Todos me olharam curiosos com o que eu iria falar e me desencostei do Botina, sorrindo e o encarando meio de soslaio:
- Gente, acho melhor a gente comer essa carne, porque vocês não vão me comer não, principalmente você, Botina! Sai de perto de mim, seu jegue. - Falei, rindo.
A gargalhada foi geral. O Botina fez uma cara de abandonado e começou a balançar negativamente a cabeça, olhando para a Sayuri, enquanto o Gui e o Erick foram para a cozinha buscar outros pratos. A Sayuri foi atrás, mas não antes sem ouvir outra do Botina:
- Se a Anne fugir de mim é você que vai ter que dar conta, visse!?
Capítulo 14 - Cartas na mesa
Sayuri ainda gargalhou alto e de uma forma debochada e cínica enquanto ia para a cozinha. Não aguentei ver a cara do Botina e acabei caindo na gargalhada também. Depois que eu parei, ele falou:
- Tá vendo. É isso aí, Anne! Curtir, rir, se divertir e se quiser mais tarde, curtir novamente de uma forma diferente. É isso que a gente faz, entendeu?
- Tá! Vocês são muito bons de prosa. A conversa está ótima, mas daí para eu abrir as pernas para vocês tem um longo, longo, longuíssimo caminho. Amigos, amigos; sexo é outra coisa bem diferente, meu queridão.
- Oxi! Mulher desconfiada da peste! Quer ver se ele é grande mesmo do jeito que a Sayuri falou agora que a gente está sozinho?
- Você está louco, Botina? Não começa, não, hein!
- Só a mãozinha... Põe sua mão aqui, por cima da calça mesmo, cara. - Falou, sorrindo: - Cê não acha que eu vou te comer de roupa, né? Dá sua mãozinha aqui, dá, neném!?
Eu não queria, mas ele insistiu e pegou minha mão, já puxando para si. Tá! Eu não estava resistindo com tanta resistência assim e ele se aproveitou disso para fazer o que queria e a colocou sobre seu pau. Eu olhava em direção a cozinha, não querendo ver o que ele estava fazendo, mas ele pouco se importou e fez, alisando-se com a minha mão da base até a cabeça. Mesmo por cima da roupa, pude ter uma noção e era bem grande mesmo. Talvez até não tão grande assim, mas muito grosso. Apesar de não estar completamente duro, já tinha uma espessura de respeito. Aliás, conforme ele alisava e tentava envolver meus dedos nele, pude sentir que começou a endurecer de verdade, fazendo-me olhar para ele, pois parecia ficar absurdamente grosso a cada segundo. Um barulho de passos e conversas vindo da cozinha me assustou e me livrei dele, refugiando-me na minha batidinha que literalmente engoli toda, virando de uma vez só.
Sayuri entrou com uma linda travessa de saladas, acompanhada pelos outros dois que traziam arroz, salada de feijão de corda e uma espécie de purê de mandioquinha. Depois de colocarem os pratos sobre a mesa, o Erick se sentou ao meu lado e, me vendo meio quieta, perguntou se estava tudo bem, o que confirmei. Guilherme e Sayuri voltaram para a cozinha e depois retornaram com vinho, mais batidinha e cerveja.
Passamos a comer e beber, conversando, brincando e rindo. Mesmo mais quieta, tentei ser agradável e eles continuavam fazendo de tudo para eu me enturmar e relaxar com o que poderia vir a acontecer, mas eu não conseguia. Ao final do jantar, Sayuri me convidou para acompanhá-la até seu quarto e eu fui:
- Tá tudo bem, Anne? Achei você meio quieta numa hora.
- Sá, o Botina pegou minha mão quando vocês estavam na cozinha e colocou em cima do… do… ah, você sabe do quê. - Falei, tentando imitar com minhas mãos o mesmo tamanho que ela havia feito antes: - Menina, o que é aquilo!? Tem como caber dentro, não!
- Cabe, Anne… Ô, se cabe. - Ela falou rindo: - Mas não indico colocar na bunda, porque parece que vai te partir em duas. Só fiz uma vez atrás com ele para nunca mais, mas na frente, depois que você relaxa, aí vai de boa e é uma loucura.
