Presas na Quarentena – Capitulo 008 – Cotidiano

Um conto erótico de Lady Renata
Categoria: Sadomasoquismo
Contém 5515 palavras
Data: 26/10/2022 14:37:50

Aviso: para entender o conto é necessário ler os capítulos anteriores, disponíveis em meu perfil.

Muitos dias depois

O relógio marcava cinco da manhã, eu estava deitada no tapete do quarto de Jorge, o espaço onde havia me acostumado a descansar as poucas horas que eram só minhas. A despeito de todo o ritual que deveria seguir de manhã, meu corpo quase sempre apagava quando me aninhava naquele tapete, reconhecia meu cheiro e só de saber que durante algum tempo eu não seria abusada, causava um entorpecimento, necessário já que ao final do dia eu estava quase sempre em frangalhos. Como não havia travesseiro pra mim, recebi a permissão em forma de ordem para usar as sandálias de Jorge como apoio para cabeça, nas primeiras noites foi um pesadelo dormir assim, mas após um tempo, como uma espécie de ressaca moral, me habitei àquele objeto peculiar. Levantei com todo cuidado para não acordá-lo e fui ao banheiro, fiz minhas necessidades básicas, tomei um banho com água geladíssima que ficava separada em um balde, Jorge insistia que uma boa escrava deve tomar banho frio pra guardar o fogo para seu mestre, eu seguia a ordem e separava a água do meu banho nesse balde, só sabia o que era uma água quentinha quando ele me pegava para lhe dar banho e banhar-me. Como tenho de tomar cuidado com o barulho que faço, me molho bem lentamente, não molho o cabelo porque precisaria de um fluxo de água bem grande pra lavá-los, deixo sempre pra fazer isso à noite, mesmo que signifique deitar com cabelos molhados, retoco a depilação, a coisa mais importante que devo fazer, se notam qualquer penugem abaixo do meu pescoço tanto Jorge quanto Ricardo me batem. Não minto que durante algum tempo pensei em me matar, seria muito fácil retirar a lâmina do barbeador e cortar os pulsos, pegar uma faca da cozinha com este mesmo intento, quando esse pensamento me assombra, busco força na lembrança minha irmã e deixá-la sozinha com esses canalhas seria pior do que o inferno, era melhor enfrentar a escravidão do meu corpo para ficar ao lado da Paula e um dia, quem sabe, arranjássemos um jeito de pôr os monstros atrás das grades. De frente ao espelho, escovo os dentes, ajeito as minhas sobrancelhas, passo creme corporal e perfume, passo batom nos lábios, penteio os cabelos e recoloco a coleira. Miro meu reflexo, nestes momentos únicos revejo quão bela sou, meu rosto bonito, se sorrio, revelo meus dentes alvos e alinhados, preencho de cor minhas bochechas, revigoro meus olhos, qualquer homem se apaixonaria e cuidaria de mim, mas a realidade, num tapa mortal, me bota de novo em meu lugar: eu estou nua e sou escrava de dois homens cruéis que abusam física e psicologicamente há mais tempo do que consigo lembrar. É como se eu estivesse presa em um loop infinito, todos os dias são iguais e diferentes, o calendário tornara-se indiferente pra mim, tanto faz ser sábado ou quarta-feira, minha rotina não se altera para além dos limites da depravação e perversidade dos meus captores. É respirar fundo e tentar sofrer menos que no dia anterior, essa é a melhor perspectiva e a única definição de esperança que me cabe.

