UM VENEZUELANO NA MINHA VIDA - 8: Teus Sentimentos

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Homossexual
Contém 2617 palavras
Data: 10/09/2022 04:10:53

"Isso nunca aconteceu", disse Ian antes de sair do elevador. André catou suas roupas no chão e saiu logo depois. Apesar de tudo, ele aproveitou a noite da melhor maneira possível. Ao chegar em casa, André, se certificou que o irmão estava dormindo. Em seguida, tomou banho e lembrou dos beijos de Ian. Aquela noite, André nunca esqueceria. E isso, seria um grande problema no futuro.

Agora, Noslen, o venezuelano desmemoriado, tinha um sobrenome. Logo pela manhã, ele utilizou o notebook de Enzo para fazer uma pesquisa online, o que não deu muito certo. Não havia na rede, informações sobre Noslen Fuerte. Enzo, por outro lado, mesmo prometendo ajudar o amigo, tinha medo de perdê-lo. Os últimos dias fizeram um laço especial crescer entre os dois.

— Bom dia, crianças. — desejou Erick entrando com uma sacola cheia de pães e doces.

— Erick? Acordou de bom humor, que bom. — disse Enzo, sentando ao lado de Noslen. — Eu trouxe comida do aniversário. Não precisava comprar nada.

— Eu queria, afinal, você deve estar com muita fome, né? — questionou Erick piscando para Enzo.

— Babaca. — soltou Enzo tacando um travesseiro na direção de Erick.

— Alguma sorte com o teu sobrenome? — quis saber Erick colocando as compras na mesa.

— Ainda não, mas estou feliz em lembrar desse detalhe.

À noite manauara fez surgir casais inesperados, Popi acordou em um quarto diferente, e se assustou, pois estava pelada. Ela pegou sua calcinha e sutiã, vestiu e começou a procurar suas roupas. Iara entrou e deu um susto na ficante. A irmã de Ian trouxe o café da manhã para a moça. Croissants, geleia de morango, bolo de laranja e suco de cupuaçu e, claro, um café que deixou o ambiente perfumado.

Sem conseguir conter o riso, Iara, pediu para Popi tomar café. A funcionária de Enzo, respirou fundo, olhou no relógio e viu que ainda tinha alguns minutos. Ela sentou na cama, e com todo cuidado, Iara, apoiou a bandeja de madeira. Popi serviu café, e não resistiu aos croissants, elas conversaram sobre o que aconteceu na noite anterior.

— Então, o que achou? — perguntou Iara.

— Diferente, né. Foi a minha primeira vez. — revelou Popi, antes de abocanhar mais um pedaço de croissant.

— Sério? Parecia uma profissional. — ressaltou a irmã de Ian.

— Eu não... — tentou falar Popi, mas ficando vermelha como uma pimenta.

— Relaxa. Aqui é um espaço seguro. Sem julgamentos.

Entre um recado e outro, Erick e Celina iam passando o dia se conhecendo. Ela trabalhava em uma loja de artigos esportivos, sempre que dava, fugia para conversar com o irmão de Enzo. "Você ficou linda com aquele vestido", disse Erick, enquanto preparava um shake de proteínas. Na sala, Noslen continuava na missão de pesquisar a origem de seu sobrenome, Fuerte.

Enquanto isso, Enzo visitou a Tech Land. Por causa de Noslen, ele se distanciou um pouco do trabalho e deixou Ian no comando. Para a sua surpresa, as coisas estavam ótimas, até demais. Os números subindo, a quantidade de clientes novos dobrando e Ian, do seu jeito, não deixava isso passar em branco.

— Enzo. — fingindo uma alegria e abraçando Enzo. — Que saudades. Você viu no quadro? Dobramos o número de serviços novos e, nos últimos dias, conseguimos aumentar o número de downloads.

— Eu percebi. Parabéns. — disse Enzo se afastando de Ian.

— Graças a Deus. Escuta, falei com os nossos investidores e adivinha? A gente vai conseguir criar aquele setor de marketing. — soltou Ian sentando na cadeira que era de Enzo.

— Nossa, você acha que isso é bom? — questiona Enzo ainda em pé.

— Claro que é. Sente-se, querido, por favor. E o que você faz aqui? — pergunta Ian sorrindo de forma falsa.

— Ah, só queria ver as coisas. Nunca passei tanto tempo longe da Tech Land.

