A chuva ainda era violenta, meus olhos estavam marejados. Eu fugi por Ns motivos, eu queria viver, não queria ficar paranóico como ele iria ficar, mas acabei sendo pego por um descuido que tive.
Ficamos em silêncio o trajeto todo, Benjamin estava ao celular e ele tocou sua em minha perna, eu não o encarei e ele apertou a mesma.
"Você está bem?"
Eu sorri de escárnio para ele? A pergunta me fez querer pegar uma faca e corta a sua garganta, eu fui controlado, eu tive que assinar um contrato dizendo que eu era sua propriedade, que eu não passava de um escravo sexual, que eu seria o que ele precisasse ou necessitava.
"O que você acha?"
Ele engoliu alguns palavrões. Retirou sua mão da minha perna e voltou a falar com quem que fosse ao celular.
Estacionamos num shopping Manauara os guarda costa saíram do carro e abriram as portas para mim e para ele.
"Me dê sua mão."
"Por que você está fazendo isso? Qual o jogo dessa vez? Você está sendo ameaçado e quer me usar de escudo? Quer ganhar mas alguma aposta?"
"Apenas me der sua mão e vamos ser um casal normal."
"Não, eu tô cansando disso Benjamin, não somos um casal normal, eu fugi, eu me escondi de você por oito anos e você me achou. Eu não volto pra aquela casa."
Benjamin me jogou para a porta do carro, minha cabeça bateu com força ao vidro do carro, meu corpo sentiu o impacto. Ele apertava meu pescoço com sua mão, e eu tentava sair.
"Olha aqui sua vadia, estou realmente perdendo a paciência, você me causou um prejuízo enorme fugindo de mim e se escondendo por anos, eu passei ser ridicularizado por não conseguir manter um mascote nas minhas rédeas, agora você fica calado e vai me obedecer, você vai sair daqui como se estivessemos apaixonados. Você me entendeu?"
Ele solta meu pescoço, eu tentava puxar o ar de volta para meus pulmões que dançavam como se estivesse bolinhas de isopor voando por ele, meu corpo se contorcia de dor.
"Ande. Porque temos muitas coisas para fazer ainda."
Ele estendeu a mão e peguei. No fundo da minha mente eu tive que puxar uma coisa, uma coisa que eu tinha guardado a sete chaves, um personagem que eu jamais queria voltar a ver, e ele apareceu.
"Bem meu amor, o que vamos fazer agora?"
A voz tinha mudado, eu parecia ter acordado de um sono que tive, aqui estou na frente do homem que tanto desprezo. Eu acordei para salvar o Daniel, prazer em me conhecer, me chamo Richard.
"Vamos? - perguntei para Benjamin."
Ele me encarou e sorriu.
Daniel por muito tempo teve crises de medo e pavor enquanto estava morando com Benjamin e sua família louca, então ele adquiriu uma nova personalidade, no caso Eu. Richard Chaves, eu assumi por muito tempo e joguei com Benjamin um jogo perigoso para salvar este corpo em que habito.
Pessoas estavam no olhando e tirando foto, não sei qual a trend do twitter que eles fariam, mas eu precisava mostrar que estava bem, apertei a mão de Benjamin por reflexo.
"Oi?"
"Nada, eu queria pedir desculpas por lá embaixo, eu só estava ficando um pouco confuso pelo o que aconteceu. - Eu estava enferrujado, tinha passado por oito anos sem aparecer e ainda mas da última vez que vim não foi muito bem recepcionado. Eu chego perto dele e o abraço. - isso nunca mas vai acontecer."
Benjamin me beijou.
"Eu amo você."
"Eu também. - respondi para ele com a voz mas meiga em que pude ter. - Bem, olha minhas roupas, estou precisando de algumas coisas novas."
Ele sorriu. Benjamin queria um troféu e disso eu sabia e abusava disso, ele queria mostrar o quão bondoso e desejado eu poderia ser, e porque eu tinha o escolhido para ser meu esposo. Benjamin queria ser bajulado, uma criança mimada que não sabia o que era um não, eu sorri para aquele imbecil.
"Do que está rindo? - a voz dele me trouxe de volta do delírio que tive."
"Apenas de você. - Ele franziu a testa. - De como você fica quando está comprando algo novo pra mim. Seus olhos brilham."
Benjamin sorriu tímido, e aquilo me enojou, entrei nas boutiques mais caras que tinha no shopping e comecei a procura roupas, se ele queria começar um jogo novo eu tinha que estar pelo menos bonito e preparado dessa vez.
