

_ Tamara?!

Júlio se arrependeu de citar o nome da mulher.

_ Que vergonha!

_ Não se preocupe. Vá para o seu home office, beba um uísque e deixe que eu dispenso o pessoal. Diante de tudo isso, não há como mais prosseguir com a festa.

Júlio passou um tempo trancado no escritório. Sua cabeça estava a mil. Sentia muito ódio de tudo o que havia acontecido.

Depois de alguns minutos, após receber uma mensagem de Rúbens dizendo que todos já haviam ido embora. Ele saiu do escritório com a intenção de tomar um banho, na tentativa de se acalmar.

Ao passar pela sala, deu de cara com Luciano sentado no sofá, fitando o mar em silêncio através das paredes de vidro. Júlio havia se esquecido do namorado diante de toda aquela confusão.

Reparou que os olhos de Luciano estavam vermelhos, pois havia chorado bastante.

Júlio sentou ao seu lado e o olhou de um jeito carinhoso, pegou no seu queixo, fazendo olhar para si.

_ Eu sinto muito por tudo que aconteceu. Mas eu prometo que vou dar um jeito na Vanessa. Ela vai ter que aceitar o nosso casamento.

_ Nós não vamos nos casar.

_ Claro que vamos, meu amor! Você será o meu segundo e último marido. Vanessa vai ter que se conformar com isso.

_ Mas ela não vai!_ Luciano respondeu gritando._ Essa garota me odeia! Vive me humilhando e agora estragou o meu dia! Era para ter sido o dia mais feliz da minha vida! O meu aniversário de 25 anos deveria ser lembrado como o dia em que o amor da minha vida me pediu em casamento. Mas não, vai ser lembrado como um vexame. Todo mundo do escritório vai rir da minha cara!

_ Ninguém do escritório vai se atrever a rir da cara do futuro marido do patrão.

_ Eu não vou me casar com você. Se a Vanessa não me respeita agora, imagina o inferno que ela vai fazer depois de nos casarmos?

Júlio segurou o rosto de Luciano com uma das mãos, e com a outra, secou as lágrimas. Deu um selinho macio em demorado no namorado.

_ O problema não é a Vanessa, meu bem. É o Leandro. Ele não se conforma com o fim do casamento e está pondo a minha filha contra a nossa união.

_ Isso não é verdade. Leandro sempre foi gentil comigo, o monstro sempre foi a Vanessa. Inclusive ele obrigou aquele demônio de saia a se desculpar comigo.

_ Vida, isso é fachada. Eu conheço o Leandro há anos. A nossa relação sempre foi turbulenta. Mas sempre que brigávamos, Leandro fazia cu doce e eu corria atrás dele feito um idiota. Dessa vez, eu assumo que fiz a burrice de pôr o Abner nas nossas vidas. Leandro se iludiu, saiu de casa, mas caiu na real quando viu que perdeu a boa vida. Quando ele quis voltar, eu não quis, porque já estávamos juntos. Leandro surtou, tivemos uma briga feia, na qual ele foi muito agressivo e para se vingar contou esse monte de mentiras para a Vanessa. Por isso ela agiu dessa forma.

_ Sério?

Júlio confirmou com a cabeça. Luciano se sentia confuso, estava paralisado diante daquelas revelações.

_ Meu bem, vamos esquecer tudo isso._ Júlio retirou a aliança no bolso e pôs no dedo de Luciano._ que tal tirarmos o fim de semana para comemorarmos melhor o seu aniversário?

_ Júlio, eu não acho uma boa ideia e...

_ Xuuu!_ não diga nada._ Já tá decidido. Nós vamos tirar um dia para viajarmos para aonde você quiser ir. Ok? A Vanessa vai passar uns dias com o Leandro. Assim vamos ter um pouco de sossego.

Júlio se aproximou e o beijou, desviou a boca até o pescoço, beijando, enquanto acariciava as suas coxas.

_ Você é tão gostoso! Impossível ficar perto de você sem ter vontade de te comer.

_ Agora não, Júlio. Eu tô sem vontade.

Júlio ignorava. Penetrava os dedos entre os cabelos de Luciano puxando para si. Beijava o pescoço com resistência as negações de Luciano.

_ Não, Júlio!

Júlio se lembrou com excitação da noite em que desagradou Leandro com sexo brutal. Agarrou pela cintura com as uma das mãos, deitava o peito sobre Luciano. Envolveu o braço pelo pescoço do jovem, o puxando para um beijo forçado.

_ Para, Júlio! Paraaaa!

Júlio sentia o pau latejar. Seu desejo mais perverso aflorava com força. Sentia-se poderoso, como um predador preste a devorar a presa.

Para a sua surpresa, Luciano usou os dois braços, o empurrando com tanta força, que o fez cair com a boca na mesa de centro.

_ Você tá doido?!_ Luciano gritou, o olhando de um jeito repreensivo.

Júlio o olhava com a mão na boca, onde escorria um fio de sangue. O seu coração batia acelerado com muito ódio.

Por um instante, olhou para Luciano expressando raiva. Mas, em frações de segundos, mudou a feição para uma mais serena.

_ Me desculpe, meu amor. Eu bebi um pouco e...

_ Júlio, nunca mais toque em mim desse jeito, ou eu te mato.

_ Tudo bem...me desculpe.

_ Eu vou embora.

_ Não! Não. Olha, não precisa ir embora. Nada saiu como eu planejei, mas eu quero consertar as coisas. Me deixe fazer isso, por favor. Podemos sair para jantar. Você dorme aqui e eu prometo que não vou fazer nada.

_ Eu não sei. Não tô com clima pra sair.

_ Então, podemos ficar aqui. Tá resolvido. Nós podemos pedir comida ou comemos o buffet da festa... já que ninguém tocou... você é quem decide.

