Naquela noite quando fui dormir, peguei meu travesseiro e um cobertor e fui para o outro quarto.
Janjão na sala tomou a frente:
- Opa rapaz, que é isso? Vai pra onde?
Eu abaixei a cabeça pra não olhar pra ele:
- Melhor eu dormir no outro quarto.
Janjão:
- Nada disso. Você não vai abandonar nosso quarto. Vamos conversar. Pensei que você já estava ficando "de boa".
Eu:
- Não tem como ficar de boa sabendo que você não se satisfaz comigo e me traiu com outras mulheres.
Janjão deu uma risada intrigado:
- Cara, eu juro que achei que você não ia se importar que eu pegasse mulher, assim como seus amigos não se importam que os caras deles peguem mulheres.
Eu:
- Eu não sou meus amigos. Eu me importo. Eu quero um namorado "meu", não dividido.
Gente, a conversa foi aparentemente tranquila mas eu estava me sentindo horrível por dentro, achei que não havia tido sorte no namoro, e que nunca mais teria sorte, que ninguém nunca seria só meu, me senti diminuído, inferior, naquele momento eu me odiei por ser gay - sentimento que eu já havia superado. Achei que se eu fosse homem ou mulher, tudo seria mais fácil pra mim (flechas que nossa mente atira em nós mesmos quando não estamos bem, porque a verdade é que depois que saí da casa dos meus pais, as coisas não foram tão difíceis assim... tudo fluiu na minha vida🙏).
Janjão me pegou pelo braço e me levou de volta pro quarto:
- Allan, se você me isolar, sair do quarto, não falar comigo, isso pode afetar nossa cumplicidade. Pelo menos tenta ficar do meu lado pra raiva passar mais rápido.
Fomos deitar Janjão falando um monte de coisa pra me convencer. Quando ele finalmente pareceu ter parado, dei "boa noite", me virei pra parede, ele se encostou atrás de mim e me abraçou pela barriga. Falou no meu ouvido:
- Fica assim não, vai. - E engoliu minha orelha. Me arrepiei todo.
Ele meteu a mão pela minha camisa, começou amassar meus peitos, o bico (como se eu tivesse peitões kkkk); enfiou a cara entre meu pescoço e meu ombro e começou dar chupões nessa área. Ele deslizou a mão boba pelas minhas costas, meteu a mão dentro do meu short e pegou na minha bunda; desceu meu short. Eu puxei de volta.
Ele não insistiu. Droga!😩 Ele se deitou pra cima, como de costume, se calou e foi dormir.
Quando ouvi Janjão roncar, me levantei devagar e fui para o outro quarto.
De madrugada acordei com Janjão se deitando a meu lado, me abraçou pela barriga e dormiu. De manhã ele acordou antes de mim, me acordou e perguntou se eu não ia fazer o café. Cara de pau!
Na noite seguinte a mesma coisa. Esperei ele dormir e fui pro outro quarto, dessa vez tranquei a porta. Não foi ceninha, eu estava realmente frustrado. Eu só cedia algumas vontades de Janjão pra evitar briga - coisa que ele não fazia... brigar. Não adiantou. Janjão acordou e não me deixou dormir enquanto não abri a porta.
Noite seguinte quando ele foi dormir, ele quem trancou a porta do outro quarto e ficou com a chave. Esperei ele dormir e fui pro sofá. Eu estava deitando quando Janjão chegou abrindo os braços:
- Cara, até quando você vai ficar nessa?
Do nada comecei chorar (depressão).
Ele se sentou a meu lado.
- Eu só vou ser seu. Eu não quero perder você. Tenha certeza.
Ele ficou um pouco calado a meu lado, e eu também. Ele se levantou e foi ao quarto, eu deitei, ele voltou, sentou no tapete ao lado do sofá, junto do meu rosto.
- Toma! - Ele me deu o celular - Vou te mostrar as meninas que pego, você mesmo pode bloquear e excluir dos meus contatos, e se quiser ainda pode mandar mensagem antes dizendo que não vai mais rolar.
Eu poderia ser modesto ou humilde e não fazer isso, mas eu aceitei.
