Continuando:
Savana:
Após desligar a ligação com Fernando e Clara, fiquei pensando se eu realmente estava preparada para estar junto deles. Será que eu teria o sangue frio necessário para suportar a troca de carinhos, beijos e acompanhar a vida conjugal dos dois? Eu sabia que Clara era a pessoa ideal para fazer Fernando feliz, mas assistir de perto, me torturar daquela maneira seria necessário? Por outro lado, além de ajudá-los, eu também tinha os meus motivos. Glauco e Diana eram peças fundamentais em ambos os casos. Eu poderia explorar a ligação deles com o cartel que me perseguia. Meu antigo chefe, agora traidor, o homem que tentou jogar a culpa de toda a sua sujeira em mim, estava próximo, eu sentia isso. Toda aquela coincidência estranha acabou sendo providencial.
Decidi pensar menos e agir mais. Como disse antes, eu precisava neutralizar as ameaças a Fernando e Clara, aproveitando o processo para obter informações. Meu instinto me dizia que o pote de ouro no fim do arco-íris estava ali, que Glauco e Diana eram os duendes que tinham a informação sobre o tesouro. Arrumei o básico necessário, queimei ou destruí o resto, provas que poderiam levar até mim, e saí. Eu estava próxima, há menos de cinco minutos do apartamento deles, mas a insegurança bateu, o medo de não resistir e acabar me arrependendo do dia que abri mão de Fernando. Ele disse que eu ainda era importante para ele, que mesmo amando Clara e não querendo ser infiel, eu senti que ele não havia me esquecido completamente. Sentei na porta de um comércio já fechado e tentei organizar os pensamentos. Fiquei ali por uns vinte minutos pensando se eu estava fazendo a coisa certa, não só para eles, mas também para mim. Por fim, decidi que para protegê-los era preciso correr o risco. Eu tentaria ser uma presença fantasma, ficando na minha, cumprindo o meu objetivo sem atrapalhar a relação dos dois. Levantei e comecei a caminhar, chegando em frente ao prédio dez minutos depois e sendo reconhecida pelo porteiro:
- Senhorita Savana, Há quanto tempo? - Ele me olhava de forma maliciosa.
Entendi seu sorriso cínico. Talvez ele estivesse achando que Fernando era o cara, tendo agora uma morena e uma loira a sua disposição. Cordial, mas sem tirar o sorrisinho do rosto, ele disse:
- O Sr. Fernando já autorizou a entrada, bem-vinda de volta. Se precisar de qualquer coisa, só nos chamar.
Subi rindo sozinha no elevador, imaginando a conversa que ele e o vigilante estariam tendo naquele momento. Quando o elevador parou no andar correto, comecei a imaginar como estaria o apartamento, se ainda existiria alguma coisa da decoração que eu fiz. Receosa, bati na porta e os dois abriram. Antes de qualquer um de nós dizer alguma coisa, Clara me abraçou. Um abraço sincero, dado com carinho. Me sentindo acolhida, eu retribuí. Foi um abraço de quase meio minuto até Clara dizer:
- Obrigada! Sei que não deve ter sido uma decisão fácil. Estamos todos no mesmo barco, temos que remar juntos.
Mesmo sabendo que Clara era uma pessoa do bem, todo aquele carinho me pegou de surpresa. Assim que ela me soltou, Fernando também me abraçou. Não da mesma forma, mas com o mesmo carinho e cuidado. Ele disse:
- Venha, precisamos conversar.
Ele mesmo pegou a minha pequena mala e a trouxe para dentro. Clara estava feliz, não parecia achar que uma rival estava entrando na sua vida e no seu lar. Foi impossível não notar a mudança na decoração. Cores alegres, móveis diferentes, alguns pintados de outra cor. Fernando percebeu o meu olhar, mas não disse nada. Eu também achei melhor ficar na minha, pois eu tinha que concordar que era uma péssima decorada. Clara havia transformado o apartamento em um verdadeiro lar.
Fernando pediu que nos sentássemos na sala e já queria ir direito ao ponto, mas eu precisava tomar algumas providências antes. Pedi que eles fizessem silêncio e retirei da mala um pequeno aparelho que parecia uma mistura de multímetro com scanner. Os dois me olhavam sem entender. Durante quarenta minutos, fiz toda a varredura da casa, com os dois me seguindo. Após ter a certeza de que não existia ali, nenhum tipo de câmera ou escuta oculta, nos espionando, expliquei:
- Estamos em um ambiente seguro, podemos falar à vontade.
