CAPÍTULO 5
**MATTHEW ***
Já se passou uma semana desde o dia em que Henry me convidou para jantar. Minha relação com o Connor continua a mesma, ele é frio e eu o correspondo com a mesma frieza. O tal de Octávio não apareceu outra vez o que eu dou graças a Deus. Hoje é domingo então é o dia em que irei encontrar com Henry em um restaurante na cidade. Ele queria vir me buscar, mas eu achei melhor não. Connor já tinha chegado da casa dos seus pais e estava em algum canto da casa.
De manhã eu fui a um barbeiro corte meu cabelo já que estava há três anos sem saber o que é ser cuidado. Não cortei muito só deixei na altura dos ombros. Connor já tinha pagado o meu salário assim que comecei o meu trabalho. Meu salário é absurdamente alto, quem paga cinco mil dólares a uma pessoa para cuidar da casa? Bem como não conheço ninguém eu não sei, mas tenho certeza que não é isso tudo.
Não usei nada do dinheiro, não ao todo. Eu investi um tanto no banco, comprei algumas coisas para mim. E estou vendo o que é preciso para montar um estúdio fotográfico, já que tenho ao menos um curso de fotografia e um ano de faculdade de publicidade, eu ainda vou devolver todo o dinheiro que Connor me deu. Não quero ficar em dívida com ele. Olho para o espelho e solto um suspiro. Eu pareço um modelo de capa de revista. Estou com uma camisa manga longa branca, calça jeans escuro, meu cabelo está solto. Coloquei um salato de couro preto. Estou deslumbrante. Sorrio para mim mesmo, me sinto lindo. Dou mais uma checada e é isso. Estou pronto para uma noite fora de série.
Desço a escada feliz da vida. Espero não encontrar com Connor, não quero que minha alegria acabe. Quando chego perto da porta, minha alegria acaba.
- Posso saber para onde a criança vai? - Connor pergunta bem atrás de mim. Minha cara fica séria ao me virar para ele.
- Estou saindo já que hoje é meu dia de folga. - Digo.
- Você está saindo a essa hora da noite e ainda vestido desse jeito? - Pergunta com desdém.
- Que eu saiba, não tem hora para as pessoas saírem e ainda são sete e meia da noite e por acaso tem algum problema com a minha roupa? - pergunto olhando para mim mesmo. Eu não entendo, achei que estava lindo e que minha roupa era decente. Tristeza é o que estou sentindo agora.
- Você está parecendo mais um p... - eu não o deixo terminar de falar.
- Não se atreva a falar essa palavra. - grito bem na cara dele. Como ele ousa me comparar com um puto?
- Eu morei três anos na rua Sr. Willians. Três anos, eu sei bem como se parece um, e eu posso com toda a certeza dizer que eu não estou parecendo nem um pouco com um. - falo sem fôlego. Droga, eu vou chorar. Respiro fundo, e não deixo as lágrimas rolarem. Ninguém vai estragar a minha noite de hoje. Olho para ele e Connor está de olhos arregalados como se não estivesse acreditando que eu acabei de gritar bem na sua cara. Ele dá um passo ameaçador para frente.
- Quem você pensa que é para gritar comigo e ainda na minha casa? - Sorrio para ele.
- Eu sou o mesmo cara que o senhor acabou de comparar a um putoDigo sem nenhum pingo de medo. Ele dá um passo para trás
- Eu não vou ficar discutindo com meu empregado. Acho que você já sabe qual é o seu lugar nessa casa, não teste a minha bondade criança, eu não sou bom. Aproveita que eu estou lhe fazendo um favor. - merda, precisava ele lembrar-me quem eu sou? - Lembre-se que você trabalha amanhã. Não quero um empregado de ressaca por causa da sua noite de festa. - se ele pensa que vai me fazer encolher está muito enganado.
- Eu sei muito bem qual é o meu lugar aqui senhor, então não precisa me lembrar. Agora se o senhor me da licença eu tenho um encontro me esperando. - com isso vou até a porta e saio. Suspiro aliviado.