Janjão é analfabeto, só sabe assinar o nome, mas sabe salvar ou procurar nome dos contatos no celular. Ele me mostrou quase uns 10 contatos. Revoltado, bloqueei e excluí uma a uma, com um ódio mortal (as bibas que encontrei no zap dele são nossos amigos em comum, amigos de dois dos sobrinhos gay que Janjão já tinha amizade antes até de me conhecer - não excluí). E ódio esse que passou de imediato quando ele pegou no meu queixo com dois dedos, levantou minha cabeça pra olhar pra ele, e ele deu aquele sorrisinho que me matou por dentro, não disse nada, mas li na sua face a pergunta muda: "agora estou perdoado"?
Eu não resisti aquele sorriso encantador na cara do meu parrudo, peguei no seu rosto e arranquei um beijo. Ele me olhou e falou com uma serenidade sincera na voz:
- Carinha, se é assim que você quer, assim será. Eu não quero arriscar perder uma pessoa que me acolheu quando me colocaram na rua; você ainda me deu comida e roupa lavada, sempre me deu maior valor, sempre me tratou super bem, nunca negou um pedido meu e...
Cortei ele:
- Eu nunca te dei comida, você quem compra kkkkk.
Ele:
- Ah besta kkkk. Mas você quem cozinha, e hoje em dia ainda bota mesa pra mim... então me dá comida.
Eu:
- Cara de pau. Essa vida mole vai acabar, tá. E você não cozinha porque você consegue queimar até ovo cozido. (De verdade Janjão é um desastre na cozinha).
Fomos para o quarto perturbando um ao outro. Me acostumei brincar com ele porque ele é leve, ele não se irrita, se você puxa qualquer brincadeira ele te persegue também. Já com outras pessoas eu sempre tive medo de brincar e a pessoa levar a sério; com Janjão não sinto medo. E não... não teve sexo naquela noite (pra quem esperava essas "pazes" kkkkk), mas tive uma noite feliz ao lado do homem que escolheria mil vezes pra ficar a meu lado, sem tristeza na memória.
Por essa situação eu descobri que tenho um lado bem ciumento. Eu tento não demonstrar muito mas as vezes escapa pelo meu semblante. Mas as poucas vezes que não consigo fingir, e Janjão percebe, ele não se zanga comigo, ele apenas me irrita. Como da vez que chegaram aqui em casa sua ex-mulher e seus filhos. Ela reclamando que o dinheiro que Janjão dá não dá pra nada (ela esquece que Janjão é lavrador e ajudante de pedreiro, e ele ganha pouco, mesmo assim vez ou outra não acha trabalho - não é culpa dele. Ele cumpre seu papel de pai e ajuda os filhos como pode, paga pensão direitinho - eu também ajudo um pouco, para que Janjão não tenha problemas, mesmo assim ela enchia o saco; parou mais).
O caso é que começaram discutir aqui em casa e acharam melhor ir pra rua porque eles tem um filho especial. Foram discutir lá na esquina da rua. Aaaah... eu surtei por dentro. Fui na porta umas 3 vezes, lá estavam os dois gesticulando parecia que um ia bater no outro. Essa racha extoporada voltou nervosa, pegou os filhos e se mandou. Eu na pia descascando verdura, não consegui disfarçar minha cara inchada de raiva.
Janjão pegou no meu queixo (mania dele), levantou pra eu olhar pro seu rosto, mas meu olhar continuou desviado pra pia. Cafajeste deu uma risada:
- Tu tá com ciúmes de mim com ela é? Não...! Eu não acredito kkkkk. - Eu fumaçando de raiva, e Janjão com palhaçada.
Ele puxou meu queixo novamente, meu olhar se voltou pra pia. Janjão me agarrou pela cintura... eu meio magro, ele todo forte, me levantou me sentou na pia toda melada de sabão e cheia de casca de verdura, molhou e sujou minha bermuda toda. Ele tentando me dar beijo na boca, eu desviando o rosto. E ele dizia:
- Boneca com ciúme do grandão...
Eu não tive escolha, soltei uma risada.
Eu:
- Kkkkkk... seu besta.