Eu a encarava e balançava negativamente a cabeça, deixando claro que não concordava com seus argumentos:
- Mas e aí? Tá a fim de brincar com eles? Eles já me disseram que estão loucos para te pegar. - Ela insistiu: - E o Botina, bem, esse eu não preciso falar, né? Ele já está te comendo com os olhos desde que chegou…
- Ah, Sá, não estou confiante, não!
- Por que você não faz assim? Começa de leve. Fica com o Erick, dá uns beijos, uns amassos, vai deixando acontecer... Ele tem um pau legal, nem grande, nem pequeno, nem grosso, nem fino, ele é bem equilibrado mesmo e sabe fazer direitinho. Daí se você animar, o Gui já é pouco maior e mais grosso e o negão, bem, o negão é o negão, né! Nem preciso fazer propaganda para você.
- Olha… Sinceramente, estou pensando em ir embora para não empatar a foda de vocês.
- Não! Não precisa. Então, fica e assiste. Eu comecei assim, assistindo, depois ficando pelada e me tocando, até um dia em que não aguentei e entrei no meio da roda. Daí, não parei mais. - Falou e riu.
Eu realmente estava meio encabulada, até meio assustada com o Botina. Acabei concordando em ficar para conversar e beber mais alguns drinks com eles. Voltamos à sala e o Botina havia saído, somente os outros dois estavam sentados, conversando e bebendo:
- Cadê o negão, Gui? - Sayuri perguntou, preocupada com seu sumiço.
- Saiu, Amor. Alguém ligou e ele disse que precisava sair para resolver uma parada e que, se conseguisse resolver logo, voltaria.
Ela ficou visivelmente chateada. Eu, em contraponto, acabei ficando mais tranquila. Passamos a beber e conversar e logo a Sayuri propôs jogarmos “Strip Poker”. Eu a encarei e soltei na lata:
- Ara! Propõe para a gente ficar peladas de uma vez, Sayuri. Eu só estou com vestido, calcinha e sandália! Três carteadas e eu fico pelada, mais uma e já vou ficar devendo um boquete. - Falei, fazendo-os rir.
- Eu não tinha pensado nisso. - Ela falou, mas com uma carinha de safada que mostrava que sua intenção não era convencer: - Também só estou assim…
- Ora, é fácil. - Começou o Erick: - Basta eu e o Gui ficarmos com três peças também. O que você acha, Gui?
Ao olharmos para o Guilherme, ele já tinha tirado os sapatos e a camisa, falando em seguida:
- Já dou uma peça de vantagem para vocês! Agora estou só de bermuda e cueca. - Sorriu com malícia: - Tira a camisa e os sapatos, Erick. Vamos dar essa colher de chá pra essas marrequinhas.
O Erick me encarou, sorriu e pediu licença para atender a proposta do amigo, também ficando apenas com calça e cueca:
- Mas eu não falei que ia jogar! - Protestei ao vê-los com os peitos desnudos.
- Ah, qual é, Anne!? É só diversão. Ninguém vai te comer se você não quiser. É só pra gente se divertir com um pouco mais de intimidade. Além do mais, a gente vai rapar eles. Eu jogo bem, pode confiar. - Me falou a Sayuri.
- Não jogo por dinheiro! - Rebati.
- Aposta tua roupa. - Ela falou e os avisou: - Mas já vou avisar que se vocês perderem e quiserem ficar vestidos, vão ter que pagar e caro, porque eu quero dinheiro, sim.
- Não jogo por dinheiro mesmo, Sayuri. - Insisti: - É uma questão de princípio. Sem negociação!
- Tá bom, então, sua chatinha. A gente joga só as roupa, pode ser? - Encarou-me e eu, mesmo não concordando muito, assenti com a cabeça, assim como os demais: - Joia! Mulheres contra homens, então. Se eu ganho, você ganha. Se o Gui ganha, o Erick ganha e vice versa.