Clara me olhava admirada e eu contei aos dois, de forma muito mais completa e detalhada, tudo o que eu tinha passado, o motivo de ter saído da vida de Fernando e como eu consegui todas as informações sobre os amigos da Clara. Novamente ela me abraçou emocionada.
Eu ainda precisava tomar uma segunda precaução. Peguei o meu notebook e modifiquei toda a rede doméstica do Fernando, criando partições virtuais que simulavam a verdadeira rede, deixando como isca para novas tentativas de invasão. Daquela forma, saberíamos quem estava tentando entrar e eu poderia identificá-los. Fernando protestou:
- Eu já tinha cortado o acesso do invasor, essa parte já estava feita. Esqueceu o que eu faço?
Eu não queria magoar os sentimentos dele:
- Claro que não! Mas você não tem os mesmos brinquedos que eu tenho.
Mostrei a ele o meu diagnóstico e quantas tentativas de invasão já tinham sido bloqueadas por mim, de longe. Ele não sabia o que falar. Eu o acalmei:
- Relaxa, esse jogo é diferente. Você não teria nenhuma chance sem ter o conhecimento dessas tecnologias. São coisas de nível governamental ou militar, não ensinam isso na faculdade.
Com toda a segurança reforçada, dei mais um aparelho criptografado para eles, assim, cada um teria o seu e nossa comunicação estaria preservada e protegida. Se alguém estivesse fora, como Fernando no trabalho, por exemplo, poderíamos falar livremente, sem nos preocupar de estar entregando o ouro ao bandido.
Era hora de falar sério e Fernando tomou a palavra, pedindo para Clara e eu ouvirmos com atenção:
(…)
Fernando:
Ver Clara e Savana juntas me deixou muito surpreso. Eu jamais imaginaria que Clara a trataria com tanto carinho. Acho que nem Savana esperava aquilo. Clara tinha razão, estávamos os três no mesmo barco e juntos poderíamos pensar melhor. Depois que Savana terminou toda a sua revista pela casa, coisa que eu achei desnecessária, mas que também não entendia, deixamos ela falar a vontade, no tempo dela, sem pressionar. Clara e eu ouvimos tudo sem interromper, admirados por estar conhecendo aquele lado novo. Não posso negar que fiquei magoado por descobrir algumas coisas que eu não concordava e por ter sido enganado por tanto tempo. Mas entendi o motivo dela ter feito o que fez, protegendo a vida pessoal e a pessoa, no caso eu, que ela dizia amar.
O carinho de Clara por ela, não foi difícil entender, era uma compensação. Imagina descobrir que grandes amigos são, na verdade, pessoas terríveis, que estavam usando a amizade para benefício próprio e prejuízo de outros? Sendo Savana a pessoa que abriu os seus olhos, o carinho acabou se transferindo para ela. Clara é carente, precisa de atenção, nada mais óbvio do que Savana virar uma espécie de nova melhor amiga.
Difícil mesmo foi segurar os pensamentos safados que começavam a brotar na minha cabeça com duas mulheres tão lindas ao meu lado. Com muita dificuldade consegui me concentrar e expliquei a elas o que estava pensando. Na minha cabeça, era um plano genial, mas eu não sou nenhum 007 como Savana parecia ser e para mim, tudo seria perfeito sem nenhum furo. Clara não dizia nada, mas Savana não estava com uma cara muito boa. Eu perguntei:
- Sei que temos que acertar alguns detalhes, ter certeza de uma coisa ou outra, mas dessa forma, com todos reunidos, podemos desmascará-los com apenas um movimento.
Savana pensou por alguns segundos, enquanto Clara e eu a encaramos curiosos. Ela se levantou e caminhou pela sala, pensando, concentrada… até que resolveu dizer:
- Você está se esquecendo que estamos lidando com pessoas perigosas. Em nenhum momento pensou que eles irão revidar? Você acha que depois de serem humilhados, expostos, eles apenas vão desistir? Se sentir derrotados e recuar? Não! Eles virão com ainda mais raiva para cima da gente.
É claro que eu tinha pensado em tudo isso, mas eu acho que não devo ter pensado direito. Savana voltou a falar:
- Me deixe pensar. Eu tenho os meus contatos, pessoas que podem nos ajudar. Para o que você quer dar certo, precisamos agir em mais de uma frente. Precisamos juntar a parte pessoal com a vida criminosa deles.