_ Eu só quero ficar sozinho. Eu vou pra casa.

_ Em casa é que você não vai ficar só. A sua mãe vai fazer aquele interrogatório desconfortável. Fique...fazemos o seguinte, você dorme no meu quarto e eu no quarto de hóspedes. Amanhã, quando você tiver melhor, vá pra casa e estará mais preparado para encarar as indagações da Irene.

_ Ok... Eu realmente não estou com cabeça para ninguém agora. Muito menos para a minha mãe.

Luciano saiu da sala com a intenção de ir para o quarto descansar. Mas, ao passar pelo corredor e ver a porta do quarto de Vanessa, não se conteve.

Vanessa bufava no quarto, andando de lado para o outro. Tomada, pelo ódio esmurrava a porta trancada, gritando que queria sair.

Deu um passo para trás quando percebeu que a maçaneta estava sendo girada.

Para a sua surpresa, Luciano entrou a olhando tão sério que estava quase irreconhecível.

_ O que você está fazendo aqui no meu quarto?Saia daqui, seu verme.

_ Você não faz ideia da merda que arranjou para a sua vida. Garota asquerosa! Você querendo ou não eu vou me casar com o seu pai. E quando eu vier morar nesta casa, você vai me pagar por ter destruído a minha festa de aniversário.

_ Isso é uma ameaça?

_ Não. É uma promessa, que vou cumprir com gosto. Já estou farto de você.

_ Pelo visto você não quer enxergar. Deve ser como ele. Então, que se foda. Tomara que o meu pai encha a sua cabeça de chifres, use e abuse do seu lindo corpinho e te jogue fora como um resto de comida.

Luciano a olhou por alguns segundos. Estava com tanta raiva, que decidiu sair do quarto antes que botasse em prática o seu desejo de enforcar a menina.

Na noite da véspera da viagem Leandro estava tenso. Arrependeu-se muito de ter marcado de ir para a casa de praia de André.

_ A quem eu estou enganando?

Ele sabia que não sentia nada por André, que só aceitou fazer aquela viagem porque queria se afastar dos seus problemas.

Quis desmarcar, chegando até a pegar o celular e olhar a tela por alguns segundos. Mas desistiu, pondo o aparelho na cama.

_ Eu preciso ser forte. Não posso fraquejar.

Levantou e arrumou as malas. Precisava lutar contra os seus próprios sentimentos pelo bem de todos. Deveria esquecer Abner, ele é um mentiroso e aquela relação jamais teria futuro.

Após se certificar que tudo estava ok, decidiu adormecer mesmo o relógio ainda marcando vinte e duas horas. Precisava acordar cedo e bem para aproveitar o dia.

André o buscou ainda pela manhã, na portaria do prédio.

Ao vê-lo vestindo uma camisa social branca, uma bermuda caqui e chinelos, Leandro se perguntou o que estava fazendo. Pensou em correr de volta para a casa. Mas a sua idade não permitia que tomasse aquela atitude estúpida.

André estava encostado no carro fumando um cigarro, aguardando Leandro descer. Ao vê-lo, jogou o cigarro no chão e foi em sua direção. Puxou Leandro pela cintura e o beijou na calçada. Assustado, Leandro deu um pulo para trás.

_ O que você está fazendo?! Não estamos nos Estados Unidos. Esqueceu que o Brasil é dos países mais homofóbicos do mundo?

_ Foda-se a homofobia, eu é que não ia perder a oportunidade de beijar o homem mais lindo e gostoso que já vi na vida.

Leandro sorriu, mexendo a cabeça num gesto negativo.

_ Pelo visto você não mudou nada hein.

_Como esta casa mudou!_Leandro exclamou olhando a casa.

O local ficava em frente a praia, e de dentro da casa dava para ouvir o barulho das ondas quebrando na praia. Era um casarão antigo, dois andares e muitos cômodos. Mas já havia sofrido muitas reformas desde que Leandro esteve lá na última vez, há dezoito anos atrás.

_ Há muito tempo não venho aqui.

_ Eu imagino. Você quase nunca vem ao Brasil.

André o olhou de um jeito devorador, mordia o lábio inferior, sentindo o pau pulsar entre as pernas. Não acreditava que finalmente iria realizar o seu maior desejo.

_ Venha pôr as malas no nosso quarto.

Leandro seguiu André subindo as escadas. Ele já sabia o que estava preste a rolar e se sentiu tenso.

André fez questão de abrir a porta do quarto para que Leandro pudesse entrar primeiro.

Leandro pós as malas no canto do quarto, próximo ao guarda -roupa.

André o puxou pelo braço e acariciou o seu cabelo , pondo uma mexa atrás da orelha.

Leandro suspirou tenso, sentindo vontade de ir embora.

_ Eu te adoro, sabia? Sempre gostei de você.

Leandro sorriu sem saber o que dizer e recebeu um beijo caloroso. As mãos de André deslizaram pelas suas costas, penetrando-as por debaixo da camisa, alisando a barriga. Leandro sentiu que uma delas invadia a sua calça e cueca. Sentir a mão fria e macia de André no seu pênis o fez endurecer na mesma hora.

Leandro afastou um pouco a boca, interrompendo o beijo.

_ Você tem camisinha?

André sorriu, segurando o queixo de Leandro. Olhava-o com ternura.

_ Promete que dessa vez não vai fugir?

_ Palavra de escoteiro._ Leandro respondeu, dando um selinho em André. Esse se afastou, indo até a bagagem, onde retirou uma carreira de camisinhas e um vidro de lubrificante.

_ Eu sou um homem prevenido.

Voltaram a se beijar com desejo. Entre carícias e beijos, suas roupas foram parar no chão. Deitaram na cama nus. Beijaram-se roçando os seus membros rígidos e melados um no outro.

