Para quem gostou da minha história, eu agradeço. Sei que um conto erótico precisa de sexo, mas nem todas as partes serão dessa forma. Por isso, deixo aqui o aviso. Essa é uma história mais complexa e que eu já tenho escrita há algum tempo. Leiam a primeira parte antes de começarem essa.
Continuando:
O garotinho, sem receber atenção, começou a fazer birra:
- Você disse que ia comprar pão de queijo. Eu quero!
Visivelmente sem graça e ainda sem falar comigo, ela se abaixou, deixando sua linha de visão à altura da dele e o repreendeu:
- Se você não se comportar, eu não comprarei nada. Você sabe que não é desse jeito que se consegue as coisas.
Sem se alterar, falando de forma calma e centrada, ela conseguiu repelir o comportamento inadequado do filho.
Algo naquele menino me parecia muito familiar. O encarei por alguns segundos, sendo interrompido por Clara:
- Olá, Fê! Achei que não voltaria mais. Oito anos já? - Com a mão estendida, ela esperava o meu cumprimento.
Peguei em suas mãos, retribuindo o cumprimento, e senti a mesma troca de energia, a mesma eletricidade da primeira e única vez em que fizemos amor. Seus olhos denunciavam o mesmo sentimento. Ouvi meu pai dizer:
- Vem, Miguel! Eu compro o pão de queijo. Vamos deixar a mamãe e o filho do tio Antônio colocarem a conversa em dia.
O garoto, curioso, perguntou:
- Ele é seu filho?
Meu pai, que sempre teve jeito com crianças, parecia bastante contente:
- Sim! Ele e a sua mãe são amigos desde que tinham a sua idade.
Enquanto se afastava, ele ainda brincou:
- Se não fosse o meu filho, sua mãe teria tido problemas na escola.
O menino ria divertido, ainda mais ao ver Clara protestar:
- Que isso, senhor Antônio? Mas é verdade, sem as aulas de inglês e matemática do Fê, eu não teria ido muito longe. - Novamente, aquele sorriso radiante.
Ela então se virou para mim:
- Venha! Vamos sentar.
Andamos até as mesinhas do lado de fora e sentamos um de frente para o outro. Clara parecia nervosa e eu queria manter o mistério. Ela disse:
- Estou vendo que o tempo fora fez muito bem a você. As espinhas se foram, os óculos…
A interrompendo, fiz graça:
- Pô, eu cresci, né? Não se pode ser adolescente para sempre. Mas o tempo foi realmente proveitoso.
Clara agora, além de nervosa, parecia ansiosa:
- Pisei na bola com você. Entendo que você tenha parado de falar comigo. - E resolveu ser honesta. - Não queria que você soubesse que eu estava grávida. Pensei que você me odiaria para sempre, depois do que aconteceu entre nós.
Sem ter muito o que falar, tentei não ser indiscreto:
- Eu entendo! Mas éramos amigos, mesmo a distância, eu sempre estaria disponível para você.
Me surpreendendo, e até me deixando um pouco irritado, Clara disse:
- Imagina eu te contando que estava grávida? Que mesmo após dizer que a gente poderia ficar juntos no futuro, eu apareço grávida de outro, poucos meses após você ter ido estudar?
Não sei porquê, mas aquilo me deixou realmente chateado. Para não tratá-la mal, resolvi que era hora de ir embora. Tentei ser cordial:
- Éramos muito novos. O que aconteceu, não tem como desfazer. Espero que você esteja feliz e que o pai da criança trate bem vocês dois.
Me deixando ainda mais confuso, Clara confessou:
- Ele sumiu no mundo. Miguel nunca o conheceu. Assim que dei a notícia, nunca mais soube dele. Meu pai é a figura paterna do Miguel. Sem contar o seu, que passa horas com ele de vez em quando, uma babá que não cobra. - Ela disse isso sorrindo e me dando um soquinho no ombro.
Me recordei com alegria dessa mania de Clara. Ela sempre se despedia de mim com esse soquinho no passado. Sobre o meu pai e Miguel, aquilo não me surpreendeu. Meu pai era realmente muito bom com crianças. Sempre adorou tê-las por perto. Na infância, comprava pipas e carretéis de linha para a molecada do bairro. No dia de São Cosme e São Damião, os saquinhos de doces da minha casa eram os mais disputados. Depois de um tempo, foi preciso distribuir cartões com senhas, dias antes, para poder ter o mínimo de organização no dia.