Depois de uma conversa sobre os novos planos para a empresa, Ian inventou uma reunião qualquer e saiu. Enzo entrou na sala de André. O rapaz estava inquieto. Enzo, o conhecia a tempo demais para perceber que o amigo escondia algo. André acabou contando o caso com Ian e o que eles aprontaram no elevador. A única reação de Enzo foi rir, depois de se recompor, ele quis saber mais detalhes sobre a noite de amor entre os dois.

André lembrou do dia em que ficou preso no elevador com Ian. A conversa franca que eles tiveram e a forma como se ajudaram na situação. André revelou que sempre teve sentimentos por Ian, mas o medo falava mais alto. Ao ver que o depoimento de André era genuíno, Enzo o aconselhou da melhor maneira possível.

Eles seguiram para um café, afinal, o desabafo de André continuou. Entre as diversas dúvidas do jovem, a principal era sobre o comportamento soberbo de Ian. Entre os cafés, Enzo também falou a respeito de Noslen. André ficou curioso, afinal, conheceu o venezuelano no aniversário de Délia.

— Que loucura. Não imagino esquecer de tudo. — afirmou André tomando um gole de café. — Quer dizer, eu poderia esquecer do Ian.

— Para. Ele é meio estranho, mas, por exemplo, conseguiu aumentar os números da empresa. — Enzo falou defendendo Ian.

— Vai saber, Enzo. Por que ser adulto é tão difícil? — questiona André, levantando uma das sobrancelhas.

— Essa é uma pergunta que só vamos descobrir vivendo, amigo. — respondeu Enzo, um pouco sem ânimo.

Naquele dia, Popi, trabalhou no mundo da lua. Ela pensou nas carícias e beijos trocados com Iara. Popi imaginou a irmã de Ian como uma sereia que cantou e lhe enfeitiçou. Após consertar um dos computadores, a moça sentou e ficou olhando as fotos que tirou ao lado de Iara. Os sentimentos conflitantes gritavam dentro dela.

A versão FBI de Noslen fracassou muito antes de começar. O jovem venezuelano perdeu a paciência e decidiu sair para espairecer. O único lugar que de fato, o jovem conhecia era o Terminal 1. Levou quase uma hora para Noslen chegar, ele correu e deu um abraço apertado em Dona Aurora. Ela sentou em frente a sua banca e colocou a conversa em dia.

— Eu não sabia que a senhora viria para cá. — falou Noslen bem devagar para que a idosa o entendesse.

— E eu lá sou mulher de fugir do trabalho? — questionou Dona Aurora rindo e limpando a testa com um lenço rosa.

— Mama Aurora, eu lembrei do meu sobrenome. - revelou Noslen sentando ao lado dela. — Meu nome é Noslen Fuerte. A minha mãe contou em um sonho, tenho quase certeza que é ela.— continuou o jovem falando rápido.

— Calma, filhote.

Entre risos e abraços, Dona Aurora, perguntou para Noslen quais eram suas intenções com Enzo. Ela destacou que o irmão de Erick era uma boa pessoa e, merecia respeito e carinho. Noslen afirmou que queria conhecer mais o amigo, não pretendia tomar nenhuma decisão de forma apressada. Mas, no fundo, o venezuelano temia ser rejeitado, não queria servir apenas como um passatempo para Enzo.

Ao chegar em casa, Enzo, não encontrou Noslen e não havia uma forma de entrar em contato. Ele decidiu tomar banho para tentar espantar as preocupações. No chuveiro, Enzo lembrou de todos os momentos que viveu ao lado do venezuelano. O primeiro encontro, o momento do assalto, quando Noslen levou o tiro, o primeiro beijo, enfim, Enzo estava perdidamente apaixonado.

Outro apaixonado de plantão? Erick. Ele pegou Celina no trabalho e a levou para casa. Como estava de licença da Polícia Militar, o irmão de Enzo ficava feliz em levar a jovem em segurança. No trajeto, os dois conversavam bastante, Erick se sentia leve e tranquilo quando conversava com Celina. A jovem também adorava a companhia do policial. Só que a alegria de Erick durava pouco, pois logo vinha a lembrança do assassinato de José, irmão de Celina.

— Você ficou sério de uma hora para a outra. Tá, tudo bem?

— Sim, Celine. Estou bem. — respondeu Erick tentando disfarçar.

— A noite foi maravilhosa, né? Fiquei feliz pela Délia. Seu irmão é um ótimo promotor de eventos. — destacou Celina.