_ Quer ser o ativo ou passivo? Rola um troca a troca?

Leandro se viu sem respostas, nunca havia sido ativo antes e nunca teve vontade de ser. E não seria com André que isso aconteceria.

_ Eu prefiro ser passivo.

_ Beleza.

André o virou de costas, começou a beija-la, descendo a língua até chegar nas nádegas.

_ Que delícia! Nem acredito que vou comer esse cuzinho.

Leandro ficou de quatro com as penas abertas. Sentiu os dedos de André o lubrificando e penetrando.

O pênis entrou aos poucos, vestido com o preservativo. Era a primeira vez que Leandro era comido encapado e sentiu um leve desconforto. Mas se sentiu bem por estar seguro.

Os movimentos começaram devagarinho e foi aumentando com o tempo, até chegar a um ritmo frenético. A essa altura, Leandro rebolava, gemendo, sentindo a próstata ser tocada. André urrava ofegante, metendo com fúria.

_ Você já não é mais apertadinho como antes, mas rebola como uma profissional.

Leandro não gostou de ouvir aquela indelicadeza. Sentiu vontade de interromper o ato, mas desistiu. Resolveu aumentar o ritmo da rebolada para que André gozasse o quanto antes. Para amenizar o seu desconforto, fechou os olhos e imaginou que era Abner quem estava no lugar de André o comendo como se não houvesse amanhã.

_ Vai! Mete tudo vai! Mete mais! Bota tudo, caralhoooo!

André parou um pouco, se sentindo ofendido, pois já tinha metido até o talo. Não tinha a sorte de ser bem dotado como Leandro estava acostumado com Júlio e Abner. Para animar Leandro e compensar o pequeno tamanho do seu pênis, se curvou, deitando nas costas do parceiro, o masturbando enquanto o comia.

André gozou primeiro, gritando como um animal e Leandro em seguida, sentindo a porra do parceiro toda dentro dele.

André se jogou do lado de Leandro, com os braços abertos, de barriga para cima. O pau estava meio molenga e sorria satisfeito. Virou para o lado, ficando em cima de Leandro, que também já tinha se virado de frente.

_ Você foi maravilhoso! Seu nome tinha que ser delícia.

Leandro quis retribuir os elogios, mas sabia que já teve transas melhores e não estava a fim de mentir. Respondeu com um beijo demorado e molhado.

_ O Júlio foi muito sortudo de ter te tido ao lado dele durante todo esse tempo. Mas foi burro em não te valorizar.

_ Eu não quero falar sobre ele.

_ Tudo bem. Vamos falar de você.

_ De mim?

_ Sim, de você. O que está achando da vida de empresário?

_ Ah eu tô gostando muito. É bom ter o meu próprio negócio e tirar dele o meu sustento. Eu me sinto vivo, sabe?_ o tom da voz de Leandro era de paixão e os olhos brilhavam._ Eu não sou um empresário tão bom quanto você, mas quebro um galho.

_ Mas vai se tornar. Que tal voltar a estudar? Eu tenho uma rede de cursos que podem te capacitar a gerir melhor o seu negócio. Muitos ex-alunos meus hoje são grandes empresários.

_ Eu não duvido nada da sua competência e da sua instituição. Mas, no momento, não tenho verbas para investir nisso.

_ Ah e quem falou em dinheiro? Eu estou te oferecendo uma bolsa integral.

_ Sério?!

_ Claro! Leandro, você sempre foi um cara inteligente e dedicado. Até hoje eu fico revoltado por Júlio ter estragado a sua vida profissional. Ele fez isso porque sabe que você seria um empresário mais foda que ele.

_ Engraçado que uma pessoa vive me dizendo isso._ disse Leandro, lembrando de Abner.

_ O justo mesmo seria você ter parte na empresa dele.

_ É...mas não tenho e fico feliz por isso. Deus me livre ter que olhar pra cara do Júlio em ambiente de trabalho.

_ Então, aceita a minha bolsa?

Leandro sorriu e o beijou.

_ Aceito, sim. Muito obrigado.

_ Eu garanto que você sairá formado capaz de gerir qualquer negócio. E será brilhante.

André o tocou na ponta do nariz e o beijou de novo.

_ Então, estou morrendo de fome. Vamos tomar um banho e almoçar num restaurante perto da praia? Tô louco por uma moqueca.

_ Boa ideia.

Passaram boa parte do dia na praia. Leandro deixou que André dominasse o assunto, contando sobre a sua vida nos Estados Unidos, o que para ele foi bom, já que passou horas distraído, ouvindo André falar e esqueceu dos seus problemas.

A noite, depois de transarem no box do banheiro, André o convidou para um luau que acontecia próximo da casa. Leandro aceitou na mesma hora, se empolgando.

Enquanto aguardava André terminar de se arrumar, Leandro sentou na sacada da grande varanda da casa, sentindo a deliciosa brisa da noite estrelada. Para matar o tempo de espera, pegou o celular e entrou no Instagram. Viu que Patrícia havia postado uns stories. Ela estava numa festa, que acontecia num bar. Estava rodeada de amigos. O que mais chamou a sua atenção foi um vídeo em que Abner dançava aparentando estar embriagado.

_ Vai Abner, mostra o seu gingado._ era o que dizia a voz de Patrícia atrás da câmera.

Abner sorriu, fazendo um triângulo com a mão e enfiando a língua dançante entre ele. Todos a volta gargalharam. No próximo vídeo, Abner apareceu abraçando o pescoço de Fernanda e recebeu da moça um beijo no rosto.

Leandro sentiu uma pontada de ciúmes bem fundo no coração.

_ Merda!_sussurrou Leandro, tentando conter a raiva.

"Então ele está com ela e a traidora da Patrícia apoiando." Leandro se reprimiu no mesmo instante, dizendo a si mesmo que não tinha direito de ficar bravo. Mas de nada adiantou. Não conseguia domar os seus sentimentos.