Me lembrei de Savana, mas não disse nada a Clara. Inconscientemente, achei que não deveria falar. Me levantei e me despedi dela:
- Bom, pelo jeito, nos veremos sempre por um tempo.
Ela estranhou:
- Como assim, por um tempo? Pretende voltar para o exterior?
Fui honesto:
- Não! Mas também não pretendo morar com os meus pais. Estou meio velho para isso.
Clara me olhou chateada, achando que era uma indireta:
- Nossa! Eu moro com os meus pais, não vejo motivos para isso ser tão ruim.
Eu, vendo que pisei na bola, mesmo sem querer, tentei me desculpar:
- Me desculpe! Não tive a intenção de ofendê-la. É que na segunda já começo em uma nova empresa e depois de tantos anos, não acho que devo invadir novamente a privacidade dos meus pais. Acredito que eles se acostumaram a viver sem a minha presença na casa.
Sem ter muito mais o que falar, me despedi de vez:
- Bom, preciso tomar um banho e cuidar da vida. No que precisar, me chame no muro.
Clara, lembrando da nossa infância e adolescência, me deu um sorriso lindo:
- Até hoje eu falo com os seus pais pelo muro, acredita?
Já saindo, eu apenas devolvi o sorriso e ouvi meu pai me chamar:
- Estou indo para casa também, Fernando. Me espera.
Ele entregou o pacotinho de pães de queijo para o pequeno Miguel e deu uma corridinha para me alcançar. Clara me lançou um último olhar e nós dois seguimos, conversando e entretidos, até em casa.
Dei um beijo de bom dia em minha mãe, que preparava o café na cozinha e fui até meu antigo quarto, onde Savana ao me ver entrar, se assustou, bloqueando rapidamente a tela do celular. Eu já estava acostumado com isso e as americanas são bem intolerantes com a invasão de sua privacidade e espaço pessoal. Cabia a mim respeitar os seus costumes. Esse jeito invasivo de se relacionar, querer saber tudo do outro, é coisa de latinos.
Peguei uma roupa limpa, uma toalha e fui para o banheiro. Savana veio atrás, já se despindo. Eu precisei interrompê-la:
- Não! Meus pais estão em casa. Aqui no Brasil isso não é bem visto. Depois você toma o seu banho.
Ela me olhou chateada, mas entendeu o meu pedido, saindo do banheiro e me deixando terminar. Ao voltar ao quarto, a informei dos meus planos e a convidei para vir comigo:
- Hoje vamos ver apartamentos. Quanto mais rápido resolvermos essa situação, mais rápido poderemos voltar a nossa intimidade.
Savana ainda debochou:
- Eu escolho! Se depender de você, iremos morar em uma caixa de papelão. Homens não sabem escolher imóveis.
Antes que eu pudesse dar minha opinião, Savana foi taxativa:
- Homens escolhem imóveis, mulheres constroem lares. - Esse argumento era difícil de ser rebatido, preferi me calar.
Em dois dias escolhemos o apartamento. Um prédio recém construído em um bairro novo e próximo a zona industrial, local que ficava a sede da empresa. Em mais três dias, decidimos todos os móveis planejados e compramos os eletrodomésticos, eletrônicos e tudo que era necessário para uma casa. Nessa parte, foi essencial ter minha mãe ao lado. Tanto eu, quanto Savana, não tínhamos a mínima noção sobre roupa de cama, mesa, banho, utensílios de cozinha, tapetes…
Como passávamos o dia todo fora, eu não conseguia ter nenhum contato com Clara e até achava melhor assim. O primeiro encontro deixou marcas em mim. Vê-la após oito anos, ainda mais sendo mãe, mexeu profundamente comigo. Secretamente, eu pensava em como seria legal que Miguel fosse meu filho e nós pudéssemos recomeçar, assim como havíamos combinado lá atrás.
Savana continuava com sua mania de bloquear o telefone ao me ver e quando recebia ligações, fazia questão de dar uma volta no quarteirão, enquanto conversava com quem ligava para ela. Sua desculpa era sempre a mesma: "estava falando com meus pais." Ela sempre voltava de cara emburrada após esses telefonemas.