Em pé, espero que o relógio chegue às 6 da manhã, já houvera de perder essa hora e começar o dia apanhando, agora meu relógio biológico meio que evita esta situação, pelo menos em sua maior parte. Jorge dorme tranquilamente enquanto estou na beira da cama, pelada, cheirosa, esperando a hora da largada, o tiro de partida, tal qual o cão espera o dono soltar a coleira para correr. O velho, porque é isso que ele é, era um privilegiado, seu pau tinha hora marcada com meus lábios, suas bolas tinham compromisso inabalável com minha língua. Quantas vezes neste vão de tempo que me sobrava não pensei em sufocá-lo com o travesseiro? Ainda que tentasse, aposto que ele em dois golpes me nocautearia e ainda que houvesse êxito, o que faria depois? Quando por várias vezes nos encontramos no limite da razão, no limiar da consciência, é fácil perder a noção da linha que nos segura ao factual, de modo que meu sonho de matá-lo com o fato dele ser meu dono se imiscuíam e eu, para não sucumbir ao desejo fatal, me apegava a materialidade lógica da qual dependia minha própria sanidade no hospício circunstancial que encarava. Desta forma, me pego ansiando pela hora, para que a prática das ordens dissipe meus outros pensamentos. Pontualmente subo na cama e abocanho carinhosamente o pênis flácido, lambo as bolas e, à medida que cresce e geme, vou sugando cada pormenor. Jorge geralmente acorda rápido, as vezes fica só olhando enquanto eu trabalho, as vezes me pega pelos cabelos e cadencia, não é de minha competência adivinhar seus nuances, minha função, além de chupar, é só facilitar tudo que ele quiser fazer. Não pensem, no entanto, que eu tenha algum prazer nisso, a única finalidade no empenho é evitar castigos, não que precisassem de motivos para nos castigar. Jorge acariciou meus cabelos, olhei pra ele, sem tirar o pau da boca, sorrindo. Até tentei falar “bom dia”, mas o som saía como grunhidos, era mais fácil usar a língua pra lamber que pra falar. Ele retirou minha cabeça do seu membro, imediatamente me dirigi para sua boca, ficando por cima dele, de pernas abertas, sentando levemente em sua barriga, próxima de sua virilha e depositei um longo beijo. Jorge colocou as duas mãos na minha bunda apertando-as, acariciou minhas coxas enquanto explorava minha língua. Na luz da manhã pareceria se tratar de duas pessoas apaixonadas trocando carícias, no escuro do quarto era uma escrava treinada mostrando seu “apreço matinal” ao seu mestre. Jorge pegou meu mamilo esquerdo entre os dedos, apertando e puxando, me tirando de cima dele, me atirando ao chão; ignorando minha própria dor, procurei as sandálias, lambi as bordas e coloquei em seus pés, beijando-os também. “Bom dia, Renata, dormiu bem, estava com saudades?” “Bom dia Mestre Jorge, sim, sua escrava sempre sente saudade quando acorda.” “Depois te dou um trato, acho que consegue lidar algumas horas sem meu pau.” “Aguardo ansiosa, vou fazer seu café, posso me retirar” “Permissão concedida”. Só depois de levar um tapa ardido é que ficava mais tranquila, sua anuência era sempre seguida de um tapa, ora na bunda, ora na cara, na vagina, nos seios, esse era o sinal de que podia me retirar, a respeito do que lhe falava, procurava sempre concordar e aumentar, uma mistura tênue de submissão e lascívia que não tenho como quantificar, percebo na dose exata em que se mostra, Jorge adora quando sou safada e para melhorar seu humor tento agradá-lo com ações e palavras, uma prontidão que nunca deve exceder o desejo do próprio mestre, quando errava ele me escorraçava, me castigando por meu capricho.

Quando cheguei na cozinha, Paula já estava passando café, abracei-a por trás dando bom dia ao mesmo tempo que a beijava na boca, era mais uma das ordens rotineiras, deve ter sido dada a ela também, apesar de nunca ter perguntado. Estranho que nosso momento mais íntimo e particular fosse executado naquele silêncio frio matinal, em geral não conversávamos muito, primeiro que não tínhamos tempo, estávamos sempre com alguma tarefa, segundo que a gente sabia o que passava, entrar em detalhes era prolongar um sofrimento desnecessariamente, era mais fácil fingir que não acontecia e tratar como se fossemos empregadas da casa e nossas conversas ficarem restritas ao cotidiano, vez ou outra acontecia de liberarem nossos celulares para conversarmos, para manter as aparências, embora tudo estivesse sendo monitorado. Ricardo desceu as escadas entrando na cozinha, já estava tudo pronto, nós duas nos ajoelhamos e beijamos os pés dele. “Bom dia, papai!” “Bom dia, Mestre” “Bom dia minhas putinhas, o cheiro está delicioso” Eu fiquei do outro lado da mesa na posição de espera: mãos na cabeça, pernas afastadas e olhos para baixo, quem atendia era Paula, Ricardo quase sempre estava com uma das mãos nas nádegas dela, Paula escondia o rosto e sempre solicita lhe sorria ao toque, perguntando do que necessitava. Jorge chegou para o café depois dele, nunca me atreveria a perguntar, não que seja da minha alçada, mas acho que os dois já não se tratavam como patrão e empregado, ainda que Jorge chamasse Ricardo de patrão, a cumplicidade que partilhavam na nossa escravização os unia no crime e no prazer, tanto que, algumas vezes, Paula era cedida por Jorge e eu ia pro quarto do Ricardo, assim que acabei conhecendo as noites da Paula.