Nos sentamos no tapete, em volta da mesa de centro da sala e começamos a jogar. Cada lado ganhou uma rodada, então, eles, que haviam perdido a primeira, ganharam suas roupas novamente. Nova rodada e, num blefe, o Gui ganhou a rodada, levando nossos sapatos. Outra rodada e Erick ganhou, levando o vestido da Sayuri e a minha calcinha:
- Mas assim não vale, Anne! - O Erick protestou, rindo da minha malandragem.
- Perdi uma peça de roupa, mas ninguém disse qual teria que ser. - Respondi, fazendo os demais rirem.
Ele, para me sacanear, aproximou minha calcinha do nariz e a cheirou, suspirando um “Huuuumm!” em seguida, o que me fez corar e os demais rirem:
- Vai, bobona! - Sayuri disse, entre suas risadas: - Brinca com ele, brinca. Agora vai ter perseguir igual um cachorro perdigueiro.
Ri meio sem graça dele e voltei a me concentrar no carteado. Nova rodada e eu venci, recuperando minha calcinha e o vestido da Sayuri, mas nem ligamos de vesti-los novamente. Foi bom, porque na rodada seguinte perdemos novamente as mesmas peças. Outra rodada e ganhamos nossas peças novamente:
- Porra, gente! Assim ninguém vai ficar pelado, nunca. - Sayuri protestou: - Vamos jogar pra valer, vamos? Perdeu, perdeu, não recupera mais.
- Mas aí a gente já sai perdendo, espertona! Só temos mais uma peça cada. - Resmunguei.
- Vamos começar do zero, mas perdeu, fica sem. Ah, e agora é cada um por si e só perde a peça quem ficar até a última rodada, e não pode ficar mais de duas rodadas sem ir para a final, senão perde a roupa também. - Ela retrucou: - Vou rapar vocês todos! Inclusive, você, Anne…
Todos me encararam e eu concordei, já aceitando correndo algum risco. As rodadas foram se alternando e quando vi estávamos todos com uma única peça. Nova rodada e a Sayuri ficou pelada, mostrando despudoradamente uma bucetinha lisinha, lisinha:
- Que bom que você joga bem, Sayuri. - Brinquei com ela: - Ainda bem que não somos parceiras mais.
- Sorte de principiante, Anne. Só isso. - Ela retrucou, chateada.
Nova rodada e o Gui também ficou pelado, ostentando um belo pau, mas ainda meia bomba. Outra rodada e o Erick perdeu, ficando também nu. Esse tinha um pau de tamanho aproximado do Gui, talvez um pouco mais fino, e também já estava meia bomba:
- Gente, a partida acabou. - Comecei a rir, mais tranquila ainda por não ter ficado nua: - Eu ganhei!
- “Cabô” nada, Anne. Vamos continuar? - Sayuri falou.
- Ah, e se eu ganhar novamente. Cês vão me dar o quê?
- O que você quiser. Você decide. - Ela insistiu: - Pode ser um abraço, um beijo, uma massagem, uma chupada, uma lambida… Sua imaginação é o limite.
Eu sabia que se continuasse, o risco de algo sair do controle era grande, mas decidi jogar mais um pouquinho. Acho que os vários drinks que já havia bebido colaboraram em minha decisão. Nova rodada e venci o Erick, comemorando feito uma criança:
- E o que você vai querer, Anne? - Me perguntou, lambendo os lábios.
- Uma massagem nos pés. - Respondi, já virando os pés para ele.
O safado fez um biquinho como que contrariado, mas cumpriu o combinado. Só que ele levantou minha perna mais que o necessário e certamente deve ter tido um belo deslumbre da minha buceta ainda ocultada pelo meu vestido. Depois de um tempinho, me dei por satisfeita. Ao olhar para a Sayuri, a fim de analisar seu semblante, notei que ela já estava mais corada e respirava com mais força, talvez excitada com as possibilidades.
Nova rodada e fugi, sobrando somente a Sayuri e o Erick. Ela ganhou e pediu um beijo na boca. Ele cumpriu com prazer, e bota prazer nisso, pois eles literalmente chuparam reciprocamente suas línguas por um tempinho. Outra rodada e eu perdi para o Guilherme:
- Poxa, gente! - Resmunguei.