Uma coisa me deixava ainda mais intrigado, eu nunca conheci os pais dela. Ela nunca me apresentou a eles e eu sequer cheguei a ver uma fotografia que seja dos dois. Para aumentar a minha desconfiança, no meu último domingo livre, ela veio com uma conversa estranha. Cheguei em casa da minha corrida matinal e Savana estava arrumando uma pequena mala. Preocupado, eu perguntei:
- Está indo viajar? Desistiu e está voltando para casa?
Savana, visivelmente contrariada e sem me encarar, disse:
- Estou indo cumprir um pedido da minha mãe. Tenho parentes no interior do Rio e prometi a ela visitá-los. Eles não me conhecem e minha avó, que está doente, quer muito me ver, pelo menos uma vez na vida.
Algo estava muito errado. Savana estava mais estranha e fechada do que o habitual. Tentei me fazer disponível:
- Deixa eu tomar um banho. Eu te levo. Podemos alugar um carro.
Savana, muito exaltada, logo me cortou:
- Não tem necessidade. Isso é uma coisa minha e eu preciso fazer sozinha. Você começa a trabalhar amanhã e eu devo ficar alguns dias por lá.
Aquilo estava me cheirando muito mal. Em menos de dez minutos, Savana estava saindo. O mais estranho era que um carro já a esperava na frente de casa. Ela me deu um beijo rápido, no rosto ainda por cima e se despediu. Eu a segurei pelo braço:
- De quem é esse carro?
Savana, agora irritada e me olhando brava, respondeu:
- É um Uber! O que mais poderia ser?
Quando a porta do carona se abriu, eu tive a nítida impressão de que era o mesmo rapaz que ela costumava discutir na universidade. "E por que ela sentou no banco da frente?" Meus pensamentos eram um alerta do que o futuro me aguardava. O carro acelerou e dobrou a esquina.
Eu começava a pensar na besteira que estava fazendo. Savana não era uma pessoa confiável. Isso já estava além de um problema cultural. "Quem vem para um país que não conhece e do nada resolve visitar parentes que nunca teve contato?" Pensar nisso me deixava chateado. De qualquer forma, savana já tinha ido e eu não tinha como segui-la. Na verdade, nem queria. Desde o reencontro com Clara, ela não saía da minha cabeça.
Passei aquele domingo em casa e no final da tarde, por volta das dezessete horas, resolvi sair, ver como era a vida social por ali. Ficar pensando em Savana ou fantasiando com Clara, não estava me fazendo bem. Dei uma desculpa esfarrapada para meus pais, disse que a visita de Savana aos parentes já era uma coisa programada. Dessa forma, eles não ficariam fazendo mais perguntas. Tomei um banho, coloquei uma bermuda, camiseta simples, calcei o tênis e fui andar.
Aquele garoto tímido ainda existia, mas não era mais um caso patológico. No tête-à-tête, eu já me garantia. Minha intenção não era arrumar alguém ou trair a Savana, apenas conhecer pessoas. Novas amizades eram necessárias. Ninguém vive feliz sem amigos. No momento, eu não tinha nenhum.
Andei alguns minutos, passando pelo meio do bairro e a praça estava lotada de crianças. Reconheci Miguel e a mãe de Clara em um dos balanços. Passei pela avenida principal e em um bar tradicional do bairro, uma choperia, começava o segundo tempo de um jogo do Brasileirão, São Paulo x Corinthians. O bar estava lotado com torcedores dos dois times. Lembrei que Clara era São Paulina e adentrei o recinto. Parei na ponta do balcão e pedi um chopp.
Me distraí assistindo a partida e bebericando calmamente a minha bebida, quando senti uma mão me puxando. Clara estava um pouco mais alegre, começando a sentir os efeitos do álcool. Ela me abraçou feliz e depois saiu me puxando. Paramos em uma mesa apinhada de gente, onde pude reconhecer vários moradores do bairro, pessoas da minha idade, amigos de Clara da época de escola. O grupinho dos populares, hoje cidadãos normais.
Claro que eu fui o centro das atenções. O nerd que foi estudar fora e não voltou mais. As meninas me comiam com os olhos e os homens faziam as mesmas piadinhas de sempre. Como todos sabemos, nós, os homens, dificilmente evoluímos e quando isso acontece, voltamos a ser adolescentes quando em bando.
