Continuando:
Algumas coincidências passaram a ser muito repetitivas. Diana era uma constante nas situações que envolviam Clara. Para tirá-la das drogas e da prostituição, ela ofereceu uma chance de ganhar dinheiro. Mesmo sendo também uma forma de se prostituir, os vídeos ofereciam proteção do mundo violento e da realidade dos programas. Direta ou indiretamente, tudo tinha o dedo de Diana. Era muito improvável que tudo fosse apenas uma coincidência.
Algumas coisas me levaram a crer que as datas não eram corretas. No último vídeo, o tom de loiro no cabelo de Clara era um pouco mais claro do que no dia da inauguração do meu apartamento. No vídeo, ela estava com o cabelo mais curto também. Ficava claro a manipulação da data. E durante aquele dia, nós ficamos em contato a todo instante.
Essa era uma dúvida que eu poderia tirar rapidamente. Sem fazer barulho, abri a porta e desci até a portaria. Por alguns trocados, não foi difícil convencer a segurança a me mostrar as imagens gravadas daquele dia. No vídeo entre Clara, Diana e César, um dia antes da festa de inauguração do meu apartamento, uma sexta-feira, o horário era quatorze e trinta. No vídeo da segurança do prédio, nesse mesmo horário, Clara e minha mãe estavam ainda redecorando o apartamento. As duas chegaram às nove da manhã, saíram por volta das onze e meia e voltaram, cheias de sacolas, às treze e cinquenta, só saindo novamente bem mais tarde, quando fui deixá-las em casa.
Como eu disse, por diversas vezes, eu não sou idiota e não entrego o meu livre arbítrio sem questionamentos. Por mais convincente que seja uma situação, a cabeça é feita para pensar e não para usar chapéu. Mesmo magoado com tudo o que assisti, da situação entre Clara, Bárbara e Glauco, uma pequena esperança surgiu em meu peito. Talvez, tanto Clara quanto Savana, fossem as vítimas de alguém inescrupuloso. Mas o que Clara e Savana teriam em comum? Por que atingir as duas? Elas são de realidades completamente diferentes, só tendo a mim em comum. Será que era eu o motivo disso tudo? Ou será que eram situações diferentes que acabaram se juntando? Muitas perguntas sem respostas, mas de uma coisa eu tinha certeza, Diana era uma peça chave e Glauco, agora ciente de tudo, era uma incógnita.
Subi pensativo para o meu apartamento, pensando em como eu me meti naquela situação. Como nesta história nada é tão ruim que não possa piorar, ao entrar em casa, Clara, de olhos arregalados e marejados, assistia ao conteúdo do meu notebook, que na pressa, esqueci de desligar. Ela me olhou em desespero:
- Amor, eu posso explicar. - Seus olhos imploravam minha compreensão.
Senti que ela merecia ser ouvida. Aquela manipulação de datas me deu uma nova perspectiva. Quem quer que fosse o responsável por enviar aqueles vídeos, esperava contar com a minha raiva, sem saber que eu sou uma pessoa calma e analítica, jamais tomando decisões precipitadas ou acreditando em qualquer um.
Pensando na gravidez, decidi manter a conversa em um tom mais calmo:
- Relaxa, Clara! Eu jamais tomaria nenhuma decisão sem ouvir a sua versão. Você tem certeza de que está bem para essa conversa?
Clara estava muito nervosa:
- Quem está fazendo isso? Por que você não me disse logo? Eu fui honesta com você, contei do meu passado…
Naquele momento, para mostrar que sabia de tudo, me impus:
- Nem tudo, mas eu entendo. Sei que existem outras pessoas envolvidas e que a vida delas não me diz respeito.
Clara pareceu aliviada:
- Amor, eu sei o que você deve estar pensando, mas por favor, não faça mau juízo de mim. Eu realmente amo você e não quero perdê-lo.
Eu fui direto:
- Por que você mentiu sobre só ter feito sexo comigo sem proteção?