_ Vamos, meu bem?

Leandro se surpreendeu ao receber o abraço de André vindo por trás. Sorriu para disfarçar o nervosismo.

A noite foi tranquila, aproveitou para relaxar e se divertir um pouco.

Ao voltarem para casa, André quis transar novamente. Mas Leandro não gostou da ideia de ser tocado por André. Não estava animado e inventou uma enxaqueca para fugir dos braços do amigo.

Por mais que tivesse desejoso, André demonstrou compreensão. Teve esperança de conseguir no dia seguinte.

Leandro mal conseguiu dormir. Levantou para não ficar rolando na cama e atrapalhar o sono de André.

Sentou no sofá da sala. Estava pensativo enquanto olhava o mar pela janela. Pergunta-ve o porquê não estava satisfeito em estar ali com André. Queria estar feliz e esperançoso. Queria sentir vontade de desejar André.

Sentiu uma saudade intensa de Vanessa. As lágrimas vieram aos olhos, mas não se entregou a elas. Quis ligar para a filha, mas pensou que Vanessa precisasse de um tempo para processar tudo que estava acontecendo.

_ Olha só! Ele caprichou!_ André disse sorrindo diante da mesa de café da manhã que Leandro preparara. Ele vestía somente o short do pijama, exibindo a barriga avolumada e o peito peludo.

_ Não é nada demais. Só acordei mais cedo e resolvi adiantar as coisas. Aliás, eu nem dormi direito.

André o abraçou por trás, envolvendo os braços em sua cintura e encostando o pau entre as nádegas de Leandro se esfregando.

Com o hálito quente, surrou ao pé do ouvido:

_ Se tivesse me dado uma oportunidade, eu teria te dado canseira. Aí você ia dormir feito um anjinho._ terminou a frase dando um beijo na nuca de Leandro. Esses se afastou, agradecendo ao celular por notificar uma mensagem. Era de Vanessa em forma de áudio de 8 minutos.

Vanessa odiava áudios longos e sempre brigava com Leandro quando esse a enviava.

"Isso é uma mensagem ou uma música?" A menina perguntava com ironia.

_ Estranho!

_ O que?

_ A minha filha...deve ter acontecido alguma coisa. Com licença.

Leandro se afastou, indo para o quintal.

Na mensagem Vanessa relatava tudo o que descobriu sobre Júlio e o que aconteceu na festa.

_ Pai, me ajude? Me tire desta casa, por favor?

⏯️ Filha, eu não tô em casa. Estou num lugar longe. Mas estou voltando agora mesmo. Em algumas horas eu estarei de volta e vou tentar resolver isso. Vê se comporta até eu chegar. Beijos, meu amor. Te amo muito.

Leandro ficou aliviado ao ver que Vanessa visualizou e ouviu o seu áudio. Ela mandou um emoji de "ok".

_ Eu preciso ir pra casa, André._ foi a primeira coisa que Leandro disse ao retornar para a sala de jantar.

_ O que houve?_ perguntou André, preocupado.

_ A minha filha teve uma briga feia com o Júlio e o namorado dele. A situação tá complicada. Eu preciso resolver isso.

_ Há alguma coisa que eu possa fazer pra ajudar?

_ Não. Obrigado de verdade. Mas isso é um abacaxi que devo descascar sozinho. Desculpe estragar a sua viagem. Você fica e eu pego um ônibus.

_ Nem pensar. Nós viemos juntos e vamos voltar juntos. Não vai ter graça ficar aqui sem você.

_ Eu vou voltar hoje mesmo.

_ Sem problemas. Nós acabamos de tomar o café da manhã e pé na estrada.

_ Muito obrigado, André.

_ Aliás, quero conhecer a Vanessa. Que tal jantarmos nós três juntos?

_ Eu não sei se é uma boa ideia. A Vanessa ainda não se conformou com o fim do meu casamento com o Júlio.

_ Eu só quero ser legal. Vou deixar claro que sou só um amigo e não pretendo invadir o espaço dela._ André disse com um sorriso simpático que deixou Leandro encantado.

_ Tudo bem. Eu vou tentar convence-la.

Vanessa se surpreendeu quando Valdeia a informou que Leandro aguardava por ela na portaria. A menina pediu que a empregada saísse do quarto.

Retirou uma mala de roupas do closet e desceu as pressas, sem que ninguém a visse. Aproveitou que Júlio estava no escritório e Valdeia na cozinha. Vanessa temia que Júlio impedisse a sua saída.

Assim que esteve diante de Leandro, correu para os seus braços e o abraçou com tanta força que caiu em lágrimas.

Leandro sentiu o peito apertar com dó de ver a filha naquele estado.

_ Pai, me tire daqui! Eu não quero ficar mais um minuto perto do Júlio. Quero morar com você.

_Meu bem, não é assim que as coisas funcionam.

_ Uh, é! Você não quer que eu more contigo?

_ Claro que quero! É o que mais quero no mundo! Mas o seu pai também possui a sua guarda. Eu não posso te levar para morar comigo sem a autorização dele.

_ Eu não quero ficar aqui. Não posso. Eu não consigo olhar na cara dele. Por favor não me deixe aqui.

Leandro sentiu tanta pena da filha, que decidiu ceder.

_ Vamos fazer o seguinte: eu te levo para a minha casa hoje. Mas eu vou entrar em contato com o Júlio para marcarmos uma conversa e chegar a um acordo.

_ Tudo bem. Agora vamos embora daqui.

...

Diante de tantos problemas mais a viagem Leandro estava exausto. Assim que chegou em casa, tomou um banho.

Não havia nada cozido para comer e não tinha ânimo para cozinhar. Por isso, decidiu pedir algo pelo I-food.