Levei na esportiva e como não entrei na pilha, o assunto rapidamente mudou para a curiosidade de morar fora. Respondi inúmeras perguntas com paciência, outras de forma sarcástica, outras ainda, ignorei. No fim das contas, acabei conseguindo mudar a minha imagem. As garotas solteiras se insinuavam para mim, recebendo um olhar de ódio de Clara, que ao fim da partida, já estava visivelmente bêbada, mas ainda firme. Decidi que era hora de ser cavalheiro:
- Acho que já chega de chopp para você. Estou indo embora, me acompanha?
Clara, ao se levantar, só não caiu porque eu a segurei. Mesmo assim, ela protestou, com a voz embaralhada:
- Ainda é zedo! Vamo tomá zaidera.
Ao apoiá-la, segurando firme em sua cintura e passando seu braço sobre meu ombro, ouvi uma piadinha que me pegou desprevenido. Duas de suas amigas mais próximas, cochichavam, mas por causa do quanto tinham bebido, acabaram falando mais alto do que deviam:
- Ih! Parece que o papai está de volta para assumir o seu devido lugar.
Instintivamente, eu as encarei. Uma delas, a menos bêbada, acabou fazendo aquele típico sinal de quem fala demais, tapando a boca com a mão e me olhando de olhos arregalados. Só me restava sair dali, deixar Clara em casa e tentar, de alguma forma, descobrir se aquilo era verdade.
Por causa do estado de Clara, caminhar não era uma opção. Pedi um carro pelo aplicativo e ele não demorou a chegar. Vendo o estado de Clara, só depois de muita conversa e uma promessa de pagar uma taxa extra se ela vomitasse, ele aceitou nos levar.
Foi uma viagem rápida e eu a trouxe até a porta de sua casa. Antes que eu pudesse tocar a campainha, Clara tentou me beijar. Fui obrigado a recusar, pois não era certo abusar dela nas condições em que estava. Mesmo que ela quisesse, eu, estando em plena consciência, não me sentiria bem. Ela sentou nos degraus da varanda, me olhou com olhos marejados e disse:
- Eu vi a sua namorada. Sua mãe disse que ela se chama Savana. Por que você não voltou para mim? - As lágrimas começavam a escorrer.
Sem ter muito o que fazer e achando que aquilo era apenas efeito da bebida, eu toquei a campainha e logo seu pai abriu a porta. O jeito que ele olhou para Clara era um sinal de que aquilo não era uma novidade. Completamente envergonhado, ele me cumprimentou, pegou Clara e a levou para dentro, me pedindo para esperar. Ele voltou poucos minutos depois:
- E aí, Fernando! Não tivemos tempo para conversar. Você se transformou em um belo rapaz. Antônio sempre fala de você com orgulho. Como foi esse tempo fora?
Eu apenas agradeci:
- Obrigado, senhor! Foi uma experiência maravilhosa. Agora é começar a vida.
Ele me olhou orgulhoso:
- Eu soube do novo emprego. Seu pai já contou para todo mundo. Seremos meio que colegas, já que eu sou vendedor da empresa. Sou representante comercial, sem vínculos empregatícios, mas de qualquer forma, só vendo os produtos de lá.
- Bom saber, assim você pode me dar umas dicas do que eu posso esperar. Começo amanhã.
Conversamos por mais alguns minutos e nos despedimos. Ao chegar em casa, não consegui esconder da minha mãe as minhas preocupações. Mãe sempre sabe quando um filho não está bem. Ela foi direta:
- O que aconteceu? Saiu calmo e voltou com essa carinha aborrecida.
Eu precisava perguntar:
- Vocês sabem quem é o pai do filho da Clara?
Minha mãe estranhou a pergunta:
- Ela sempre disse que foi um garoto do colégio. E que logo após engravidá-la, ele foi embora.
Eu tinha dúvidas:
- Mas o tempo é o mesmo da minha partida. As contas são muito exatas, a matemática não erra.
Minha mãe se assustou:
- O que você está dizendo? Mas você e a Clara nunca… ou…
Minha mãe ficou pálida, parecia que sua alma tinha saído do corpo. Apesar de religiosa, minha mãe é uma pessoa avançada, de mente aberta. Eu confirmei:
- Sim! Um dia antes de eu ir embora. Clara veio em casa e nós transamos. Foi a minha primeira vez.
Ela parecia não acreditar, mas alguns elementos a fizeram divagar:
- Seu pai tem uma ligação especial com aquele garoto. E pensando bem, ele tem os seus olhos. Esses olhos negros, grandes. E o cabelo? Como eu pude não reparar… preciso falar com Isaura, isso não pode esperar.
