Quando o conheci, nem pensei duas vezes. Ele era apenas mais um aluno no curso de férias do professor Nóvoas na Universidade de Lisboa.
Na verdade, agora que penso nisso, a primeira vez que o conheci eu o achei um pouco duro e seco e áspero. Quase como se ele fosse algo saído de um thriller de ação ou nas forças armadas ou algo assim. Ele estava tão fodidamente sério.
Eu trabalhei em dois temas com ele. Ele era o câmera e eu uma das repórteres. Eu não o via como nada mais do que o cara do departamento de notícias.
Então, uma noite, em uma das festas, ele beijou minha amiga superficialmente na boca, diante de mim. Um momento depois, ele se inclinou para me beijar também, exceto que ele veio totalmente com a língua abrindo os meus lábios. Eu o empurrei de cima de mim e voltei para dentro. Eu ri disso como uma piada. Ele estava super bêbado.
Então eu o vi andando na Baixa alguns dias depois, sorrimos um para o outro e assentimos. Aquilo foi aquilo.
Só aquilo. Nada mais.
Algumas semanas depois, na festa seguinte, conversamos mais um pouco e você estava totalmente a fim de mim. Você estava muito afim de mim do que eu de você, e isso me fez sentir tão especial. Nós nos beijamos por um tempo naquela noite, e então você me convidou para a noite da sua fraternidade como seu encontro. Você colocou seu número no meu telefone. Você me mandou uma mensagem no dia seguinte.
Na noite seguinte eu dormi. Talvez eu não devesse. Talvez eu devesse ter esperado ou algo assim... sido mais difícil de conseguir.
Mas você estava tão afim de mim e isso me fez tão afim de você.
Seu rosto era tão bonito. Comecei a me apaixonar pela sua seriedade... comecei a entender que era uma camada para esconder tudo que você passou.
Você sabe, eu nunca tinha realmente feito sexo tão intenso e sem restrições, adormecido e acordado ao lado de um desconhecido, você foi a primeira pessoa com quem eu fiz isso e foi tão especial para mim.
Eu fiquei tão viciada em você.
Mesmo que a gente dormisse juntos e depois assistisse Game of Thrones, que eu nem gostei, mas gostei de assistir com você.
Você estava tão quente. Eu amei o jeito que você me segurou para me penetrar, o modo como me induzia a abrir as coxas para receber seu falo duro e grosso.
Mas então isso é tudo que se tornou. Meu fornecedor de prazer. Você nunca saiu com meus amigos e eu, sempre que eu te convidava você se esquivava. Nós basicamente nos tornamos parceiro de foda. Mas você sempre fez parecer que eu era especial para você. Foi tão confuso.
Quando te revi após uma semana naquelas férias de inverno, lembro que você entrou pela porta e literalmente disse duas palavras antes de me beijar e querer ir para a cama. Parecia tão estranho porque eu tinha todas essas coisas que eu queria te dizer, mas você só queria me foder. “Te necessito!!!”
Eu odiei aquela noite. Depois que transamos, perguntei a você para onde estávamos indo, e você disse que não estava procurando nada além do que já tínhamos. Você basicamente me disse que se eu quisesse namorar com você ou te ver à luz do dia, isso seria um problema.
Eu não dormi naquela noite.
Fiquei acordada e pensei em tudo que havíamos vivido (deveria escrever, tudo que havíamos fodido). Fiquei tão chateada e com o coração partido porque percebi que estava viciada em você, e você não estava.
Eu deixava você me entrar e você não.
Dois dias depois você me pediu para ir a uma festa, e eu disse que não poderia mais te ver se tudo que eu fosse, não passasse apenas uma transa com uma puta brasileira que dá o cu.
Você fez parecer tão fácil. Você fez parecer que isso não era um problema.
Passei aquela semana na cama, chorando.
Eu odeio isso porque você faz parecer que não éramos nada, mas para mim éramos.
Talvez eu seja estúpida e ingênua por tudo isso, mas eu realmente gostei de você. Eu adorava ver você acordar de manhã. Eu amava olhar em seus olhos, eu sinto tanta falta.
Nos semanas seguintes, apareci na sua fraternidade várias vezes quando estava bêbado e sozinho pensando em você.
Você foi um idiota sobre a coisa toda. E eu parecia uma pessoa do tipo ninfomaníaca assustadora. É a coisa mais embaraçosa que fiz na minha vida.
Tentei esquecer você com outro cara que me tratou muito bem. Mas não durou muito.
Desde as últimas três semanas, toda vez que ando pelo campus, pela Baixa, Mouraria, em Cascais, eu procuro você.
Espero que eu secretamente esbarre em você. Espero que você volte a gostar de mim como gostava no começo.
É tão patético. Eu odeio o quanto sinto sua falta, pelo pouco tempo que passamos juntos. Pego o caminho mais longo para Benfica todas as noites para poder passar por sua casa. É tão patético.
Eu gostaria que você tivesse lutado por mim.
Ou, pelo menos, naquela primeira noite em que nos beijamos e comecei a chorar porque pensei que você era tão legal comigo (mais legal do que qualquer cara tinha sido em tanto tempo), eu gostaria que você não tivesse mentido e me dito que era diferente. Que você nunca me machucaria.
Eu gostaria que você tivesse sido honesto e me dissesse que tudo que você queria era entrar nas dobras da minha pele.
Estou me repetindo... Fiquei viciada em você. Fiquei viciada em seu cheiro e me apaixonei por seus olhos e me senti tão quente em seus braços.
E para você, eu fui apenas mais um número na lista de mulheres com quem você dormiu. Aquele tipo de brasileira “loira burra” exoticizada e sensualizada.