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***CONNOR***
Sem reação é a única palavra que eu encontro para me descrever agora. Ele acabou de falar ENCONTRO? Ele estava indo para um encontro. Raiva e ciúmes são os sentimentos que me definem neste momento. Quando o vi fiquei completamente sem ar, Matthew estava esplêndido, sua pele estava perfeita, seu corpo naquela roupa me deu água na boca. Esse menino está entrando nas minhas veias.
Minha reação foi instantânea e acabei atacando o menino. Mas foi melhor assim, eu não posso baixar a minha tão preciosa guarda. Matthew tem que saber que seu lugar aqui é ser meu empregado e nada mais, e se ele quer sair em um encontro o problema é dele, desde que não atrapalhe o seu desempenho no trabalho. Resolvo ligar para Henry e saber se ele tem programado algo para hoje à noite. Mas seu telefone está desligado. Estranho, Henry nunca desliga o seu celular, mas já que está desligado vou ter que me contentar em ficar sozinho. Ás vezes eu penso em encontrar alguém com quem eu possa dividir a minha vida, mas quando eu penso que da última vez que fiz isso acabei sendo traído eu desisto na hora. Prometi a mim mesmo que nunca mais, vou entregar meu coração nas mãos de um homem. Fecho os olhos e deixo a lembrança daquele dia retornar.
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Estava louco para ir pra casa e encontrá-lo, nunca imaginei me sentir assim, mas quando o encontrei meu mundo mudou. Octávio passou a ser tudo para mim, ele era engraçado e meigo. Um homem completo. Foi isso o que eu pensei até a poucos minutos. Meu dia foi cansativo, e a única coisa que precisava era encontrá-lo e tê-lo em meus braços. Penso sorrindo. Chego em casa e percebo que está tudo apagado. Acho estranho no começo, mas não me importo. Entro em casa e me sinto mal. Uma sensação estranha, eu só preciso chegar até ele e tudo vai ficar bem.
Começo a subir a escada que dá para o meu quarto, mas eu ouço um barulho e fico em alerta.
- Oh meu Deus, assim não, para. - ouço a voz de Octávio e meu coração dispara, não pode ser o que eu acho que é. Ele não seria capaz de fazer isso comigo. Caminho pelo corredor e paro na porta do meu quarto.
- Uau, como você é gostoso. - ouço uma voz de homem, eu já ouvi essa voz antes, mas não me lembro de quem seja. Abro a porta e fico sem fôlego com o que vejo. Octávio nua montado em cima de um homem. Ele sobe e desce, nenhum dos dois sentiram a minha presença. Minha raiva aumenta em todas estocadas que eles dão, em todas palavras sujas que eles falam. Eu explodo quando ouço o meu nome.
- Oh mais forte. Connor nunca fez isso comigo. ele sempre foi devagar.
- Connor é muito fraco querido. - o cara fala. - Espero que ele não descubra sobre nós.
- Eu tenho Connor nas palmas das minhas mãos. - Octávio diz aumentando seu ritmo, meu sangue ferve, eu espero para ver até aonde eles vão. - Ele mal sabe que eu estou lhe roubando. - ele diz, e é nessa hora que explodo. Vou até a minha cama e o pego pelo cabelo. Eu nunca bati em ninguém, mas isso não significa que não vou causar danos. Octávio grita quando me vê.
- Connor! Oh meu Deus querido, não é nada disso que você está pensando.
Ele diz e eu rio. Não sei por que as pessoas sempre dizem isso. Tiro ele de cima do homem pelos cabelos e o jogo no chão sem o machucar.