Eram noites sinistras que começavam com beijos pavorosos que se interrompiam quando ele sufocava meus lábios com mordidas, quando ele estava de bom humor ele me tratava “menos mal”. Gostava que eu me exibisse, me filmando dançando, rebolando nua, me fazia ficar em posições muito constrangedoras, tirando fotos, as vezes vestida com fantasias eróticas. Em algumas noites, enquanto me comia, me fazia falar com meu pai de verdade, com algumas amigas, eu tinha de segurar o gemido, a dor e fingir que tudo estava bem, ainda que ele estivesse me currando. Chegou ao cúmulo de fazer uma vídeo chamada com minha melhor amiga que se chama Maria, a câmera estava posicionada de forma a mostrar só do pescoço para cima, mas se eu me mexesse, acidentalmente levantasse, ela saberia que eu estava nua, sem falar que ficava morrendo de vergonha de conversar com ela usando coleira, Maria até me perguntou se era moda, já havia visto Paula com uma dessas, disfarcei dizendo que tínhamos entrado numa onda punk. Manter a naturalidade era crucial, o olhar vigilante de Ricardo nunca se perdia e do controle remoto ele regulava o vibrador no qual estava sentada. Tudo isso fazia parte do nosso treinamento, nos habituar as situações onde nós mesmas defenderíamos nossa posição de escrava, acobertar socialmente nossa degradação, com um sorriso no rosto. É claro que disso eu só suspeitei mais tarde, nos momentos dos fatos ocorridos é difícil refletir dessa forma e é por esse motivo que o treinamento era tão eficaz, incutia a necessidade de ocultação e aparências em nós. Eu conversava mais com a Maria, mas e a Paula, com quantos será que ele a obrigava a conversar naqueles moldes? E isto eram em noites boas, quando ele estava aborrecido, desengavetava uma série de objetos grandes, estranhos, compridos e me bolinava com eles, aprendi da pior forma que a dor não tem limites, em noites ruins ele só me batia, me enfiava um monte de coisas e registrava, mostrou-me depois todo o material que colhia, seu acervo pessoal. Se para mim era sufocante encarar vez ou outra a noite no quarto dele, imaginava da onde Paula tirava força para suportar toda maldita noite.

“Vocês podem alimentar os cães e depois de limparem tudo, comam e me esperem no sol, estão muito pálidas, precisam de vitaminas” Nessa altura, pelo menos, nossa ração já havia sido substituída, Ricardo achou que merecíamos um prêmio por empenho e obediência, então nós podíamos dividir as sobras deles e pães dormidos, além de tomar leite, claro que éramos proibidas de usar as mãos e tínhamos de comer de quatro, mas perto da ração com urina aquilo era uma benção, lembro de chorar ao comer um pão bolorento pela primeira vez. Depois de fazer tudo fomos pegar sol. Jorge circulava fazendo coisas de caseiro que geralmente não fazia porque eu trabalhava em seu lugar, de vez em quando passava perto de nós, imóveis, nuas e solitárias, beliscava os peitos pequenos da Paula e a minha bunda, retornando aos seus afazeres. Eu já estava acostumada com isso, Paula que ainda se retesava, talvez achasse Jorge estranho e acertava, qualquer mulher que pensasse o contrário estaria louca, talvez eu estivesse...