Sacolas e mas sacolas de roupas saiam de cada loja que eu entrava, os guarda costa andavam com ela para cima e para baixo. Benjamin não ligava para o quão estava gastando, ele era um herdaradario, uma pessoa que até sua oitava geração não precisaria trabalhar e poderia gastar o quão quisesse que ainda teria dinheiro.
Passei na frente da Apple e olhei o novo celular que eles tinham.
"Amor, já que estamos comprando muita coisa nova porque não um celular novo, esse que estou esta batido já."
Ele sorriu como se dissesse que estava gostando do teatro que estava fazendo, por relance eu vi um rapaz nos encarando e disfarçando, mas eu diferente de Daniel era mas esperto e inteligente.
O empurrei devagar para a loja e peguei o celular mas caro.
"Tem alguém nos vigiando. - Ele me encarou. - De camisa azul e cinza do lado de fora, do outro lado perto da Ramsons. Eu percebi ele faz uns 10 minutos por isso compramos muitas coisas, queria ter certeza que estava nos seguindo e ele está."
Benjamin sorriu satisfeito com minhas perspicaz, ele chegou bem perto de mim e sorriu e disse baixinho.
"Muito bem, é por isso que preciso ter você do meu lado, é muito mais esperto e rápido que meus guarda costa. - Ele encarou o celular. - Oh meu amor, tudo bem? Eu vou levar um desses aqui, qual cor quer amor?"
"Eu vou quer esse azul escuro mesmo. - Eu olho mas algumas coisas. - Vou precisar de uns fones novos e um computador novo, pode me mostrar um bom?"
Ela andou e estava falando de como o computador era bom e de relance eu reparei que o rapaz era asiático, os traços forte, musculoso mas não exagerado, deveria ter um metro e oitenta, seus cabelos lisos e óculos de contato falso.
" Vocês vão pagar quantas vezes no cartão?"
"Vai ser a vista. - respondeu Benjamin. A mulher pegou a máquina e ele passou o cartão. - Ele vai deixar o celular dele aqui pra ser configurado, pode ser?"
"Pode sim, a senha que precisamos que crie antes."
"Tudo bem eu crio. - Peguei o celular e comecei a configurar ele. - Porque vai estar fazendo isso?"
" Se ele está nos seguindo vai querer ver o celular ou roubar o mesmo. Agora que estou com você todos sabem que estarei muito mais protegido. E vamos mandar um recado para quem mandou ele."
Benjamin sinalizou para seus guardas e todos saímos do estabelecimento, e descemos para almoçar.
"Eu não o vi mas em nenhum canto, acredito que ele já saiu de nossa vista. - Falei enquanto tomava um gole de meu refrigerante. - Você sabe quem poderia estar mandando gente assim?"
Benjamin tomou um gole de sua cerveja e se ajeitou na cadeira, os guardas estavam ao seu lado em pé, as pessoas passavam e nos encaravam. A sorte é que ele não parecia da máfia, não para os olhos deles.
"Existe um novo "Rei" vindo da Ásia, ele é jovem e habilidoso, tomou o poder de muitas empresas e o submundo está prosperando agora aquele lado, nós tombamos e nós desentendendo algumas vezes."
"Deixa eu adivinhar, ele não quis dar pra você ou te comer."
Benjamin revirou os olhos.
"Ele está querendo tomar certos empreendimentos meus."
"Quando você disse empreendimentos, quer dizer o submundo que você controla?"
"Sim. Existe uma guerra acontecendo lá fora e estamos no meio dela, se eu não souber jogar, vamos acabar perdendo todas as peças fundamentais. - Ele encarou o seu prato de comida. - Meu pai pode ainda está velho mas está ciente do que vai acontecer, meu irmão está tomando conta de algumas lealdades, e tendo você ao meu lado vou poder ganhar esse jogo."
Eu ri de deboche. Então era por isso que ele veio atrás de mim, estamos numa guerra e ele precisa de uma pessoa leal a ele para o servir.
"Você não acha que eu não sou uma pessoal legal? Já que fugi e fiz você perder dinheiro com minha fuga? Porque está aqui implorando por minha ajuda?"
Benjamin sorriu, e naquele momento eu tive medo dele, seus olhos brilharam numa intensidade violenta.
"Porque você é o único que pode me fazer ganhar essa guerra, usar você e seus dotes de estratégia irá mudar o jogo ao meu favor. - ele sorriu e jogou um celular descartável na mesa e peguei ele, era uma transmissão ao vivo. - Você vai me ajudar, ou seu protegido vai morrer."
A filmagem era da clínica que o namorado de Daniel estava, uma arma apareceu bem na filmagem.