- Se não quiser, está tudo bem, Anne. - Ele próprio falou, me surpreendendo, apesar dos protestos da Sayuri e das risadas do Erick.
Eu o encarei por um tempinho, mas decidi cumprir o combinado, ficando de pé e tirando meu vestido para entregar-lhe e voltando a me sentar rapidinho, tentando ocultar ao máximo minha buceta de seus olhares com as mãos, quase impossível naquela situação:
- Parem de me olhar ou vou embora! - Falei, constrangida.
- Peludinha, Anne!? Por essa eu não esperava. - Sayuri soltou, aumentando ainda mais meu constrangimento.
- Sou uma mulher das antigas, Sá. - Brinquei e pedi novas cartas: - Sempre gostei de deixar um triangulinho.
- Olha, Anne… - Erick começou a brincar e fazendo como se aproximasse os dedos de sua mão em direção a minha buceta, continuou: - Eu adoraria calcular a hipotenusa dos seus catetos. Só que eu vou precisar medir mais de perto, se você me permitir.
Fiquei envergonhada e preferi não responder. Outra rodada e minhas cartas estavam péssimas, fugi na segunda. Ficaram somente o Gui e o Erick, com vitória do Gui. Fiquei até curiosa em saber o que eles fariam. Então, o Gui mandou o Erick ir buscar bebidas para todos de quatro, o que ele cumpriu rapidinho. Que coisa mais brochante ver um homem de quatro, gente… Era a visão do inferno! Espero que nunca mais. Nova rodada e ficamos Guilherme, eu e a Sayuri, com vitória do Erick. Fiquei indignada com meu azar e, aguardando o pior, já me preparava para fugir da raia:
- Quero que vocês duas se beijem, de língua. - Ele pediu.
Eu o encarei surpresa e desagradada. Sayuri também estava surpresa, mas feliz da vida. Antes que eu dissesse algo, ela se levantou e deu a volta na mesa, vindo ficar do meu lado:
- Aposta é aposta, Anne. Posso? - Ela me pediu.
Eu estava tremendo, mas, dos males era o menor. Assenti com a cabeça e ela se aproximou de mim, encostando seus lábios nos meus. Fechei meus olhos e deixei rolar. Logo, nossas línguas estavam disputando espaço na minha boca porque eu não me senti à vontade para explorar a dela, mas ela aproveitou ao máximo enquanto pode. Depois de um tempo, ela terminou o beijo, deu uma suspirada e me deu um selinho, voltando para o seu lugar:
- Você é um filho da puta! - Falei para o Guilherme: - Podia ser uma massagem… Porra! Uma coisa mais leve, né!?
- Desculpa, mas não resisti. - Disse e riu da minha cara: - Mas foi só um beijinho. Nada demais…
Eu já estava cansada daquilo e via que a coisa iria só piorar se eu continuasse. Falei em parar, mas eles me convenceram a jogar só mais uma rodada e depois iríamos beber. Aceitei. Ficamos eu e Erick para a última rodada e minha mão era ótima, pois eu tinha um Straight Flush de ouro terminado em dez! Erick era um grande enigma para mim. Abrimos as cartas e ele tinha um Royal Flush de paus terminado em Ás:
- Ah, vá tomar no teu cu, Erick! Não jogo mais. - Decretei e já me levantei, recolhendo minhas roupas.
- Espera aí, Anne. - Guilherme chamou minha atenção: - O Erick ainda não falou o que vai querer.
- Ih… Nem vem! - Falei já fugindo da raia.
- Você não tem o perfil de que foge da palavra dada, Annemarye. - Erick me disse, todo solene e se colocou de pé: - Estou errado?
- Não. Não está! - Resmunguei: - Mas aí já estão abusando…
- Quero só um beijo seu! - Ele insistiu: - De boca, de língua, entre homem e mulher, nós dois, que tal? Acho que não sou tão feio assim, né?
- Poxa, Erick… - Resmunguei e vi de relance seu pau que já estava mais de meia bomba e o apontei: - E isso aí não é abusar, não?