Ele:
- Aíííí siiiiiimmm.
Ficamos de namorico ali somente por algum tempo, e nada de sexo também. Eu não me excitei porque estava com a bunda fria, toda molhada, e ele também não se excitou. Além do mais eu tinha de adiantar o almoço daquele sábado porque ia chegar um bando de biba assanhada depois que saíssem do trabalho. E troquei a bermuda.
E Janjão é assim, gente. Ele é uma pessoa firme, de caráter, de opinião, é chato, teimoso, genioso quando quer algo, mas ele é bem obediente comigo, sabe? Por exemplo, ele nunca gostou de camisa - só quando sai de casa. Então, antes de eu criar confiança e solidificar amizade com as bibas da minha turma, elas quando vinham aqui em casa ficavam soltando aqueles gritinhos assanhados quando viam Janjão sem camisa, ficavam perturbando dizendo que ainda iam pegar ele (ninguém sabia ainda que estávamos de relacionamento; apenas suspeitavam), chamavam ele de parrudo gostoso, fofura, delícia, etc; até o sobrinho uma vez "brincou" dizendo que se não fosse tio dele, que Janjão não lhe escapava. Eu pedi pra Janjão parar de ficar sem camisa com elas em casa. Ele não se recusou, não se irritou, não reclamou... nada... ele simplesmente parou. Também pedi que ele parasse de bricar com as bibas, tipo apertar o bico do peito delas, dar tapa na bunda e dizer que ia comer a bunda daquela puta naquela noite, e ele não caçou encrenca comigo, apenas acatou. Janjão me respeita muito, me obedece muito (não obedeceu agora durante a cirurgia que sumia uma latinha de cerveja e outra, e eu no pé pra ele não beber🙄).
Eu também faço minha parte, sabe!? Eu evito amizade com héteros pra não acabar atraindo confusão e desconfiança; evito passear sozinho sem ele estar junto, não mantenho senhas em celular assim como ele; e outras situações.
Apesar que Janjão nunca demonstrou ciúmes para comigo. Apenas duas vezes que ocorreu uma situação mas ficou subentendido.
Uma foi quando um dos nossos amigos trouxe um ficante aqui. O homem tinha maior cara de descarado, tarado, psicopata sexual. O olhar do homem assustava, quando você olhava pra ele você tinha a sensação que ele estava imaginando as mil possibilidades sexualmente violentas que ele poderia fazer contigo. Quase ninguém gostou dele. Pra vocês terem ideia como esse homem era psicopata (Janjão já havia permitido sexo aqui em casa), uma manhã e uma tarde que esse homem passou aqui em casa junto com a turma, ele comeu a biba três vezes (haja cu!). Quer dizer, comeu duas vezes; a terceira Janjão interrompeu no meio porque era o maior barulho no quarto; o homem gemia tanto que parecia que o ânus dele que estava sendo comido, e por um elefante - mas a questão é que ele gostava de chamar atenção, e de várias formas; tanto que quando ele estava na mesa com a gente, ele falava com meu amigo pra todo mundo ouvir: "vamos ali pra eu comer esse cuzinho, putinha". Em turma a gente fala ousadias, como qualquer turma, mas ele falava de um jeito que incomodava alguns na mesa. Quando ele se levantava da mesa - sem camisa - ele parecia fazer de propósito... se levantava, ficava um pouco parado tomando 2 ou 3 goles da cerveja... detalhe: o tronco duro dentro da bermuda tactel (tecido parecendo viscose), ele parecia querer exibir. Os caras da mesa ficavam revoltados, e eu segurando Janjão pra não dar esporro. Ele era bem exibido e oferecido. Ele deu em cima de algumas bibas.
Acontece que eu estava na cozinha pegando cervejas, ele passou atrás de mim e falou:
- Essa sua cara de puta de beira de praia me dá o maior tesão. - Muitos gays amariam a piada... eu comecei tremer. E ele continuou:
- Fssss... se eu meter minha espada nesse rabo, a pessoa que arrancar ela de dentro vai ser o próximo rei Arthur.
Janjão saiu do banheiro.