"Eu falo alguma coisa agora pelo meu fone e ele morre, sou poderoso o bastante para inventarem um tiroteio ou algo pior."
A arma estava com um silenciador. Barganhar, barganhar, barganhar, minha mente gritava ou a voz inconsciente de Daniel gritando em meus ouvidos. Eu suava frio, meu coração disparava como um alarme tocando várias vezes.
"Atirador…"
"Serei seu escudo e lança, serei sua bala certeira no peito de seu inimigo, serei a morte e o terror ao levar seu nome em campo, sou e sempre serei seu servo leal e fiel. Minha vida, minha alma e meu futuro pertence ao senhor, hoje e sempre."
Os guarda me encararam, Benjamin estava satisfeito com o que ouviu, eu tinha acabado de selar novamente um tratado de fidelidade até a morte com Benjamin, a ser um servo fiel.
"A lei da casa principal está em vigor e você está novamente aos meus serviços. - Benjamin tomou um gole de cerveja e seus olhos brilharam ao ver que tinha mas uma peça em seu jogo. - Isso vai ser emocionante em ver como vamos jogar dessa vez. Pode baixar a arma."
Tentei segura o choro, não era meu cheiro, inconscientemente Daniel estava chorando, ele estava sentindo todas aquelas emoções, eu queria estraçalhar a garganta daquele filho da puta e jogar para os tubarões comerem seus restos.
Me controlei para não dar bandeira, olhei ao longe e vi o cara que estava nos seguindo no segundo piso bem na frente do banco da caixa, ele tomava um milk shake e olhava tudo e fingia que estava no celular.
"Eu tenho uma condição. - Benjamin chegou mais perto. - Você vai dar proteção ao garoto, uma pensão de 10 mil a cada 15 dias, a casa que comprou e mobiliou hoje vai ser para ele, dois carros e uma moto que vai passar ao nome dele, você vai deixar ele vivo e bem até os fins de seus dias."
"Nossa, o que ele fez a você? Comeu você bem? Deixa eu adivinhar, você era submisso a ele de tal forma que o fez se apaixonar? Daniel…"
"Cale a boca Benjamin. Eu faço o que quiser se você aceitar esses termos. Meu juramento está de pé, eu mataria por você e acabaria com qualquer um, mas me prometa que vai fazer sua parte nesse acordo?"
Benjamin ficou sério, como se eu tivesse dado um tapa em sua cara, como se tudo que eu falasse ele apenas entendesse que eu estava o desafiando. Os guardas costas ficaram tensos, ninguém levantava a voz para aquele homem, mas eu estava cansado daquilo, ele fez eu nascer de uma forma que detesto. Eu fui forçado a aprender a matar a sangue frio, a atirar como um sniper, a ser um espião, torturado e amordaçado quando desobedecia, um soldado de elite, aquele filho da puta irá ainda me pagar tudo que fez.
"Como senti falta dessa carinha de bravo que você faz. - Benjamin deu uma gargalhada fria. - Eu topo, a partir de hoje aquele garoto está sob minha proteção, tudo que você pediu vai estar feito, me de apenas esse dia. Mas você nunca mais vai vê lo, você tem hoje a noite para se despedir dele. Magnus vai com você e não passe mas do que o necessário. Não traga nada com você. - Ele se levantou e virou para onde o rapaz estava. - Pegue ele e levem até meu apartamento, o prendam e deixe ele para o senhor Daniel…"
"Richard, me chame a partir de hoje de Richard."
"Tanto faz, levem ele e você vai fazê-lo falar. Hoje a noite começa o projeto para acabar com esse Wu. - Ele se levantou. - Eu fazer algumas coisas, Magnus leve Richard para o trabalho e fiquei o esperando. Assim que estiver tudo ok eu mando tudo para seu tablet. Você conseguiu o que queria e eu tenho o que quero, nós dois saímos ganhando, agora vadia, tente me desafiar ou me trair que vou matar seu namorado na sua frente e depois espalhar o sangue dele todo em você e despedaçar pedaço por pedaço e espalhar pela cidade toda."
Benjamin me deixou ali com o meu novo guarda costa e saiu andando como se nada tivesse acontecido. A raiva rugia em meus ouvidos e respirei fundo. A imagem de Daniel apareceu bem em minha frente, ele estava prostrado de joelhos no chão chorando.
"Ele ganhou, enfim ganhou o jogo."
"Não, aquela vadia não ganhou nada. - respondi para Daniel que estava chorando a soluçar em minha frente."
Magnus tossiu.
"Vamos senhor."
Eu levanto da mesa e fecho meus punhos com força até os nós dos meus dedos ficarem brancos, eu ia matar Benjamin.