Visivelmente constrangida, Clara abaixou a cabeça, se entregando ao choro. Eu insisti:
- Eu vi o vídeo com o Glauco no banheiro. Me diga a verdade!
Clara tentou ser forte, engoliu o choro, limpou algumas lágrimas que escorriam e me contou exatamente a sua versão do acontecido: A promessa de Glauco em ajudá-la, a chantagem, o quanto aquilo a machucou… mas disse também que por Bárbara, o perdoou. Por fim, ela confessou:
- O que não está aqui, é que no dia seguinte eu procurei a Bárbara e contei a verdade. Ela tinha recebido o mesmo vídeo. Só não tive coragem de dizer que foi por chantagem. Na cabeça dela, foi apenas um erro meu e do Glauco e ela nos perdoou.
Eu precisava saber:
- Mas por que você se permitiu sair como vilã? Ele prometeu proteger você.
- No fim, ele protegeu. Ele convenceu o traficante a não me entregar. Foi uma troca justa. Eu aceito o que me foi dado. É muito mais do que eu merecia. - Ela parecia resignada.
Eu precisava perguntar o óbvio, já imaginado sua resposta:
- Você perdoou a Diana também por ter feito isso com você?
Sem entender, Clara parecia chocada:
- Como assim a Diana? O que ela tem a ver com isso?
Muito surpreso, naquele momento eu estranhei a ingenuidade de Clara:
- Você está brincando, né? Se para mim, que estou de fora, é bem óbvio que é sempre Diana a pessoa que grava tais vídeos, como você não percebeu?
Clara estava mesmo surpresa. Tentei mostrar a ela a realidade:
- Quem tem acesso aos seus vídeos de camgirl? Quem estava no banheiro com você e o Glauco?
Clara estava pálida a minha frente:
- Que vídeos de camgirl? Como você sabe disso?
Intrigado, eu fui até o notebook. Quando eu entrei e a peguei assistindo, ela estava vendo o vídeo dela com Glauco no banheiro. Eu perguntei:
- Você só assistiu o vídeo com Glauco?
Preocupada, ela tentou me mostrar que sempre foi honesta:
- Eu disse a você a verdade. Disse que me prostitui, só não disse como.
Eu pedi que ela se sentasse na minha cadeira e mostrei com calma todos os seus vídeos, tomando o cuidado para que ela não visse os de Savana. Clara assistiu sem acreditar. Muito assustada, ela disse:
- Mas isso era em tempo real, eu não sabia que ficava gravado.
Eu tentei explicar:
- O administrador pode gravar. Só você tinha acesso a conta?
Clara começou a enxergar o óbvio:
- Não! Éramos várias garotas e todas trabalhávamos para Diana. Era dela o site. Na verdade, ainda é.
- Sinto muito, mas ela enganou vocês. No banheiro com o Glauco, foi ela que gravou com o celular. Só pode ter sido ela quem mandou o vídeo para Bárbara.
Clara estava arrasada, achando que sua vida estava acabada, que eu a abandonaria. Ela tentou me abraçar:
- Eu sei que você deve estar com raiva de mim. Eu vou entender se você não me quiser mais.
Eu retribuí o seu abraço. Não por ser um corno manso, um idiota sem amor próprio, mas por entender que estavam tentando nos prejudicar, sentindo a mesma dor que ela sentia no momento. Naquele momento de tristeza, Clara ainda tentou ser justa:
- Olha só, acho que devemos fazer o exame de DNA. Eu quero que você saiba, ou melhor, tenha a certeza de que em nenhum momento eu enganei você. Você não merece e nem precisa viver com essa dúvida. Eu jamais traí você. Eu fiz muita coisa errada na vida, eu jamais vou estragar a única coisa boa, você e nossos filhos.
Eu não tinha o porquê de desconfiar de Clara e aquele tinha sido um dia pesado. Para que ela se sentisse segura, deixei que ela ficasse aninhada ao meu peito na cama e acariciei os seus cabelos para que ela dormisse. Com muito custo, ela acabou pegando no sono. Já eu, não consegui pregar o olho naquela noite. Eu precisava encontrar Savana.
