Marcela:
Fui praticamente arrastada por Let até meu apartamento. Eu não sabia fazer nada a não ser chorar. Ela me deitou na cama e ficou ali comigo um tempo. Depois disse que precisa sair pra resolver um problemas. Perguntou se eu iria ficar bem até Grazi chegar da universidade. Eu só afirmei com a cabeça que sim. Ela saiu, mas nem deu tempo dela fechar a porta e Grazi chegou. Conversaram um pouco na porta e Grazi veio e deitou do meu lado. Me deu um beijo no rosto e ficou ali abraçada comigo. Eu não conseguia parar de chorar. Pensava nos momentos que vivi com Mya e agora ela tinha ido embora. O sentimento de culpa que eu sentia estava me consumindo. Mesmo depois de ouvir o áudio dela esse sentimento não mudou. Me sentia culpada e o pior é que eu não podia fazer nada para mudar aquilo. Ela estava longe e não tinha como eu se quer entrar em contato com ela.
Eu passei o dia todo deitada. Grazi tentou de tudo para me animar mas foi perca de tempo. No início da noite consegui me levantar e tomar um banho. Voltei para cama. Let apareceu e queria que eu comesse algo. Mas eu não tinha fome nenhuma. Ela e Grazi não me deixaram sozinha em nenhum momento. Quando uma saía para fazer algo, a outra chegava. No fim Grazi acabou dormindo ali comigo. Bom ela dormiu, eu fiquei a noite toda chorando e pensando na Mya. Quando o dia amanheceu, Grazi se levantou e foi ao seu apartamento. Voltou pronta para ir para aula. Eu não quis ir, não tinha ânimo para nada. Quando eu disse que não iria ela foi, mas vi que ela estava com uma cara de brava.
Fiquei a manhã toda deitada. Let apareceu algumas vezes para ver se eu precisava de algo, mas eu não queria nada. Assim fiquei ali jogada sem forças para nada.
Não sei exatamente que hora era quando Grazi voltou da aula, mas assim que chegou abriu a janela. Puxou o edredom que eu usava e já foi falando.
Grazi: Você não vai ficar aí o resto da vida. Você vai levantar, vai tomar um banho e vai achar um jeito de consertar isso.
Mar: Não tem nada que eu possa fazer. Ela foi embora e não tem como eu falar com ela. Desculpe, mas vou ficar aqui.
Grazi: Desculpe, é o crl! Quando você ficou mal e foi embora Mya não ficou deitada chorando. Ela não pensou duas vezes em ir te buscar.
Mar: Mas é diferente. Ela foi para outro país. Como eu vou atrás dela? Não sei onde ela mora em Londres. Não tenho dinheiro. Nem passaporte eu tenho.
Grazi: Tem como ir em outro país. Dinheiro a gente arruma. Passaporte a gente tira. O endereço a gente descobre. Mas para fazer isso você tem que sair dessa cama. Ela lutou por você e você vai desistir? Não vai lutar por ela?
Aquelas palavras finais de Grazi realmente foram lá dentro do meu coração. Ela tinha razão. Mya foi atrás de mim. Lutou para ficar comigo. Eu não podia deixar de fazer o mesmo. Meu desânimo sumiu. Levantei e fui em direção ao banheiro para tomar um banho. Grazi dava pulos e batia palmas. Não teve como não rir daquela ruiva. Sim ela conseguiu me fazer sorrir.
Durante o banho comecei a pensar como fazer tudo o que eu precisava. Let poderia me ajudar e muito. De novo ela poderia me salvar.
Sai do banho e perguntei Grazi por Let e ela disse que ela estava na obra com a Eduarda. Chamei ela e descemos para achar elas. Assim que as vi já tive sorte porque Camila estava com elas. Falei que precisava conversar com elas, algo sério. Saímos para um lugar mais tranquilo. Falei para elas o que eu queria fazer. Do que eu precisava. Pedi, pedi não, eu implorei ajuda a elas.
Camila me explicou quais documentos eu iria precisar e que poderia ir comigo até a polícia federal para eu começar o processo para tirar meu passaporte.
Let disse que eu era doida mas iria me ajudar, mas salientou que estava colocando em risco a amizade dela com Mya. Ela disse que tinha o endereço do prédio que Mya tinha apartamento em Londres. E também podia me arrumar o dinheiro para eu comprar a passagem.