- É só um beijo. - Respondeu e vestiu sua cueca: - Tá vendo. Não quero abusar de você nem um pouquinho, a não ser que você queira.
Sua atitude me tranquilizou e acabei topando. Encostei meus lábios nos dele e ele me abraçou, apertando-me contra seu próprio corpo e, mesmo de cueca, senti seu pau quente de encontro contra minha vagina desprotegida. Ele beijava bem, isso eu não podia negar e acabei mesmo deixando rolar. Eu estava curtindo seu beijo e seu abraço apertado quando senti um movimento mais brusco e então senti seu pau nu me tocar, se alojando embaixo da minha vagina. Eu o encarei surpresa e ele também estava. Olhamos para baixo e vimos a Sayuri aos nossos pés, sorrindo maliciosamente e puxando sua cueca para próximo a seus pés:
- Sayuri! - Falei, já me afastando do Erick e de seu pau levemente babado ao ponto de fazer um fino filete entre a gente: - Já deu, né?
- Ah, desculpa! Não resisti. - Ela ria de nossas caras, enquanto já se levantava e me pegava pelo braço: - Vamos beber mais alguma coisa, gente.
- Sayuri, já está tarde. Eu vou embora. Não vou mais empatar vocês.
- Não! Toma só mais uma. Prometo na encostar o pau do Erick em você. - Insistiu.
- Mas e nossa roupa? - Perguntei.
- Ah, Anne, sem essa, né! Vem, peladinha mesmo, sua boba. Vamos só beber. - Falou, já me puxando em direção a sua mesa de jantar.
Lá nos sentamos e ficamos papeando. Eles brincavam e se divertiam entre si, tentando me incluir, mas eu não conseguia relaxar e sabia que, a partir dali, seria um caminho sem volta. Depois de uns dois ou três drinks daquela batidinha doce de vinho, decidi ir embora em definitivo. Eles naturalmente protestaram e tentaram de todas as formas me convencer do contrário, mas não conseguiram. Quando ia me levantar para vestir minhas roupas, a campainha tocou novamente:
- Deve ser o negão… - Erick falou.
Sayuri foi atender e realmente era ele que, ao entrar e nos ver todos nus, abriu um sorrisão malicioso e já foi se despindo. Em segundos estava nu e já vinha em minha direção, balançando uma jeba de grossura fora do normal:
- Sabia que cê ia brincar, mineira. Não vai me deixar na mão, não, né? - Perguntou, colocando seu pau quase do lado do meu rosto.
Lógico que fiquei constrangida, aliás, constrangida e assustada. Seu pau já estava quase todo duro e era realmente assustador. Eu o olhei e depois para todos os presentes. Foi o Erick quem me salvou:
- Negão, tira isso daí. - Falou, apontando para o pau dele: - Respeita a menina. A gente só estava jogando poker. Não rolou nada demais.
- Cês tão de brincadeira? - Rebateu, surpreso: - Ah, Anne, olha só como eu tô. Curte aí.
- Botina, você não é Facebook pra eu te curtir. Agora tira esse negócio da minha cara. - Falei.
- Porra, meu! - Pareceu chateado e sua entonação me assustou.
Aliás, a mim e aparentemente a todos os presentes que não gostaram da forma como ele falou. Eu me levantei, então, e fui vestir minhas coisas. Ele veio correndo atrás de mim, pedindo desculpas e que eu ficasse mais um pouco, mas o informei que já havia avisado todos antes que iria embora. Ele ficou até de joelhos, segurando meus calcanhares, mas ouviu um sonoro não, novamente. Erick veio até onde estávamos e começou a se vestir também:
- Cê também vai embora, seu viado? - Perguntou o Botina para ele.
- Vou levar a Anne, negão.
- Não precisa, Erick. Vou chamar um Uber. Fica aí.
- Eu faço questão! Vou te levar. Depois eu volto.
Aceitei e depois de nos vestirmos, nos despedimos dos presentes. O Botina ensaiou um choro e um monólogo fraco do maior abandonado e eu o ignorei, rindo de sua cara. Na saída, ele ainda brincou com o Erick:
- Você é um filho da puta! Tá levando ela pra comer sozinho.