- Eu não estou pensando em nada. Eu estou vendo. - digo olhando para o homem. Fico mais furioso ainda ao saber que é o novo secretário do Henry. - Você fora da minha casa e não precisa voltar para o trabalho, está demitido. - ele sai correndo da minha casa, me viro para Octávio que estava terminando de se vestir. Vou até ele e pego-lhe pelo braço. - Eu quero você fora da minha casa agora. Não tem mais trabalho para você na minha empresa e não quero te ver nunca mais. - digo balançando-o. - Eu dei tudo para você, tirei você daquele bar horrível, dei uma casa, roupas novas, um emprego, confiei em você. Eu dei o meu coração e você fez isso comigo? - pergunto gritando. Que tipo de pessoa é você Octávio?
- Eu sou o tipo de pessoa que sempre quer mais. - Ele diz rindo. Eu o conduzo até a porta de casa. Ele se vira para mim e olha bem nos meus olhos sorrindo. - O seu problema é que você confia de mais Connor. - com isso ele sai sem olhar para trás.
Saio das minhas lembranças frustrado. Já se passaram cinco anos desde que expulsei Octávio da minha casa. Conheci Octávio em um bar desagradável, fui lá salvar um amigo e o encontrei quase sendo violentado por três homens. Resolvi ajudá-lo, e acabei recebendo um chifre bonito. Depois desse dia passei a ser chamado de o Homem do gelo ou o OgroLevanto do sofá e vou esquentar a comida que minha mãe separou para eu trazer. Esquento a comida e janto. Espero Matthew durante duas horas, mas ele não aparece, então resolvo beber até ele aparecer. Já estou completamente tonto quando ouço a porta abrir. Matthew entra com o maior sorriso no rosto, mas seu sorriso vai embora quando ele me vê.
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**MATTHEW**
Saio da casa e suspiro, que começo de noite difícil. O táxi que eu pedi chega e eu dou o endereço do restaurante. O lugar é um espetáculo de se olhar. Entro e dou o nome do Henry e eles me levam até uma mesa reservada em um canto maravilhoso com vista para o mar. Henry levanta assim que me vê.
- Nossa. Você está maravilhoso. - ele diz, era tudo o que eu precisava ouvir. Um elogio. Sorrio para ele.
- Você não está nada mal. - ele ri e puxa a cadeira para mim.
- Obrigado. - Digo me sentando.
- Pode dizer a verdade. Eu sou um deus do sexo. Estou muito sexy. - Ele pisca e eu rio.
- Convencido. - falo. Fizemos o nosso pedido e começamos a conversar.
- Então me diz sobre você? - Henry pede. Eu rio para o seu pedido.
- Bem não tem muito que saber sobre mim.
- Ah para, é claro que se tem o que saber sobre você, me conta tudo, não me esconde nada. - rio da palhaçada de Henry.
- Tudo bem. Vamos lá, eu sou filho único, minha mãe era dona de um restaurante e cozinhava. Meu pai era arquiteto, eles morreram em um acidente de avião. Então perdi tudo. E fui morar na rua. É basicamente isso. Fiz um ano de faculdade e tenho um curso de fotografia. - digo para ele. - Minha vida se resume nisso.
- Bem, em falar em fotografia. Gosta de fotografar o que? - paro para pensar na sua pergunta.
- Não tenho preferência. Fotografo o que me chama atenção, no jeito em que uma pessoa olhapara outra, na árvore cheia de frutos, em uma borboleta pousando em uma flor. Eu gosto de fotografar em detalhes o que as pessoas não reparam. - falo.
- Uau, isso é incrível. E o que pretende fazer sobre isso? - ele pergunta.
- Ainda estou pensando. Depois de uma semana trabalhando para o Connor ele me deu meu primeiro salário. Eu fiz uma conta em um banco e coloquei metade do meu salário lá. Com a outra metade eu pesquisei sobre lojas de eletrônicos onde tudo é pela metade do preço. Achei uma ótima loja online e comprei uma câmera nova, um notebook e um celular. São os principais itens para o meu trabalho. Eu também pesquisei querendo saber como faço para criar um blog e depois de muito custo consegui e criei um blog e uma conta de e-mail. A própria vista da casa de Connor é impressionante, eu já tirei umas centenas de fotos daquele lugar, já editei e algumas coloquei no blog para divulgar meu trabalho. Domingo que vem, tenho uma sessão de fotos para fazer na casa de uma família. A verdade é que todo o dinheiro que consegui, pretendo juntar e devolver ao Connor. - falo pensando em tudo o que tenho que fazer. - Quando o meu contrato de um ano terminar, eu pretendo devolver todo o dinheiro que ele me deu. Eu não vou levar nada comigo. Por isso que eu estou tirando fotos por fora. Eu não quero que ele saiba. Então por favor, não conte a ele.