_ Que tal uma pizza?_ sugeriu Vanessa._ Por favor, pai. Estamos tão cansados. Eu passei por tantas coisas!

Leandro a olhou franzindo o cenho e cruzou os braços.

_ Tá se aproveitando, né mocinha? Tá bom. Só hoje.

_ Obaaaa!_ Vanessa comemorou dando pulinhos e o beijou no rosto.

Leandro abriu mão de escolher os sabores deixando essa missão para Vanessa. Queria dar um pouco de alegria para a filha.

A garota escolheu os sabores marguerita e portuguesa para a de tamanho 45cm e de chocolate com coco ralado para a brotinho.

_ Você tem que ligar para o Júlio e avisar que está aqui._ disse Leandro, enquanto arrumava os pratos e talhes na mesa, sob a toalha xadrez verde e vermelho.

_ Eu não vou ligar. Não quero papo com ele.

_ Vanessa! Ele precisa saber. Ou você quer que o Júlio enfarte de preocupação?

_ Até parece que ele se importa. Com certeza a essa hora está se esfregando com o talzinho do Luciano.

_ Ele se importa sim. Júlio pode ser o que for, mas não é um pai ruim.

_ Como você diz isso depois de tudo que ele te fez?

_ Vanessa, o meu casamento com o seu pai acabou, mas a sua relação com ele não. Júlio nunca foi um pai ruim. Apesar de trabalhar muito, sempre fez questão de estar presente na sua vida, sempre foi carinhoso contigo, zeloso e nunca te deixou faltar nada, isso inclui coisas materiais e carinho.

_ É isso que mais me dói. Como ele pode me decepcionar tanto. Eu deveria odia-lo, mas não consigo.

_ Você não deveria odia-lo.

_ Mas não foram justas as coisas ruins que ele te fez!

_ Sim. Não foram. Mas eu não quero que você se sinta obrigada a odiar o seu pai por minha causa. Meu amor, quando somos crianças vemos os nossos pais como super heróis e perfeitos. Mas, aí crescemos e percebemos que eles são seres humanos com qualidades e defeitos. E temos que aprender a lidar com o fato de que as pessoas que amamos fazem coisas que nos deixam tristes.

_ É horrível. É uma sensação de traição. Ele me manipulava, mentia pra mim, me usava para te atingir. Eu me sinto uma idiota.

_ Você não é uma idiota. É uma vítima.

_ Pai, eu amo o meu pai Júlio. Mas não gosto do fato dele ser cruel.

_ Eu sei.

Leandro a abraçou e beijou a sua testa.

_ Como eu faço, pai? Não quero lidar com isso. Eu só queria que as coisas fossem diferentes.

_ Mas elas não são. Infelizmente, meu amor, temos que lidar com coisas desagradáveis. Faz parte do crescimento.

_ Lembra quando você lia Peter Pan pra mim? Lembra daquela vez que você me levou na Broadway para assistir essa peça?

_ Claro que lembro.

_ Eu só queria que o Peter Pan fosse real e entrasse voando pela janela do meu quarto e me levasse para a Terra do nunca. Crescer dói demais, pai.

Leandro a olhou, acariciando os cachos dourados. Delicadamente, colava uma mecha de cabelo atrás da orelha da menina.

_ Eu sei que a adolescência é uma fase muito difícil, filha. Sei que pra você está sendo muito complicado passar por todas essas mudanças. Mas quero que saiba que sempre vou estar do seu lado, sempre vou te apoiar e fazer o máximo para cuidar de ti. Eu te amo demais.

_ Eu também te amo, pai.

O celular de Vanessa tocou. Era Júlio.

_ Eu não quero atender.

Leandro pegou o celular e atendeu.

Do outro lado da linha, a voz de Júlio estava nervosa.

_ Como é que é? Onde você está, Vanessa?!

_ Sou eu, Júlio. Vanessa está comigo.

_ Você sabe que levar a minha filha da minha casa durante a semana sem a minha autorização é sequestro não é?

_ Não exagere, Júlio. Vanessa me ligou desesperada. Eu a trouxe para cá para que ela se acalmasse um pouco. Amanhã nós podemos conversar?

_ E por que não me avisou?! Por acaso eu sou algum palhaço?! Era só me ligar, caralho!

_ Júlio, as coisas aconteceram muito rápido. Eu ia te ligar.

_ Ah sei. Você tá se aproveitando da situação.

_ Eu não vou discutir com você. Você pode ir até a livraria amanhã conversar comigo?

_ Tudo bem. Mas o seu amante não vai estar lá né?

_ Ele não..._Leandro ia dizer que Abner não era seu amante, mas decidiu que não deveria a Júlio nenhuma satisfação da sua vida amorosa._ A conversa é só entre mim e ti. É sobre a nossa filha. Que horas você pode ir?

_ Vou pela manhã.

_ Ok, então. Tchau.

As pizzas chegaram alguns minutos depois. Vanessa perguntou a Leandro como foi a viagem e esse contou as melhores partes.

_ Inclusive, o André gostaria de te conhecer. Ele quer marcar um jantar.

_Você tá namorando esse tal de André? Eu vou mesmo ter que aturar esse cara?_Vanessa perguntou cruzando os braços.

_ Não estou namorando o André ainda. Mas eu não sei o que será daqui pra frente. Só acho que seria bom você ter uma boa convivência com ele. O André gostaria muito de te conhecer. Ele é uma boa pessoa.

_ Você está feliz com ele? Ele te trata melhor do que o meu pai Júlio te tratava?

Leandro fez um sinal positivo com a cabeça.

_ Sendo assim, eu aceito ir jantar com vocês. Afinal, depois de tudo que você passou com o meu pai, você merece ser feliz

Leandro sorriu e a abraçou forte. Estava tão feliz.