Eu estava pensando que Janjão tinha ido ao bar porque as bibas da mesa tinham se juntando pra comprar outro engradado porque a cerveja estava acabando. Janjão estourou em cima desse homem:
- Cara, você não tem vergonha não? O cara ali na mesa bebendo, ele bancando sua cachaça, sua diversão, e você aqui dando em cima do amigo dele?
O cara levantou a mão pra apertar a mão de Janjão:
- Não, pivete, eu só ia ao banheiro.
Janjão recusou seu aperto de mão:
- Eu não sou pivete, sou homem. E o banheiro é aqui.
O cara entrou. E Janjão comigo:
- Rapaz, você ouviu esse insulto e ficou quieto...? Não entendi.
Olhei pra ele:
- Janjão, não me culpa. Você me conhece e sabe que não sou de responder. Tenho medo de virar confusão.
Ele foi rapidamente compreensivo:
- Sim, sim. Desculpa!
Voltamos pra mesa e ele falou:
- Mas vou mandar esse cara embora.
Eu:
- Não faça isso. Não cria climão. Daqui a pouco eles vão embora, e quando *Fulano falar em trazer ele aqui dinovo, é só não aceitar.
(Não adiantou muito porque da outra vez que Janjão não aceitou a presença dele, a biba ficou nervosa, dizendo que nenhum de nós gostamos do cara, que não toleramos nada, blá, blá, blá. Ela se afastou um pouco da gente, mas durou pouco porque o cara deu uma surra de colocar ela no hospital, só porque a biba se recusou dar dinheiro pra ele usar "porcaria" - não na nossa casa, não critico quem use mas não aceito isso aqui. A amizade voltou ao normal em seguida, apoiamos muito ela).
Então eu não sei se Janjão ficou com ciúmes de mim, ou se ele não gostou do cara sacanear a biba, ao dar em cima de mim.
A outra coisa que Janjão pegou ar foi num domingo que eu estava doido, maluco, arruinado pra dar a bunda, Janjão ia sair pra ficar com os filhos, e eu não quis pedir rola pra ele não achar que eu estava tentando impedir ele de sair. Eu fui pro banheiro me masturbar e resolvi enfiar uma calabresa no ânus. Janjão voltou, entrou, me chamou. Eu fiquei tão nervoso que ao invés de dizer que estava no vaso (pra ele não entrar), eu gritei que estava no banho. Ele entrou no banheiro e me pegou com a calabresa na mão.
Gente, não ri não porque foi a cena mais ridícula e vergonhosa que passei - kkkkkk.
Janjão bradou:
- Vem cá "fila" da puta, eu não te satisfaço não é?
Eu não tive reação. Me abaixei dentro do box, coloquei as mãos na cara, e seguro com a calabresa. Ele abriu o box, puxou a calabresa da minha mão, jogou dentro do vaso de papel higiênico, amarrou e levou embora. E eu nunca soube porque ele voltou aquele dia. Só podia ser o diabo pra atentar.
Ah... outra vez também ele se irritou com filme pornô que me mandaram no zap. Ele perguntou se eu tava com interesse nos caras. Depois disso, quando me mandam vídeos de putaria, eu abro sem áudio e excluo em seguida. Ah gente, um videozinho é legal sim, foi através de vídeos que aprendi muitos truques no sexo, posições diferentes, truques no boquete, assim por diante. Nos contos aqui também aprendi muita coisa; só nunca consegui entender que posição é essa, chamada "cata-graveto", que li aqui em um conto.
Então é isso, Janjão não é de sentir muito ciúme de mim. Eu sinto muito, muito mais. No geral, na verdade, Janjão é a parte equilibrada do relacionamento; e ele tem uma praticidade incrível... quando tenho dificuldade em algo, rapidinho ele resolve, ele descomplica. Não posso perder esse homem, gente.
Bem, amigos, no próximo quero tentar resumir sobre minha família pós minha saída de casa, e algumas poucas informações pra encerrar. Eu tento resumir mas sou meio detalhista - risos. Só podia ser virginiano😇😁 (que combina muuuuuuito com capricorniano🥰😍🤩😁).