Enquanto levantava apressada, eu a contive:
- Não! Não somos nós que decidimos. Isso é com a Clara. E se dona Isaura, mãe dela, não souber de nada? A senhora é que não vai falar mesmo. Vai ficar na sua.
Ela ainda tentou me convencer:
- Mas se ele é seu filho, é também meu neto. Eu já perdi sete anos da vida dele…
Era hora de encerrar o assunto:
- Mãe, existem outras formas de resolver. Me dê tempo, eu vou conversar com a Clara.
Minha mãe, séria, me fez um alerta:
- Clara não é mais a mesma menina meiga que vinha estudar com você. Logo que engravidou, ela largou a escola, depois que o Miguel nasceu ela teve uma forte depressão, problemas com drogas… cuidado, filho! As coisas mudaram muito desde a sua partida.
Clara era um assunto para entrar na fila. Primeiro, eu precisava me preocupar com o meu novo emprego e depois, com Savana. Minha mãe passou o resto do domingo presa em seus pensamentos. Se eu demorasse a agir, ela iria dar um jeito de saber mais. Meu pai ficou mais alegre do que surpreso com a possibilidade, mas também concordou em me deixar fazer as coisas do meu jeito.
No fim daquele domingo, já preocupado com a falta de notícias de Savana, coisa que não era incomum, recebi uma mensagem anônima de um número americano:
"Tem certeza que você conhece a mulher que escolheu para viver? Acha que ela lhe acompanhou para o Brasil por amor ou fugida de alguma coisa? Pense nisso."
A mensagem, escrita em um inglês cheio de gírias de gueto, era acompanhada por uma foto de savana parcialmente desnuda, só com uma calcinha minúscula, sentada no colo de um homem, em uma mesa cheia de drogas. Parecia ser um club, algo parecido com uma casa de striptease aqui no Brasil. Lá existe uma diferença, já que nesses locais, em vários deles, não existe de fato prostituição, apenas lap dances e strippers. Aqui, geralmente tudo acontece junto.
Aquilo era o que eu menos precisava. Prestes a começar na nova empresa, paz seria bom naquele momento. Mas eu pagaria o preço pela ingenuidade. No fundo, eu mais desconhecia a verdadeira Savana do que tinha elementos para confiar nela.
Mal dormi naquela noite, tive pesadelos sexuais com Savana. Ao invés de excitar, eles me torturaram:
"Savana era stripper em um Club de Las Vegas. Desfilando pelo salão entre clientes com os seios redondinhos e perfeitos, exibindo suas aréolas negras e os biquinhos salientes para quem quisesse ver. Por um dólar, ela se deixava bolinar. Por cinco, o cliente podia mamar por alguns segundos. Por dez dólares, além de mamar e morder os biquinhos, ela ainda se sentava no colo e rebolava a bocetinha naquelas picas variadas."
Eu acordava suado e assustado, mudava de posição na cama e tentava pegar no sono outra vez. Assim que adormecia, as imagens voltavam a se materializar em meu subconsciente:
"Eu estava agora em uma área decadente de Nova York, um local onde se reuniam garotas de programa e Trans. Uma bela morena, de traços latinos e em trajes vulgares oferecia os seus serviços. Encostei o carro para saber o preço e tentar combinar um programa. Savana me olhou e se debruçou sobre o vidro aberto da porta da carona:
- Ei, gatinho! Topa um programa? Faço de tudo. Também vendo um estimulante se for esse o caso.
Meu cérebro gritava comigo, mas o eu do sonho não a conhecia. Eu parecia ser outra pessoa, em outro corpo. Topei o programa por alguns poucos dólares e ela entrou no carro. Sem demora, ela abriu o zíper da minha calça e começou uma punheta gostosa, falando obscenidades em meu ouvido e me deixando alucinado…"
Novamente, acordei assustado, suado e revoltado. Que segredos Savana escondia?
Levantei um caco para o meu primeiro dia de serviço. Confrontá-la seria perda de tempo, pois ela sempre usava a carta da privacidade e das diferenças culturais. Antes de começar o dia, mandei uma mensagem para aquele número:
"Quem é você? Podemos conversar? É um amigo?"
Vi que foi visualizada, mas não obtive resposta. Ficar pensando naquilo não ia adiantar. Eu precisava focar no meu dia e fazer com que fosse produtivo.
Continua.