Júlio chegou no horário combinado. Estava vestido com roupas informais, calça jeans, blusa azul de botons e cheirava muito bem.

Leandro pediu para que o acompanhasse até o escritório da livraria, deixando Patrícia encarregada de tocar o estabelecimento.

Leandro falava pausadamente, explicava que sabia de tudo e como a Vanessa se sentia.

_ Júlio, eu acho que diante de tudo o que aconteceu, o melhor é respeitarmos a vontade da Vanessa e ela vir morar comigo por um tempo. Vanessa é só uma menina. As nossas brigas sempre a afetaram. Seria bom pra ela que tivesse o tempo que está pedindo. Eu vou me esforçar o máximo para cuidar da nossa filha. _ Leandro argumentou com tom de voz calmo e um olhar quase suplicante. Queria resolver de uma vez aquela situação desagradável.

Mas se desconcertou ao receber o olhar de cobiça de Júlio, que o observou por completo do mesmo jeito fazia quando queria transar na época que eram casados.

_ Eu posso até ceder ao seu pedido, mas isso terá um preço. Só uma rapidinha num motel agora e eu deixo a Vanessa se mudar para a sua casa hoje mesmo.

Naquele instante, Leandro sentiu o ódio arder no seu peito, deixando a sua respiração ofegante, fazendo com que o seu peito subisse e descesse no mesmo instante.

_ Como você pode ser tão nojento?! Tá usando a nossa filha pra me chantagear?

_ Cada um usa a arma que tem.

_ Vanessa não é uma arma!

_ Ah, é mesmo?! Então por que você está a usando contra mim?

_ Eu? Tá louco?!

_ Você sim! Você fez a minha caveira com ela, a tirou da minha casa às escondidas. O que você tá querendo?! Cansou de bancar o proletariado e quer usufruir da pensão da Vanessa?

_ Eu não quero porra de pensão nenhuma! Enquanto a Vanessa estiver na minha casa ela não vai precisar do seu dinheiro.

Júlio deu uma gargalhada tão alta que fez Leandro tremer de raiva.

_Ah Leandro, até parece que você tem peito para bancar a Vanessa. Aquela garota é cara. Você com essa livrariazinha de merda vai pagar 4 mil reais de mensalidade da nova escola? Sem contar os cursos, roupas de grifes, cabeleireiro e por aí vai. Eu garanto que ela não aguenta viver um mês naquele seu muquifo que você chama de apartamento.

_ Você é tão esnobe. Tá pior do que os meus pais, que você tanto criticava.

_ Não me compara com aqueles desgraçados!

_ Você além de filho da puta, desgraçado e miserável é um hipócrita! Sempre reclamou que os meus te tratavam mal por ser pobre e você está fazendo o mesmo comigo. Pois saiba que apesar de eu não ter nem a metade do dinheiro que você tem, é comigo que a Vanessa quer morar. E mais, eu nunca vou me deitar com você. Tenho nojo.

_ Ah é? Não adianta espernear. Eu sei que você gosta do meu pau._ Júlio disse com um sorriso no canto da boca.

_ Do seu pau?! O que adianta ter pau grande e não saber usar? Eu passei anos me conformando com o pouco que você me oferecia. Até que provar coisa melhor e saber o que é bom de verdade.

Júlio arregalou os olhos de raiva.

_ Pelo menos eu levei alguma vantagem dos chifres que você me deu. E que vantagem!

_ Ah como eu queria tirar esse seu sorriso na base da porrada.

_ Tenta a sorte._Leandro o desafiou arqueando uma das sobrancelhas e sorria sarcástico.

Júlio o olhava com toda a raiva que acumulava em seu coração. Desejava rasga-lo com brutalidade como se fosse uma folha de papel.

_ A conversa se encerra por aqui. E pode ficar com a Vanessa durante os dias de semana. Nos fins de semana ela é minha. Quero só vê por quanto tempo ela vai aguentar a sua miséria.

Júlio saiu furioso batendo a porta.

Assim que ele saiu da livraria, Patrícia subiu correndo, aproveitando que não havia clientes.

_ Lê, homem do céu! O que aconteceu aqui? O Júlio saiu feito um furacão!

_ Eu fico me perguntando o que me fez um dia gostar daquela criatura pavorosa. Sinceramente, amiga, não vejo a hora da Vanessa crescer e se tornar uma mulher independente. Assim nunca mais vou precisar ter contato com aquele miserávelNo dia seguinte, quando Leandro chegou na livraria encontrou Abner apoiado no balcão as gargalhadas com Patrícia. Ele olhava de um jeito tão carinhoso para a mulher que Leandro se sentiu um pouco incomodado.

_ Bom dia.

Os dois responderam secamente e prosseguiram no assunto.

_ Ai, meu deus! Eu esqueci! Hoje é o dia da reunião de pais na escola do Dudu. Lembra, Léo que te pedir pra ir? É aqui pertinho. Daqui a pouco eu estou aqui.

_ Tudo bem, Patrícia. Pode ir.

_ Se você quiser, eu te levo de moto.

_ Ah Abner que gentil! Obrigada...mas isso não vai te incomodar?

_ De jeito nenhum._ Abner sorriu pelo canto da boca, de um jeito safado._ será um prazer.

Leandro não gostou de ver aquele sorriso que sempre era destinado a ele, ser para a amiga.

_ Eu só vou lá em cima tirar o uniforme e pegar a minha bolsa.

Abner acompanhava os passos de Patrícia com o olhar.

_ Ela não é para o seu bico.

Abner olhou para Leandro de um jeito interrogativo, como se Leandro fosse uma criança boba.

_ Patrícia está solteira. E todo mundo sabe que você gosta de gente casada. Destruir casamentos é a sua especialidade.