Como tudo sempre parece conspirar para o conflito, a primeira pessoa que encontrei no trabalho, me esperando para fazer um convite, foi o César. Ele parecia feliz:
- Fernando, Diana e eu vamos dar uma festa no próximo sábado. Aqui está o seu convite e da Clara. Não deixem de ir, será um dia importante.
Ele me entregou um envelope branco e já saiu apressado para o seu setor, sem esperar a minha resposta, certo da minha presença. No fundo, a rapidez daquele encontro foi o melhor que poderia ter acontecido, pois não deu a ele tempo de perceber a minha irritação. Todos do grupo de amigos de Clara eram suspeitos para mim. Eu não confiava em mais ninguém. Mesmo que Alice, Mariano e Bárbara não tivessem feito nada de errado, ainda, algo me dizia para ter cuidado. Depois que a desconfiança se instala, ficamos meio paranóicos com todos.
Como o dia de trabalho estava calmo, eu precisava tentar entrar em contato com Savana. Sozinho em minha sala, busquei o número que ela havia se despedido de mim e mandei uma mensagem:
"Precisamos conversar. Tenho vídeos muito reveladores sobre você. Eu gostaria muito de acreditar que você não é essa pessoa ruim que me mostraram. Só depende de você. Acho que estamos em perigo."
Minha intenção era provocá-la, mexer com ela. Se Savana fosse tão boa como os vídeos demonstravam, quem sabe ela não teria as respostas para as minhas dúvidas. Ou até mesmo, me ajudasse a descobrir quem estava por trás de tudo isso. Deixar nas mãos de Glauco e esperar sentado parecia ser perigoso. O que ele fez com Clara era a prova de que ele não era confiável. Assim como Clara e eu, Savana também era um alvo. Eu até imaginava que ela fosse o alvo principal, sendo a minha família apenas um efeito colateral do que estivesse acontecendo.
Com a mensagem enviada, eu não tinha muito mais o que fazer, a não ser esperar.
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Savana:
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Alguns meses antes, eu passei por uma grande crise. Um trabalho tinha dado muito errado e estava difícil me manter escondida nos EUA. O cerco estava se fechando e eu não via uma saída. A verdade é que eu estava cansada de fugir, me sentindo uma criminosa e era hora de dar o troco. Sabendo que meu disfarce tinha sido comprometido e eu era o alvo do cartel investigado, minha única solução era uma saída estratégica. Informei aos meus superiores sobre a venda que estava prestes a se realizar e me mantive no anonimato. A única solução era convencer o Fernando que eu iria com ele para o Brasil. Infelizmente, eu jamais estaria livre das minhas obrigações e uma nova missão me foi designada.
Fernando e eu tínhamos acabado de chegar no Brasil e ele ainda estava vivendo a euforia de reencontrar os pais. Eu achava que o novo serviço demoraria algum tempo para ser exigido, mas as especificações da missão chegaram uma semana depois. Inventei a história da família brasileira e fui cumprir a minha obrigação sem saber o tamanho do buraco em que estava me metendo.
Tudo deu errado, absolutamente tudo. O trabalho em si foi fácil, o fiz com rapidez. Mas o cartel já estava me rastreando e ao voltar para casa, para os braços de Fernando, acabei o colocando na mira de gente muito ruim. Gente da qual ela seria presa fácil. Ele e todos ao seu redor. Eu precisava dar um jeito de mantê-los seguros. Aproveitando as suspeitas sobre Miguel, decidi que era hora de deixá-lo livre. Era muito difícil olhar para o menino da casa ao lado e não ver um mini Fernando. Tudo nele dava a entender sobre a paternidade. Mesmo as negativas de Clara não eram suficientes para nos fazer deixar de enxergar o óbvio: Miguel era sim, filho de Fernando.