“O que acha que tem pra hoje” perguntei pra Paula baixinho “Não sei, não ouvi nada do Ricardo e tu?” “Também não”. Cabe ressaltar que tudo que fugia da rotina nos assustava. Desde a vez que os entregadores vieram em casa e o quarto escuro (como passamos a chamar) foi inaugurado, tudo mudou drasticamente. O quarto escuro era basicamente uma sala de tortura, com ferramentas, cordas, correntes por tudo que é canto, sua iluminação é propositalmente projetada para dar foco em nós, havia câmeras em cada canto que ficavam piscando luzes vermelhas, além de uma maca regulável e um colchonete. Tínhamos que vestir umas tiras de couro com argolas na cintura, coxa, tornozelo, pulso, braço, pescoço, busto, tudo muito apertado. Fomos informadas que iriamos trabalhar mais ativamente, pois custava dinheiro nos manter. Não entendi de pronto, até receber meu primeiro cliente, era um homem de meia idade, calvo, deixou o carro na frente da casa, foi recebido por nós vestidas com aquele adereço e me escolheu. Demorou para cair a ficha que nosso trabalho, nossa forma de gerar compensação financeira, não só pela comida, mas por todo treinamento que recebemos, era nos prostituindo. O cliente, que nunca sabíamos o nome, as vezes nem víamos o rosto, pois éramos vendadas, escolhia uma de nós, raramente nós duas juntas e tinha um tempo, imagino que de acordo com o que pagasse, onde poderia fazer tudo que imaginasse. Depois disso o cliente poderia ainda ganhar um souvenir, caso pagasse: a sessão gravada. É claro que o rosto do cliente não aparecia, ele usava uma máscara, mas nós aparecíamos e muito bem por sinal. Ricardo deve ter estabelecido algum tipo de garantia para ceder imagens assim, só de pensar que além da perversão, tem pequenos filmes caseiros meus circulando por aí, já me embrulhava o estômago. Pelo menos os clientes eram obrigados a usar preservativo, embora ao final, fosse como fosse, era de praxe que nós bebêssemos o esperma do cliente, além de agradecê-lo. Essa virou a rotina, quando vinha algum cliente, nos arrumávamos para ele, nunca sabíamos quem seria a escolhida, se era uma escolha na hora, pré-estabelecida, escravas não precisavam saber, só obedecer e neste quesito era tudo que nos restava, tentar agradar o fetiche de estranhos para não apanhar muito deles, não raro, atendia três, quatro homens por dia, me sentia bastante requisitada, talvez por meu corpo ser mais bem trabalhado ou porque Ricardo não gostasse muito de prostituir a Paula. Assim, além de tarefas domésticas, tinha a prostituição e nem por isso o treinamento foi parado, em tempo livre, Jorge ou Ricardo nos punham para fazer exercício, polichinelo, corrida, mas principalmente, exercícios para aumentar nossa flexibilidade, nos amarravam deixando horas em posições desconfortáveis, nos bolinando, justificando que a satisfação deles e dos clientes estavam em prioridade que nosso conforto, realmente estava, eu principalmente, acontecia do cliente chegar e eu ainda estar naquelas posições constrangedoras, algumas até bem complexas (não recomendo pra ninguém), Paula então me desamarrava e oferecia minha guia e lá ia para o quarto escuro.

Ricardo gritou nossos nomes da sala. Nos apressamos a atender, antes de entrar, Jorge nos ordenou ficar de quatro e assim nos postamos em frente a poltrona do Mestre, beijando seus pés suados. “Hoje vamos dar um passeio, vocês estão bem no treinamento, considerem isso uma recompensa.” “Sim Senhor, muito obrigada Senhor!” respondi tornando a acariciar com meus lábios os pés diante de mim, Paula balançou de um lado pro outro a raba, percebi que nossas demonstrações de gratidão e felicidade eram diferentes, como se em algum momento na trilha nos perdêssemos e nosso único vínculo fosse a escravidão. “Ali estão suas roupas, vistam-se, antes que eu me arrependa.” Nos apontou para as peças em cima do sofá, respectivamente. Me coube uma minissaia rodada de cintura baixa, o tecido era de viscolycra, pelo comprimento da peça é certo dizer que o tamanho era P, da cor branca e uns detalhes rendados, ao vestir a peça, a primeira coisa que notei foi a sua leveza, era confortável até demais, por não se tratar de short saia que é como geralmente se usa, a qualquer vento a peça poderia expor minha bunda e buceta, teria de caminhar bem ereta e sem me apressar, também havia um top cropped multiformas feito de suplex branco, bem flexível e macio, o decote na frente era profundo, de costas nua, todo o ajuste era feito com um laço atrás, se não fosse bem feito era capaz de se soltar e a peça cair, contudo, meus seios ficaram bem cobertos e se não molhasse minha roupa não era visível meus mamilos. Paula vestiu um micro vestido coladinho de frente única de cor preta, atrás, apesar da costa nua, a roupa cobria bem, tinha um ótimo caimento que realçava as linhas da sua cintura e as curvas do seu quadril; o escândalo estava na frente, a peça tinha um decote bem aberto e profundo, quase chegava no umbigo, o vestido ficava muito acima do joelho, praticamente suas coxas estavam descobertas, seus seios pequenos só se ajustavam na roupa porque ela era colada, o que significava que seus mamilos se destacavam. As roupas ousadas se encaixavam em uma balada, sair com elas de dia era desconcertante, não obstante isso, não sabia se sentia felicidade por estar coberta depois de tanto tempo ou angústia por me exibir na rua assim, em nossos corpos jovens, qualquer roupa transpirava sensualidade, não obstante, e este detalhe só fui perceber quando fomos retocar a maquiagem, cabelo, perfume e batom, a coleira se destacava.