_ É... você tem razão. Mas a Patrícia é gata demais, então, pra ela eu abro uma exceção._ Abner provocou, deixando Leandro ainda mais enciumado.

_ A Patrícia é uma ótima pessoa e minha amiga querida. Ela não merece um cafajeste feito você. Que tal investir na Fernanda? Ou vocês já transaram?_ Leandro aproveitou a situação para matar a curiosidade.

Abner se aproximou de Leandro sorrindo, aproximou a boca de seu ouvido, o que fez sentir o corpo inteiro se arrepiar.

_ Não é da sua conta._ Abner sussurrou, em seguida foi em cheio com a mão na bunda de Leandro apertando com força. Esse se viu sem reação diante da ousadia do ex amante, que o olhava com um sorriso ousado, cheio de si. Quando pensou em dizer algo, Patrícia desceu as escadas o chamando para irem.

_ Tchau, Le. Até daqui a pouco.

Patrícia se despediu de Leandro dando três beijos em sua face.

Para provocar Leandro, Abner envolveu o braço no ombro de Patrícia e saiu abraçado com ela.

_ Ridículo! _ exclamou Leandro girando a cabeça negativamente.

...

Foi no colégio que Vanessa contou a Marcinha que estava vivendo na casa de Leandro e que não pretendia sair de lá tão cedo.

_ Ah que pena! Vou sentir a sua falta lá no condomínio.

_ Mas você pode me visitar, mulher. Que tal ir lá em casa hoje?

_ Ah não sei. A minha mãe cismou que devo malhar. Acho que vou hoje.

_ Deixa de ser mentirosa, puta! Você odeia malhar. Você está é com preguiça isso sim. Eu sei que quando você sai daqui corre para casa pra dormir.

_ Amiga, outro dia eu vou.

_ Vai rolar almoço.

_ Sério?! O seu pai vai fazer estrogonofe de frango?

_ Posso pedir.

_ Então eu vou. Mas deixo claro que é covardia da sua parte tentar uma taurina com comida.

Depois das aulas foram para a casa de Leandro. Almoçaram e foram para o quarto de Vanessa assistir a um filme.

Marcinha percebeu que a amiga estava ranzinza e de mau humor. Tudo a irritava.

_ Credo, Vanessa! Tá de ovo virado?

_ Sim, Marcinha! Eu tô de ovo virado, eu tô virada na jiraya e tô com a macaca. Tô muito tempo na seca! Preciso dar!

_ Baixa o Tinder, amiga e apaga esse seu fogo.

_ Eu não quero os caras do Tinder. Quero o Pedro. Tanto tempo que não vejo aquele desgraçado.

_ Ai, amiga, o Pedro é um safado.

_ Isso não é problema. Eu também sou safada. Você tem notícias dele?

_ Bom...o Pedro tá quase namorando.

Vanessa tomou um choque. Não esperava por isso. Ela sabia que Pedro era safado, mas o garoto sempre disse que não queria se envolver numa séria com alguém.

Para não ficar por baixo, Vanessa tentou fingir que não se importava. Mas, sentia ciúmes.

_ Parabéns para ele. E meus pêsames para a corna. Quem é ela?

_ Aí que vem o X da questão. Você não vai acreditar.

_ Quem, mulher?!

_ A Débora.

_ Débora?! Que Débora?

_ Débora Palhares, da nossa escola.

_ A ridícula homofóbica?!

_ Essa mesma.

_ Gente, o Pedro achou o pau no lixo?

_ Ela é da mesma paróquia que a mãe do Pedro. Aí as famílias incentivam o namoro. Você sabe que a mãe dele não gosta de você. E com aquela história do Júlio agredir o Pedro ela te odeia mais ainda. Prefere a Débora.

_ A mãe do Pedro é uma homofóbica. O problema dela é que eu sou filha de dois homens. Quer saber? Que se foda o Pedro, a mãe dele e a ridícula da Débora. Eu não tô nem aí. Se merecem.

_ Amiga, seja sincera. Eu sei que você gosta dele.

_ Eu não gosto. Ele é só uma transa. E isso eu consigo por aí. Sou jovem e bonita mesmo. O que não me falta é homem.

....

Voltamos ao dia anterior.

Luciano chegou em casa pelo fim da manhã. Estava exausto e ainda aborrecido.

Ao entrar, na sala se surpreendeu ao ver um bolo de chocolate em cima da mesa. Sobre ele havia uma vela de vinte e cinco anos. Na parede em frente a mesa, havia um cacho de balões coloridos.

Irene estava sentada e o olhava decepcionada.

_ Isso são horas de chegar em casa?! Esqueceu que tem mãe, caralho!_ gritava Irene._ Ontem foi o seu aniversário! Eu preparei tudo isso pra você e fiquei te esperando feito uma palhaça!

_ Não precisa gritar. Eu tive um dia péssimo. O Júlio fez uma festa surpresa pra mim, mas a filha dele estragou tudo, mãe. Foi humilhante.

_ Bem feito! Ela deveria ter cuspido na sua cara!

_ O quê?!_ Luciano a olhava decepcionado._ É sério mesmo isso que você está dizendo?!

_É isso mesmo que você ouviu. O que você tem na cabeça? Era o seu aniversário! Você tinha que passar comigo!

_ Mãe, eu não sabia que o Júlio iria fazer a festa. Houve a confusão e eu fiquei perdido sem saber como agir. Dar para respeitar?

_ Você é um idiota! Um burro que está se deixando levar pela lábia do Júlio. Deixe de ser imbecil! Pra mim já deu. Nós vamos embora. Vamos morar na Bahia. Eu já vi o preço das passagens e vou cuidar de tudo para morarmos lá.

_ Eu não vou.

_ O quê? Você vai sim!

_ Não vou! Eu já tenho 25 anos e sou dono da minha própria vida! Se você quiser ir, vá mas eu fico.