— Ele é. Caramba, aquele moleque sempre mais inteligente. Aos 22 anos, conseguiu abrir uma empresa. — comentou Erick com um sorriso.

— Não canso de admirar a relação de vocês.

— Como eu te expliquei, Celina. Somos só nós, eu por ele, e ele por mim. Ah, e sabia que o meu irmãozinho está namorando o Noslen?

— Sério, que legal. Eu só não consigo entender nada que ele fala. — soltou Celine.

— Bem-vinda ao clube, baby. —disse Erick piscando para a jovem e rindo de novo.

Celina amava o sorriso de Erick, porém, temia se apaixonar. Afinal, um policial branco e uma mulher negra da periferia, já pensou? Era a receita certa para o desastre. Ao chegar no bairro Jorge Teixeira, Erick estacionou o carro e ficou conversando com Celina. Ele ficou nervoso, mas tomou a iniciativa. Se aproximou da jovem e a beijou, de início um beijo tímido e fofo, que se tornou algo avassalador.

O policial tentou ser delicado, não queria causar uma impressão ruim no primeiro beijo. Já Celina se entregou, deixou todos os preconceitos para trás e aproveitou aquele momento ao lado de Erick. Só que o clima foi quebrado com uma batida na janela. Eles não demoraram para se recompor, e logo, Erick, baixou o vidro. Era um dos traficantes locais, que estranhou um carro de vidros escuros no bairro. Celina explicou a situação, e o homem pediu cautela.

Erick tremia, e sua mão esquerda segurava uma arma. Ele soltou o objeto no chão, por pouco, Celina não percebeu. Eles se despediram com mais um beijo. Ao voltar para casa, Erick estacionou e esperou o nervosismo passar. Ele não conseguia distinguir os sentimentos. Só que daquela noite, o policial lembrava apenas do beijo, e que beijo.

Depois de muito esperar, Enzo pediu comida japonesa e assistiu algumas séries. Noslen chegou trazendo algumas arepas. Ele sentou ao lado de Erick e dividiu o alimento com o amigo. Depois de alguns episódios de "Friends", com legenda em espanhol, os dois foram tomar banho. Era a primeira vez que os dois tomavam banho, juntos no caso.

Enzo ficou brincando com os cabelos de Noslen, que quando molhados perdiam os cachos e chegavam na altura do ombro. O clima entre os dois era de completa sintonia. O jovem empresário teve todo cuidado para limpar o braço do amigo, que sentiu dor, mas não reclamou. Do nada, Erick abriu a porta, andou até o vaso e urinou.

Noslen e Enzo congelaram, literalmente, ficaram parados, como se dessa maneira ficassem invisíveis. Erick terminou o "serviço", e saiu do banheiro assobiando. Os dois se olharam e riram da situação. Após o banho, os amigos seguiram para o quarto. Noslen queria dormir, ele achava que sonharia novamente com a família.

— Será que eles vão aparecer hoje? — ele perguntou deitando a cabeça ao lado de Enzo.

— Não sei. Eu espero que sim, de verdade. — disse Enzo, acariciando os cabelos do amigo.

— Enzo...

— Oi?

— Eu gosto muito de você, mas eu não quero servir apenas de diversão e...

— Ei. — sentando na cama. — Eu jamais brincaria com os seus sentimentos. Eu gosto de você, Noslen. Sério, você é a melhor coisa que aconteceu comigo. Sabe, eu torço para você lembrar da sua vida, mas temo que você descubra que não gosta de homens, por exemplo.

— Acho que eu sempre gostei. Essas coisas não se mudam, né? — ele perguntou fazendo carinho no rosto de Enzo.

Aquela semana foi corrida para todos. Ian, por exemplo, tratou de instalar câmeras de segurança no elevador. Ele queria evitar qualquer tipo de contato com André. Enquanto isso, Noslen e Enzo, corriam para tirar todos os documentos do jovem venezuelano. Já Erick precisaria enfrentar seus demônios, pois voltaria ao serviço.

— Boa tarde, senhor. — disse Erick se aproximando de um dos seus superiores.

— Olá, hoje você está servindo no Centro. O carro é o XZB-2334. — falou o policial olhando no computador.

— Ótimo. Não é um lugar tão perigoso. — pensou o irmão de Enzo.