Quando estávamos prontas Jorge nos fez dar uma voltinha elogiando “Puxa vida putas, com roupa ou sem roupas vocês são um arraso” “Concordo, Jorge, mas não vão se acostumando, é entrar no carro pra voltar pra casa e ir logo tirando tudo, entenderam” “Sim, Mestre” respondi ligeiramente enquanto Ricardo ajustava meu top como se entendesse de alguma coisa, só queria que ficasse mais fácil de cair, o que redobraria meu cuidado na rua. “Nada de se afastarem de mim, só concordem ou discordem de algo com a minha vontade, se me fizerem raiva de alguma forma, juro que vão sofrer quando voltarmos, estamos entendidos vadias?” “Sim, senhor” “Ótimo, peguem suas bolsas, só quero que me chamem de ‘papai’ ou ‘senhor’ e se lembrem que apesar de estarem em público ainda são minhas cadelas, nada de ficarem se engraçando pra ninguém sem minha permissão, se eu perceber qualquer coisa serão castigadas.” Entre tantos avisos de castigos vindouros, duvidei que fosse realmente uma recompensa o passeio, era mais uma corda bamba e nós éramos as escravas equilibristas. Peguei uma bolsinha da cor bege e Paula da cor vermelha, calçamos tamancos em bico fino transparente salto alto cristal acrílico, o meu era rosa na sola, da Paula era preto. Prestes a sair, Ricardo parou ainda na porta da sala, imediatamente paralisei, sem saber o que havia de errado, nos encaminhávamos para abrir o portão. “Não estão esquecendo de nada?” Fiquei pensativa por um momento, para não arriscar censuras posteriores, retornei e de joelhos beijei os pés dele e de Jorge que aproveitou e puxou meu cabelo, desarrumando um pouco, me tascando um enorme beijo de língua que sequer era louca de recursar, Paula beijou Ricardo um bom tempo, até nos dispensarem e não arriscamos nos mover, olhando para baixo. “Não eram isso suas desmioladas, abram a bolsa.” Ao abrir vi um frasco de álcool em gel, máscara, um pente e o que realmente me surpreendeu: uma mordaça de couro sintético com um pênis de silicone acoplado de cor preta, os detalhes eram bem realistas com glande e veias salientes, observando de perto já havia chupado maiores, os próprios membros do Jorge e Ricardo eram maiores que aquilo. “Estamos numa pandemia, não podem sair sem proteção, abram a boquinha que o pai de vai cuidar de vocês.” Conforme a ordem fiquei de boca aberta e língua pra fora esperando, Ricardo fez questão de pôr primeiro na Paula e depois em mim, o objeto incomodava um pouco, acho que o treinamento e a prática oral suavizaram, se fosse a Renata que chegou no início da pandemia, estaria totalmente angustiada com a peça, mas a atual Renata já lidava com este tipo de situação, agora certamente que eu não poderia falar nada, ele ainda prendeu na fivela e trancou com um pequeno cadeado que ajeitou por trás dos meus cabelos, logo após pôs a máscara de tecido preta para disfarçar, cobrindo meu nariz, o que dificultou um pouco a respiração, já que só tinha o nariz de onde puxar e expirar o ar. As chaves, logicamente, ficaram no molho na cintura dele. “Agora estão prontas, vão abrir logo esse portão caralho!” Nos apressamos puxando o portão enquanto Ricardo manobrava o carro pra fora, Paula sentou no banco da frente, eu no banco de trás.