_ Você quer ficar com ele não é?

_ Quero. Eu gosto do Júlio desde que eu era criança. E quero sim ficar com ele.

_ Mas ele não quer ficar com você.

_ Aí que você se engana! Ele me pediu em casamento!_ Luciano disse mostrando o dedo com a aliança de noivado.

_ Você está estragando tudo! Será que não ver que esse homem está te usando?

_ Eu não discutir com você.

Luciano foi andando em direção ao corredor, que dava acesso aos quartos.

_ Se você insistir em ficar com ele, eu vou entregar o vídeo á polícia.

Luciano se virou para a direção da mãe.

Tomado por tanta fúria, a pegou com brutalidade pelo pescoço e a jogou contra a parede.

_ Não se atreva a destruir a minha vidaaaa!

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Comentários

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Não comentei os últimos capítulos porque a história deixou de o ser, para se tornar numa confusão de muitas histórias. Hoje foi o culminar de uma situação que já se vinha arrastando e que outros comentadores também sentiram, tal como disse o Garoto Exemplar. Qualquer história tem que ter princípio, meio e fim. Nesta altura do conto, não faz sentido criar novas personagens e muito menos novas histórias dentro da mesma história. Em Portugal chamamos a isto o folhetim da Gata. Quando ainda não existia televisão e as rádios difundiam os "folhetins" que eram contos narrados pelas personagens, tal como no Teatro, mas sem imagens. Ouviam-se os sons ambiente, desde o arrastar de cadeiras até aos passos das personagens, a chuva, o vento, os trovões, as músicas de fundo, e os diálogos entre as personagens. Por vezes até se ouvia as personagens a narrar os próprios pensamentos. Numa época em que mais de 80 % da população não sabia ler, os folhetins da rádio fizeram furor e conquistaram audiências enormes. A publicidade era vendida a peso de oiro nos intervalos desses folhetins, pelo que prolongavam de uma forma tremenda os folhetins. A Gata, foi uma destas histórias difundidas na rádio em folhetins diários que nunca mais acabava. Daí em diante, quando as histórias, sejam elas contos, romances, dramas, novelas televisivas, que parecem que nunca mais têm fim, chamamos-lhe o folhetim da Gata. Está mais do que na altura de por fim a esta história. Eu até apreciaria bastante que o autor nos presenteasse com uma segunda temporada desta história. Mas primeiro acabe esta para depois começar a outra. Tornar este belíssimo conto numa história da Gata, seria destrui-lo literariamente. Está mais do que na altura de arrematar todas as pontas desta história, para depois começar uma nova, introduzindo mais personagens, porventura dando continuidade a alguns pontos desta, propositadamente deixados em aberto, para atrair os leitores para uma eventual 2ª temporada. Mas primeiro do que tudo ponha fim ao presente conto e livre-nos deste jogo do empata. Faço este comentário pelo apreço que este conto despertou em mim, apesar de não o ter apreciado logo de início. Depois de me ter conquistado não gostava nada que o autor desperdiçasse o seu enorme talento em mais uma história da Gata. Este comentário pretende ser um incentivo para que o autor faça o ponto da situação. Não é um comentário depreciativo mas sim construtivo. A prova é que vou dar a pontuação máxima.

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Gostei da expressão de história da gata. Vou usar isso KKKK. Não se preocupe. A história terá as pontas amarradas e tudo será resolvido. Essa história não terá segunda temporada. Será uma história única, com um fim definitivo. Depois dessa vou me dedicar a outras. Mas nada do que aconteceu nesse capítulo foi atoa. Mais pra frente fará sentido. E já estamos na reta final

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Adoro essa historia acompanhando desde o inicio, torcendo e sofrendo, também achei que estamos num momento muito morno mas espero por grandes reviravoltas com todos personagens e confesso que sou fã do Abner, ainda não sei se ele merece mas curto muito pelo sucesso do casal. Acho que ele ama de verdade e está tentando provocar ciúmes.

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Concordo com os comentários abaixo mas é óbvio que não vou deixar de acompanhar.

Pedro namorando? Essa é boa vamos ver se isso vai durar até uma certa festa VIP hahahahahahaha ( interna entre escritores)

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O Pedro que você se refere seria quem?

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O cara pra quem a Vanessa quer dar e comenta com a Marcinha.

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Eu também acho e conhecendo essa filha de Arthur ela vai aprontar. Eu quero saber mais sobre Tamara que foi mecionada

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Que capitulo espetacular quando fui avisado que tinha conto fui ler junto com meu esposo e que conto espetacular respeito a opinião de GarotoExemplar mas não acho estagnada. Acho sim que ela está bo ritmo certo e que deve ser eu não li os outros contos ainda estou lendo Verdades Secretas mas uma coisa eu afirmo Arthur Miguel é um autor que surpreende ele é uma caixa de surpresa

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E ele É! Por essa razão o meu comentário, eu sei o potencial do Arthur e estou lembrando isso. Acompanho desde o 1º conto ☺️

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A história PRECISA de upgrade!!

Está há vários capítulos estagnada, repetitiva e não se desenvolve. Nada acontece.

Veja bem: AMO SUAS HISTÓRIAS! tu sabe! Essa aqui é ótima, só que não parece está se desenvolvendo porque nenhuma questão foi resolvida (o divórcio, a maternidade da Vanessa, Abner, esse André que chegou pra nada, o Júlio e os crimes, o Luciano e a mãe, os pais do Leandro....) Nada disso foi minimamente solucionado. Está parada a história.

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Vc tem razão. Este capítulo foi uma ponte para o acontecimento do próximo. Prometo que a partir do próximo se desenrola mais. Sobre André, ele não entrou pra nada. Esse curso que ele ofereceu a Leandro vai resultar em algo que vai acontecer lá na frente.

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