É engraçado como poucas coisas nos fazem felizes. Noslen estava radiante, ele conseguiu tirar todos os documentos necessários para "existir" de fato. O jovem não gostou muito de sua foto da identidade, mas era melhor do que andar sem qualquer tipo de identificação. Enzo ficava feliz ao ver a felicidade do amigo.

A partir daquele momento, Enzo pensava em contratar o venezuelano, mas sabia que a missão seria difícil. Noslen tinha um poder especial para se menosprezar. Ele possuía muitas qualidades, só que não as enxergava.

— Acho que você poderia trabalhar comigo. É melhor que vender produtos na rua. — comentou Enzo, enquanto estacionava o carro.

— Eu não sei. Não quero te dar problemas. — soltou Noslen, tirando o cinto de segurança e descendo do carro.

— Você não me dá problemas, moço. Você é a solução deles. — ressaltou Enzo , quase gritando ao sair do veículo.

A Tech Land ficava em um prédio que funcionavam outras startups, Ian D'ávila, aproveitava para aumentar o seu network. Quase todos os empresários eram apaixonados por ele. Só existia uma pessoa que não suportava a presença de Ian, o dono da Amazon Turismo, Rogério Lamar, um senhor de 75 anos.

O idoso usava todo o seu tempo para perturbar Ian das piores formas possíveis. Uma vez, ele espalhou uma fofoca que quase custou o emprego de Ian. Rogério inventou que o jovem traficava dentro da empresa.

— Boa tarde, velhote. — soltou Ian ao ver Rogério.

— Olha só, o vilão de novela mexicana. — respondeu o idoso.

— Espero que seja um dos bons. Aqueles que matam velhos fuxiqueiros. — disse Ian enquanto se olhava no espelho e arrumava o cabelo.

— Você é muito insolente, garoto. Eu posso contar para o Enzo. — ameaçou Rogério levantando sua bengala.

— Eu teria cuidado se fosse você.— falou Ian ainda olhando para o espelho. — Eu mandei instalar câmeras de segurança no elevador. Já pensou, você, velhote e preso?

— Eu não tenho medo de ameaças.

— Não estou ameaçando, amore. Estou falando a verdade. —apontando para cima. — Opa, cheguei no meu andar. Beijos.

Ao sair do elevador, Ian se deparou com Iara. Ele amava sua irmã, mas ela sabia forçar a barra. Depois que ficou com Popi, Iara, virou uma presença constante na Tech Land. Os irmãos seguiram para uma sala privada e começaram uma discussão, quer dizer, a sessão de indiretas.

Eles foram criados em uma família de pessoas dissimuladas, o pai deles, desde sempre, incentivou a competição entre eles. O prazer de ver os filhos se digladiarem para alcançar seus objetivos, se tornou uma rotina para ele.

— Quer um emprego, irmãnzinha? — questionou Ian colocando suas coisas em cima da mesa.

— Eu poderia trabalhar aqui, sabe. Essa sala, por exemplo, sem qualquer tipo de personalidade. — falou Iara em tom irônico.

— A única pessoa sem estilo está aqui na minha frente.

— Boa, irmãozinho. Enfim, estou gostando da Popi, e claro, ela de mim. E não é você que vai ficar no meu caminho.

— Iara. Você vai usar a garota, quantas pessoas você já usou? Eu perdi a conta no milésimo — relembrou Ian tirando o celular da bolsa.

— A Popi é diferente...

— Iara. — corta Ian. — A Popi é amiga do Enzo. O Enzo é meu inimigo...

— Ian, para. — intervém Iara. — Você está pior do que o papai. Ele se tornou um homem amargo que só pensa em dinheiro. Ian, o papai sempre colocou um contra o outro. Estou cansada.

— Eu quero a minha dinastia para esfregar na cara dele. Eu não preciso do papai para subir na vida. — explica Ian se exaltando.

— E, também, cara, não precisa pisar nos outros. O Enzo te deu a mão e você vai apunhalá-lo?

— Quer saber, Iara? Faz o que você quiser. Eu não vou me meter na sua vida, e você não interfere na minha, ok? Agora, eu preciso sair. Tenho uma reunião de trabalho. Você sabe o que é isso? — pergunta Ian, antes de sair e bater à porta com violência.

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Comentários

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O amor está no ar, mas a raiva também e essa ainda vai causar graves problemas.

Essa bicha má, domínio Ian, não tem jeito, abrindo mão de um amor sincero por ganância... Tsc, tac, tsc..

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Enzo e Erick tomara que sejam felizes nas suas conquistas. Obrigado pelo conto.

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