Meu coração batia acelerado, era a primeira vez em meses que saía daquela casa dos horrores no meio do nada e onde as únicas pessoas que víamos eram Jorge e Ricardo. Deixar as árvores para trás, o ermo solitário que nos aprisionava, parecia que havia me esquecido das construções, dos prédios, do trânsito, os carros ao redor da gente, do fluxo da cidade, embora fosse um movimento bem diferente, quase inanimado, as pessoas de máscaras ou pelo menos a maioria delas, as placas com avisos de obrigatoriedade de distanciamento social, ainda que fossem apenas para enfeite, a vias de regra as pessoas se aglomeravam, continuavam com suas atividades, mas era notório que a quantidade de gente nas ruas era menor ou pelo menos me parecia, o leitor há de perdoar a impressão que talvez fosse fruto do imenso tempo sem ver ninguém. Nós paramos primeiro no shopping. Os seguranças mediram nossas temperaturas com um aparelho e entramos. Toda a mágica do shopping estava voltando aos meus olhos, as lojas com vitrines que brilhavam seus produtos, as máquinas de sorvete e café, a livraria, o perfume característico que ainda era perceptível, apesar da máscara. É claro, também havia os olhares, como estávamos com roupas muito curtas e sem roupa íntima, me sentia desconfortável com a atenção masculina, na minha cabeça qualquer um estava vendo a minha bunda, vagina, seios, ainda que as roupas não fossem transparentes, as mulheres, quando não refletiam um olhar surpreendente, nos miravam com uma reprovação julgadora, principalmente as mais velhas e não tão bem aparentadas quanto nós, sua inveja, a detrimento da própria convicção, era não aceitar nossa juventude de beleza, muito por mirar, talvez, anos perdidos. Paramos em uma loja de roupas, Ricardo disse para comprarmos peças de banho, com uma especial ênfase de agradá-lo. Estava morrendo de vergonha, uma atendente quis nos ajudar, mas com um sinal negativo na cabeça, já que a mordaça de piroca não nos deixava falar nada, dispensei seu atendimento, procurava ser o mais discreta possível, o que a loja vazia ajudava e prejudicava o intento. Ricardo ficou próximo, afinal, precisava avaliar e pagar pelas peças, nós não tínhamos um centavo conosco. Para agradá-lo, neste quesito, as roupas precisavam ser bem expostas, nada de peças tímidas, fartos decotes bem cavados eram preferências, sobretudo biquinis fio dental. A loja oferecia bons itens, mas confesso que a escolha foi difícil, para não errar na escolha fui nos modelos pequenos, se os mostrasse para a vendedora certamente diria que não caberia em mim, mas isso não me importava, no provador, pude conferir como as peças ficavam e se eu estava a contento, me peguei várias vezes querendo sair do provador usando as peças e mostrá-las a Ricardo, a dúvida estava me deixando ansiosa, principalmente porque depois seria castigada se ele não gostasse do que escolhi, de certa forma, neste quesito, para uma escrava, o melhor é só seguir ordens, o poder de decisão é uma responsabilidade terrível a qual estava desacostumada.