Savana estava certa, meu plano era baseado apenas em expor a verdade a todos, sem pensar com quem estávamos lidando. As pessoas iriam sentir nojo deles, repulsa e vergonha, mas não tinham o poder de fazer nada. Um policial corrupto e uma traficante perigosa juntos, poderiam destruir a vida de todos nós se confrontados.
Cansada, Clara tomou a frente da conversa:
- Chega por hoje. Não vamos resolver nada com a cabeça cheia. Savana, você já comeu? Está com fome?
Savana a encarou:
- Na verdade, não. Mas eu não quero dar trabalho, posso me virar, tenho barrinhas de cereal na mala.
Clara pareceu se sentir ofendida, a pegando pelo braço com carinho e pedindo que ela se sentasse à mesa de jantar. Ela virou para mim e ordenou:
- Faça companhia a ela enquanto eu esquento a comida. - E saiu em direção à cozinha.
Eu até sentei próximo a Savana, mas não sabia o que dizer. Ouvi o barulho de pratos e talheres. Savana me olhou um pouco triste, falando baixo:
- Tem certeza? Eu não sei se isso vai dar certo.
Eu tentei entender:
- Isso, o que?
Savana abaixou a cabeça, pensando:
- Eu, você, Clara… não sei se consigo ficar tão próxima a você assim. Eu não o esqueci.
(…)
Clara:
Ouvindo tudo o que Savana contou e depois os planos de Fernando, em um primeiro momento eu me senti perdida. Fernando nos contava o seu plano esquecendo que ele nunca teve acesso ao mundo que ele queria confrontar. Aquele mundo de Glauco e Diana, e o que Savana descobriu sobre os dois, era perigoso, tinha base na lei da selva, no olho por olho e dente por dente. Fernando não conhecia nada daquilo. Nem eu podia falar que conhecia, mesmo tendo me rendido às drogas e a prostituição durante uma fase da minha vida, conhecido um pouquinho daquele lado, nem eu poderia dizer que sabia o que esperar.
Enquanto esquentava a comida para Savana, voltando para a sala, ouvi os dois falando baixo. Primeiro Savana:
- Tem certeza? Eu não sei se isso vai dar certo.
Depois Fernando:
- Isso, o que?
Savana explicou:
- Eu, você, Clara… não sei se consigo ficar tão próxima a você assim. Eu não o esqueci.
Fernando voltou a falar:
- Savana, eu fui honesto. Mesmo que eu não tenha esquecido você, eu amo Clara e a nossa família. Eu jamais faria nada para magoá-la. Foi você a causadora de tudo isso, suas escolhas. - Os dois não falaram mais nada.
Ao ouvir a conversa, ao invés de ficar brava, comecei a pensar na solidão que ela deveria estar sentindo, acuada, fugindo… me lembrei que até poucos meses atrás, ela só tinha o Fernando com quem contar, e mesmo que ela o tivesse enganado, por motivos profissionais, quem era eu para julgá-la? Eu também enganei o meu pai ao me enfiar no submundo da vida, enganei o Fernando ao omitir Miguel durante anos, enganei meus sogros, logo ali na casa ao lado… me senti muito mais próxima à Savana do que eu poderia imaginar. Éramos parecidas em certos pontos. Senti apenas empatia, vontade de cuidar e não deixá-la sozinha, da mesma forma que eu estive durante os piores anos da minha vida.
Eu não sou uma pessoa ciumenta, uma mulher tóxica, que entra em desespero ao primeiro sinal de ameaça feminina. No tempo que me prostitui, nem tudo fora um martírio. Eu aprendi que sexo era muito mais do que penetração, um coisa feita apenas entre homem e mulher. Sexo é para diversão e prazer também, para ser curtido e explorado de formas novas, com pessoas novas… não confundam com promiscuidade, pois eu abriria mão de qualquer forma de prazer alternativo pelo que eu tenho com Fernando. Por ele e com ele, eu seria a esposa mais recatada perante a sociedade, me transformando em sua putinha dentro do nosso quarto e apenas ali. Saber que os dois se gostavam, e que mesmo assim ele me amava e não abriria mão de mim sobre nenhuma circunstância, me deu uma ideia, mas eu teria que ir com calma, sem forçar a barra, mostrando ao Fernando que a vida poderia ser muito mais prazerosa do que os costumes e o falso moralismo nos fazem pensar.