Ele riu do amigo e eu sorri no embalo, e quando encarei o Erick em busca de alguma resposta, recebi somente um sorriso ambíguo e um meneio de cabeça. Descemos e ele abriu a porta de um sedã de uma premiada marca alemã, de um modelo que eu nunca havia visto antes e depois, em seu carro, já em movimento, me perguntou:
- Quer dar uma voltinha?
- Olha, Erick, já está tarde e eu estou realmente cansada. Acho que foi a tensão do jogo, sei lá…
- Você se preocupa demais, Anne. Sexo é só sexo, é pele com pele, suor, hormônios e gozo. Você curte, aproveita e segue a vida.
- Cara, você fala de sexo tão fácil. Pra mim, parece que se não rolar um sentimento antes, uma química, um, sei lá, fica difícil de chegar nos finalmentes.
- Isso é coisa da tua cabeça. Quer ver? - Falou e parou o carro numa movimentada avenida, se aproximando de mim: - Com licença.
Colocou sua mão esquerda no meu pescoço e me puxou para ele. Então, me deu um beijo, sensual, gostoso, intenso. Depois se separou e perguntou:
- O que foi que você sentiu?
- Uai! Seus lábios, nossas línguas…
- E foi ruim?
- Não. Foi um beijo bom.
- Curtiu?
- Foi legal, sim. Claro...
- Exatamente! Foi um momento legal, entre duas pessoas que se curtiram. Sexo é a mesma coisa. Só que envolve um pouco mais de esforço físico. - Disse e riu, continuando: - É como se fosse uma maratona com revezamento. A gente trabalha junto pela vitória de ambos.
- Tá bom. Tá! - Resmunguei e comecei a rir em seguida: - Sei…
- Quer correr comigo hoje, Annemarye? Só comigo? - Me perguntou, agora com um sorriso malicioso.
- Hoje, nem uma caminhadinha estou topando, Erick. - Sorri para ele.
Ele começou a rir de minha tirada e eu mesma continuei:
- Você é legal, Erick, mas hoje realmente não vai rolar nada. Desculpa.
- Você não tem que pedir desculpas. É um direito seu querer ou não. - Voltou ao seu lugar, dando partida no carro e seguindo viagem.
Demos mais algumas voltas e depois ele me levou ao meu hotel, parando seu carro na frente da entrada do saguão:
- Foi um prazer, Anne, aliás, Annemarye. Use seu nome completo. Ele é lindo!
- Gostei muito de te conhecer, Erick, mas o prazer, acho que ficará para uma outra noite.
- Ótimo! Pelo menos, já está me considerando. - Falou, sorrindo e pegou um cartão de visita, no qual anotou seu celular pessoal e me entregou: - Quando quiser conversar, jantar ou só transar, me liga.
- Ah, tá! Pode deixar...
Ele foi mais agradável e respeitador do que eu imagina, então, me despedi dele com um selinho e ganhei um sorrisão. Desci e fui para minha suíte e, depois de um banho merecido, dormi profundamente.
No dia seguinte, logo cedo, recebi um telefonema da Sayuri, dizendo que o Erick havia voltado para seu apartamento na noite anterior e que não parou mais de falar sobre mim até ir embora. Inclusive, ele havia discutido com o Botina pelo fato dele ter sido desrespeitoso comigo. Deixei que ela falasse, mas não dei esperanças de nada, afinal, eu já havia me decidido seguir minha vida solo, só não sabendo para qual rumo ainda.
Assim que ela desligou, o Gêra me ligou, perguntando se eu queria sair. Topei! Saímos e apesar dele estar meio emburrado comigo, depois de um tempo relaxou e curtimos muito junto, nesse dia e nos próximos. Erick ainda me ligou algumas vezes, pegando meu número com a Sayuri, mas eu disse que já estava envolvida com alguém e preferia continuar assim, pelo menos, ali em Maceió, o que ele aceitou sem questionar. Aliás, o Gêra acabou se mostrando mais que interessado em mim, mas deixei bem claro que, apesar de ter gostado muito dele, eu não procurava um relacionamento e que, se ele quisesse, poderia continuar sendo meu “amigo especial” naquelas férias. Ele se resignou e aceitou, talvez pensando que pudesse mudar minha decisão com o tempo e convivência, mas não podia e isso ficou muito claro em nossa última transa, um dia antes de eu retornar para São Paulo:
- Poxa, Anne, me dá uma chance? Você não vai se arrepender. Tô curtindo esses nossos dias.