Escolhi sete peças, conforme as instruções. Na hora de pagar, a atendente até estranhou que nós ficamos de lado e ela ia passando no leitor de códigos de barra cada peça e de vez em quando olhava pra nós e pro Ricardo. Depois fomos a um salão de beleza, ainda dentro do shopping. Lá nosso cabelo foi lavado e hidratado, tivemos tratamento de manicure e pedicure, foi bem relaxante, quase que fico a vontade, por se tratar de mulheres realizando um serviço e por norma de bom atendimento, as funcionárias mantiveram um olhar profissional, como estávamos só nos duas, não tivemos nenhum problema com julgamentos de viés por outras madames. Ricardo deixou tudo pago e saiu, quando voltou estávamos esperando em frente ao salão, só o seguimos de volta ao carro. Rumamos pelas ruas da cidade, durante o tempo no salão até esqueci da mordaça, a sensação da água, do shampoo, das mãos massageando meus cabelos, foi maravilhosa, principalmente por ser outra pessoa fazendo. Não sei se a Paula também se sentia assim, provavelmente sim, afinal ela também é uma mulher, antes de ser escrava e nos cuidar provoca esse efeito na pessoa, de bem estar e felicidade, ainda que momentânea. Paramos em frente a uma loja, os vidros eram espelhados, não dava pra ver nada lá dentro, quando entramos que soube do que se tratava, era uma sex shop com muito material de lingerie e itens BDSM, a atendente era uma mulher gorda que cumprimentou Ricardo. “Boa tarde, então essas são suas filhas?” “Elas mesmas” “São bem gostosinhas, vendi muito material pra vocês, mas não pensava que eram tão jovens e bonitas” “Meninas, essa é a Patrícia, uma amiga que sempre quis conhecê-las, não façam uma descortesia, tirem as roupas e deixem no balcão” Tremi com a ordem, fiquei por um breve momento indecisa e insegura sobre o que deveria fazer, quando Paula começou a tirar seu vestido eu também desamarrei meu top e tirei a minissaia, ficamos completamente peladas na loja, meu medo maior era que alguém entrasse e nos encontrasse nuas, mas não havia nada que pudéssemos fazer, Ricardo tirou nossas máscaras, abriu o cadeado da mordaça retirando a piroca de silicone de nossas bocas. “Humm, então as putinhas estavam chupando esse tempo todo, delícia” juntamos tudo e deixamos no balcão “Deem uma volta pra mim, quero apreciar esse material todo”. Fizemos o que ela disse, Patrícia guardou nossa roupa e mordaças, saiu do balcão e começou a nos apalpar, tratei-a como uma extensão do mestre, já que ele estava lá e parecia permitir tudo, fiquei com as mãos na cabeça e abri as pernas, ela passou a mão nos meus seios, apertando as mamas, gemi porque ela os torceu, depois foi pra minha buceta lisinha enfiando um dedo fazendo movimentos circulares enquanto sua outra mão acariciava minha bunda, “Essa aqui tem peitinhos pequenos, mas deliciosos” falou se referindo a Paula e sem pudor, coisa que não tinha mesmo, chupou cada um dos mamilos dela. “De primeira qualidade mesmo, podem entrar que estão esperando vocês.” Ricardo pôs a guia em nossas coleiras, ficamos de quatro, como convinha a situação. “São bem treinadas mesmo” “Obrigado, demorou um pouco até que soubessem o lugar delas, mas veja, agora são cadelinhas bem obedientes” Não falamos uma palavra, apesar de não estarmos mais amordaçadas, seguimos com o Ricardo por uma porta, ao adentrarmos estávamos em estúdio de tatuagem, fiquei muito envergonhada, haviam dois homens, só podia ver as pernas, Ricardo cumprimentou os dois, puxou as guias e ficamos de pé, neste momento vi quem eram: um era nitidamente mais velho, possuía várias tatuagens, vestia uma jaqueta que estava aberta e dava pra ver seu peito nu, o outro era mais jovem, parecia da minha idade, vestia uma bermuda jeans e camisa regata, também tinha tatuagens pelo braço. “Estes são Alexandre e Rubens, estas são minhas filhas, cumprimentem-nos” Me abaixei, relutei um pouco, mas beijei seus pés “Muito prazer, me chamo Renata” “Me chamo Paula” Estava bem vermelha, os desconhecidos não nos tocaram, o mais jovem parecia estupefato, sem saber bem o que fazer, tampouco nós sabíamos.