Tomar aquela decisão foi difícil, mas necessária. Com a minha vida em risco, todos ao meu redor sofreriam as consequências. Meu amor por Fernando era a única coisa pura na minha vida, ele não merecia arcar com as minhas escolhas. Viver ao seu lado, ignorando tudo o que poderia acontecer, seria cruel. Eu precisava deixá-lo ir. Lógico que eu pesquisei detalhadamente todas as pessoas ao seu redor. Clara, apesar do passado triste, era uma boa pessoa, mãe de seu filho e talvez, ela pudesse dar a ele a vida normal que jamais teria ao meu lado. Me afastei e continuei investigando, me mantendo mais próxima do que ele imaginava.
Não foi difícil para os dois ficarem juntos. Fernando precisa ser cuidado e Clara era perfeita para ele. Não entendam errado, precisar ser cuidado é diferente de ser fraco. Fernando é um homem decidido, desconfiado e que nunca deixa de se questionar. Mesmo levando uma vida dupla, ele sempre me questionou, desconfiou e brigou comigo. No meu ramo de atividade, não foi difícil mudar o seu foco e mantê-lo no escuro. É isso que eu faço, é essa pessoa que eu sou. Por isso sou tão boa no meu ofício.
Quando dei a minha versão anterior dos fatos, eu desconhecia certos detalhes: Diana e Glauco. Poucos sabem, mas a ligação dos dois é antiga. Só consegui essas informações recentemente, depois de criar uma rede de informações. No começo, ao descobrir os erros do passado de Clara, achei que ela era uma vítima das circunstâncias. Quando fiz o meu primeiro texto, me apresentando a vocês, os fatos eram contraditórios e eu estava com raiva. Achando que entreguei Fernando para uma aproveitadora, uma cobra disfarçada de boa moça sofredora. Após montar o quebra-cabeça, descobri a verdade, e em breve irei dividi-la com vocês. Antes preciso agir.
Voltando ao que importa no momento, eu não sou uma criminosa. Sei que as informações chegaram desencontradas, um vai e volta sem fim, com reviravoltas e novas descobertas. Meu nome verdadeiro não importa, tive alguns durante a vida adulta. Se isso é relevante para vocês, me chamem de Savana, pois assim Fernando me conheceu, e é esse que eu passei a usar. O único que me traz boas recordações. Sou uma oficial, ou era, do governo americano especialista em infiltrações, contraterrorismo e combate ao tráfico internacional de drogas.
Minha vida começou a desmoronar no momento em que fui indicada para uma força tarefa da Interpol. Eu trabalharia disfarçada e teria que me infiltrar em um cartel internacional de drogas. Foi ali que eu descobri que um dos meus superiores, um agente inglês, tinha mudado de lado e estava vendendo as identidades de vários agentes infiltrados. Eu consegui interceptar um de seus encontros e me apossei do dinheiro do suborno. Eu tinha tudo planejado, mas na hora da execução, fui traída por um membro da minha equipe, comparsa no esquema, e não consegui chegar a van de vigilância, que continha os áudios e as provas documentais da traição. Minha única opção era fugir com o dinheiro interceptado, a famosa mala vermelha.
Consegui tirá-la do país e a enviei ao Brasil, me juntando depois ao Fernando e vindo com ele para cá. Fiz o meu serviço no interior do Rio e depois, ao buscar a mala, descobri que estava sendo rastreada pelo cartel e pelo agente que se vendeu. Minha única opção era me separar do Fernando, deixar que ele ficasse seguro, mesmo sabendo que o perderia em definitivo.
Eu jamais o abandonei. Continuei por perto, vigiando e protegendo. Mesmo sofrendo, acompanhei todo o processo de reaproximação entre ele e Clara, a nova gravidez, o quanto ele começava a ser feliz de novo. Prometi a mim mesma que faria de tudo para garantir a segurança dele e de sua nova família. Eu devia aquilo para ele.