Voltei à sala trazendo um prato caprichado de rosbife, arroz e batatinhas assadas para Savana. Ela comia como se há muito tempo não soubesse o que era comida de verdade. Eu precisei acalmá-la:
- Calma, mulher! Tem mais lá dentro. Coma à vontade.
Me olhando feliz, ela respondeu:
- Desculpa! Tenho vivido apenas de fast food e barra de cereais. Há meses não como uma comida caseira. Isso aqui está maravilhoso. Você cozinha muito bem.
Eu apenas agradeci, lembrando do desastre que quase fora aquela carne e deixando que ela terminasse de comer, agora de forma mais calma e educada.
Não tinha muito mais o que fazer naquela noite. Mostrei a ela o quarto e ela agradeceu. Saí, fechando sua porta logo depois. Fernando já estava deitado, pensativo. Fiz a minha higiene noturna e deitei ao seu lado, buscando abrigo em seu peito. Ficamos abraçados por alguns minutos, até que eu criei coragem e perguntei:
- Amor, posso fazer uma pergunta?
Ele brincou:
- Lá vem bomba! Diga.
Eu ainda o preparei:
- Nós prometemos ser sempre honestos um com o outro. Não precisa se fechar para mim, eu sei que vai parecer uma armadilha, mas não é a minha intenção…
Preocupado, Fernando me interrompeu:
- Ai, meu Deus do Céu! Sem rodeios, Clara, vá direto ao ponto.
Eu fui:
- Eu ouvi a sua conversa com a Savana na mesa de jantar…
Novamente, sem deixar eu terminar, ele interrompeu:
- Amor, eu posso explicar…
Já ficando tensa, por não conseguir concluir o raciocínio, eu que interrompi:
- Calma! Me deixe terminar. - E continuei. - Você sente falta da Savana? Afinal, vocês ficaram alguns anos juntos, vieram juntos para o Brasil. Ninguém apaga uma pessoa de sua vida de repente. Vocês pareciam muito apaixonados quando estavam juntos.
Fernando pensou bastante antes de responder, mas resolveu ser honesto:
- Você ouviu o que eu respondi a ela. É aquilo mesmo. Dizer que já a esqueci completamente, seria mentir, mas eu sou feliz com você. Eu a amo e não quero, em hipótese alguma, colocar em risco o que a gente tem.
O surpreendendo, eu dei um beijo carinhoso em sua e boca e disse:
- Boa noite, amor! Amo você, obrigado por ser honesto.
Virei para o meu lado da cama, não sem antes deixar o meu bumbum bem encostado nele, me insinuando. Ele me abraçou, ficando de conchinha comigo e assim dormimos.
Tive sonhos intensos naquela noite. Primeiro, Savana e eu nos pegávamos com vontade no sofá da sala. Beijos intensos, palavras safadas:
- Vem, safada! Chupa essa boceta, sei que você gosta.
A língua de Savana serpenteava por minha xaninha, sua boca sugava cada gota do mel que escorria de mim. Ela era muito habilidosa e me levava ao delírio.
- Cacete! Que língua maravilhosa. Chupa, safada, chupa…
Savana me colocou de quatro e vestiu uma cinta, com uma piroca média, bem grossa conectada a ela.
- Fica de quatro pra mim, cachorra. Quero foder essa bocetinha, fazer você gozar na minha pica de borracha.
Eu obedecia, doida para sentir aquela rola grossa em mim, muito parecida com a de Fernando. Ela me penetrou com força, me fazendo enfiar a cabeça no travesseiro, tentando abafar o meu gemido para os vizinhos não notarem.
Senti um tapa forte na bunda, uma estocada funda, e uma voz que eu conhecia muito bem:
- Rebola gostoso para o seu macho, goza nessa pica que você adora.
Num flash, eu estava sendo fodida por Fernando e com a boceta linda de Savana a minha frente, onde estava o travesseiro. Ela pediu:
- Chupa sua mulher. - Savana masturbava o grelo a centímetros da minha boca. - Nosso homem já está fodendo essa boceta gostosa e apertada. Cuida da sua mulher também.
Acordei assustada, sentindo minha xoxota babando de tesão. Não resisti e me masturbei com desejo, gozando rapidamente com as memórias frescas do sonho na cabeça. Fernando também estava tendo um sono agitado ao meu lado. Tentei fazer com que ele virasse, para o corpo relaxar, mas ele me puxou, ainda dormindo e disse:
- Não podemos, Savana! só se a Clara deixar.
Continua…