“Olha, eu até duvidei, mas vendo a duas, é um bom negócio.” “Então temos um acordo?” perguntou Ricardo “Claro, meu chapa.” “Paula, o Alexandre vai fazer uma tatuagem em você” ela olhou pro Ricardo, depois ao redor e resignada baixou a cabeça, fiquei angustiada, pois se iriam tatuar minha irmã, eu seria a próxima, além de ter nossas almas maculadas, nossos corpos também seriam, portaríamos um símbolo que não escolhemos permanentemente. Ricardo entregou a guia de Paula pro Alexandre, Rubens permaneceu sentado em uma poltrona. “Renata, mostre o que é capaz de fazer.” Neste momento abri o zíper da calça de Ricardo e puxei seu pau pra fora, dei algumas lambidas que enrijeceu o membro, Ricardo colocou a mão na minha nuca, abri bem a boca e de uma vez só ele atolou toda a pica até o fundo de minha garganta, depois começou a bombear velozmente, usando sem piedade minha boca, tentava respirar em meio as estocadas e recebia tapas na cara que me tiravam lágrimas, depois de algum tempo ele me colocou de quatro, fiquei com a cara no chão, afastei minhas nádegas com as mãos “Onde quer levar, cadelinha?” “Por favor, paizinho, me fode no cu que ainda não tive nenhuma piroca nele o dia todo” eu falava assim não por minha própria vontade, haviam deixas que marcavam bem qual comportamento deveria adotar a depender da situação. Ricardo é um homem muito vaidoso e orgulhoso, apesar de não demonstrar ciúmes quando nos alugava para outra pessoa, logo, quando estava se exibindo às nossas custas, como era o caso, o melhor a se fazer era massagear seu ego incorporando o modo puta-travessa onde quanto mais submissa e com linguagem lasciva era melhor, outro dado que sempre levava em consideração nesse caso era a misoginia, isto estava claro desde o primeiro dia, nenhum homem normal age assim, ainda que em suas fantasias seu sonho seja esse, logo, tornara-se uma obsessão, compartilhada por Jorge, a minha bunda pela dor que me causava em pública e sua afirmação de que podia, nada estava fora do seu alcance, a posse de minha dor e humilhação o alegravam, levando-o ao êxtase e muitas vezes a selvageria. Enterrou-o, primeiro devagar, minhas pregas já o conheciam, mas nunca deixavam de lutar, cerrei os dentes quando a cabeça entrou para logo depois urrar com a estocada violenta que sempre vinha, sucessíveis e em grande velocidade, ia até o talo, depois retirava totalmente e adentrava sem piedade, tentei não demonstrar a dor, todavia, as circunstâncias aflitivas não me permitiam, restava sempre um pingo de mim que achava aquilo errado e que não queria tomar no cu “Aiii, papai, tá doendo” “Pera aí, princesa, seu pai vai aumentar o ritmo do jeito que gosta” ele colocou um dos pês na minha cabeça, parecia que meu pescoço ia quebrar, sofri ainda um bocado pois ele cumpriu o que prometeu, me arrombava sem dó, seu membro pulsava, mas devido a velocidade em que metia era difícil prever qual seria a estocada final que me premiaria do seu gozo, pensava “é a próxima, é a próxima”, não fora nenhuma, ele puxou meu cabelo e enterrou seu pau na minha boca, só então senti seus espasmos, junto com o gosto da minha bunda e me fartei dos jatos de porra que iam direto e se espalhavam por meu palato, engoli tudo que consegui, esperei ele retirar o pau e fiz minha habitual inspeção, lambi as sobras que escorriam lentamente do pau, sugando a cabeça em busca de esperma, vasculhei o chão atrás de outras gotas, lambi as que achei e me prostrando diante do Ricardo agradeci. “Obrigada, Papai, pelo leitinho, já estava faminta dele” “Estão vendo? Conforme prometi! Podem usar a Renata como quiserem, Alexandre, capricha na tatuagem da Paula e vocês, cadelinhas, se comportem.” “Sim, Papai.” respondemos juntas. “Qualquer tolice pode me ligar, depois eu volto pra buscá-las” Ricardo se ajeitou e saiu. Paula estava deitada de bruços enquanto Alexandre preparava o material de trabalho, fiquei ajoelhada olhando para os dois, quem quer que fossem àquelas pessoas tinham intimidade com Ricardo e agora sabiam da nossa escravidão. Poderiam nos ajudar? Talvez o mais jovem que parecia desconfortável com a situação de ter duas garotas nuas tratadas daquele jeito, duvidava haver qualquer misericórdia do tatuador Alexandre e da atendente Patrícia, na minha cabeça elaborei um plano rápido e premente: seduziria o rapaz chamado Rubens, na esperança de que ele se compadecesse e denunciasse nossa situação as autoridades, seria um flerte com o perigo, mas era uma situação em que passaria um bom tempo sem o julgo dos meus captores, só poderia torcer que desse certo.

(continua)

Boa tarde, resolvi dar um presente para a casa dos contos e escrevi mais um bocadinho da história de Renata e Paula em Presas na Quarentena, sei que muita gente gosta da série, ela é um desafio de se escrever por seu caráter minimalista, deve haver vários erros no texto, já que não tenho um revisor, mas peço que relevem ou se for muito gritante e prejudicial para a compreensão do texto, me avisem que eu faço a correção. A narrativa mudou quanto ao tempo, decidi espaçar mais os períodos, mas creio que os fãs da série irão gostar. Não prometo uma continuidade tão cedo, então apreciem bem este capítulo. Meu contato é renatatexeira@yahoo.com

Bjs.

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Comentários

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MAS UMA VEZ VOLTEI AQUI SO P VER SE SAIU MAIS UM CAPITULO

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Obrigada pela sugestão, mas já escrevo no word e passo diversas vezes a revisão gramatical antes de publicar e no próprio processo de escrita.

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