- Você tá curtindo é me foder, seu safado! - Brinquei, fazendo-o rir, mas depois falei sério: - Desculpa, Gêra, mas eu nunca te prometi nada, aliás, fui bastante sincera desde o começo. Não quero me envolver com ninguém, ninguém mesmo!
- Ninguém fora aquele seu amigo que a gente encontrou no shopping no outro dia, né?
- Ninguém! - Frisei, mais séria do que seria necessário.
Apesar de ter notado um clima meio chato que criou, voltou a insistir:
- O que eu preciso fazer para te conquistar? Só me fala.
- Hoje!? Nada! Realmente eu quero só trabalhar e estudar. Só isso! - Ele fez uma carinha de cachorro abandonado e eu tentei, ao menos, remediar: - Mas quem sabe um dia, né? Nada é impossível…
Foi nossa última noite juntos e eu nunca mais o revi. No dia seguinte, ele não me ligou, nem mesmo para se oferecer para me acompanhar ao aeroporto, nem para se despedir. Talvez tenha sido melhor assim. Eu torço para que ele tenha encontrado alguém legal, porque ele parecia ser um cara que realmente valeria a pena tentar.
Meu voo atrasou, mas até aí nenhuma novidade. Cheguei em São Paulo e, de táxi, fui para meu apartamento. Kid Torresmo e Kevin Bacon ficaram alvoroçados ao me reencontrar. Fizeram uma farra e tanto em seu cercadinho. Era sábado e eu teria, pelo menos, dois dias para tentar encontrar um bom argumento para meus patrões me aceitarem de volta ao escritório, na segunda. No domingo à tarde, liguei para o doutor George, meu patrão mais próximo, que se se encarregou de me jogar um balde de água fria:
- Doutor George, meu querido amigo. Como está?
- Não quero ver sua carinha linda no meu escritório, Annemarye! Você ainda está de férias. - Falou na ligação, rindo do outro lado da linha: - E vou bem, obrigado. E você? Aproveitou bastante? Já sabe para onde vai agora?
- Mas… Mas… Mas… - Comecei a gaguejar e ele me interrompeu novamente.
- Sem mais, nem menos. Quer que eu peça para a Lili te ligar? Ela pode te explicar de uma forma, digamos, mais objetiva. - E caiu numa gargalhada.
- Não precisa. - Resmunguei: - Ah… Poxa, doutor George…
- NÃO! - Me interrompeu novamente: - É para o seu bem.
Eu já estava quase chorando de raiva do meu lado da ligação quando ele voltou a falar:
- Mas tenho um trabalho que só você poderá fazer quando voltar a trabalhar. Vou precisar dos seus conhecimentos específicos, minha cara.
- Pode me adiantar?
- Uma fusão ou incorporação entre duas grandes empresas. - Ele falou e eu vibrei do meu lado da ligação, fazendo-o gargalhar: - Gostou, né? Sabia que ia gostar! Então… O formato ainda não está bem definido e você é quem irá conduzir os estudos para definir e realizar a operação.
- Joia, joia, joia! - Comemorei mesmo: - Deixa eu voltar, vai? Posso começar amanhã.
- NÃO! Se você der as caras no escritório amanhã, eu passo a causa para outra pessoa.
- Ahhhh! Que raiva! - Resmunguei e ele gargalhou do outro lado novamente: - Tá bom. Eu vou… Eu… Ah, sei lá pra onde eu vou, mas eu vou.
- Ótimo! A gente se fala daqui quinze dias então, querida.
- Tchau. - Respondi, emburrada.
- Tchau.