Enquanto me escondia, mantendo a vigilância sobre Fernando, comecei a receber vídeos sobre Clara e seu passado. Eu sabia que tudo era armação, mas não podia deixar Fernando ser enganado. Por isso disse que tinha provas sobre ela, que sabia quem ela era no meu primeiro relato. Mas também, eu precisava confirmar a veracidade daquelas imagens. Decidi começar a investigar as pessoas ao seu redor. Alice, Bárbara e Mariano tinham reputações ilibadas. César era uma incógnita, mas Diana e Glauco acenderam o meu sinal de alerta. Ele, um policial corrupto, cheio de processos disciplinares e queixas sobre a sua conduta. Já ela, tinha uma extensa ficha criminal: tráfico, estelionato, agressão… ela parecia até mais barra pesada do que ele.
Eu estava tentando organizar os dados que me foram enviados, criar padrões e perfis, entender o que via à minha frente, quando uma nova janela apareceu no meu computador. Nela, um agitado Fernando parecia conversar com alguém, decepcionado. Eu podia ler as mensagens:
"Pessoa estranha: Oi! Sem coragem de continuar? Sei que está aí, consigo ver você pela câmera."
Sem que eu esperasse e me pegando totalmente desprevenida, a pessoa estava se passando por mim. Fernando digitou:
"Savana? Isso é alguma brincadeira?"
A falsa savana sumiu, me conectando diretamente com Fernando, que parecia esperar uma resposta minha. Sem pensar muito, eu disse:
- Não sei do que você está falando. Recebi um e-mail com um link, dizendo que você estava em perigo. Ao clicar, apareceu você.
Eu sei que era mentira, mas foi o que consegui inventar na hora, o que pensei. Só então me dei conta do perigo que estava correndo. No desespero, pedi:
- Desliga isso agora. Estão nos rastreando. Mando mensagem quando estiver segura.
O olhar de Fernando, sua tristeza e desprezo por mim, cortaram a minha alma. Senti ali que o tinha perdido para sempre. Ele insistiu:
- Para com isso, Savana! Eu já disse o que precisava há duas semanas atrás. Me deixe em paz!
Minha mente treinada logo entendeu o que acontecia. Fernando era o peão no jogo de alguém disposto a me encontrar. Ele estava mesmo em perigo. Tentei ser o mais seca possível, não demonstrar nenhuma emoção:
- Eu deixei! Desde o dia que terminamos eu venho me mantendo afastada. Clara é a escolha certa para você. Ao meu lado, sua vida estaria em risco. Adeus Fernando, tenha uma boa vida.
Peguei o computador e o destruí, o arremessando contra a parede. Cortei o rastreamento e aliviei a frustração das palavras de Fernando. Achei que poderia viver afastada dele, mas senti o quanto ele me fazia falta. Eu não poderia mais continuar me escondendo. Por minha causa, a vida dele, de Clara e de seus filhos estavam em risco. Era a hora de sair da defensiva e partir para o ataque. Mesmo que eu tivesse que me sacrificar.
Comecei a bolar um plano e passei a noite inteira concentrada e planejando. Eu precisava cobrar os favores que me eram devidos e iniciar a ofensiva. Dormi mal, já com o sol nascendo. Acordei com uma mensagem de Fernando:
"Precisamos conversar. Tenho vídeos muito reveladores sobre você. Eu gostaria muito de acreditar que você não é essa pessoa ruim que me mostraram. Só depende de você. Acho que estamos em perigo."
De qualquer forma, para mantê-lo em segurança, assim como sua família, o contato seria inevitável, mas nos meus termos. Comi alguma coisa e tomei um banho rápido e me disfarcei. Não foi difícil roubar uma moto e manipular um famoso aplicativo de delivery de comida para que um pedido, no endereço da empresa de Fernando, viesse para mim. Não demorou nem vinte minutos. Com a desculpa perfeita, me infiltrei com extrema facilidade no complexo. Acompanhei Fernando por alguns minutos, esperando o momento perfeito para abordá-lo. Assim que ele entrou no banheiro, se preparando para trancar a porta, eu entrei junto, retirando o disfarce e me revelando. O susto dele foi grande:
- Sa… Savana? O que você está fazendo aqui?
Tranquei rapidamente a porta:
- Você não disse que precisávamos conversar? Aqui estou.
Continua.