Mas quando Camila disse o tempo que iria demorar para eu ter o passaporte em mãos eu dei uma desanimada. Poderia levar até um mês. Poxa era muito tempo. Let falou que ia tentar ajudar, mas que ia depender do Marcos. Aí não coloquei fé porque ele com certeza tinha raiva de mim. Mas como ela disse eu não tinha nada a perder. E assim a gente foi correr atrás de tudo.
Fui ao meu apartamento pegar os documentos que eu precisava. Eu tinha todos, então essa parte foi fácil. Camila foi comigo até o escritório da PF e fiz todos os procedimentos. Dei entrada no processo para ter meu passaporte. Levamos quase o dia todo ali. Quando voltamos prometi para Camila que iria pagar por tudo que ela estava fazendo. Ela disse que não precisava e que estava feliz em ajudar. Me desejou boa sorte e foi embora.
Quando cheguei no meu apartamento, Let logo me chamou e levou até o apartamento dela. Falou para eu entrar e saiu. Quando entrei tinha um homem parado no meio da sala. Quando vi o rosto eu vi que era Marcos e a cara dele não era nada boa.
Marcos: Por favor sente-se. A gente precisa conversar.
Eu me sentei e ele continuou de pé e foi falando.
Marcos: Vou ser bem sincero com você. Eu não estaria aqui se não fosse por causa da Let. Eu sinceramente até o momento não gosto de você por motivos que você deve saber. Mas quero te dar a chance de fazer eu mudar de opinião.
Mar: Sim. Eu entendo e muito obrigado por vir.
Marcos: Olha eu sei que minha irmã gosta muito de você e pelo que ouvi no áudio que Let me mostrou ela não te culpa pelo que houve. Mas eu quero ouvir da sua boca a história toda. Não quero que me esconda nada. Por favor, desde o começo, ok?
Eu respirei fundo e comecei a contar minha história com Mya. Resumi algumas partes que julguei não serem relevantes e claro que não contei nossas intimidades. Mas não escondi que a gente já tinha dormido juntas várias vezes. Quando chegou na parte final eu já chorava muito. Tentei continuar, mas não consegui. As palavras não saiam. Eu abaixei a cabeça e chorei muito. Ele que no momento já tinha sentado para me ouvir, se levantou e pegou um copo de água. Enquanto eu tentava beber ele chamou a Let. Quando ela chegou e me viu chorando veio me abraçar.
Marcos: Olha Marcela, a minha irmã é a pessoa que mais amo no mundo junto da minha esposa e da Let. Elas são os meus bens mais preciosos. Quando alguém machuca uma delas está comprando briga comigo. Por isso eu disse que não gostava de você e realmente não gostava. Porque minha irmã fez tudo para te ajudar e você a magoou. Mas vi sinceridade nas suas palavras e nas suas lágrimas. Então mesmo achando que é loucura o que você quer fazer eu vou te ajudar. Você me convenceu. Acho que você provavelmente é a única pessoa que pode tirar minha irmã daquele apartamento e trazer ela de volta.
Eu só consegui dizer obrigado em meio aos soluços.
Marcos: Agradeça a Let que me convenceu a vir aqui te ouvir. Não me faça arrepender disso, ok? Traga minha irmã. Faça ela feliz e vai ter um amigo pro resto da vida.
Só balancei a cabeça. Não conseguia falar. Let foi com ele até a porta. Voltou falando para eu me acalmar que Marcos ia dar um jeito do passaporte chegar rápido em minhas mãos. E que tinha deixado uma boa grana para me ajudar na viagem.
Eu estava muito feliz. Queria ter agradecido direito o Marcos, mas não consegui. Eu fiquei ali por um tempo com Let. Quando consegui me recuperar, agradeci muito ela e fui pro meu apartamento. Eu precisava me alimentar e dormir. Meu estado emocional estava horrível. Ainda tinha a fome e o sono que resolveram aparecer juntos. Fiz um lanche para despistar a fome. Tomei um banho e caí na cama. Era cedo ainda, mas eu precisava mesmo dormir. Antes mandei uma mensagem pra Grazi.
Msg: *Você é a melhor amiga do mundo todo! Obrigado por não desistir de mim. Te amo ruiva!
Acho que antes da mensagem ser enviada eu apaguei.
.
.
Continua.