E quem disse que eu consegui dormir nesse e nos próximos quatorze dias que se seguiram!? Passei praticamente em claro. Aproveitei para passear um pouco por São Paulo mesmo, turistando em museus, parques, zoos, “guarujei” também e até na casa de meus pais fui passear. Sinceramente, acabei aproveitando muito pouco, quase nada. A única coisa que fiz de diferente foi voltar a sair, algumas vezes, com a Priscila e suas amigas. Destas vezes, sem nenhum problema. Até rolou uma paquera com um amigo dela, mas não passamos dos beijos e amassos. Ela até fez força para engatarmos algo, mas deixei bem claro que estava “fora do mercado”, por enquanto:
- Porra, Annemarye. Vai namorar, mulher! - Ela dizia.
- Há-há-háááá! – Ironizei, fazendo ela bufar: - Uma solteirona com jeitão de sapata querendo me aconselhar… Vai te catar, Priscila!
- Sapata é tua mãe, sua rábula incompetente.
- Ara! Vai apelar!? Depois não reclama, hein?
- Eu tô brincando! Você não levou a sério, né? - Ela emendou quase imediatamente, já sabendo que eu iria espezinhar sobre sua carcacinha loira.
- Eu sei, sua boba. Eu sei. - Falei e gargalhei.
As demais pessoas da mesa davam sorrisos amarelos sem entender porque a gente se desafiava daquela forma, mas mal sabiam elas que eu estava plena, renovada, carregada e pronta para enfrentar qualquer problema que surgisse. E ele chegou rápido.
Nesse meio tempo, as ligações de meus pais para mim se tornaram mais frequentes. Eles pareciam querer estar muito mais presentes em minha vida e eu gostei da novidade. Apenas estranhava a frequência e uma certa insistência em saberem da minha vida pessoal. Desconfiada, pressionei minha mãe que se entregou, enfim:
- Ah… É que aquele moço bonito, filho daquela senhora que te acolheu aí… Marcos, eu acho… É que ele veio aqui um dia atrás de você e…
- Espera aí, mãe! - Eu a interrompi: - Que história é essa? Quando foi isso?
- Ah, não sei direito… Acho que foi uns vinte dias atrás, menos de um mês. Por que?
- Não! Por nada, não.
- Ele foi?
- Não sei direito… Acho que a gente se desencontrou.
- Acho que ele gosta de você.
- É!? Sei não…
Depois de desviar do assunto e conversarmos mais um pouco, desliguei. Fiquei meio perdida com essa descoberta. Eu já não estava entendendo mais nada e o pior é que não teria como tirar essa história a limpo, já que não possuía seu telefone. Decidi ir até o prédio tentar obter seu telefone na portaria, mas lá fiquei surpresa em saber que meu acesso estava liberado e que a Fátima estava no apartamento. Pedi para falar com ela e fui autorizada a subir. Ela me recebeu surpresa e feliz:
- Aninha! Menina que saudade… Você está linda, corada, muito, muito mais bonita que antes, se é que isso é possível…
- Ah, para com isso, Fátima. Assim você me deixa até sem jeito.
- Que nada… Vem tomar café comigo.
Sentadas contei um pouco de meus dias e disse que havia perdido o contato com todos, perguntando se ela não me passaria os números dos celulares do Marcos e da dona Eugênia, o que ela fez no mesmo instante. Depois de uma boa conversa e duas xícaras de café, nos despedimos. Já em meu apartamento, descobri que o número do celular dele era o mesmo que tentou me ligar em Maceió, pois já constava no histórico de chamadas de meu celular. Sem perder mais tempo, liguei para o celular dele, disposta a resolver essa situação de uma vez, se é que ainda havia algo para se resolver:
- Alô? - Respondeu-me uma voz feminina.
- Alô! Por favor, este é o celular do Marcos?
- Ah, sim. É, sim! Ele é meu namorado. Quem está falando?
Desliguei no mesmo instante. Eu não precisava passar por isso novamente. Pensei em ligar para a dona Eugênia, mas, naquele momento, de nada adiantaria. Então, preferi deixar como estava e seguir sozinha.
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO E OS FATOS MENCIONADOS SÃO TOTALMENTE FICTÍCIOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL É MERA COINCIDÊNCIA.
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