- É claro que não vou contar nada. - Henry diz. - isso o deixará de boca aberta.
- Eu só não quero ficar devendo a ele. Ele está me ajudando e eu pretendo devolver o favor. É só uma questão de tempo. - digo animado para seguir com minha própria vida. - Bem, eu já falei tudo o que tinha que falar de mim. Agora eu quero ouvir sobre você. - falo e nessa hora nossa comida chega. Comemos em pleno silêncio quando terminamos pedimos nossa sobremesa.
- Bem, agora que terminamos de comer, eu falo um pouco sobre mim. - Henry diz.
- Como você pode ver eu sou um homem espetacular de se ver. - pisca para mim. Reviro os olhos para ele e ele me mostra a língua.
- Criança. - Sussurro para ele.
- Continuando. Eu sempre fui lindo desde quando nasci. Meus pais são donos de um rancho que tem atividades para crianças com todos os tipos de deficiência. Conheci Connor em uma disputa na escola de quem era o garoto mais bonito. Não vou falar quem ganhou. Aliás deu empate, desse dia em diante nos tornamos inseparáveis. Os pais de Connor se tornaram amigos dos meus. Nossa amizade cresceu ao passar do tempo, então resolvemos abrir um negócio juntos. Agora nós temos uma Empresa de publicidade e propaganda. Ajudamos no rancho dos meus pais. E com o tempo fomos crescendo. Hoje nós somos praticamente irmãos. E eu é lógico sou o amigo mais Sexy. Connor é horrível. - eu rio com esse comentário. Os dois são impressionantes de se olhar, mas Connor é o único que me tira o fôlego, me faz tremer, me irrita. Ele é único. Nossa sobremesa chega e comemos, Henry pega um pedaço do seu bolo com o dedo e coloca no meu nariz, eu rio com sua palhaçada.
- Oh não, você não fez isso. - pego um pedaço do meu bolo e tasco na sua bochecha. Henry ri eme puxa para perto dele pegando o celular. - O que você está fazendo? - Pergunto rindo.
- Gravando esse momento. Diga x para a câmera. - Eu sorrio e ele tira a foto. Limpamo-nos e Henry pede a conta. - Que tal a gente dar um passeio?
- Seria excelente. - sorrio. Saímos do restaurante e fomos caminhar, o céu estava repleto de estrelas, a lua iluminava as ruas. Eu relaxei naquele momento. Nem Henry ou eu falamos, nós só aproveitamos. Há pequenos momentos na vida como esse que faz você perceber que vale a pena lutar por mais um suspiro, mais um olhar ou sorriso. Se eu sobrevivi foi por momentos como esse. Momentos que não precisam ser fotografados para serem lembrados, pois a sua maior fotografia está na sua mente, nas lembranças. Não tem nada melhor do que isso. Viro-me para o Henry e beijo a sua bochecha.
- Muito obrigado por essa noite. - ele sorri e me puxa para um abraço.
- Eu que agradeço por ter aceitado. - ele diz. - Vamos, vou te deixar em casa. - Henry faz exatamente o que falou, ele me deixa na porta de casa.
Meu coração começa a acelerar só de pensar no que vai acontecer quando eu entrar. Eu espero de todo o coração que Connor esteja dormindo. Suspiro e abro a porta. Essa noite foi a melhor noite depois de um longo tempo e não vou deixar meu chefe ogro estragá-la. Sorrio ao apelido que dei para Connor. Ogro combina perfeitamente com ele. Assim que entro meu sorriso se vai.